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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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complicada foi me segurar para não cair na gargalhada, o que entregaria o meu esconderijo

dentro de um tonel de tintura, quando dois dos moços mais jovens da lavanderia se

convenceram de que o meu truque tinha sido obra de duendes das águas e se recusaram a lavar

mais roupa nesse dia. Breu, como de costume, estava a par de tudo o que tinha acontecido

mesmo antes de eu ter lhe contado, e se deliciou ao me contar como o Mestre Lúbrio da

lavanderia tinha ordenado que se pendurasse erva-de-são-joão em cada canto do pátio e

enfeitasse cada poço com uma grinalda, para proteger dos duendes o trabalho do dia seguinte.

– Você tem um dom para isso, rapaz. – Breu gargalhou, passando a mão no meu cabelo. –

Quase chego a pensar que não há tarefa que você não seja capaz de concluir.

Ele estava sentado numa cadeira diante do fogo, e eu, no chão ao seu lado, encostado em

uma das suas pernas. Deu umas pancadinhas nas minhas costas, da mesma maneira que Bronco

daria em um perdigueiro que tivesse se comportado bem, e então se inclinou para a frente e

disse num tom de voz suave:

– Mas tenho um desafio para você.

– O que é? – perguntei ansiosamente.

– Não será fácil, mesmo para alguém com um passo tão leve quanto o seu – avisou-me.

– Deixe-me tentar – desafiei-o de volta.

– Oh, dentro de um mês ou dois, talvez, quando tiver aprendido mais. Tenho um jogo para te

ensinar hoje, um que fará com que o seu olhar e a sua memória fiquem mais aguçados.

Pegou uma bolsa e retirou de lá um punhado de qualquer coisa. Abriu a mão por um instante

diante de mim: pedras coloridas. A mão se fechou.

– Havia amarelas?

– Sim. Breu, qual é o desafio?

– Quantas?

– Pude ver duas. Breu, aposto que conseguiria fazer isso agora.

– Será que podia haver mais do que duas?

– Sim, se algumas estivessem completamente escondidas embaixo das de cima. Mas não

parece provável. Breu, qual é o desafio?

Ele abriu a mão ossuda e mexeu as pedras com o longo dedo indicador.

– Tinha razão. Apenas duas amarelas. Outra vez?

– Breu, eu consigo.

– Pensa que sim, não é? Olhe outra vez, eis as pedras. Um, dois, três e fechou. Havia

alguma vermelha?

– Sim. Breu, qual é a missão?

– Havia mais vermelhas do que azuis? Trazer algo pessoal da mesa de cabeceira do rei.

– O quê?

– Havia mais pedras vermelhas do que azuis?

– Não, o que eu quero dizer é, qual é a missão?

– Errado, garoto! – Breu anunciou alegremente. Abriu o punho. – Está vendo, três

vermelhas, três azuis. Exatamente a mesma quantidade. Você vai ter de olhar mais depressa do

que isso se quiser ser bem-sucedido no meu desafio.

– E sete verdes. Eu sei disso, Breu. Mas... você quer que eu roube do rei?

Não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir.

– Não roubar, pegar emprestado. Como fez com as lãs da Dona Despachada. Não há mal

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