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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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– A morte do seu pai deveria ser o alerta de que você precisa, hoje e sempre. Você é um

bastardo, garoto. Somos sempre um risco e uma vulnerabilidade. Somos sempre dispensáveis.

Exceto quando nos tornamos uma necessidade absoluta para a segurança deles. Eu te ensinei

bastante durante os últimos anos. Mas mantenha esta lição mais próxima de você e mais

presente do que qualquer outra na sua vida. Porque se alguma vez você fizer algo que os leve

a não precisarem mais de você, eles vão te matar.

Olhei para ele com os olhos esbugalhados.

– Eles não precisam de mim agora.

– Ah não? Eu estou ficando velho. Você é jovem e cortês, com o rosto e o porte da família

real. Desde que não demonstre ambições inapropriadas, não terá problemas – fez uma pausa e

enfatizou com cuidado: – Pertencemos ao rei, rapaz. Apenas a ele, exclusivamente, de um jeito

que talvez você nunca tenha pensado. Ninguém sabe o que eu faço e a maioria esqueceu quem

eu sou. Ou quem eu fui. Se alguém sabe de nós, é pelo rei.

Eu me sentei, tentando ponderar tudo aquilo que ele tinha me dito.

– Então... você disse que era alguém de dentro da torre. Mas se você não foi usado, então

não veio do rei... A rainha! – disse, com uma certeza repentina.

Os olhos de Breu ocultavam os seus pensamentos.

– Essa é uma conclusão perigosa. Ainda mais perigosa se você pensar que, de alguma

maneira, deve agir em função dela.

– Por quê?

Breu suspirou.

– Quando você compra uma ideia e decide que é verdade, sem provas, fica cego diante de

quaisquer outras possibilidades. Considere todas, garoto. Talvez tenha sido mesmo um

acidente. Talvez Cavalaria tenha sido assassinado por alguém que ele ofendeu na Floresta

Mirrada. Talvez não tenha tido nada a ver com o fato de ele ser um príncipe. Ou talvez o rei

tenha outro assassino, do qual eu não sei nada, e foi a mão do rei que agiu contra o próprio

filho.

– Você não acredita em nenhuma dessas opções – eu disse, com convicção.

– Não, não acredito. Porque não tenho nenhuma prova de que sejam verdadeiras. Assim

como não tenho nenhuma prova de que a morte do seu pai tenha sido um golpe da mão da

rainha.

É tudo o que me lembro dessa conversa. Mas tenho certeza de que Breu tentava

deliberadamente me fazer considerar quem poderia ter agido contra meu pai, para me instigar

desconfiança e cautela em relação à rainha. Retive esse pensamento na mente, e não apenas

nos dias que se seguiram. Permaneci sossegado, ocupado com as minhas tarefas, e lentamente

o meu cabelo cresceu e, por volta do começo do verdadeiro verão, tudo parecia ter voltado à

normalidade. De vez em quando, após um intervalo de algumas semanas, estava eu a caminho

da cidade para fazer alguns serviços. Depressa comecei a perceber que, independentemente de

quem me enviasse, um ou dois dos itens na lista acabavam nos aposentos de Breu, e assim

descobri quem estava por trás desses pequenos períodos de liberdade. Sempre que ia à

cidade, não conseguia passar tempo nenhum com Moli, mas, para mim, era suficiente ficar

plantado em frente à janela da casa de velas até que ela notasse a minha presença e trocasse

comigo um aceno de mão. Uma vez ouvi alguém no mercado falar da qualidade das suas velas

perfumadas, e de como ninguém tinha feito um círio tão agradável e saudável desde os tempos

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