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A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />
ta degradação. É a evolução de um<br />
homem em alguns anos, e que a sociedade<br />
levou alguns séculos para fazer.<br />
Mas o que chama a atenção, e<br />
estabelece um nexo entre o indivíduo<br />
e a sociedade, é que os itinerários<br />
foram os mesmos e os processos<br />
os mesmos; toda uma civilização<br />
agiu como se fosse uma imensa cabeça<br />
humana.<br />
Direita, centro e esquerda<br />
Passemos a seguir ao que se poderia<br />
chamar o princípio da dialética<br />
interna do homem. Já vimos que há<br />
dentro de cada homem uma cathédrale<br />
engloutie – sua luz primordial 4<br />
submersa – e o seu vício capital. Esses<br />
dois polos funcionam em nós como<br />
duas forças num jogo dialético.<br />
Também na sociedade humana<br />
sempre houve, ao longo dessa evolução,<br />
correntes que representaram<br />
a cathédrale engloutie, como os santos<br />
e as pessoas virtuosas, que a graça<br />
até hoje continua a suscitar. Existiu<br />
ainda uma parcela imediatista da<br />
sociedade humana representada pelo<br />
pragmatista. E, por fim, não faltou<br />
uma parte péssima, que representou<br />
o vício capital.<br />
Disto se conclui que a sociedade<br />
humana esteve sempre dividida entre<br />
direita, centro e esquerda. Na direita<br />
os elementos da Contra-Revolução<br />
A, ao centro os pragmáticos e<br />
à esquerda aqueles que promovem<br />
a Revolução A. Essas três correntes<br />
existiram e lutaram entre si de modo<br />
semelhante às forças psicológicas<br />
que pugnam dentro de cada homem.<br />
Lutaram de acordo com aquilo que<br />
poderíamos chamar o princípio dos<br />
vetores e das mobilizações.<br />
Se considerarmos na sociedade humana<br />
uma força revolucionária A no<br />
terreno tendencioso e sofístico, e, de<br />
outro lado, uma força contrarrevolucionária<br />
A no mesmo terreno, teremos<br />
que, embora alguns permaneçam<br />
nas duas posições extremas, a maior<br />
parte das pessoas fica no centro.<br />
Como conduzir o<br />
homem pragmático<br />
Assim, os homens sensuais do século<br />
XIII não tiveram como consequência<br />
imediata o playboy do século<br />
XX, mas por uma trajetória oblíqua<br />
acabaram por chegar até lá. Qual seria<br />
então o modo de dirigir uma sociedade<br />
assim dividida?<br />
Imaginemos duas pessoas puxando,<br />
cada qual para seu lado, as extremidades<br />
de uma corda; aquele que<br />
deixar de puxá-la perderá a corda; é<br />
preciso puxar cada vez mais.<br />
Aplicando o mesmo princípio num<br />
ambiente onde há uma esquerda muito<br />
extremada, não devemos procurar<br />
agradá-la e dizer que tem uma parte<br />
de razão; pelo contrário, precisamos<br />
afirmar alto e bom<br />
som que seus adeptos<br />
estão totalmente errados.<br />
O homem pragmático,<br />
que ouve isto<br />
levado pelo jogo das<br />
forças, dirá que somos<br />
insuportáveis e que seria<br />
necessário apedrejar-nos.<br />
Mas, em relação<br />
ao esquerdista extremado,<br />
afirmará: “Isto<br />
também não.” Assim,<br />
ele não caminhou<br />
para a esquerda. É um<br />
verdadeiro cego, pois<br />
não percebe, apesar<br />
de nos achar um horror,<br />
ter sido o solavanco<br />
que lhe demos que<br />
o levou a ver exageros<br />
no comunismo. Antes<br />
era favorável à liberdade<br />
para os comunistas<br />
e simpatizava com<br />
o socialismo moderado,<br />
mas, pelo princípio<br />
dos vetores, como<br />
a força com que o empurramos<br />
foi hercúlea,<br />
ele se deslocou voltando<br />
um pouco atrás.<br />
Concluímos, assim, que há uma<br />
importante regra da Contra-Revolução<br />
segundo a qual, sempre que quisermos<br />
conduzir o homem pragmático<br />
para um ponto, devemos puxá-lo<br />
vigorosamente. Ele virá protestando<br />
atrás de nós, mas virá.<br />
Um fraco rei faz<br />
fraca a forte gente<br />
Há, entretanto, na origem da Revolução,<br />
um ponto misterioso que é<br />
preciso assinalar. Embora o que determinou<br />
a combustibilidade da floresta<br />
foi a falta de líderes e apóstolos<br />
santos, seria um exagero atribuir toda<br />
a culpa à infidelidade de alguns.<br />
Se de um lado é verdade que o<br />
apóstolo ou o líder santo faz um po-<br />
São Luís IX - Santuário Witterschneekreuz,<br />
Löffingen, Alemanha<br />
Andreas Praefcke (CC3.0)<br />
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