COMUNICAÇÕES 238 - MULHERES E TECNOLOGIA O NAMORO QUE ACABARÁ EM CASAMENTO (2021)
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Munique Martins,<br />
gestora do campus<br />
da Iron Hack:<br />
“Fazemos bolsas<br />
dedicadas a<br />
mulheres”<br />
guesa da ciência e dos cientistas. Com carreira desenvolvida<br />
no ensino, Rosalia Vargas valoriza o poder da<br />
sedução precoce nas áreas do conhecimento consideradas<br />
vitais para o desenvolvimento da sociedade. Por<br />
isso, de entre as iniciativas que a sua agência promove<br />
destaca os estágios de Verão que oferece aos mais novos:<br />
“Em cada ano, nas férias, os jovens do ensino secundário<br />
são convidados a inscreverem-se em estágios<br />
de laboratórios e assim terem contacto direto com esse<br />
mundo”, explica, salientando que alguns dos investigadores<br />
que colaboram neste programa são mulheres:<br />
“Elvira Fortunato e Maria do Carmo Fonseca, por<br />
exemplo, recebem o ‘Ciência Viva nas férias, nos laboratórios’,<br />
há mais de 20 anos”, elogia. Diz que o efeito<br />
desta experiência é insuperável: “No final dos estágios,<br />
os miúdos dizem-nos, com frequência: ‘Afinal os cientistas<br />
são como nós!’”.<br />
Em relação à escassez de mulheres nas ST<strong>EM</strong>, Rosalia<br />
Vargas está otimista: “Portugal é um dos cinco<br />
países europeus com mais mulheres nas áreas de ciência<br />
e tecnologia. São cerca de 50%, enquanto a média<br />
europeia está nos 41%. As raparigas estão a escolher<br />
cada vez mais ciência e tecnologia, é certo que sobretudo<br />
nas áreas médicas e biomédicas, mas a tendência<br />
é, cada vez mais, para escolherem caminhos menos<br />
habituais”.<br />
O Ciência Viva tem dedicado espaço a este tema.<br />
Para promover o papel das mulheres cientistas lançou<br />
a coleção de livros “Mulheres na Ciência”, que fala de<br />
algumas das cientistas que maior reconhecimento alcançaram<br />
no mundo, desde as mais novas às eméritas,<br />
como Maria de Sousa, recentemente falecida, ou Hannah<br />
Damásio. Também nos seus “Cafés Ciência”, encontros<br />
onde participam profissionais e investigadores<br />
e que pretendem recriar as tertúlias de café, também já<br />
se discutiu o tema “Como promover uma maior participação<br />
das mulheres nas engenharias e tecnologias?”.<br />
Para Rosalia Vargas a solução está, porém, no ensino<br />
experimental da ciência: “Se a aposta for cada vez<br />
maior e mais cedo neste tipo de ensino, os resultados<br />
aparecerão”, quer entre meninos, quer entre meninas,<br />
defende com firmeza.<br />
Cláudia Mendes Silva, embaixadora do capítulo<br />
português da Women in Tech, organização internacional<br />
que tem por missão trazer mais mulheres para as<br />
ST<strong>EM</strong> e dar visibilidade às que lá se encontram, tem<br />
uma perceção diferente da realidade: “A representatividade<br />
do sexo feminino nos cursos de base tecnológica<br />
tem vindo a decair”, sustenta. Diz ser esta a tendência<br />
que a organização que representa identifica em<br />
todo o mundo e para esta regressão adianta uma tese:<br />
“Verificamos que, entre os 14 e os 18 anos, a maioria<br />
das meninas que escolhem estas áreas desistem e isso<br />
fica a dever-se à pouca perceção que existe sobre o que<br />
fazem os profissionais das ST<strong>EM</strong>”. Isso, somado ao<br />
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