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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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que arranje outro para matar gente para ele.

– A decisão é sua. Mas não te aconselho a fazer isso, por enquanto.

A tranquilidade dele me pegou desprevenido.

– Por quê?

– Porque negaria tudo o que Cavalaria tentou fazer por você. Atrairia atenção sobre você.

E, neste momento, isso não é uma boa ideia – as palavras vieram ponderosamente lentas,

carregadas de verdade.

– Por quê? – notei que eu estava sussurrando.

– Porque alguns vão querer pôr um ponto final na história de Cavalaria. E a melhor maneira

de fazer isso seria te eliminando. Irão observar como você reage à morte do seu pai. Será que

isso enche a sua cabeça de ideias, te deixa inquieto? Será que você vai se tornar um problema,

como ele era?

– O quê?

– Meu garoto – Breu disse e me puxou para perto dele. Pela primeira vez ouvi um tom de

possessão em suas palavras. – É um momento para você ficar quieto e ser cuidadoso.

Compreendo por que Bronco cortou o seu cabelo, mas, na verdade, preferiria que ele não

tivesse feito isso. Preferiria que ninguém tivesse sido lembrado de que Cavalaria era seu pai.

Você ainda é um menino... mas me ouça. Por enquanto, não mude nada do que você faz. Espere

seis meses, ou um ano. E então decida. Mas por enquanto...

– Como é que meu pai morreu?

Os olhos de Breu examinaram meu rosto.

– Não ouviu que ele caiu de um cavalo?

– Sim. E ouvi Bronco rogar uma praga ao homem que disse isso, dizendo que Cavalaria não

cairia, e que aquele cavalo nunca o derrubaria.

– Bronco precisa segurar a língua.

– Então como meu pai morreu?

– Não sei. Mas, como Bronco, não acredito que tenha caído de um cavalo.

Breu ficou em silêncio. Sentei-me no chão ao lado dos seus pés ossudos e fitei o fogo.

– E eles vão me matar também?

Ele continuou sem dizer nada por muito tempo.

– Não sei. Não se eu puder fazer alguma coisa. Acho que primeiro precisam convencer o

Rei Sagaz de que é necessário e, se fizerem isso, eu saberei.

– Então você acha que é alguém de dentro da torre.

– Sim.

Breu aguardou muito tempo, mas permaneci em silêncio, recusando-me a perguntar. Não

obstante, ele respondeu:

– Não soube de nada antes de acontecer. Não tive dedo nisso, de qualquer forma. Eles nem

sequer me contataram. Provavelmente porque sabem que eu faria mais do que simplesmente

recusar. Eu iria garantir que nunca acontecesse.

– Ah – eu me senti um pouco mais tranquilo, mas ele já tinha me treinado muito bem sobre o

modo de pensar da corte. – Então provavelmente não virão até você caso decidam querer dar

um fim em mim. Também teriam receio de que você me avisasse.

Breu segurou o meu queixo em sua mão e virou o meu rosto de modo que eu o olhasse nos

olhos.

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