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Revista Dr Plinio 279

Junho de 2021

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A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

Gabriel K.<br />

ção, em que os espíritos, abandonando<br />

um pouco a ideia do Céu, começam<br />

a conceber de um modo mais ou<br />

menos laico certas ideias em voga na<br />

Idade Média.<br />

Assim, por exemplo, a ideia de<br />

honra. É a época em que o cavaleiro,<br />

pela honra de sua dama, faz um duelo,<br />

em oposição ao cavaleiro medieval<br />

antigo, bastante sagaz para não<br />

duelar pela honra de uma dama.<br />

Começam também os torneios;<br />

os menestréis e os trovadores dão<br />

um ar de amor e de honra à sociedade,<br />

cheia ainda de misticismo, mas<br />

de um misticismo laico. A dama medieval<br />

desta época ainda estava muito<br />

longe da dama frívola dos séculos<br />

que se seguiram; era quase régia. À<br />

noite, quando a Lua iluminava a torre<br />

do castelo, ela se dirigia a uma pequena<br />

sacada para ouvir, vinda de<br />

longe, uma canção interpretada ao<br />

som de um alaúde; terminado o canto,<br />

ela, com suas tranças louras, sorri<br />

e joga uma flor.<br />

Tudo isto termina numa explosão<br />

de sentimentalismo psíquico. Não<br />

aparece ainda o sentimentalismo físico:<br />

a sensualidade está em gestação,<br />

já contida neste estado de espírito,<br />

mas não aflorou à superfície.<br />

Ódio à lógica<br />

Neste período fala-se ainda no<br />

amor inspirado nas virtudes. A minha<br />

dama, dizem, é a mais pura, a<br />

mais bondosa, a mais caritativa, a<br />

mais piedosa. Aparece,<br />

por outro lado,<br />

a ideia da beleza,<br />

mas de uma beleza<br />

que é mais harmonia<br />

dos traços físicos,<br />

espelho apenas, e<br />

em certos casos, da beleza<br />

moral.<br />

Entretanto, como não poderia<br />

deixar de ocorrer, a sensualidade<br />

começa a se fazer notar.<br />

As canções trovadorescas do<br />

tempo, sob o pretexto de detalhar<br />

a beleza, fazem o elogio<br />

dos olhos, da tez, dos cabelos,<br />

e, finalmente, do aspecto<br />

físico. Compreende-<br />

-se facilmente a que abismos<br />

isto conduz. É a sensualidade<br />

que principia<br />

a nascer dentro dos invólucros<br />

do sentimentalismo.<br />

Com isto a Revolução A começa<br />

a afastar-se do plano lógico. O<br />

homem sentimental, e muito mais<br />

do que ele o homem sensual, não<br />

gosta da lógica. Esta lhe parece fria,<br />

dura, inclemente. Cada palavra sentimental<br />

é para ele como um acorde<br />

musical; cada argumento lógico uma<br />

pancada de martelo dada num prego<br />

que penetra em sua cabeça. Ele<br />

detesta a lógica e, consequentemente,<br />

começa a engendrar sistemas filosóficos<br />

que a deturpam e corrompem.<br />

É o início da decadência da Escolástica<br />

e do aparecimento de uma<br />

filosofia pseudoescolástica. Inicia-se<br />

a revolta e com ela a preparação do<br />

terreno para outra era da revolução<br />

tendenciosa.<br />

O fidalgo da Renascença<br />

Passamos, então, da era mística<br />

para a era heroica da Revolução, onde<br />

vamos encontrar o fidalgo da Renascença,<br />

tão diferente do fidalgo<br />

medieval.<br />

O fidalgo da Idade Média é uma<br />

espécie quase sublime de cavaleiro:<br />

vive envolto num misticismo católico,<br />

muito distinto daquele que encontramos<br />

no fim dessa época histórica;<br />

está embebido por toda uma<br />

visão sobrenatural da Cavalaria e de<br />

sua missão divina.<br />

Na Renascença, pelo contrário,<br />

o fidalgo nada mais tem de místico:<br />

é um homem – mais do que isto –,<br />

um super-homem heroico, olímpico,<br />

clássico, tem todas as paixões dominadas.<br />

Belo, inteligente, culto, dança<br />

admiravelmente, raciocina maravilhosamente,<br />

manda, governa e guerreia<br />

como ninguém. Bailarino, estadista,<br />

guerreiro e, sobretudo, artista,<br />

gosta da beleza em todas as suas formas,<br />

do esplendor da vida e de gozá-la<br />

inteiramente. Tem riso largo e<br />

distinto, e olhar dominador que se<br />

estende sobre os outros como uma<br />

montanha que domina toda a paisagem<br />

que se lhe estende aos pés.<br />

O fidalgo da era heroica tem a sua<br />

mais alta personificação naquele que<br />

foi o símbolo de toda uma época histórica:<br />

Luís XIV. Brilhante, nobre<br />

por excelência, dominador, distinto,<br />

com um só olhar ele fulminava, com<br />

um só sorriso encantava e premiava,<br />

com uma só palavra fazia com que<br />

12<br />

Rei Wladyslaw<br />

Jagiello - Cracóvia

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