27.02.2021 Views

O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

daquele garanhão indecente do Dom Temperança, por isso vê se trata a égua com gentileza.

Ela foi treinada pelo Garrano até agora; eu esperava fazer dela um cavalo de caça. Mas decidi

que seria mais adequada para você. Ele ficou um pouco amuado por causa disso, mas prometi

a ele que poderia recomeçar o treinamento com o potro.

Bronco tinha adaptado uma antiga sela para o meu treinamento, jurando que eu teria de

mostrar minha capacidade de montar como um cavaleiro antes de deixar que fizessem uma

sela nova para mim, independentemente do que o rei dissesse. Fuligem começou a andar com

calma e respondeu prontamente às rédeas e aos meus joelhos. Garrano tinha feito um trabalho

magnífico com ela. O seu temperamento me lembrava um lago tranquilo. Se tinha pensamentos,

não era essa a questão, e Bronco me vigiava bem de perto para que eu não me arriscasse a

tentar saber o que se passava na mente dela. Por isso, cavalguei-a cego, falando com ela

apenas com os joelhos, com as rédeas e com as mudanças no apoio do meu peso. O esforço

físico me deixou exausto muito antes de a primeira lição ter terminado, e Bronco percebeu,

mas não me dispensou de limpá-la e alimentá-la, e de limpar a minha sela e todo o

equipamento. Somente quando sua crina já estava toda desembaraçada e o velho couro da sela

luzia de óleo, fui liberado para ir à cozinha e comer.

Porém, quando eu já ia sair em disparada, em direção à porta de trás da cozinha, a mão de

Bronco segurou o meu ombro.

– Isso não é mais para você – disse-me com firmeza. – Isso serve para homens de armas,

jardineiros e outros do mesmo gênero, mas há um salão onde as pessoas mais elevadas e os

seus criados favoritos comem. E é lá onde você vai passar a comer de agora em diante.

E assim dizendo, ele me conduziu para um cômodo mal iluminado, onde se destacavam uma

mesa comprida e outra, mais alta, à frente. Sobre a mesa comprida estava disposta uma grande

variedade de comida, e em volta dela estavam pessoas ocupadas em diferentes partes da

refeição, porque quando o rei, a rainha e os príncipes estavam ausentes da mesa alta – como

era o caso naquele dia – ninguém se preocupava com formalidades.

Bronco me deu um empurrãozinho, indicando um lugar do lado esquerdo da mesa, para lá

do meio, mas não muito. Ele próprio comia daquele lado, mas mais para cá. Eu estava com

muita fome e ninguém me observou com tanta intensidade a ponto de me incomodar, por isso

comi depressa um prato relativamente grande. A comida que eu surrupiava diretamente da

cozinha era mais quente e mais fresca, mas esses detalhes não fazem muita diferença para um

garoto em fase de crescimento, e, depois de uma manhã em jejum, acabei comendo muito bem.

Com o estômago cheio, estava pensando no aterro de areia, aquecido pelo sol da tarde e

repleto de tocas de coelho, onde eu e os cachorrinhos frequentemente passávamos tardes

sonolentas. Eu começava a me levantar da mesa, quando de repente apareceu um rapaz atrás

de mim dizendo:

– Senhor?

Olhei ao meu redor para ver com quem ele falava, mas todas as outras pessoas estavam

ocupadas sobre suas tábuas de comida. O rapaz era mais alto do que eu, e muitas primaveras

mais velho; por isso, fiquei encarando-o, espantado, quando ele olhou nos meus olhos e

repetiu:

– Senhor? Já acabou de comer?

Balancei a cabeça, concordando, surpreso demais para falar qualquer coisa.

– Então o senhor pode vir comigo. Hode me enviou. Você está sendo aguardado para o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!