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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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nenhum num truque desses, ou há?

– Nenhum, exceto que seria chicoteado se fosse pego. Ou pior.

– E está com medo de ser pego. Está vendo, eu te disse que é melhor esperarmos um mês ou

dois, deixar que as suas habilidades se desenvolvam mais.

– Não é a punição. É que, se eu for pego... o rei e eu... temos um acordo...

As minhas palavras se desvaneceram. Encarei-o, confuso. A instrução de Breu era parte do

acordo que Sagaz e eu tínhamos feito. Cada vez que nos encontrávamos, antes de ele começar

a me instruir, lembrava-me desse acordo. Eu tinha dado a Breu, assim como ao rei, a minha

palavra de que seria leal. Com certeza ele podia perceber que, se eu agisse contra o rei,

estaria quebrando a minha parte do acordo.

– É um jogo, garoto – disse Breu pacientemente. – É só isso. Uma brincadeirinha de mau

gosto. Não é realmente tão sério quanto pensa. A única razão para eu escolher essa tarefa é

que o quarto do rei e as coisas dele são vigiados de perto. Qualquer um pode roubar as lãs de

uma costureira. Do que estamos falando é de um verdadeiro exercício secreto de infiltração,

entrar nos aposentos do rei e trazer de lá algo que lhe pertença. Se conseguir fazer isso,

acreditaria que usei bem o meu tempo te ensinando. Sentiria que é grato ao que te ensinei.

– Sabe bem que sou grato ao que você me ensina – disse eu rapidamente. Não era bem isso.

Breu parecia ignorar completamente o meu argumento. – Eu iria me sentir... desleal. Como se

estivesse usando o que você me ensinou para enganar o rei. Como se estivesse rindo da cara

dele.

– Ah! – Breu reclinou-se na cadeira, um sorriso no rosto. – Não deixe isso te aborrecer,

rapaz. O Rei Sagaz sabe apreciar uma boa piada. O que quer que traga, eu levarei de volta ao

rei. Será um sinal para ele do quão bem eu te ensinei e do quão bem você aprendeu. Traga

algo simples, se isso te preocupa tanto; não precisa tirar a coroa da cabeça dele ou o anel de

um dedo dele! A escova dele ou qualquer pedaço de papel, mesmo a luva ou cinto é suficiente.

Nada de grande valor, apenas uma prova.

Pensei em parar para ponderar, mas percebi que tinha a certeza de não precisar refletir

sobre o assunto.

– Não posso fazer isso. Quero dizer, não vou fazer. Não com o Rei Sagaz. Escolha qualquer

outro, o quarto de qualquer um, e eu farei. Lembre-se de quando peguei o rolo de pergaminho

de Majestoso? Veja, eu posso me infiltrar em qualquer lugar e...

– Garoto – a voz de Breu veio lentamente, intrigada. – Não confia em mim? Estou te

dizendo que não tem problema. Estamos falando apenas de um desafio, não de uma grande

traição. E desta vez, se for pego, prometo que irei interceder e explicar tudo. Você não será

punido.

– Não é isso – disse eu, exaltado. Podia notar que Breu estava ficando cada vez mais

intrigado com a minha recusa. Procurei uma maneira de lhe explicar. – Prometi ser leal a

Sagaz. E isto...

– Não há nada de desleal nisto! – Breu exclamou.

Olhei para cima e vi um brilho irado nos olhos dele. Sobressaltado, afastei-me. Nunca o

tinha visto assim enraivecido.

– O que é que você está dizendo, garoto? Que estou te pedindo para trair o seu rei? Não

seja idiota. É apenas um simples teste, uma maneira de ver sua capacidade e mostrar ao

próprio Sagaz o que você aprendeu, e você se recusa. E tenta disfarçar a covardia com

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