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Famílias de povos reunidas<br />
por uma ligação com<br />
a família imperial<br />
Todos ou quase todos eram povos<br />
que tinham vindo parar sob a coroa<br />
do Império da Áustria-Hungria, não<br />
por conquista militar, mas por casamentos.<br />
Era hábito da família imperial<br />
fazer um verdadeiro jogo de xadrez<br />
para ampliar, por via hereditária<br />
e dinástica, o território do Império.<br />
Por essa forma, por exemplo, embora<br />
o Brasil fosse ainda uma colônia<br />
portuguesa, o casamento do Imperador<br />
D. Pedro I com a Imperatriz<br />
Dona Leopoldina fez-se precisamente<br />
com vistas a lançar um fio<br />
de simpatia e de relações de altíssimo<br />
nível: era a filha do Imperador<br />
da Áustria que casava com o primogênito<br />
do Rei de Portugal, Algarves<br />
e Brasil. Esse casamento se dava por<br />
causa da vantagem de algum dia a<br />
coroa do Brasil, por sucessão hereditária,<br />
acabar nas mãos de um prín-<br />
cipe da Casa d’Áustria. A preocupação<br />
era continuamente essa.<br />
Mas esses povos incorporados assim<br />
não se sentiam vítimas de conquistas,<br />
em que o pé do conquistador<br />
está em cima esmagando o que<br />
se encontra embaixo; eles se sentiam<br />
introduzidos na família de povos,<br />
por ter havido um casamento na dinastia<br />
que governava esse povo com<br />
a austro-húngara. Formavam famílias<br />
de povos reunidas por uma ligação<br />
com a arquifamília, que era então<br />
a família imperial.<br />
De um modo geral, esses povos<br />
possuíam trajes regionais tradicionais<br />
e desfilavam com eles, o que daria<br />
certamente uma beleza deslumbrante<br />
a essa procissão.<br />
Oitenta mil homens para uma população<br />
de antes da Primeira Guerra<br />
Mundial é muita gente, sobretudo<br />
tomando em consideração o fato<br />
de que chovia a cântaros, e o pessoal<br />
provavelmente tocava música a todo<br />
vapor, debaixo da chuva.<br />
O ostensório numa<br />
carruagem conduzida<br />
por oito cavalos<br />
Eis a seguir as delegações estrangeiras:<br />
os franceses, distinguidos pelas<br />
bandeiras tricolores, que três de nossos<br />
compatriotas empunhavam alto e<br />
firmemente debaixo de um verdadeiro<br />
dilúvio; os espanhóis, os italianos, os<br />
ingleses, os alemães, etc.<br />
São onze horas e meia. O clero vai<br />
entrar em cena. Compõe-se de cinco mil<br />
sacerdotes e religiosos ordenados hierarquicamente:<br />
simples padres, curas de<br />
paróquias, monges de todas as Ordens,<br />
cônegos e, encerrando o bloco, duzentos<br />
bispos com capas, mitras e báculos.<br />
Fanfarras de trompetes anunciam o<br />
terceiro cortejo – do Santíssimo Sacramento<br />
–, ao que seguirá o do Imperador-rei.<br />
Na primeira linha estão escudeiros<br />
vestidos de vermelho escarlate; em seguida<br />
militares da corte, com panache<br />
branco, montados em cavalos cinzas<br />
Divulgação (CC3.0)<br />
Cardeal Léon-Adolphe Amette, Arcebispo de Paris, em 1912<br />
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