Gestão Hospitalar N.º 24 2021
#gestão em saúde, por Vasco Reis Homenagem Vasco Reis:“A inoculação do bichinho da saúde teve como instrumento a administração” Testemunhos de familiares e amigos Saúde Global Portugal na saúde global A síndrome de fragilidade em idosos: revisão de literatura sobre instrumentos de avaliação e escalas de classificação Acesso a cuidados de saúde para além da Covid-19 Reaproximar os doentes não-Covid dos serviços de saúde no contexto da pandemia Responsabilidade em saúde pública no mundo lusófono: fazendo justiça durante e além da emergência da Covid Infeções associadas a cuidados de saúde e segurança do doente Comunicação institucional: até quando o parente pobre na gestão dos hospitais? SNS: e agora para algo completamente diferente Projeto Oncommunities: acompanhamento online para mulheres com cancro de mama Design Thinking como ferramenta para a eficiência no bloco operatório A farmacogenética na prática clínica Como podemos ter mais ensaios clínicos nos centros de investigação e tornar Portugal mais atrativo nesta matéria? Liderança Digital: ENESIS 2020-22
#gestão em saúde, por Vasco Reis
Homenagem
Vasco Reis:“A inoculação do bichinho da saúde teve como instrumento a administração”
Testemunhos de familiares e amigos
Saúde Global
Portugal na saúde global
A síndrome de fragilidade em idosos: revisão de literatura sobre instrumentos de avaliação e escalas de classificação
Acesso a cuidados de saúde para além da Covid-19
Reaproximar os doentes não-Covid dos serviços de saúde no contexto da pandemia
Responsabilidade em saúde pública no mundo lusófono: fazendo justiça durante e além da emergência da Covid
Infeções associadas a cuidados de saúde e segurança do doente
Comunicação institucional: até quando o parente pobre na gestão dos hospitais?
SNS: e agora para algo completamente diferente
Projeto Oncommunities: acompanhamento online para mulheres com cancro de mama
Design Thinking como ferramenta para a eficiência no bloco operatório
A farmacogenética na prática clínica
Como podemos ter mais ensaios clínicos nos centros de investigação e tornar Portugal mais atrativo nesta matéria?
Liderança Digital: ENESIS 2020-22
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GH homenagem<br />
Uma referência<br />
da Administração <strong>Hospitalar</strong><br />
"Acho que<br />
fizemos bem"<br />
Grande nome<br />
da Saúde Pública<br />
”Testemunhos<br />
José Carlos Lopes Martins<br />
Sócio de Mérito e Presidente da APAH (1996-1989)<br />
Sim, o Vasco é uma referência. Homem íntegro,<br />
inteligente, rigoroso, foi um profissional<br />
de valor, de qualidade e de dedicação<br />
inexcedíveis, quer no exercício da administração<br />
de hospitais, nomeadamente no en-<br />
Professor VASCO REIS<br />
Isabel Saraiva<br />
Presidente da Respira<br />
Conheci o Professor Vasco Reis quando<br />
nos anos 90 deu o seu saber e empenho<br />
à realização do Fórum da Economia da<br />
Saúde - Consequências Económicas de<br />
uma Política de Saúde, um projeto da API-<br />
FARMA, no qual, enquanto Diretora Executiva da instituição,<br />
tive o gosto de participar.<br />
Foi uma ação inovadora, que reuniu não só os melhores<br />
académicos portugueses, mas também, peritos internacionais<br />
e que ao longo de diversas sessões, debateu a<br />
tão grupo Hospitais Civis de Lisboa, quer na atividade<br />
docente, especialmente na Escola Nacional de Saúde<br />
Pública.<br />
Sempre o vi disponível para responder a desafios que<br />
com frequência os poderes públicos e instituições oficiais<br />
lhe faziam, por reconhecerem a sabedoria e clarividência<br />
dos trabalhos e contributos que produzia<br />
O seu humor fino e vivacidade tornavam quaisquer<br />
conversas com o Vasco, ainda que sérias, extremamente<br />
agradáveis<br />
O Vasco era um homem notável e afável e assim permanecerá<br />
na minha memória. Ã<br />
interligação, hoje óbvia, mas pouco evidente ao tempo,<br />
da saúde e da economia.<br />
As competências e a experiência do Professor Vasco<br />
Reis que ao longo de vários meses, escreveu, telefonou<br />
e contactou os palestrantes, sugeriu e aperfeiçoou<br />
textos e documentos, foram decisivas para o sucesso<br />
deste projeto. Guardo belas recordações deste trabalho<br />
conjunto: o Professor Vasco Reis, era um homem afável<br />
com um distinto e discreto sentido de humor, uma elevada<br />
capacidade de transmitir conhecimento e de reunir<br />
à sua volta os mais capazes profissionais.<br />
Estou grata à APAH, por se ter lembrado de mim para<br />
dar um testemunho sobre o Professor Vasco Reis e<br />
também por não deixar que as memórias se esbatam. Ã<br />
João Oliveira<br />
Presidente do C. A. do IPO Lisboa<br />
“<br />
Sabe, João? Acho que fizemos bem”, disse-<br />
-me o professor Vasco Reis, em meados<br />
do último dezembro.<br />
Foi uma curta conversa, na qual regressámos<br />
um pouco ao tempo em que, distantes<br />
na formação, distantes nas funções, com considerável<br />
distância na idade e nunca tendo tido convivência<br />
próxima, éramos parte desse misto de bem-fazer,<br />
tradição, modernidade, abnegação profissional, espírito<br />
de corpo e muitas mais coisas difíceis de explicar aos<br />
de fora, que se chama Hospitais Civis de Lisboa (HCL).<br />
Comecei a ser médico nos HCL.<br />
Primeiro o internato geral, depois a atração pela Hematologia<br />
e, a seguir, o despertar para o tratamento<br />
dos outros cancros, influenciado pelo Dr. Joaquim<br />
Gouveia, que então se batia pela sua ideia de organização<br />
da oncologia nos HCL.<br />
Via-o em longas conversas com o administrador Vasco<br />
Reis, em frente da igreja do Hospital dos Capuchos.<br />
Amigos antigos de Coimbra, explicar-me-ia Gouveia<br />
que, infelizmente, também já não pode dizer-nos do<br />
que falavam.<br />
Mas eu sei que falavam do futuro dos HCL e dos serviços<br />
de saúde em geral, porque o que então perspectivavam,<br />
com o professor Vasco Reis na difícil tarefa<br />
de encaixar a mudança nos hábitos estabelecidos e de<br />
encontrar as formas de concretizar os incentivos e a<br />
valorização dos mais novos, influenciou tudo o que eu<br />
vim a fazer como médico.<br />
Agora, passados mais de trinta e cinco anos sobre o<br />
nosso tempo dos HCL, eu ouvia do professor Vasco<br />
Reis este “Acho que fizemos bem”, a lembrar-me a<br />
importância dos que, discretamente, quase sem darmos<br />
por tal, passam pela nossa vida e a determinam<br />
para melhor. Ã<br />
Paulo Faria Boto<br />
Professor Auxiliar da ENSP<br />
Conheci o Professor Vasco Reis no final dos<br />
anos 90; coordenava ele, na altura, o Curso<br />
de Especialização em Administração<br />
<strong>Hospitalar</strong>, na Escola Nacional de Saúde<br />
Pública, que será sempre a sua Escola.<br />
Foi dos primeiros, como sabemos, a ter formação especializada<br />
nesta área, obtida no estrangeiro, e era um acérrimo<br />
defensor da especificidade da mesma, pelo que a<br />
Administração <strong>Hospitalar</strong> em Portugal lhe deve muito.<br />
Enquanto docente e coordenador de curso, lembro-me<br />
da sua bonomia, afabilidade, espírito conciliador, e da forma<br />
paternal como tratava os alunos. E do seu sentido de<br />
humor e boa disposição. Lembro-me de uma aula em<br />
que discutíamos o que verdadeiramente importava nos<br />
sistemas de saúde, e concordámos numa palavra: valores.<br />
Era um dos pilares da Escola, com outros grandes nomes<br />
da Saúde Pública em Portugal.<br />
Foi um dos professores que me convidou a continuar na<br />
Escola como docente, e um dos que me levou a doutorar-me.<br />
Quando se decidiu reformar, pareceu-me cedo. A<br />
Escola e os mais novos ainda precisavam dele. Mas aprendi,<br />
com o tempo, a respeitar estas decisões, e o seu timing.<br />
Vi-o menos vezes a partir de então.<br />
Passados uns anos, enquanto leciono e coordeno um<br />
curso na Escola, suspeito que sou influenciado, mesmo<br />
que inconscientemente, por algumas das coisas que o vi<br />
fazer ou ouvi dizer. Ainda hoje cito um ou dois dos seus<br />
lemas e uma ou duas das suas anedotas.<br />
Cruzamo-nos ao longo das nossas vidas com muitas pessoas,<br />
mas não são muitas as que, de facto, influenciam o<br />
nosso percurso. Quando olhamos para trás, não podemos<br />
deixar de as reconhecer. Essas são, de facto, as que<br />
deixam marca.<br />
Falta-nos mais gente como ele. Na academia, na administração<br />
pública, no país. Ã<br />
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