tesouro OpirataL. F. Riesemberg doEle prendeu o barco às rochas e entrou nagruta. Segurava um lampião para iluminar ocaminho, enquanto o mapa indicava por quaiscavidades deveria passar.Foi se espremendo pelas paredes úmidas, atépassar por uma apertada abertura que levavaao coração da caverna.O lugar era imenso, com um lago subterrâneode água azul e límpida. Mas ele não estava alipela paisagem.Seguiu como indicado no mapa, equilibrandosesobre a prótese de madeira. A luz fraca ofazia forçar o olho bom, mas era o quebastava.Quando finalmente avistou a arca, havia doisesqueletos sobre ela. Ele os afastou com ogancho, e tirou uma chave do bolso.A mão tremia quando a fechadura abriu.“Estará mesmo aqui?”, pensou.Um dos crânios no chão dava a impressão deestar rindo.Quando ergueu a tampa do baú, uma luzdourada refletiu nas suas barbas brancas.– Sim! Está tudo aqui! – gritou, gargalhando.Havia passado décadas obcecado por aqueletesouro, e não tinha como esquecer tudo oque passou para chegar até ali.Passou a mão no rosto e sentiu a cicatriz.Lembrou o tiro que gangrenou e o fez amputara perna.O tubarão que arrancou sua mão com umadentada.iniciarem seu caso às espreitas. Mary decidiuentão que deveria entrar para aquela Enfim, para esquecer tudo isso, atirou-se àsmoedas de ouro. Finalmente haviaconseguido! Merecia aquele prêmio.Rindo descontroladamente, demorou a notarque as caveiras haviam se levantado e oespiavam de modo zombeteiro.– O que? – gritou, querendo fugir, mas semlargar do baú.Elas riam da cobiça dele.– Não reconhece os amigos? – perguntou umdos esqueletos.Ele finalmente compreendeu que eram os doiscompanheiros que ele havia traído para nãoter que dividir o tesouro.Ele acorda assustado, e se vê deitado em umacama no convés do navio. Olha rapidamentepara as pernas: as duas estão lá. As mãostambém. Levanta-se para olhar no espelho, epercebe que ainda é jovem e belo.– Teve um pesadelo, capitão? – lhe perguntaum encarregado.O mar tranquilo e azul parecia estar aindamais bonito naquela manhã ensolarada.– Acho que foi um aviso, marujo.A grande embarcação mudou de rota naqueledia, assim como a vida de todos aqueleshomens.*Arte no fundo - Esboço doilustrador Jackson Lino.L.F.Riesemberg, nascido em 06 deoutubro de 1980, é paranaense, naturalde São Mateus do Sul, e mora emCuritiba. Formado em Jornalismo e emLetras. Apaixonado por literaturafantástica, contos mágicos e históriassobrenaturais. Temas constantes em seuscontos: saudades, infância, nostalgia,memórias, o passar do tempo e a morte.
Lucas Diniz ReisSou Arquiteto e Urbanista, atuando desde2019, e Desenhista desde pequenininho!Instagram: @arquitetoedesenhistaldr