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COMUNICAÇÕES 238 - MULHERES E TECNOLOGIA O NAMORO QUE ACABARÁ EM CASAMENTO (2021)

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t ema de capa<br />

14<br />

No início do seu mandato como presidente da<br />

Comissão Europeia, Ursula von der Leyen não<br />

escondeu a ambição de assegurar que a perspetiva<br />

de género fosse integrada em todos os<br />

domínios de intervenção da UE. O objetivo era criar<br />

um quadro em que todos, independentemente do seu<br />

género, tivessem as mesmas oportunidades – e quando<br />

o enunciou as suas palavras não podiam ter sido mais<br />

assertivas: “Nas empresas, na política e na sociedade<br />

em geral, só poderemos concretizar plenamente o nosso<br />

potencial se utilizarmos todos os nossos talentos<br />

e diversidade. Utilizar apenas metade da população,<br />

metade das ideias ou metade da energia, não é suficiente”,<br />

frisou então.<br />

Esta declaração fez História, uma vez que nunca<br />

antes a Comissão Europeia colocara a igualdade de<br />

género no centro das suas políticas. Provando o empenhamento<br />

de passar das palavras às ações, em março<br />

de 2020 a CE apresentou ao público a Estratégia para<br />

a Igualdade de Género (2020-2025), um vasto programa<br />

destinado, nas palavras de Helena Dalli, comissária<br />

responsável pela<br />

Igualdade, “a garantir que<br />

as mulheres não tenham<br />

de ultrapassar obstáculos<br />

adicionais para atingir<br />

aquilo que os homens têm<br />

como adquirido”.<br />

Constituída por um<br />

conjunto de ações-chave,<br />

desde o combate à violência<br />

sobre as mulheres,<br />

à promoção da igualdade<br />

salarial e da participação<br />

feminina em funções de<br />

topo – quer na política, quer no mundo empresarial – a<br />

Estratégia para a Igualdade de Género foi um rastilho<br />

que avançou por todas as áreas de atividade e nos diversos<br />

países membros.<br />

Este movimento cruzou-se com um outro igualmente<br />

prioritário e mobilizador, o da inovação e transição<br />

digital. E nesta interseção multiplicaram-se, como<br />

nunca, iniciativas e programas destinados à integração<br />

das mulheres no chamado ST<strong>EM</strong>, acrónimo inglês para<br />

Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática.<br />

GAP ESMAGADOR<br />

Nestas áreas-chave do desenvolvimento, as mulheres<br />

têm muito baixa representação: de acordo com o relatório<br />

Women in Digital, divulgado pela Comissão Europeia<br />

no ano passado, na Europa comunitária apenas<br />

17,7% dos especialistas em TIC são do sexo feminino.<br />

O gap de género é, pois, esmagador.<br />

Ainda há um longo caminho<br />

a percorrer . Na União<br />

Europeia, apenas 17,7% dos<br />

especialistas em TIC são do<br />

sexo feminino<br />

Uma vez que nada que seja inato à natureza feminina<br />

aponta para menor aptidão para as ST<strong>EM</strong>, conclui-<br />

-se que os preconceitos sobre o que são profissões mais<br />

adequadas a homens e a mulheres é que têm afastado,<br />

por sistema, o sexo feminino destas carreiras. Trata-se,<br />

portanto, de um problema de origem cultural, que só<br />

pode ser combatido com ações desenvolvidas em várias<br />

frentes.<br />

Apesar da pandemia, a CE manteve-se muito ativa,<br />

destinando no seu quadro financeiro plurianual verbas<br />

para financiamento de projetos promotores de equidade<br />

nos diversos Estados-membros. Uma das iniciativas<br />

que tomou para combater de raiz os estereótipos de género<br />

que conduzem às atuais distorções na área ST<strong>EM</strong><br />

foi na Educação, destinada a impactar as camadas etárias<br />

mais jovens. Para incentivar a criação de projetos<br />

de intervenção junto das crianças em idade escolar que<br />

ajudem a desmistificar as ideias erradas que subsistem<br />

em torno das ditas vocações masculinas e femininas, a<br />

CE lançou uma call ao mercado. E a ela esteve associada<br />

uma linha de financiamento de nada menos que 4 milhões<br />

de euros.<br />

Entre recomendações<br />

e incentivos à alteração<br />

de paradigmas sexistas,<br />

a CE tem-se desdobrado,<br />

ao nível da comunicação,<br />

nas mais diversas iniciativas<br />

junto dos governos dos<br />

seus Estados-membros,<br />

mas também do público<br />

em geral. A sua campanha<br />

#EUwomen4Future<br />

é o exemplo de uma ação<br />

destinada a impactar diretamente<br />

jovens do sexo feminino, desmontando as<br />

ideias preconcebidas que se foram criando em torno<br />

das profissões “de que as meninas não gostam”. No<br />

âmbito desta campanha têm sido apresentadas ao<br />

grande público, através das redes sociais, mulheres<br />

que se notabilizaram nas áreas de inovação, investigação<br />

científica, engenharia e tecnologia digital, todas<br />

as que registam consistentemente, ao longo dos anos,<br />

acentuados défices de presença feminina. O objetivo é<br />

destruir, com a força destes exemplos, os preconceitos<br />

que rotulam estas atividades de “masculinas”.<br />

Visando atuar em todas as frentes, a Comissão<br />

também não esqueceu a área do empreendedorismo,<br />

onde as mulheres estão sub-representadas. Na verdade,<br />

e apesar de constituírem mais de metade da população<br />

da Europa comunitária, só 34,4% têm o seu<br />

próprio negócio e 30% estão à frente de startups. Para<br />

mudar esta situação, a CE apostou em programas de

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