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– Primeiro, deixe-me apresentá-lo a você mesmo. A sua linhagem está presente em todos os
seus traços. Sagaz optou por reconhecer isso porque todas as suas recusas não teriam
convencido ninguém do contrário – ele fez uma pequena pausa e sorriu como se achasse graça.
– Pena que Galeno se recuse a te ensinar o Talento. Foi proibido há muitos anos, por receio
que se tornasse uma ferramenta comum demais. Aposto que se o velho Galeno tentasse te
ensinar, encontraria aptidão em você. Mas não temos tempo para nos preocupar com o que não
vai acontecer.
Suspirou como se refletisse sobre alguma coisa e ficou silencioso por um momento.
Recomeçou abruptamente:
– Bronco te mostrou como trabalhar e como obedecer. Duas coisas em que o próprio
Bronco é excelente. Você não é especialmente forte, rápido ou esperto. Não pense que é.
Contudo, terá a teimosia para cansar qualquer um que seja mais forte, mais rápido ou mais
esperto do que você. E isso é mais perigoso para você do que para qualquer outro. Porém,
neste momento, isso não é o mais importante.
E continuou:
– Você é um dos homens do rei agora. E deve começar a compreender, aqui, neste lugar,
que isso é o seu atributo mais importante. Ele te dá o que comer, o que vestir e garante que
receba educação. E tudo o que ele pede em troca, por enquanto, é a sua lealdade. Mais tarde,
irá pedir o seu serviço. Essas são as condições para que eu te ensine a ser um homem do rei e
completamente leal a ele. Porque, sob diferentes condições, seria perigoso demais educá-lo na
minha arte.
Ele fez uma pausa e, por um longo momento, olhamos simplesmente um para o outro.
– Concorda? – perguntou, e eu sabia que não era uma simples pergunta, mas o selar de um
pacto.
– Sim – eu disse, e depois, vendo que ele ainda aguardava por alguma coisa –, dou a minha
palavra.
– Bom – disse ele com entusiasmo. – Agora passemos a outras coisas. Você já me viu
antes?
– Não.
Percebi de repente como aquilo era estranho. Pois, embora frequentemente aparecessem na
torre visitantes que eu desconhecia, era óbvio que este homem residia aqui havia muito tempo.
E eu conhecia, pelo menos de vista, quando não de nome, quase todos os habitantes da torre.
– Sabe quem eu sou, garoto? Ou por que está aqui?
Indiquei rapidamente que não com a cabeça a ambas as perguntas.
– Bem, ninguém mais sabe, de qualquer maneira. Portanto, preste atenção para que as coisas
continuem como estão. Compreenda isto claramente: não falará a ninguém nem do que
fazemos, nem de nada do que vai aprender aqui. Você me entendeu?
O meu aceno afirmativo com a cabeça deve tê-lo satisfeito, pois pareceu relaxar-se na
cadeira. As mãos ossudas agarraram as patelas dos joelhos sobre a veste de lã.
– Ótimo. Ótimo. Agora pode me chamar de Breu. E como eu devo chamá-lo? – fez uma
pausa e ficou esperando, mas quando eu não ofereci um nome, ele completou – Garoto. Não
são os nossos verdadeiros nomes, mas vão servir, durante o tempo que passarmos juntos.
Portanto, eu sou Breu, e sou mais um dos professores que Sagaz arranjou para você. Demorou
um tempo até ele se lembrar de que eu estava aqui, e depois demorou um tempo até ele se