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O Claustro Inclusivo

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O CLAUSTRO

inclusivo

abril

JORNAL EDIÇÃO Nº 3

ensino

Autismo e

Educação

Desafios da Educação Inclusiva

ensino superior

desafios

Pró-Secção de Boccia da

Associação Académica de Coimbra

& Afonso Domingues

conteúdos

7ª arte e apps

Fica a conhecer filmes/séries e

aplicações inclusivas

escrita

claustro à

medida de todos

Escrita da autoria dos estudantes da

FPCEUC


jornal

O Claustro

03

Autismo e Educação

Inês Rocha, Psicóloga da Vencer Autismo

Para haver inclusão não basta a lei. É necessário haver informação,

capacitação e aceitação.

07

Desafios no Ensino Superior

Pró-Secção de Boccia da Associação Académica de Coimbra

"Para além da dificuldade no acesso ao Ensino Superior, as pessoas com

deficiência ainda enfrentam múltiplos desafios aquando da sua frequência."

09

Sociedade inclusiva

Afonso Domingos, Mestrando em Ciências da Educação

"Sou o Afonso Domingos, tenho 22 anos, sou licenciado em Ciências da Educação,

pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de

Coimbra e, atualmente, frequento o Mestrado em Ciências da Educação, na mesma

faculdade. Venho, através deste pequeno texto, partilhar convosco alguns pontos de

vista relativos à forma como sinto a inclusão da pessoa com deficiência na nossa

sociedade, e faço-o na primeira pessoa".


jornal

O Claustro

12

apps inclusivas

Ficamos felizes por perceber que a inclusão está até no digital. A equipa d'O

Claustro revela algumas aplicações inlcusivas, nomeadamente para pessoas

com deficiência auditiva, mobilidade reduzida e até dificuldade na fala.

13

inclusividade na 7ª arte

Fica a conhecer alguns filmes e séries que abordam a inclusão de pessoas com

diferentes tipos de deficiência, desde deficiência motora, visual, auditiva, ao

autismo, malformação congénita rara, síndrome de Savant, paraplegia, paralisia

cerebral e dislexia.

15

claustro à medida de todos

Numa frase, o que é a inclusão?

... há espaço para toda a gente"


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O Claustro

01

DI

CAROS

LEITORES,

OR

AL


02

jornal

O Claustro

A EQUIPA


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O Claustro

03

Autismo e Educação

I n ê s R o c h a , P s i c ó l o g a d a V e n c e r A u t i s m o

A escola é o local onde as nossas crianças passam grande parte do seu tempo e, por

essa razão, também um dos locais primordiais para as aprendizagens, não só de

competências académicas, mas também sociais e emocionais.

Tem-se procurado criar uma escola inclusiva, um método de ensino inclusivo, que

sabemos ser benéfico e necessário para todas as crianças, mas parece não ser uma

tarefa fácil. Cada criança é uma criança, e cada criança com autismo também. A forma

como cada criança aprende é diferente e, embora seja necessário ter uma base

comum, se não realizarmos adaptações, temos sempre de reconhecer que não

estamos a promover a aprendizagem de algumas crianças da forma mais positiva, que

não estamos a praticar a equidade, que não estamos a praticar a inclusão.

Para além de uma lei de educação inclusiva, precisamos de conseguir colocar essa

inclusão na prática e só conseguiremos fazê-lo ao compreender os nossos alunos, as

nossas crianças e as suas particularidades. Conseguir que a criança com autismo

esteja a maior parte do tempo na sala com a sua turma, tanto pode ser inclusão como

não. Se a criança, consegue estar tranquila na sala, ouvir a professora e ir realizando

exercícios mesmo que seja com apoio de um tutor, ok. Ótimo! Agora imaginem uma

criança com sensibilidade a estímulos, pouco tempo de atenção conjunta e muito

rígida - para esta criança o esforço de estar na sala com a sua turma, pode ser

demasiado, pode dar lugar a crises, porque a estimulação é muito grande e vão existir

imensas exigências por parte dos outros. Neste caso, ter a criança na sala com a sua

turma, não é inclusão, não é aceitação e pode ser algo muito agressivo para a criança.

Pior, pode aumentar o estigma negativo em relação à criança e ao seu autismo, pode

fazer-nos pensar que aquela criança tem dificuldades maiores do que as que

pensávamos. E tudo isso, porque não estamos a compreender o que se passa com a

criança e por isso, não estamos a ajustar o ambiente, nem a praticar a inclusão, que

era o nosso principal objetivo.


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jornal

O Claustro

" (...) pelos mais diversos desafios que a

criança enfrenta, pode evidenciar

comportamentos mais agressivos que

podem ser mal interpretados e

aumentar ainda mais o estigma

negativo."

Inês Rocha

Todos os alunos têm necessidades diferentes: um aluno com autismo tem

necessidades diferentes de um aluno com dislexia, de um aluno com trissomia 21, de

um aluno com um contexto familiar complexo ou negligente, de um aluno com

ansiedade, e por aí fora.

Focando no autismo: a criança pode ter hipersensibilidade a sons e estar numa aula

com outros alunos, pode ser demasiado estimulante (sons de pessoas a falar, som

dos lápis a escrever, cadeiras a serem puxadas, mesas a balançar, a professora a falar,

os carros a passar lá fora, etc.); a criança pode ter um interesse específico em

comboios, mas nenhuma das atividades que lhe dão utiliza o seu interesse como

base, então fica tudo mais difícil e é mais aborrecido; a criança pode ter um nível de

flexibilidade baixo e precisar de seguir uma estrutura específica de atividades para se

sentir mais segura e confortável, e portanto, o facto de a professora ter faltado ou de

colega faltar, pode ter impacto na criança; a criança pode não utilizar a comunicação

verbal ainda, mas compreender tudo e conseguir responder a todas as questões (mas

não conseguir demonstrá-lo); pelos mais diversos desafios que a criança enfrenta,

pode evidenciar comportamentos mais agressivos que podem ser mal interpretados e

aumentar ainda mais o estigma negativo. São apenas alguns exemplos dos desafios

das crianças com autismo...e dos seus respetivos professores.


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O Claustro

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Então, umas das coisas que é necessário é possibilitar

a adaptação de leis, medidas e estratégias a cada

criança. E, sim, isso já pode ser feito, mas é essencial

também dar formação aos professores. Há

professores que não sabem o quanto podem adaptar

e flexibilizar e isso cria barreiras. E não é porque os

professores não queiram ajudar (acreditamos que a

maioria quer), mas porque, muitas vezes, acham que

não podem fazê-lo. É preciso trabalhar em conjunto

com os professores e dar-lhes apoio para

conseguirem realizar este trabalho. No entanto, é

importante também capacitar os pais e cuidadores,

informar claramente dos seus direitos e os da sua

criança a nível da educação para que não aceitem o

primeiro “isso não é possível”, batam o pé e consigam

os apoios a que têm direito. Em vários casos, por

exemplo, acreditamos que ter um tutor para apoiar

nas aprendizagens e promover e mediar as interações

com os colegas da turma, é uma necessidade para

estas crianças e professores, e que beneficiaria o

bem-estar e sucesso académico de todos - e por essa

razão, seria uma medida altamente promotora de

inclusão.

É importante que nos incluamos a todos: pais,

professores, terapeutas, crianças com e sem autismo.

É importante praticar a aceitação com todos estes

intervenientes, eu não posso aceitar as dificuldades

da minha criança com autismo, mas não aceitar que

as outras crianças podem ter dificuldades em

compreendê-la, ou que o professor tem dificuldade

em adaptar a matéria, ou que a auxiliar tem

dificuldade em lidar com as crises…


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O Claustro

Aceitamos e incluímos todos e, a partir daí, dessa

base, de conhecermos o potencial e as dificuldades,

percebemos o que é necessário trabalhar e

promover: apoio e formação para professores;

sessões de informação, consciencialização para

todos os alunos; apoio para a criança com autismo;

apoio e capacitação para os pais/cuidadores;

formação dos auxiliares e restantes profissionais da

escola.

E é nesta compreensão que a Vencer Autismo se

foca. Se conseguirmos que os professores

compreendam melhor os seus alunos com autismo,

acreditamos que irão realizar um trabalho melhor,

conseguirão adaptar-se melhor e lidar melhor com

as dificuldades. Vão sentir-se mais capazes, mais

confiantes… e isso também tem impacto na forma

como lidam com o aluno com autismo e com os

restantes alunos. Vão sentir-se acompanhados, em

vez de sozinhos.

Por isso realizamos palestras e workshops gratuitos

regularmente, abertos a todas as pessoas e

contamos com a participação de professores e

educadores. E temos também o serviço de mentoria

para pais e profissionais, onde acompanhamos

também professores, com sessões mensais - com

foco na compreensão da criança.

Para haver inclusão não basta a lei. É necessário

haver informação, capacitação e aceitação.

Inês Rocha

Psicóloga da Vencer Autismo


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O Claustro

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Desafios no Ensino Superior

Pró-Secção de Boccia da Associação Académica de Coimbra

De acordo com o Artigo 26º da Declaração Universal

dos Direitos Humanos, “Todos os seres humanos têm

direito à educação.”. Mais especificamente, o Artigo

24º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência refere que “Os Estados Partes asseguram

que as pessoas com deficiência podem aceder ao

ensino superior geral (…).”. No entanto, sabemos que

estas palavras não passam disso mesmo, um longo

caminho as separa da realidade e é necessário dar

passos largos (e urgentes!) até que se consiga colocálas

em prática na sua plenitude.

Para além da dificuldade no acesso ao Ensino

Superior, as pessoas com deficiência ainda

enfrentam múltiplos desafios aquando da sua

frequência. Desde logo, as acessibilidades

constituem uma barreira dificilmente intransponível.

Não falamos aqui apenas de acessibilidades físicas,

mas de todas as adaptações necessárias a uma

vivência digna e com condições (e.g., interpretação

em Língua Gestual Portuguesa, documentos em

braille). Numa cidade histórica como Coimbra, as

barreiras arquitetónicas estão por toda a parte, não

só na via pública, como em muitas das estruturas

mais antigas da Universidade de Coimbra. Estes

obstáculos impedem a participação ativa dos/as

estudantes com algum tipo de deficiência na vida

universitária e associativa, bem como a sua

integração na comunidade estudantil em igualdade

de oportunidades com os demais.


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jornal

O Claustro

No que diz respeito à postura da sociedade perante estudantes com deficiência,

assistimos constantemente a comportamentos capacitistas, que se manifestam

através de atitudes condescendentes e paternalistas, sob a justificação de que estes

necessitam de proteção e orientação. Além disto, as expetativas relativamente ao seu

desempenho são sempre muito abaixo da média, tanto em contextos sociais, como

académicos. Estes preconceitos explicam, em parte, a crença de que são heróis e

heroínas apenas por alcançarem metas que os/as colegas sem deficiência alcançam

habitualmente.

Ao nível da comunidade, a falta de representatividade é gritante, o que leva a um

desenvolvimento individual sem quaisquer modelos ou referências. Nos escassos

exemplos que existem, a narrativa imposta pela sociedade é a de

incapacidade/inferioridade ou, pelo contrário, de superação e heroísmo. Não existe,

por isso, a oportunidade de partilhar experiências semelhantes com pares, nem de

desenvolver um sentimento de pertença a uma comunidade.

Um dos desafios mais prementes no acesso à Universidade, e a qualquer outra

dimensão da vida, prende-se com a dificuldade que algumas pessoas com deficiência

têm na realização autónoma de tarefas do dia a dia, desde os cuidados básicos de

higiene até à alimentação, mobilidade, acompanhamento das atividades letivas, etc.

Dada a inexistência de uma figura contratada para colmatar estas necessidades (como

o/a assistente pessoal), os/as estudantes com deficiência dependem constantemente

da solidariedade e da amizade de outras pessoas.

Em última instância, aquilo que se deseja é uma verdadeira ocupação do espaço

público por parte das pessoas com deficiência, incluindo no Ensino Superior. No

entanto, para que isto seja possível, é fundamental que se criem condições para uma

experiência digna e plena, em situação de igualdade com as pessoas sem deficiência.

Acreditamos que a Pró-Secção de Boccia da AAC pode ter um papel determinante na

reivindicação de direitos para os/as estudantes com deficiência na Universidade de

Coimbra, através de um trabalho de sensibilização da sociedade para a realidade que

representa. Na verdade, trata-se de algo tão simples (e complexo) como cumprir

direitos fundamentais.

Pró-Secção de Boccia da Associação Académica de Coimbra


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O Claustro

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Sociedade inclusiva

AFONSO DOMINGUES, MESTRANDO EM CIêNCIAS DA EDUCAÇÃO

Sou o Afonso Domingos, tenho 22 anos, sou licenciado em Ciências da Educação,

pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de

Coimbra e, atualmente, frequento o Mestrado em Ciências da Educação, na

mesma faculdade. Venho, através deste pequeno texto, partilhar convosco alguns

pontos de vista relativos à forma como sinto a inclusão da pessoa com deficiência

na nossa sociedade, e faço-o na primeira pessoa.

Sou deficiente visual, e sinto que, em muitas situações, a deficiência não é olhada

“de frente”, apenas e só como uma característica. Um exemplo disso mesmo, é o

facto de uma pessoa com deficiência visual não poder ingressar nas bandas das

nossas forças armadas. Qual seria o problema de tocar numa banda militar? Se

eu o faço com a mesma competência e qualidade das pessoas normovisuais. Ou

melhor, porque não preciso de pauta para executar a peça, pois tenho ouvido

absoluto. E é desta forma que aquilo que foi um sonho de criança, ficou por

cumprir. A minha paixão pelas bandas militares deve-se ao facto de eu tocar

clarinete desde os meus 7 anos de idade e do meu professor de música, que,

também, é meu maestro, ter estado na Banda Sinfónica da Guarda Nacional

Republicana (GNR).

Naturalmente que, para mim, é evidente que um cego não pode conduzir

máquinas, pilotar aviões, ser médico, etc… Mas situações há, como a que vos

descrevi, em que importava deixarmos o “perfeito” de lado e aceitar o potencial

da pessoa, capaz de cumprir com excelência aquela função. Haveremos de lá

chegar. Há muito caminho por fazer, mas já temos sinais de mudança. O facto é

que existe uma secretaria de estado para a inclusão das pessoas com deficiência,

cuja secretária de estado é, também ela, cega.

Acredito que são muitos os contributos que as pessoas com deficiência podem

trazer à nossa sociedade, mas só com a sua inclusão plena na sociedade, estas

pessoas poderão desempenhar o seu papel.


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jornal

O Claustro

O facto de assistirmos a um aumento

substancial da frequência universitária

de estudantes com deficiência faz-me

acreditar que estamos a caminhar no

sentido correto. Temos vindo a verificar

que há profissionais deficientes que já

estão nas empresas, nas escolas, nos

serviços… E desempenham as suas

funções como um dos demais

trabalhadores. Certamente com as

adaptações necessárias, e, só assim, faz

sentido.

Na deficiência visual, muitos são os

contributos que nós podemos verificar,

por exemplo, ao nível do ensino de

informática a pessoas com a mesma

deficiência. Com o nosso conhecimento

de causa, será mais fácil ensinar e

transmitir conhecimentos deste tipo de

matérias, pois, na minha opinião,

qualquer pessoa tem direito à inclusão

informática e digital,

independentemente da sua condição, e

com as devidas adaptações.

Em relação a uma sociedade mais

inclusiva, falando no meu caso concreto,

considero que estou muito bem inserido

na sociedade e no meu núcleo de

amigos, pois aceitam-me tal como eu

sou, não me sentindo discriminado, e

isso, no meu próprio entender, é

bastante positivo.


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O Claustro

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Na minha opinião, o fator essencial para

a minha inclusão foi, sem dúvida, ter

estado, desde sempre, incluído no

ensino regular, com as adaptações

necessárias à minha condição e de ter

ingressado no ensino superior, numa

universidade que nos vê como um igual,

em que “as pontes” existem e

funcionam.

Se virmos bem, todos temos

características que nos distinguem,

umas mais visíveis que outras, umas que

necessitam de adaptações e outras que

não. Por outro lado, na nossa sociedade,

considero que há alguns aspetos que

deviam ser melhorados ao nível da

inclusão, como por exemplo, o facto de

todas as passadeiras terem um

semáforo sonoro, para que as pessoas

com deficiência visual saibam quando

devem atravessar (o que não se verifica

no país todo), mas verifica-se já como

um dado adquirido em alguns países

europeus, como a Bélgica e os Países

Baixos. Relativamente à deficiência

motora, entendo que todos os locais

deveriam ter mais facilidade de acesso,

promovendo as acessibilidades e pondo

fim as barreiras físicas e arquitetónicas,

como por exemplo, com a

implementação de rampas de acesso

para cadeiras de rodas.


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O Claustro

APLICAÇÕES INCLUSIVAS

LIVE TRANSCRIBE

LEGENDAS AUTOMÁTICAS E NOTIFICAÇÕES DE SOM

A Live Transcribe tem como objetivo converter qualquer som em texto,

ajudando ainda a perceber a direção do som, com recurso a motor

háptico. Esta app é capaz de perceber mais de 70 idiomas e dialetos

diferentes. Foi concebida a pensar em sujeitos com deficiência auditiva.

TELEPATIX

Destinada a pessoas que não conseguem falar e têm movimentos

muito limitados, como pacientes de Esclerose Lateral Amiotrófica e

indivíduos acometidos de Paralisia Cerebral, esta app é uma forma de

comunicarem. Como? A aplicação oferece um alfabeto que é percorrido

por uma varredura sequencial de linhas e colunas. A pessoa seleciona

cada linha e coluna através do toque em qualquer parte do ecrã,

mesmo tendo o menor e mais impreciso movimento.

guia de rodas

A "Guia de Rodas" permite a consulta e a avaliação posterior de lugares

acessíveis a pessoas com dificuldade de locomoção. Esta app promove

a importância da acessibilidade para todos e estimula todas as pessoas,

com e sem dificuldades de locomoção, a avaliar a acessibilidade de

diversos estabelecimentos e locais públicos.


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A inclusividade na 7ª

arte

wonder

encantador

Auggie é um menino de

10 anos que sofre de

uma malformação

congénita rara que se

manifesta

em

deformações na face.

No 5º ano começa a

frequentar uma escola

com outros meninos e

vai precisar de lutar

muito para se conseguir

integrar.

Tudo leva o seu tempo,

até mesmo a aceitação

da diferença.

A Linguagem

do Coração

No final do século XIX,

Marie é uma jovem cega,

surda e muda de

nascença, incapaz de

comunicar com o mundo.

Aos 14 anos, é enviada

para um instituto, onde

um grupo de freiras

cuida de jovens com

deficiência auditiva. Lá

conhece a irmã

Marguerite, que lhe

dedica toda atenção, e

juntas, vão encontrar

uma forma de

comunicar.

Amigos

Improváveis

Um homem milionário

sofre um acidente que

o deixa paraplégico e

forma uma amizade

improvável com o seu

cuidador, um homem

imigrante senegalês,

negro e com uma série

de

problemas

financeiros e pessoais.

Esta amizade que

ninguém fazia prever

acaba por mudar a vida

de ambos para sempre.

como

estrelas

na terra

"Como Estrelas na Terra", originalmente "Taare

Zameen Par" é um filme de origem indiana que

estreou em 2007 e retrata a história de uma criança

que é incompreendida, tanto na escola como em

casa, por sofrer de dislexia. Certo dia, encontra um

professor que irá mudar a sua vida.


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jornal

O Claustro

special

SÉRIE | COMÉDIA

“Special” é uma série norte-americana, original da Netflix,

que relata a vida de um jovem homossexual com

paralisia cerebral que decide mudar a sua vida.

Ryan decide arranjar uma nova identidade e começar a

lutar por aquilo que realmente quer.

Trocadas à Nascença

SÉRIE | DRAMA

"Trocadas à Nascença” conta a história de duas

adolescentes que descobrem que foram acidentalmente

trocadas na maternidade. Uma cresceu numa família rica

tradicional, enquanto que outra perdeu a audição em

criança e cresceu com uma mãe solteira, num bairro

pobre. Ao descobrirem a verdade, as famílias passam a

conviver, para o bem das duas.

Atypical

SÉRIE | COMÉDIA DRAMÁTICA

"Atypical" retrata a história de Sam, um adolescente

autista que decide arranjar uma namorada e tornar-se

mais independente, algo que acaba por trazer mudanças

drásticas a toda a sua família, que ingressa numa viagem

de autodescoberta.

the good doctor

SÉRIE | DRAMA

"Shaun Murphy é um jovem cirurgião com síndrome de

Savant que se junta a uma unidade cirúrgica de um

hospital prestigiado. Incapaz de se conectar e integrar

com aqueles que o rodeiam, Shaun usa os seus

extraordinários dons como médico para conquistar os

seus colegas e salvar as vidas dos pacientes.


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O Claustro

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Claustro à Tua

Medida

“HÁ ESPAÇO PARA TODAA GENTE”

Inclusão pela mente de uma criança

Olá, chamo-me Inês e sei que o mundo não é perfeito,

que está longe de chegar à

perfetibilidade humana. Para tal todas as pessoas que

vivem nele precisam de saber que existe diversidade,

interculturalidade e diferença, e que isso é bom,

enriquecedor e poderoso.

Existem diferentes Pessoas, cada uma, um ser único,

com a sua forma de pensar, modo de viver e

caraterísticas que o definem, a sua personalidade.

Sei também que o caminho faz-se caminhando e que

para alcançar o que sonhamos

precisamos de dar uso à arma mais poderosa, a

Educação. Esta deve atuar desde cedo, junto de quem

ainda pouco sabe sobre os problemas da vida. Por isso

decidi conversar com a minha irmã, Sara, para

entender o que ela, com nove anos, pensa sobre o

tema: inclusão.

Depois da conversa com a minha irmã percebi que

realmente há muito ainda para mudar, muito para

travar e muito por que lutar! Aqui fica a conversa

importante entre irmãs:

Inês Carraca & Sara Carraca


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O Claustro

" I - Achas que todas as pessoas são

iguais?

S - Sim, porque apesar da cor e da

diferença, é tudo igual, porque somos

todos pessoas.

I - Achas que todas as pessoas são

inclusivas? Achas que todas as pessoas

incluem as

outras?

S - Não, porque já vi casos onde pessoas

não incluem.

I - Por exemplo?

S - Por exemplo, uma menina quando uma

pessoa que é mais escura do que ela, goza

com essa

pessoa e também expõe coisas sobre a

vida privada dela.

I - Achas que Pessoas que têm

problemas visuais, auditivos, que

andam de cadeiras de rodas, pessoas

com deficiência, sofrem de

descriminação?

S - Acho, e não devem ser, porque somos

todos iguais.

I - Achas que todas as crianças pensam

como tu?

S - Não, mas deviam porque devemos ter o

pensamento de que somos todos iguais.

Mas cada pessoa é uma pessoa e há

algumas que não pensam tão bem, porque

têm dificuldade em chegar lá e a entender

como as coisas são na realidade.

I - Porque é que isso acontece?

S - Porque têm mais dificuldade em

perceber as coisas, porque alguns achamse

mais engraçadas e outros líderes. Não

conseguem pôr-se no lugar dos outros, no

caso dos líderes só conseguem pensar

neles próprios, e quando outra pessoa faz

diferente eles não gostam nada.

I - Como é que achas que as pessoas que

são discriminadas pela sua cor, religião,

por terem deficiências físicas, mentais...

se sentem? Achas que eles conseguem

ser eles próprios todos os dias?

S - Sentem-se muito mal, porque têm o

peso que as outras pessoas põem neles e

não conseguem pôr esse peso para outro

lado, ficam sempre com medo.

I - Existem as "vítimas", os “agressores”

e os que ficam a ver. O que as pessoas

que ficam a assistir a todas as situações

de discriminação e exclusão deviam

fazer?

S - Deviam fazer queixa, chamar os

responsáveis para tratar do problema, um

profissional que possa tratar desses

assuntos.


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O Claustro

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I - Nas situações que acontecem nas

escolas de bullying, racismo,

discriminação acontecem porquê?

S – Porque existem pessoas que só

querem saber delas e só querem gozar

com os outros para se

sentirem bem, porque sentem inveja dos

outros e são más pessoas.

I - As pessoas que sofrem com esses

atos, será que conseguem rapidamente

superar ou continuam sempre tristes e

com medo? O que foi feito para que as

situações mudassem?

S - Se o que foi feito for muito grave elas

não vão conseguir superar e se se for

grave e a pessoa reconhecer os erros, eu

acho que ela fica melhor, pela outra

pessoa reconhecer o erro.

I - Pedir desculpa é importante?

S - Se for sentido.

I - E achas que um pedido de desculpas

basta para a "vítima" ficar mais calma e

conseguir ficar bem?

S - Não conseguem ficar felizes da vida,

mas também não ficam tão tristes como

estavam.

I - Achas que as pessoas que se

arrependeram não vão voltar a fazer o

mesmo? Aprenderam a lição?

S - As pessoas podem pedir desculpas de

duas formas, ou porque alguém as

obrigou, o professor, os amigos, ou porque

percebeu mesmo que errou. Aqueles que

são obrigados a pedir desculpa vão

sempre fazer o mesmo porque não

reconheceram mesmo o erro.

I - E tu achas que na tua escola foi feito

alguma coisa pelos professores, pelos

profissionais, pelos pais desses meninos

para que eles percebessem que estavam

errados, alguma coisa foi explicada?

S - Foi explicado, mas eles não

perceberam. Até porque continuaram a

fazer pior. Não reconheceram que estavam

errados e os que reconheceram, mas

continuam no erro, as vítimas nunca vão

sentir-se melhor.

I - E o que é que achas que podemos

fazer para que tudo isto mude, para que

estas coisas não aconteçam? Na tua

escola e não só, em todo o lado!

S - Cada escola devia ter um profissional

para explicar a igualdade entre as pessoas

e como tudo funciona. Aqueles que têm

mesmo dificuldade em perceber deviam

ter um psicólogo na escola para os ajudar

a perceberem o erro e para ajudar as

vítimas também.

I - Esse profissional e o psicólogo para os

alunos achas que eram suficientes ou

precisamos de alguma coisa para os pais

também?

S - Para os pais também, porque aqueles

meninos que fizeram mal na escola os pais

deles não sabiam, só sabiam os pais das

“vítimas”.

I - Mas então se os “agressores” fazem

essas coisas más e os pais não sabem,

não achas que os pais devem falar sobre

estes assuntos em casa?

S - Acho que podia ajudar os profissionais

da escola. Os pais também têm de educar

as crianças em casa.


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O Claustro

I - Para além das escolas, no mundo o

que devia mudar?

S - Ahhh, deve mudar o racismo, o

machismo e deve haver igualdade entre

todas as pessoas.

I - E como é que conseguimos isso?

S - Lutando. Os pais dos “agressores”

deviam tentar levá-los ao psicólogo.

Ou ahhh...

I - Achas que pode ser a educação, as

escolas, os educadores, os professores e

esses técnicos que falas que podem

fazer alguma coisa para mudar no

mundo tudo isso?

S - Sim, porque eles podem fazer muita

coisa.

I - E achas que devemos falar desde cedo

sobre estes assuntos?

S - Sim, para quando forem mais velhos

não fazerem, porque é mais difícil eles

perceberem os erros e pararem, é melhor

pararem em pequenos do que quando

forem grandes.

I - Achas então que é melhor falar de

tudo quando são mais novos?

S - Sim, até porque se perceberem o que

está errado quando forem novos, podem

quando forem

mais velhos vir a defender uma vítima.

I - Então achas que a solução pode ser

através da educação?

S - Até porque os profissionais podem

dizer aos pais e convencer os agressores a

pararem e os agressores até podem vir um

dia a pedir às pessoas para pararem e

podem ensinar os futuros filhos o que está

certo.

I - Achas que devíamos falar destes

assuntos ainda mais cedo? Antes de

qualquer pessoa ser um “agressor”?

S - Sim, porque ser um agressor, eu nunca

fui, mas deve ser muito bom, gozar com as

pessoas, eles sentem-se bem, porque eles

estão a dizer mal da pessoa e estão felizes

à custa das pessoas.

E para eles parece ser bom. E quem vê

pode ver aquilo como exemplo. E os pais

que sabem que têm um mau exemplo em

casa têm de dizer “nunca faças isso”.

I - Achas que há mais alguma coisa que

ainda pode ser mudada?

S - Também acho que as crianças quando

são pequeninas e não percebem nada, não

devem ver notícias, porque têm muitos

exemplos de agressões e podem vir a ser

piores do que esses exemplos. Mas depois,

quando forem maiores e mais inteligentes,

podem ver porque já sabem que são maus

exemplos.

I - Ok, e como é que eles vão saber que

são maus exemplos?

S - Os pais devem sempre dizer, “tu não

faças isso”. Os pais, as pessoas que estão

ao pé deles, os auxiliares, os educadores,

as pessoas na rua mesmo.

I - Achas que todas as pessoas devem

estar conscientes do que é que é

correto!? Que todos somos iguais e tudo

isso?

S - Hum Hum.

Por exemplo, as religiões são diferentes,

são religiões e todos têm a sua, quando

uma pessoa vem de um país com uma

religião diferente e não come porco, os

outros não devem comer à frente deles,

lambuzarem-se com o porco à frente deles


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O Claustro

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dessa pessoa, é uma falta de respeito, e

também acho que podem fazer o que é

diferente à frente delas, mas com respeito

sem provocar. São as escolhas de cada um.

I - Queres dizer alguma coisa às pessoas

que não são inclusivas, que

discriminam?

S - Ahhh... estão a ser muito maus para a

sociedade. Queria dizer para elas que é

muito mau o que estão a fazer e que

devem perceber os erros antes que seja

tarde demais. É claro que é melhor tarde

do que nunca, mas é melhor saberem que

são erros e não continuarem com os erros

para toda a vida. Porque podem gozar e

não saberem que estão errados,

continuarem a gozar e a outra pessoa ter

problemas sérios quando for mais velha,

mesmo que não dê importância ou que

fique só um bocado triste agora.

S - E às vítimas, ias perguntar não ias?

Aahah! Eu acho que tenho a dizer que há

muitas pessoas iguais, há muitas pessoas

que também são vítimas e que têm de se

juntar todas, até porque podem vir a

conseguir dar a entender aos agressores

que estão a fazer muito mal.

E também as vítimas não se afastem e

evitem os amigos, porque podem ficar

sozinhos, e os amigos, os melhores amigos

podem-te ajudar ou perceber.

I - Para acabar, queres deixar alguma

conclusão?

S - Aquelas pessoas que têm muito poder e

são racistas, machistas, não devem fazer

isso e às outras pessoas que não têm

problemas, nem sofrem com nada devem

ajudar as vítimas e devem revoltar-se

contra as pessoas más.


20

jornal

O Claustro

I - Achas que devemos lutar todos pela

igualdade, pela inclusão e pela

tolerância? Para o bem de quê?

S - Para o bem das pessoas, para que

ninguém fique mal e para o bem do

mundo. Porque assim só vai haver

confusão e pode ser muito mau para as

pessoas.

I - O mundo ideal seria o quê?

S - As pessoas não serem racistas, não

serem machistas, não roubarem, não

fazerem mal, não poluírem. O mundo ideal

seria todos respeitarem-se, seguirem as

regras, e as pessoas que fazem as regras

mais parvas deviam ser repensadas, as leis

deviam estar a favor de quem sofre,

porque as leis podem mudar muita coisa.

As pessoas que não têm problemas

deviam ajudar todas as vítimas. As pessoas

que foram vítimas um dia não podem fazer

o mesmo a outras pessoas só para se

vingarem. Porque se é para se vingarem,

as outras pessoas não têm culpa e mesmo

se for aos agressores não está certo.

Devemos dar a entender às pessoas que

estiveram mal.

I - Numa frase o que é a inclusão?

S - São as pessoas que não são vítimas

perceberem que não devem ser

agressores, e que as pessoas são iguais a

eles. Que há espaço para toda a gente!

Inês Carraca & Sara Carraca

25.04.2021

"


Fotografia Vencedora "Coimbra aos teus Olhos"

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