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EDIÇÃO FEVEREIRO

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O CLAUSTRO

fevereiro

JORNAL EDIÇÃO Nº 2

ensino

ensino a

distancia

O Impacto do Ensino a Distância

entrevista

covid-19

O testemunho de um casal de

profissionais de saúde

empreendedorismo

projetos e

voluntariado

Fica a conhecer dois novos projetos e

cinco possibilidade de voluntariado

escrita

claustro à

tua medida

Escrita da autoria dos estudantes da

FPCEUC


jornal

O Claustro

DESTAQUES

06

Impacto do ensino A distâncIa

Professora Teresa Pessoa, João Assunção e Cesário Silva

Nos tempos em que vivemos muitas são as posições sobre qual o impacto do

ensino a distância nos professores, nos estudantes e nos seus resultados

académicos, posições essas que nem sempre reúnem consenso.

12

SOS: EDUCAÇÃO, PARENTALIDADE E COVID-19

Testemunho de Profissionais da Linha da Frente

"É o medo de chegar a casa sem saber o que poderá acontecer. (...)

Era o medo de não saber se os meus filhos estavam seguros ao pé de mim."

14

O DESCONFINAMENTO DA SOLIDÃO

Andreia Pina

É necessário que exista uma preocupação urgente com a saúde pública e com a

economia do país, porém urge também o (re)pensar de alternativas para combater a

solidão sentida pelos mais idosos, que fora acentuada nos tempos atuais, mas que

sempre existiu.

16

Voluntaria-te

Diana Pinto

No voluntariado, para além de potenciar o nosso crescimento pessoal, onde nos permite

adquirir e desenvolver competências pessoais e profissionais, também facilita a compreensão

dos talentos e interesses; o desenvolvimento de horizontes; bem como, a perceção de qual é

o caminho que deves seguir depois de finalizados os estudos.


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O Claustro

DESTAQUES

19

CAMA SOLIDÁRIA

Um dos projetos mais falados durante este periodo pandémico. Descobre

mais sobre o mesmo e aventura-te no voluntariado pelos profissionais de

saúde e outros tantos.

20

Projetos Empreendedores

Dra. Silvia Peça e Dr. Ricardo Gonçalves

O Claustro apresenta-se dois projetos distintos de dois licenciados em Psicologia

pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

que vais querer conhecer.

23

do hooby ao negócio

Teresa Churro & Andreia Coelho

Dois testemunhos diferentes, que relatam o desenvolvimento do seu hobby, de

como os seus passatempos, pelos quais têm um enorme gosto se

transformaram num negócio.

Da paixão por cozinhar até ao encanto pelo bordado, em inúmeras áreas podem

surgir oportunidades de negócio, basta ter prazer pelo que se faz.

26

Claustro à tua medida

Nesta edição do Claustro, pedimos aos nossos estudantes que fizessem

parte da equipa.

Aqui podes encontrar todos os textos que chegaram até nós.


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O Claustro

04

DI

CAROS

LEITORES,

sendo que uma se traduz na visão de um professor, e a outra,

OR

É de conhecimento geral que nos encontramos num período

incerto, carregado de dúvidas e de difícil previsão, contudo,

podemos assegurar que o nosso jornal continuará a ser uma

constante.

Nesta edição d'O Claustro podem encontrar duas perspetivas

distintas relativamente ao Impacto do Ensino a Distância,

sendo que uma se traduz na visão de um professor, e a outra,

no ponto de vista de um aluno.

Ainda no seguimento de uma das muitas consequências que

nos trouxe a atualidade, expomos o testemunho de um casal

que se vê obrigado a conciliar o seu trabalho, enquanto

profissionais de saúde, com a educação dos filhos e a própria

situação pandémica.

Encontramo-nos num período onde a distância é urgente, e

por isso, a internet tem tido um papel fulcral para

estabelecermos contacto com a nossa família e amigos.

Infelizmente, grande parte da população idosa portuguesa

encontra-se cada vez mais isolada e esse é mais um dos

tópicos que vos apresentamos nesta edição.

A realidade é que este período também nos proporcionou

algumas coisas positivas, tais como o sentimento relacionado

à necessidade de ajudar o outro, a valorização de projetos

empreendedores e a criação de novos negócios. Nesta linha

de pensamento, apresentamos-te cinco possibilidades de

voluntariado que podes realizar, dois projetos

empreendedores e dois testemunhos de pessoas que

transformaram algo que era o seu hobby, no seu atual

negócio.

Esperemos que esta edição d'O Claustro te proporcione uma

ótima leitura e que te delicies a cada página, da mesma forma

que nós, enquanto equipa, desfrutamos escrever.

empreendedores e a criação de novos negócios. Nesta linha

AL

A Equipa do CLaustro


05

jornal

O Claustro

A EQUIPA

Andreia Pina, Vice-Presidente da

mesa do Plenário

Bárbara Simões, Coordenadora

do pelouro de Comunicação e

Imagem

Diana Pinto, Presidente

Fábio Ricardo, Tesoureiro

Helena Sofia, Subcoordenadora

do pelouro de Comunicação e

Imagem

Inês Carraca, Coordenadora do

pelouro Recreativo Cultural

Melissa Marques, Administradora


jornal

O Claustro

06

Impacto do ensino a

distâncIa

"O ensino online e a aprendizagem

online têm estado presentes nas

dinâmicas

pedagógicas

contemporâneas nas universidades.

Desde há alguns anos. Não é um tema

novo nem uma prática só de hoje!"

Teresa Pessoa

Nos tempos em que vivemos muitas são as posições sobre qual o impacto do

ensino a distância nos professores, nos estudantes e nos seus resultados

académicos, posições essas que nem sempre reúnem consenso.

É com base nesse pressuposto que se apresentam, em seguida, três exemplos

que demonstram algumas das posições dos intervenientes da nossa comunidade

académica.


07

jornal

O Claustro

T e r e s a P e s s o a - o E n s i n o o n l i n e

r e f l e x õ e s e m t e m p o d e c o n f i n a m e n t o

O ensino online e a aprendizagem online têm

estado presentes nas dinâmicas pedagógicas

contemporâneas nas universidades. Desde há

alguns anos. Não é um tema novo nem uma

prática só de hoje! O ensino a distância tem

também já a sua história que tem sido

protagonizada pelas Universidades Abertas,

mas de que há registos de boas práticas em

várias Universidades Clássicas. Do que hoje se

vem falando, e não se ouvia, é de ensino

remoto que traduz, na maioria dos casos,

práticas de ensino tradicionais mediadas pela tecnologia e, esta, apropriada, muitas

vezes, de forma pouco amadurecida em termos de inovação pedagógica.

Mas as vantagens do ensino online são muitas que poderão passar, entre outras, pelo

conforto do espaço e do tempo que o professor pode escolher para o concretizar e o

aluno para o receber, pela rentabilização das potencialidades da tecnologia no

desenho de coreografias didáticas de excelência, pelo acesso à informação em

suportes diversos, pela construção de uma relação pedagógica com proximidade, pela

construção ativa do conhecimento por parte dos alunos e sua publicação, etc. As

desvantagens poderão advir somente do seu mau uso embora nada substitua a

comunicação presencial e, como sabemos, a avaliação presencial.

Os estudantes, embora sejam eles os grandes ‘experts’ do ensino a distância, têm-se

queixado da falta de interação, da velocidade e quantidade de matéria dada pelos

professores e, sobretudo, da falta do tempo que acontece nas avaliações. Como eles

próprios referem: “mais trabalhos para fazer “, “a pressão e o facto dos colegas não

colaborarem”, “Excesso de trabalhos”, “frequências com o tempo muito limitado, e é

muito difícil concluir o teste com o tempo dado pelos docentes”.

A gestão do tempo tem sido, assim, uma das grandes dificuldades e uma ameaça aos

resultados académicos no pensar dos estudantes. Dizem os próprios que os bons

estudantes têm sido os mais prejudicados por quererem cumprir de forma crítica e

refletida a construção do conhecimento.


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08

O ensino online bem desenhado, desenvolvido e implementado pode, porém, ajudar a

construir uma participação ativa e uma cidadania digital mais consciente e crítica por

parte de quem decide aprender. É importante, todavia, que haja o tempo e esse

espaço – comunidades de investigação mediadas pela tecnologia - de reflexão e

colaboração para que alunos e professores pensem no gesto educativo com inovação

e, mesmo, em colaboração. Estes são caminhos que hoje a tecnologia – o online -

facilita e potencia e, assim, acrescenta valor(es) ao desenvolvimento profissional.

Professora Associada da Faculdade de Psicologia e de Ciências

Educação da Universidade de Coimbra

J o ã o A s s u n ç ã o

A r e s i l i ê n c i a d a A c a d e m i a e a d e s e j a d a

a n t i g a n o r m a l i d a d e

Desde março de 2020, as comunidades académicas viram-se obrigadas a uma

mudança abrupta de paradigma. O combate à pandemia de Covid-19 exigiu, no ensino

superior português, uma transição digital repentina, não antecipada e indesejada.

Por reunir estas características, aquela transição veio tornar-se prejudicial para a

formação dos milhares de estudantes de todo o país, que ficaram privados da relação

académica com os docentes nas salas de aula, da vertente prática do ensino e, além

disso, da rede de assistência fornecida pelos serviços de ação social das Instituições

de Ensino Superior, o que agravou drasticamente as desigualdades socioeconómicas

estruturalmente existentes no seio da comunidade estudantil.

Passados praticamente doze meses do início desta tempestade, é evidente o

transtorno que o ensino digital provocou nas nossas vidas. A digitalização forçada

testou a resiliência de estudantes e professores, ameaçando a relação docentediscente,

impedindo a formação plena aos colegas que não tinham as condições

necessárias nas suas residências para acompanhar o ensino digital e incentivando um

quadro coletivo bastante alarmante no que toca à sua saúde mental.


09

jornal

O Claustro

No caso da Academia de Coimbra, podemos afirmar

que esse teste de resiliência foi passado – embora

com as dificuldades extremas que apontei – pela

dedicação e responsabilidade dos estudantes,

professores e corpos dirigentes de toda a nossa

instituição, capazes de uma adaptação célere,

tentando ao máximo evitar perdas provocadas pela

mudança repentina e assinalando a necessidade de

voltarmos a repor a normalidade para mitigar ao

máximo as perdas na formação e no bem-estar de

todos os indivíduos que constituem a comunidade

académica coimbrã.

É com este mote que devemos encarar o futuro

próximo. A necessidade de voltarmos ao normal

(não ao novo normal, mas sim ao antigo normal,

aquele que salvaguarda a máxima justiça e

equidade no acesso ao ensino superior) deve ser

encarada como urgente. Se é certo que o ensino

superior deve estar aberto a inserção de novos

instrumentos digitais no seu quotidiano pedagógico,

não é menos certo que o núcleo duro da atividade

letiva se deve centrar na sala de aula, onde

estudantes e professores têm oportunidade de

fomentar o ensino prático, baseado na

experimentação, na solução de problemas e no

debate intenso entre os intervenientes académicos.

São estas as características de uma verdadeira

academia e que nunca serão substituíveis por um

ensino à distância incapaz de estimular as

fundamentais relações interpessoais entre os

intervenientes no ensino-aprendizagem. E será,

certamente, desejo de todos nós que este possa

voltar rapidamente.

Presidente da Direção Geral da Associação

Académica de Coimbra


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C e s á r i o S i l v a - E n s i n o a d i s t â n c i a

U m a n e c e s s i d a d e i n c o n v e n i e n t e

Há quase um ano que nos encontramos forçados num

Ensino maioritariamente online. Este método trouxe

alguns benefícios e prejuízos, tanto para a Universidade

de Coimbra como para os estudantes que a frequentam.

Analisando o tempo há que já estamos nesta situação,

seria de esperar que houvesse uma maior sensibilidade à

realidade em que nos encontramos. No entanto, existem

ainda falhas que não se compreendem a nível do ensino,

que afetam os estudantes pela negativa. Alguns dos

problemas mais frequentes passam por não ter condições

a nível logístico, o aumento da carga de trabalho nas

cadeiras e regras restritivas de modo a haver uma

avaliação “completa e sem fraude”.

A nível logístico houve uma grande abertura por parte da

Universidade de Coimbra, permitindo a requisição de

equipamento de modo a solucionar esta necessidade dos

estudantes. O maior problema, na minha leitura,

encontra-se na segunda questão. Como resposta a um

medo de fraude por parte dos docentes, existem

situações caricatas. Desde sugestões de envio dos testes

por correio físico, a obrigar que os estudantes tenham

dois dispositivos na plataforma online, um para o

enunciado e outro para observar o ambiente onde o

estudante está a realizar a avaliação. Estes acréscimos e a

alteração de regras de avaliações criam uma pressão

desnecessária que afeta muito os estudantes.

Sabendo também que a realidade em que vivemos cria

bastante pressão e ansiedade, não se devia procurar

agravar o estado mental de muitos estudantes, criando

condições complicadíssimas para que o ensino corra “da

melhor forma”.


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jornal

O Claustro

É notório que este problema está a ser negligenciado, e que não está a pesar o

suficiente na decisão de alguns docentes na maneira como as avaliações

decorrem, mesmo com todo o mediatismo e sensibilização realizado por parte da

Associação Académica de Coimbra e dos vários estudantes nos órgãos da

Universidade de Coimbra.

Cada vez mais, e é algo defendido por vários estudantes, há uma maior

necessidade de investir na saúde mental e nos serviços que são fornecidos pela

Universidade de Coimbra, como o Gabinete de Apoio ao Estudante, e, a mais

recentemente criada UCare, no âmbito de garantir a mitigação deste impacto

negativo.

Como disse no início, nem tudo foi prejuízo e existem pontos positivos dentro do

ensino online. O facto de as aulas passarem a ser remotas permitiu que houvesse

uma maior adesão a estas, para além de facilitar o acesso às aulas em momentos

de estudo, no caso de o docente disponibilizar as aulas gravadas. Nesse aspeto,

os estudantes passaram a ter uma maior flexibilidade a nível do ensino e foi algo

elogiado por diversos estudantes que me contactaram em múltiplas ocasiões.

Creio que o ensino online tem vertentes positivas para os estudantes e que

certos passos dados devem ser mantidos para um ensino universal e acessível.

No entanto, fazendo o balanço dos vários pedidos de ajuda por parte dos

estudantes durante este ano, é-me impossível deixar de sublinhar que o impacto

do ensino online e a maneira como este é tratado na Universidade de Coimbra,

acabam por ter um impacto seriamente negativo na saúde dos estudantes e, por

consequência, no seu sucesso académico.

Conselheiro Geral da Universidade de Coimbra


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SOS: EDUCAÇÃO,

PARENTALIDADE E

COVID-19

(Por motivos de confidencialidade, os nomes foram alterados)

Rita e João são dois profissionais que estão na linha da frente do combate ao COVID-19.

Ela é enfermeira, ele é GNR e têm dois filhos pequenos.

Como foi o processo de explicar aos dois filhos que

existia um vírus que estava a afetar todo o mundo

e que lhes iria tirar muitos dos privilégios que até

ao momento conheciam? (liberdade, convívio,

abraços)

Não foi fácil, uma vez que estamos a falar de crianças

com 8 e 3 anos, respetivamente. Quando perceberam

de uma forma muito superficial a situação em que

nos encontrávamos, o meu mais novo chegou mesmo

a pedir-me para levar uma vassoura para a escola

dele de forma a matar o bicho para que ele pudesse

voltar a brincar com os amigos.

Obviamente que com estas reações, os nossos

corações ficaram muito apertados sem saber como é

que íamos conciliar tudo o que aí vinha.

Ao serem profissionais cujo trabalho obrigou um

aumento da carga horária, como conseguiram

consolidar o tempo disponível de cada um com a

telescola?

Foi uma tarefa bastante complicada de gerir, uma vez

que existiram várias baixas médicas devido a infeções

por COVID-19 e assim sendo tinha de ser eu a

substituir e a fazer turnos sucessivos. No nosso caso

de só a nossa filha é que estava em telescola e sempre foi uma menina muito aplicada então

não tivemos grandes dificuldades em convencê-la a esta nova realidade.


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jornal

O Claustro

Com o aparecimento do vírus, também

os afetos ficaram restritos,

principalmente quando se está em

contacto diário com possíveis positivos.

Como lidaram as crianças com isto?

Durante o dia também contámos com a

ajuda da madrinha do Afonso que os

levava para casa e acabava por ficar

com eles durante o tempo em que nós

estávamos a trabalhar.

São duas crianças muito afetuosas e

acreditamos que isso tenha sido a grande

dificuldade deles.

O facto de não poderem brincar com os

amigos, de nós chegarmos a casa e não

poderem correr para os nossos braços

acabou por criar algumas confusões em

casa.

Eram birras porque queriam ir para o

parque brincar, choravam porque queriam

andar de bicicleta livremente e nós não os

deixávamos.

Acabámos por ter de arranjar alternativas

e transformamos o sótão num espaço

lúdico. Aquela divisão é a verdadeira

confusão da casa.

Como é que conseguiram arranjar

solução para quando os turnos de

ambos coincidiam e era impensável

deixar as crianças sozinhas?

Temos a sorte de ter os meus pais que

moram perto de nós e quando estas

situações aconteciam, as crianças

acabavam por ficar com eles.

Alguma vez sentiram o medo de

estarem contaminados?

Esse pensamento persegue-nos a cada

minuto. É o medo de chegar a casa sem

saber o que poderá acontecer.

Perdemos a conta das vezes em que eu

ligava ao João a chorar por mais uma

colega do serviço ter testado positivo e

a possibilidade de eu ser a próxima.

Era o medo de não saber se os meus

filhos estavam seguros ao pé de mim.

Sendo profissionais que estão na

linha da frente desta luta, querem

deixar algumas palavras a quem nos

lê?

Que olhem para a realidade que

vivemos e que não pensem que o vírus

só afeta os outros.

Quando menos se espera, ele nem à

porta bate, só damos conta quando os

sintomas começam a aparecer e vemos

que não é só uma simples constipação.

Cuidem-se, protejam-se e unam-se por

uma causa que a todos nós diz respeito.

entrevista a profissionais da linha da frente ao

combate COVID-19


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O

desconfinamento

da solidão

O flagelo causado pela pandemia por SARS-Cov-2, vivenciado a nível mundial,

potenciou a emergência de novas problemáticas na sociedade contemporânea e,

concomitantemente, acentuou fragilidades já existentes na mesma.

O envelhecimento da população, considerado como um fenómeno natural da

vida humana, tem intrínsecas díspares debilidades, pelo que embora a pandemia

atual detenha um impacto incontornável em todas as faixas etárias, é junto das

pessoas com idade mais avançada que os seus efeitos se acentuam e

desencadeiam, por isso, maior preocupação.

Contudo, os efeitos observados no último ano não se prendem exclusivamente a

questões de saúde, existindo também aspetos sociais que merecem ser alvo de

atenção, sendo exemplo claro o agravamento da solidão que os idosos

experienciam. Assim, as medidas decretadas pelo Estado de Emergência, como o

confinamento obrigatório, a proibição de circulação interconcelhia ou o

isolamento profilático em caso de infeção, originaram uma maior solidão destes

idosos, tal como, um enfraquecimento das suas redes sociais, que nas

localidades do interior do país se agravam ainda mais.

Deste modo, o afastamento social, normalizado nos tempos correntes, contrasta

com os afetos, com as partilhas e com os convívios familiares de outrora, pelo

que de modo a combater esta situação a Guarda Nacional Republicana tem

desenvolvido ações, onde através das visitas a pessoas que se encontram mais

isoladas procuram atenuar este fenómeno sendo que, por vezes, acabam por ser

dos poucos, se não únicos, contactos que estas pessoas têm, desencadeando

impactos nas suas vidas.


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jornal

O Claustro

Neste sentido, de forma a entender tais

impactos existem já investigações a ser

desenvolvidas neste âmbito, a nível

nacional e internacional. Na

Universidade de Coimbra está a ser

realizado um estudo, com base nas

experiências de 250 pessoas que tem

como objetivo observar o impacto do

isolamento social causado pela atual

situação pandémica no bem-estar físico

e psicológico dos adultos e dos idosos.

Para concluir, de facto, é necessário que

exista uma preocupação urgente com a

saúde pública e com a economia do

país, porém urge também o (re)pensar

de alternativas para combater a solidão

sentida pelos mais idosos, que fora

acentuada nos tempos atuais, mas que

sempre existiu. Em termos sociais, o

recurso às novas tecnologias apresentase

como uma das possíveis alternativas

para combater a solidão, contudo, se

nas gerações mais novas estas são um

elemento crucial e indispensável

quotidianamente, nas idades mais

avançadas existe ainda alguma

dificuldade e, em alguns casos, uma

relutância na sua utilização, implicando,

assim, o desenvolvimento de novas

estratégias.


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voluntaria-te

V o l u n t á r i o

Indivíduo que de forma livre, desinteressada e responsável se compromete, de

acordo com as suas aptidões próprias e o seu tempo livre, a realizar ações de

voluntariado no âmbito de uma organização promotora.

Legislação Portuguesa

Artigo 3º da Lei nº 71/98 de 3 de novembro

No voluntariado, para além de potenciar o nosso crescimento pessoal, onde nos

permite adquirir e desenvolver competências pessoais e profissionais, também

facilita a compreensão dos talentos e interesses; o desenvolvimento de

horizontes; bem como, a perceção de qual é o caminho que deves seguir depois

de finalizados os estudos.

No trabalho voluntário surgem situações para resolver, obstáculos para

ultrapassar e estratégias para delinear, sendo que possibilita a compreensão das

diversas técnicas de trabalho, valorizando o teu currículo!

Pôr um Sorriso à Distância

O Projeto “Pôr um Sorriso à distância” é um projeto de voluntariado, organizado

pelo Pelouro de Intervenção Cívica e Social do NEPCESS/AAC, com o propósito de

realizar atividades/jogos, que sejam feitos à distância, para alegrar o dia dos

utentes da Associação Cavalo Azul.

As atividades vão acontecer às quartas-feiras, das 10h às 16h, conforme a

disponibilidade dos voluntários, uma vez que estes serão divididos em diferentes

equipas, permitindo que cada equipa realize um turno de 1h.

Para te inscreveres, basta preencheres o seguinte formulário:

https://forms.gle/6oAjHdFNzuVC8Vd56, e ajuda-nos a Pôr um Sorriso à

distância!


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jornal

O Claustro

Transforma Portugal

A Forum Estudante e o Movimento Transforma Brasil lançaram a plataforma

Transforma Portugal, uma adaptação do Projeto Transforma Brasil, que vai

ajudar estudantes do ensino superior a combater os efeitos da Covid-19, com um

financiamento de 400€ para potenciar os seus projetos de

microempreendedorismo cívico, com o propósito de conectar, inspirar e

promover mudanças sociais através do trabalho voluntário.

A plataforma apresenta outras funcionalidades, tais como, ‘O Match do Bem’, que

irá conectar quem precisa de ajuda com quem quiser ajudar. As oportunidades

são filtradas por: Causa Social, Função, Localidade, Habilidades e Afinidades.

A Transforma Portugal acredita que, através do trabalho voluntário, é possível

desenvolver habilidades pessoais como trabalho em equipa, empatia e liderança.

Todo o voluntário terá o seu Currículo Social de Voluntariado, onde estarão

listadas todas as suas participações e horas de trabalho voluntário

registadas/acumuladas, além do Certificado para cada Ação em que participar.

Vamos juntos criar oportunidades e ser agentes desta transformação?

Be My Eyes

O Be My Eyes é uma app, criada com o propósito de ajudar as pessoas cegas ou

com deficiência visual, constituindo, assim, uma comunidade de pessoas com

deficiência visual e de voluntários sem deficiência visual.

Os voluntários do Be My Eyes conseguem trazer a visão às pessoas que têm

deficiência visual, através de uma vídeo-chamada, onde os voluntários fornecem

assistência visual às pessoas com deficiência visual, em situações variadas: desde

combinar cores, a verificar se as luzes estão ligadas, ou a preparar o jantar.

Como funciona a aplicação? Quando um utilizador com deficiência visual

requisita assistência através da aplicação, o Be My Eyes envia uma notificação

para os vários voluntários. A junção de um utilizador com deficiência visual a um

voluntário que consegue ver é baseada na língua e fuso horário. O primeiro

voluntário que atender o pedido é conectado a esse utilizador específico e recebe

uma transmissão ao vivo da câmara traseira do smartphone do utilizador.

A aplicação é gratuita e está disponível em Android e iOS.

Android

iOs


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O Claustro

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apav

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

O Voluntário da Associação Portuguesa

de Apoio à Vítima é aquele que

contribui, direta ou indiretamente, para

o sucesso do apoio às vítimas de crime,

aos seus familiares e/ou amigos.

Enquanto Voluntário/a estará a:

• A apoiar direta e/ou indiretamente

vítimas de crime em Portugal;

• Contribuir para a consolidação do

estatuto da vítima em território

nacional;

• A obter experiência e formação

certificada no apoio a vítimas de crime;

• A contribuir para uma rede que já

apoiou mais de 90.000 vítimas de crime

diretas desde a sua criação e que é

composta por mais de 250 voluntários.

O voluntariado na APAV tem a duração mínima de 4h semanais, por um período

não inferior a 6 meses, tendo em consideração a disponibilidade dos voluntários

(dia da semana e período do dia), em horário laboral semanal (período das 9h-

10h às 17h30-18h sensivelmente), ou ainda, em horário pós-laboral semanal

(período das 18h-21h).

De modo a garantir o bem-estar e satisfação na colaboração, a APAV garante o

apoio no desempenho do trabalho voluntário; a oferta da formação inicial e

contínua certificada; a oferta de um ambiente de trabalho favorável e em

condições de higiene e segurança; a total cobertura dos riscos inerentes ao

exercício da actividade através de um seguro; eventos lúdicos periódicos de cariz

não formativo; entre outros.

Ficha de candidatura:

https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/voluntariado/ficha-candidatura


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jornal

O Claustro

Cama solidária

"JUNTOS SOMOS AINDA MAIS SOLIDÁRIOS"

Ao longo deste período pandémico, profissionais de saúde, bombeiros, seguranças,

polícias e tantos outros, necessitam constantemente de descanso. A cama solidária é

um projeto que surge dos inúmeros relatos de filas de ambulâncias à porta dos

hospitais e que vem dar oportunidade a quem quer ajudar estas pessoas, dando-lhes

conforto através de casas ou autocaravanas que possam disponibilizar, caso estejam

perto de hospitais ou centros de saúde.

Esta iniciativa já reúne muitas casas espalhadas pelo país, equipadas com casa de

banho, água e eletricidade, o mínimo merecido a todos os profissionais que lutam

todos os dias para que a vida de tantos milhares de pessoas, possa melhorar.

Como podemos ajudar? Os interessados só precisam de se dirigir ao site do projeto

camasolidaria.pt e indicar qual a disponibilidade da sua autocaravana e a região

onde se encontra. Todos os voluntários têm a opção de levar a sua autocaravana ao

local, ficando depois um outro voluntário de vigia à viatura ou, podem pedir que a

sua autocaravana seja recolhida por voluntários e depois devolvida pelos mesmos.

Desta forma, garantem a proteção das mesmas. Caso queiram ser voluntários de

outra forma, podem candidatar-se a várias outras ações: organização e gestão do

espaço onde estarão as autocaravanas, higienização das mesmas ou até mesmo

doação de comida e materiais, como lençóis e álcool gel.

Nunca é tarde para ajudar o próximo. Não percas tempo!



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jornal

O Claustro

conhece a equipa

Sílvia Peça, fundadora do projeto KIRUI,

possui o curso em Intervenções Assistidas

por Animais, ministrado pela ÂNIMAS,

Associação Portuguesa para a Intervenção

com Animais de Ajuda Social (membro

acreditado da International Assistence Dogs),

Porto. É licenciada em Psicologia pela

Faculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade de Coimbra –

Cédula Profissional nº 9689 da Ordem dos

Psicólogos Portugueses e Pós Graduada

em Gestão de Recursos Humanos, através

do Instituto Português de Administração e

Marketing, Aveiro.

A Milka, uma Labrador Retriever, afixo

Terras d´Moga. Uma cadela carinhosa e

doce, treinada para IAA e certificada pela

ÂNIMAS.

A Preta é uma cadela mais calma e

reservada, foi adotada no Centro de

Recolha Animal de Cantanhede e é

cruzada de Labrador Retriever. Tal como a

Milka, é treinada para IAA e certificada

pela ÂNIMAS.

A Tika, Labrador Retriever, afixo Terras d

´Moga, é muito atenta e observadora.

Neste momento, dada a sua tenra idade,

está a ser treinada para ser um cão de IAA.

MILKA

PRETA

TIKA


jornal

O Claustro

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FOR UM WE CONNECT

@um_connect

No início de 2020 foi identificada uma

necessidade presente na representação

dos estudantes madeirenses a

frequentar o ensino superior.

Desta forma, O For UM we Connect

surgiu sob a missão de unir os

estudantes madeirenses de ensino

superior numa plataforma, com o

objetivo de informar, formar e

representar estes mesmos estudantes.

Neste sentido, a iniciativa tem como

ênfase a produção e divulgação de

conteúdo e iniciativas que abranjam as

diversas áreas de desenvolvimento

pessoal e profissional fornecendo

ferramentas para o sucesso e

desenvolvimento individual e coletivo.

Para além disso, temos como objetivo

investir na construção de eventos e

projetos capazes de fomentar ainda

mais o espírito crítico e o

desenvolvimento dos jovens.

São estes jovens a chave da mudança e

os responsáveis pela construção do “dia

de amanhã” e porque acreditamos que o

mundo seria um lugar melhor se todos

estivéssemos informados da realidade

que nos rodeia, se investíssemos na

nossa formação desde cedo e se nos

sentíssemos representados.

Da oportunidade ao desenvolvimento,

passando pela diversidade, confiança e

cooperação, objetivamos criar uma

plataforma coesa, útil e profissional.

ricardo gonçalves


23

jornal

O Claustro

do hobby ao

negócio

Teresa Churro – teresabites

Como surgiu o hobby?

A minha mãe, além de professora, é pasteleira. Ela adora, é quase obcecada,

sendo que o último censo estimou mais de 500 livros (!) de pastelaria espalhados

pela casa. Durante alguns anos, quando eu era mais nova, ela teve uma

pastelaria. Uma pastelaria a sério, estilo londrino, e fazia tudo ela própria.

Durante esse tempo, para desgosto dela, eu não tinha qualquer interesse em

estar na cozinha. E assim continuou até entrar na faculdade - até ter que cozinhar

para mim própria e, principalmente... até ter o meu próprio forno. Não consigo

explicar como, mas foi este eletrodoméstico que despoletou a minha paixão pela

pastelaria. Queria fazer bolos para os meus amigos, e a partir daí, as minhas

capacidades foram evoluindo, a par dos meus interesses, encontrando assim o

meu niche - a haute pâtisserie. Porque quanto maior e mais complexo o desafio,

melhor!

Como percebi que podia ser um negócio?

Quando criei a teresabites, a intenção era de ser um blog em que postaria

receitas vegan... No entanto, percebi rapidamente que isso não me estava a

trazer contentamento, por isso transformei o projeto num portfólio -

simplesmente posto aquilo que faço.


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Foi só encontrar o meu niche, em

conjunto com 2 ou 3 cursos de food

photography... Cedo choviam

comentários como "quero comer!" e

"traz-me uma fatia!", bem como chefs

que eu admiro a partilhar os meus

posts e deixar comentários. Pensei

"OK, as pessoas estão interessadas em

experimentar, é possível vender?" e

assim conseguir assegurar um bom

produto, comecei a aceitar

encomendas. Penso que qualquer

hobby que produza um tipo de

produto, seja pastelaria, pintura,

cerâmica, etc, é passível de evoluir para

um negócio. Só é preciso gostar muito

desse hobby. Mas acho importante

termos uma noção clara daquilo que

estamos a vender.

Temos que ter confiança no produto,

ter a certeza de que é bom antes de o

pôr à venda, para que o cliente não se

arrependa de o ter comprado e

eventualmente, para que retorne. Aqui

entram alguns básicos de marketing.

Bastam alguns conhecimentos,

criatividade e espírito empreendedor, e

é possível fazer de qualquer hobby um

negócio!


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O Claustro

Andreia Coelho -

andy embroidery

Como surgiu o hobby?

Este hobby surgiu durante o primeiro

confinamento. Comecei a navegar pelo

Pinterest e pelo Youtube e comecei a

aprender imenso sobre bordar. Na

altura, bordar foi o que me ajudou a

ultrapassar o isolamento.

Posteriormente, descobri que a minha

avó e a minha tia também bordavam,

fazendo com que crescesse em mim um

maior carinho e apego pelo bordado.

Como percebi que podia ser um

negócio?

À medida que fui fazendo bordados e

partilhando com amigos, comecei a

receber cada vez mais propostas dentro

do meu círculo mais próximo. Passado

uns meses começaram a insistir que eu

criasse um Instagram, algo que não fiz

logo. Assim que me senti capaz de

começar algo mais sério com os meus

bordados, criei uma página e desde daí

nunca parei. Sinto-me bastante sortuda

por ter os amigos que tenho, porque

sem eles não teria criado este negócio e

sortuda também pelas pessoas que

solicitam os meus serviços. Todos os

dias eles ajudam-me a crescer neste

meu hobby, que agora significa tanto

para mim.


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Claustro à Tua

Medida

A Importância da Musicoterapia no combate à

Ansiedade

Nem sempre nos encontrámos em situações tão avassaladoras, inesperadas e ao

mesmo tempo desgastantes, como agora. O combate à Covid-19 não tem sido

facilitado e as consequências começam a fazer-se sentir cada vez mais.

Esta pandemia afeta todos e muda vidas a diversos níveis. Num lado temos os

médicos (as), enfermeiras (os) a implorar por descanso, a apelar ao bom senso de

cada um e paralelamente, temos todos aqueles que não conseguem prestar este

mesmo auxílio no combate a esta catástrofe global.

Para que cada indivíduo possa dar o seu “contributo” nesta luta, surgiu a

quarentena como que um “penso de rápido”. Contudo, esta mesma quarentena

acarretou consigo alguns “efeitos secundários”, entre eles a frustração, o stress, o

receio, a insegurança, a impotência e o que iremos abordar, a ansiedade.

A ansiedade não afeta só os adultos ou só os jovens, mas também os mais

pequenos que vão dando sinais da presença da mesma.

Uma das alternativas para tentar “aligeirar” ou “contornar” este sentimento é a

Musicoterapia. Esta opção vai de encontro às emoções que a música tem o poder de

despoletar em cada sujeito. Como é do conhecimento de todos, quando o

sentimento é de tristeza, há uma tendência para que a música escolhida coincida

com esta emoção e o mesmo acontece para os outros sentimentos.

Existe todo um leque de músicas adequadas a cada conjuntura, desde músicas para

estudar até às que têm por objetivo o relaxamento da mente e a tranquilização de

cada um.

Para concluir, pretendo remeter para os diversos estudos que comprovam que a

prática desta técnica traz benefícios para a saúde mental e física, incrementando um

aumento na comunicação, um bem-estar e a redução da ansiedade.

Ashley Silva


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Liderança

Liderança. Qual a sua definição? A rápida pesquisa num dicionário de língua

portuguesa demonstra-se parca. Devemos ser críticos. O significado que

pretendemos depende do prisma pelo qual observamos o conceito, embora não

descartemos a hipótese de existirem pontos conexos nos variadíssimos prismas

pelos quais podemos abordar a sua definição na evolução da história do Ser

Humano.

O líder é alguém admirado por um conjunto mais ou menos significativo de

pessoas. No seguimento do supra exposto seguem-se dois exemplos, a saber:

Nelson Mandela, que lutou por uma ideia sem a impor, mas divulgando-a e

defendendo a, sendo muitas vezes prisioneiro de tal ideia, porém, assim que

conquistou a sua liberdade, foi admirado mundialmente pela forma pacífica

como implementou a sua mensagem. No pólo contrário, Adolf Hitler, um líder

entusiasmante que impôs as suas ideias através da força, do medo, da violência,

causando sofrimento e tendo impacto negativo na comunidade mundial.

Podemos dizer que o primeiro utilizou a força da razão, já o segundo utilizou a

razão da força.

umpre-nos assinalar algumas características de um líder podendo umas serem

inatas e outras adquiridas. O líder precisa de saber identificar problemas, propor

soluções, distribuir tarefas e funções, possuir confiança e empatia, ser criativo,

inspirar o grupo, comunicar bem, estar disposto aprender, assumir sempre as

suas responsabilidades pelas suas decisões e as consequências dos resultados

obtidos, criar um ambiente positivo, ser compassivo, inclusivo, não usar as

pessoas, mas sim permitir o seu desenvolvimento em prol da solução.

Sublinhe-se que, por oposição à liderança, existe o conceito de chefia. Um chefe

distribui tarefas, ordena a execução das mesmas, delegando a responsabilidade

dos resultados nos seus subordinados. Esta descrição, infelizmente, enquadra-se

no mundo do trabalho, embora tenhamos vindo a assistir ao surgimento de

líderes e à lenta extinção de chefes. Concluindo, o conceito de liderança está em

constante mutação, tal como a sociedade em que vivemos, porém, as

características acima expostas e descritivas de um líder deve

Alexandra Barbosa


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O mar

O mar. Todos nós que num certo momento já o sentimos e vivemos algum

momento bom nele, sentimos agora a sua falta.

Praticantes de surf e bodyboard, até mesmo de SUP ou pessoas que

simplesmente gostam de dar um mergulho nas águas geladas de Portugal no

verão ou no primeiro dia do ano. Não têm saudades do mar? A cada dia que

passo trancada em casa, penso em como podia estar com o cabelo salgado e

encharcado, com o fato vestido, a fazer aquilo que mais gosto: surfar.

Sinto saudade, algo tão único que significa:

"lembrança grata de pessoa ausente, de um momento passado, ou de alguma

coisa de que alguém se vê privado"(Dicionário Priberam, 1.).

Sabem aquele momento em que acabaram de entrar, passam as mãos pela água

enquanto remam, fazem um bico de pato e o cabelo fica todo encharcado? Quero

tanto voltar a experienciar cada pequeno detalhe que compõe uma ida ao mar,

vestir um fato húmido, pegar na prancha, correr até ao sítio onde vou entrar,

colocar o leash, atirar-me para o mar e remar cheia de vontade até ao pico, falar

com o pessoal porque dentro do mar existe um convívio único que cria amizades

para a vida, apanhar aquela onda que veio direitinha para mim, fazer aquilo que

gosto mais e simplesmente divertir-me. Não interessa se caio, se a manobra não

sai bem ou mesmo se não entro na onda, só a oportunidade que tinha de estar

ali, naquilo a que posso chamar segunda casa, já me era suficiente.

É estranho neste momento só ver vídeos do mar e das pessoas que o tentam

dominar rasgando as suas ondas, antes conseguia vê-lo, em pessoa, com o sol, a

chuva, não importava o tempo, mas estava lá a presenciar as demonstrações

daqueles desportos que tanto admiro. E não era só isso, o sorriso na cara de

cada um que fazia uma onda, era altamente contagiante e mostrava o melhor de

cada um.

Sinto falta de ver alguém a aprender estes desportos que envolvem as ondas e a

água salgada. Ver alguém a rir-se porque caiu, mas que tem tanta vontade de

surfar, que vai tentar as vezes que forem necessárias até que chega aquela onda,

a primeira.


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O Claustro

Todos temos aquela primeira onda em que nos levantamos e a surfamos, até

podemos não nos recordar bem dela, mas foi a primeira de muitas. Mas

presenciar a primeira onda de alguém enche-me o coração. A felicidade presente

na cara daquela pessoa marca-me, é uma das melhores sensações que já senti

em toda a minha vida.

Sinceramente, não paro de pensar em como não dei valor a todos estes detalhes

que me faziam feliz, enquanto tinha a liberdade para os poder viver. Acho que

realmente só damos importância às surfadas menos boas nestes momentos em

que nem sequer podemos vivenciar uma.

Leonor Lima

A minha terra

É uma terra de malucos. Quem lá vive assim a reconhece, quem não vive

também.

Entre os campos e as casas, os matos e os barracões, encontra-se um hospital

psiquiátrico que quase se camufla na paisagem. No entanto, é impossível não dar

por ele.

De entre todos os homens que alberga, alguns sofrem fechados nos seus

quartos, por não poderem (ou não quererem) sair à rua e sentir o sol na pele ou

o cheiro da terra. Algures na sua vida, cederam aos próprios delírios, sucumbiram

aos impulsos dando ouvidos à voz da doença e causaram dano a outros que,

provavelmente sendo seus familiares, já os perdoaram pelas suas ofensas. Segue

na minha terra o rumor de que um deles atacou a própria mãe, mas nunca

ninguém o contactou para saber se era verdade. Tendo oportunidade, também

não o fariam.

A maior parte destes homens compensa o que lhes falta em astúcia com

simpatia. Estes têm autorização para, durante determinado período de tempo

durante o dia, saírem do hospital e passearem pelas redondezas. É aí que os

vemos, nos passeios junto à estrada ou no café mais próximo, a pedir trocos ou a

usar os que já lhes foram previamente “emprestados” pelos auxiliares do

hospital.


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Reconhecemo-los pelo seu andar, meio trôpego, pelas suas roupas mal

combinadas, ou por virem bater à nossa porta em busca de um cigarro ou de

uma qualquer moeda atirada para o fundo da mala.

São, na sua generalidade, presenças inofensivas. Provavelmente incoerentes,

intrometidas, mas sempre inofensivas. Ainda assim há quem prefira que não se

aproximem.

Lá na minha terra, dizem que os “malucos” são como crianças e discutem uns

com os outros por uma taça de sobremesa ou pelo comando da televisão. Sendo

isto verdade, também não os recriminaria, dado serem poucos os prazeres a que

têm direito no hospital. No entanto, também na minha terra, há disputas de anos

(e sem fim aparente) entre membros da mesma família, por um pedaço de

terreno seco que pouco vale e duas ovelhas rançosas. Irmãos discutem pelas

jóias baças da falecida avó. Assim se destrói uma família.

Dizem que os “malucos” são perigosos e não devemos dar-lhes atenção. Porém, a

cada ano que passa, são conhecidos novos casos de violência doméstica, assaltos

e esquemas de roubo a idosos orquestrados por gente sã que, tal como eles,

bate à nossa porta. E as notícias tristes lá na minha terra correm mais rápido que

qualquer ladrão.

Dizem que os “malucos” vêm coisas e são desligados da realidade. Pois na minha

terra, à noite, mulheres que se autointitulam de bruxas percorrem o mato e

deixam vestígios de cabeças de galinha ensanguentadas, velas e desenhos

esotéricos marcados no solo pela manhã. Passarão elas a noite a lançar-nos

pragas?

Dizem que os “malucos” são aqueles, do lado de lá do portão do hospital, que

vemos diariamente a partir das nossas casas, por entre as cortinas, para que não

nos vejam a nós. Mas eu também vejo malucos do nosso lado, no lado “são” e

harmonioso da terra.

Penso para mim que poderei estar, de facto, numa terra de malucos.

Mariana


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As “pequenas” coisas da vida

Se olharmos bem à nossa volta, descobrimos uma infinidade de pormenores do

nosso dia-a-dia que sempre estiveram lá mas que precisam de ser vistos com os

chamados “olhos de observador” para que possamos apreciar o seu valor.

Se estás com dúvidas quanto ao teu potencial para adotar este olhar, verás que,

no final desta leitura, essas dúvidas ficarão completamente fora de questão. Isto

porque estas “pequenas” coisas acompanham-nos a cada momento das nossas

vidas. Uma manhã ensolarada em que acordarmos com luz e alegria; o cheiro das

flores e a brisa do verão. No próprio inverno que, apesar de ser detestado por

tantos, nos proporciona momentos tão bons como a simplicidade de estar à

lareira (para ti que não tens lareira, um belo aquecedor) a beber uma bebida

quente que tanto nos reconforta.

Há quem diga que, para sermos felizes, precisamos de uma infinidade de bens e

dinheiro. E é claro que estes são importantes, mas a felicidade pode ser

alcançada com muito mais (ou alguns diriam menos) do que isso. O simples, mas

tão significativo ato de ajudar alguém, fazer uma boa ação; uma rotineira

caminhada pela rua. Se olharmos à nossa volta, existe tanta felicidade em cada

pormenor.

Sejas tu, o meu leitor, quem fores, senta-te na relva, num dia quente (no jardim

da cidade, no parque ou, se tiveres a minha sorte, no teu jardim), agora, pára,

olha à tua volta, respira fundo e sente a paz que te rodeia, ouve os passarinhos,

olha para o céu, para as árvores, flores que balançam se houver uma brisa de

verão. Tudo parece harmonioso.

Apenas a possibilidade que temos de sonhar acordados é fascinante. Podemos

criar histórias, com a nossa imaginação. Podemos projetar o nosso futuro, traçar

objetivos e os caminhos que queremos percorrer. Podemos traçar quem

queremos ser, que tipo de pessoa nos queremos tornar e dar, todos os dias,

pequenos (mas grandes) passos nesse caminho que nunca acaba, tal como os

nossos sonhos que nunca devem acabar. O objetivo não é chegar a uma meta,

que será a felicidade, mas sim, a cada dia, a cada virar da esquina, ter um

bocadinho dessa felicidade. As vitórias de cada dia deviam deixar-nos mais do qu

felizes porque, mesmo sem notarmos, atingimos uma grande lista destas vitórias

todos os dias.


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A forma como encaramos e vemos cada momento é que irá ditar se este irá ser

um momento de felicidade, ou apensas mais uma tarefa. Principalmente, tendo

em conta a atualidade, penso que devemos, cada vez mais, fomentar em nós

estes pequenos momentos de apreciação do nosso dia e da vida!

Na companhia dos que mais gostamos podemos ter, também, pequenos (mas

grandes) momentos de felicidade. Penso que qualquer pessoa, com qualquer

idade, género ou personalidade, se consegue lembrar de momentos felizes na

companhia dos mais adorados. Momentos esses que no fazem sorrir só de serem

lembrados, daqueles que sorrimos ao contar, histórias que começam com

“lembras-te quando nós...”.

Devíamos ser gratos por cada um destes momentos, pelas “pequenas coisas”,

como costumamos dizer, mas que, na verdade, são grandes e valiosas partes das

nossas vidas.

E tu, quais as “pequenas” coisas que tornam incrível o teu dia? Pensa nisso.

Mariana moreira


Fotografia Vencedora "Coimbra aos teus Olhos"

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