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Revista Dr Plinio 279

Junho de 2021

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goza de esplêndida saúde, sempre<br />

bem penteado, bem vestido, rico e<br />

não querendo saber de tristezas. A<br />

alegria é que lhe embeleza a vida, a<br />

qual se obtém com o dinheiro. Logo,<br />

o importante são o dinheiro e os<br />

negócios. Assim, boa saúde, vida cômoda,<br />

gargalhadas, dança e ouro caracterizam<br />

a nova época; é o homem<br />

utilitário.<br />

O bilontra, o “almofadinha”,<br />

o “tubarão”,<br />

o homem mecânico<br />

Ao lado do dandy surge o tipo<br />

burguês, que mais uma vez encontrou<br />

num membro da Casa Real da<br />

França a sua expressão: o Rei Luís<br />

Felipe, que passou para a História<br />

com o título de “rei guarda-chuva”.<br />

É tipicamente o burguês, e não<br />

o dandy. Este tem muito de estouvado<br />

e de aristocrático, enquanto que<br />

o burguês é gorducho, bem instalado<br />

na vida, sólido, com roupas resistentes,<br />

realista, não se ocupa com<br />

Literatura nem com Política, e muito<br />

menos com ideias, só se interessa<br />

por dinheiro, economiza e acumula.<br />

Sua casa é grande e confortável, tudo<br />

é sólido e estável, possui grandes<br />

propriedades no interior, explora estradas<br />

de ferro. Começa a fazer negócios<br />

na Ásia e na África, que lhe<br />

dão muito dinheiro.<br />

Há, por outro lado, uma espécie<br />

de genealogia pela qual o dandy do<br />

tempo em que Chateaubriand era<br />

velho deu num outro tipo: o bilontra.<br />

Este era sucessor do dandy ao estilo<br />

francês: cabelo cheio de pomada, bigode,<br />

monóculo preso com uma fita<br />

de veludo, polainas com feltro, bengala<br />

e cintura bem apertada. Conhecia<br />

todas as artes de salão, bem mais<br />

negocista que seu antecessor, porém<br />

muito mais pobre, mesmo porque a<br />

vida de sociedade tornara-se cada<br />

vez mais ruinosa. Sabia, entretanto,<br />

viver de expedientes. O bilontra daquele<br />

tempo deu no “almofadinha”<br />

Rei Luís Felipe - Palácio de Versailles<br />

de 1920, o qual por sua vez produziu<br />

o grã-fino bem aprumado.<br />

O homem de negócios também<br />

teve sua genealogia. O homo economicus<br />

do século XIX deu no “tubarão”<br />

de hoje. Por sua vez, os que naquele<br />

tempo não eram nem uma coisa<br />

nem outra, o político, o funcionário<br />

público ou o pequeno burguês<br />

deram no robot de nossos dias, o homem<br />

mecânico, a quem se ordena e<br />

ele faz.<br />

Esta é a evolução que, no plano<br />

A, nos levou do cavaleiro andante,<br />

ainda com a cabeça cheia de quimeras<br />

de uma cavalaria laicizada e a caminho<br />

da imoralidade, até o playboy<br />

do século XX.<br />

É muito importante notar que a<br />

história dessa decadência poderia<br />

ser a história de um homem. Muitos<br />

decaíram assim, começando como<br />

bastante bons católicos, para depois<br />

passar a um sentimentalismo<br />

que os levou a amarem damas nas<br />

nuvens do mais puro amor. Deste estágio<br />

passaram a gozadores da vida,<br />

conservando, no entanto, certa linha<br />

e certo estilo, que também vieram a<br />

perder até chegarem à mais complewww.photo.rmn.fr<br />

(CC3.0)<br />

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