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COMUNICAÇÕES 238 - MULHERES E TECNOLOGIA O NAMORO QUE ACABARÁ EM CASAMENTO (2021)

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E quais são as questões em cima da<br />

mesa? Para Carlos Mauro, investigador<br />

e especialista nestas áreas,<br />

tudo assenta no comportamento dos<br />

cidadãos e quais os<br />

seus efeitos; no que<br />

que está errado,<br />

como e quando<br />

mudar; e em saber<br />

o papel da tecnologia,<br />

comunicação<br />

e ciências. Este<br />

orador, que criou no<br />

Porto a CLOO, a primeira empresa<br />

de consultoria de comportamento<br />

económico, considera que as premissas<br />

do comportamento das pessoas<br />

nos grandes centros urbanos<br />

assentam em três pontos distintos:<br />

pouca confiança entre cidadãos, falta<br />

de confiança nas instituições locais<br />

e capital reduzido dos recém-chegados.<br />

Tudo fatores que diminuem a<br />

participação em questões locais e a<br />

interação com os atores públicos, no<br />

que chamou de “distância psicológica<br />

dos cidadãos”.<br />

A explicação para esta realidade? As<br />

ferramentas usadas são pouco adequadas<br />

e a estratégia de base está<br />

errada, já que se espera “uma participação<br />

muitas vezes passiva, onde<br />

não há cocriação nem participação<br />

na definição de políticas públicas por<br />

parte dos cidadãos, o que os afasta”.<br />

Acresce que a utilização da tecnologia<br />

tem um “modelo equivocado” e<br />

sem uma abordagem comportamental<br />

na forma como os policy makers<br />

olham para os cidadãos.<br />

Carlos Mauro defende que para<br />

mudar comportamentos, mais do<br />

que fornecer informação e incentivos,<br />

há que implementar pequenas<br />

É preciso envolver os<br />

cidadãos, através de<br />

uma gestão correta<br />

da tecnologia da<br />

comunicação<br />

mudanças no contexto da decisão,<br />

de forma a facilitá-la. Por outras<br />

palavras: “ajudamos as pessoas,<br />

mas não obrigamos nem retiramos<br />

opções de escolha.<br />

Influenciamos comportamentos”.<br />

Não sendo as ferramentas<br />

tradicionais<br />

da regulação, informação<br />

e incentivos<br />

efetivos por si só,<br />

há que “pensar o<br />

comportamento humano real”, com<br />

base em insights comportamentais.<br />

Sempre tendo em conta princípios<br />

éticos, com “políticas transparentes<br />

e publicadas, para que as pessoas<br />

possam compreender como é que<br />

tiveram eficácia”. E sabendo “utilizar<br />

de forma inteligente a tecnologia<br />

para atingir todas as pessoas”, seja<br />

nas suas formas mais básicas ou<br />

mais complexas. Se isto for feito, não<br />

tem dúvidas de que o impacto da<br />

tecnologia nas ciências comportamentais<br />

poderá ser enorme.<br />

Carlos Mauro deixa ainda claro<br />

que um tema que tem sempre de<br />

ser acautelado, na dimensão das<br />

políticas públicas, é a transparência<br />

em todo o processo. Por essa via,<br />

geram-se melhorias nos comportamentos,<br />

que são positivas para a<br />

sociedade. A responsabilização de<br />

quem tem acesso aos dados é outro<br />

requisito, porque só isso garante<br />

um comportamento ético. Se o setor<br />

público está já aberto a pensar e a<br />

testar, precisa de ter pessoas a pensar<br />

em como fazer experiências.•<br />

Carlos Mauro,<br />

chief scientific office da Cloo<br />

Sandra Fazenda Almeida,<br />

diretora executiva da APDC (moderadora)<br />

Vladimiro Feliz,<br />

presidente da Secção H&SC da APDC (host)<br />

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