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Revista Dr Plinio 279

Junho de 2021

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A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

ta degradação. É a evolução de um<br />

homem em alguns anos, e que a sociedade<br />

levou alguns séculos para fazer.<br />

Mas o que chama a atenção, e<br />

estabelece um nexo entre o indivíduo<br />

e a sociedade, é que os itinerários<br />

foram os mesmos e os processos<br />

os mesmos; toda uma civilização<br />

agiu como se fosse uma imensa cabeça<br />

humana.<br />

Direita, centro e esquerda<br />

Passemos a seguir ao que se poderia<br />

chamar o princípio da dialética<br />

interna do homem. Já vimos que há<br />

dentro de cada homem uma cathédrale<br />

engloutie – sua luz primordial 4<br />

submersa – e o seu vício capital. Esses<br />

dois polos funcionam em nós como<br />

duas forças num jogo dialético.<br />

Também na sociedade humana<br />

sempre houve, ao longo dessa evolução,<br />

correntes que representaram<br />

a cathédrale engloutie, como os santos<br />

e as pessoas virtuosas, que a graça<br />

até hoje continua a suscitar. Existiu<br />

ainda uma parcela imediatista da<br />

sociedade humana representada pelo<br />

pragmatista. E, por fim, não faltou<br />

uma parte péssima, que representou<br />

o vício capital.<br />

Disto se conclui que a sociedade<br />

humana esteve sempre dividida entre<br />

direita, centro e esquerda. Na direita<br />

os elementos da Contra-Revolução<br />

A, ao centro os pragmáticos e<br />

à esquerda aqueles que promovem<br />

a Revolução A. Essas três correntes<br />

existiram e lutaram entre si de modo<br />

semelhante às forças psicológicas<br />

que pugnam dentro de cada homem.<br />

Lutaram de acordo com aquilo que<br />

poderíamos chamar o princípio dos<br />

vetores e das mobilizações.<br />

Se considerarmos na sociedade humana<br />

uma força revolucionária A no<br />

terreno tendencioso e sofístico, e, de<br />

outro lado, uma força contrarrevolucionária<br />

A no mesmo terreno, teremos<br />

que, embora alguns permaneçam<br />

nas duas posições extremas, a maior<br />

parte das pessoas fica no centro.<br />

Como conduzir o<br />

homem pragmático<br />

Assim, os homens sensuais do século<br />

XIII não tiveram como consequência<br />

imediata o playboy do século<br />

XX, mas por uma trajetória oblíqua<br />

acabaram por chegar até lá. Qual seria<br />

então o modo de dirigir uma sociedade<br />

assim dividida?<br />

Imaginemos duas pessoas puxando,<br />

cada qual para seu lado, as extremidades<br />

de uma corda; aquele que<br />

deixar de puxá-la perderá a corda; é<br />

preciso puxar cada vez mais.<br />

Aplicando o mesmo princípio num<br />

ambiente onde há uma esquerda muito<br />

extremada, não devemos procurar<br />

agradá-la e dizer que tem uma parte<br />

de razão; pelo contrário, precisamos<br />

afirmar alto e bom<br />

som que seus adeptos<br />

estão totalmente errados.<br />

O homem pragmático,<br />

que ouve isto<br />

levado pelo jogo das<br />

forças, dirá que somos<br />

insuportáveis e que seria<br />

necessário apedrejar-nos.<br />

Mas, em relação<br />

ao esquerdista extremado,<br />

afirmará: “Isto<br />

também não.” Assim,<br />

ele não caminhou<br />

para a esquerda. É um<br />

verdadeiro cego, pois<br />

não percebe, apesar<br />

de nos achar um horror,<br />

ter sido o solavanco<br />

que lhe demos que<br />

o levou a ver exageros<br />

no comunismo. Antes<br />

era favorável à liberdade<br />

para os comunistas<br />

e simpatizava com<br />

o socialismo moderado,<br />

mas, pelo princípio<br />

dos vetores, como<br />

a força com que o empurramos<br />

foi hercúlea,<br />

ele se deslocou voltando<br />

um pouco atrás.<br />

Concluímos, assim, que há uma<br />

importante regra da Contra-Revolução<br />

segundo a qual, sempre que quisermos<br />

conduzir o homem pragmático<br />

para um ponto, devemos puxá-lo<br />

vigorosamente. Ele virá protestando<br />

atrás de nós, mas virá.<br />

Um fraco rei faz<br />

fraca a forte gente<br />

Há, entretanto, na origem da Revolução,<br />

um ponto misterioso que é<br />

preciso assinalar. Embora o que determinou<br />

a combustibilidade da floresta<br />

foi a falta de líderes e apóstolos<br />

santos, seria um exagero atribuir toda<br />

a culpa à infidelidade de alguns.<br />

Se de um lado é verdade que o<br />

apóstolo ou o líder santo faz um po-<br />

São Luís IX - Santuário Witterschneekreuz,<br />

Löffingen, Alemanha<br />

Andreas Praefcke (CC3.0)<br />

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