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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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Inclinou-se sobre mim e agarrou a minha camisa. Começou a me arrastar enquanto eu

tentava fracamente me arrastar na direção inversa, como um peixe fora d’água.

– Quanto à sua segunda pergunta, bem, a resposta é mais ou menos a mesma. Quanto alarde

você acha que alguém vai fazer por causa de um empregado do estábulo? Você está tão

obcecado com a sua autoimportância plebeia que a estende aos seus criados.

Largou-me sem cerimônias em cima de Bronco. O seu corpo jazia de rosto para baixo no

chão, ainda quente. O sangue derramado nos ladrilhos coagulava em volta do rosto e escorria

do seu nariz. Uma lenta bolha de sangue formou-se nos lábios dele e foi estourada por uma

tênue exalação. Ainda estava vivo. Eu me movi para esconder isso de Majestoso. Se

conseguisse sobreviver, talvez Bronco tivesse também uma chance.

Majestoso não notou nada. Retirou as minhas botas e as colocou de lado.

– Está vendo, bastardo – disse, enquanto fazia uma pausa para recuperar o fôlego. – A

crueldade cria as suas próprias regras. Assim me ensinou minha mãe. As pessoas são

intimidadas por um homem que age com aparente despreocupação pelas consequências dos

seus atos. Aja como se não pudesse ser tocado e ninguém ousará te tocar. Veja toda essa

situação. A sua morte enfurecerá algumas pessoas, sem dúvida. Mas a tal ponto que tomem

atitudes que possam afetar a segurança dos Seis Ducados? Não creio. Além disso, a sua morte

será eclipsada por outros acontecimentos. Seria um perfeito idiota se não aproveitasse esta

oportunidade de me ver livre de você.

Majestoso sentia-se irritantemente calmo e superior. Eu me debati, mas ele era

surpreendentemente forte, mesmo tendo em conta a vida desregrada que levava. E me senti

como um gatinho indefeso, enquanto ele arrancava a minha camisa. Dobrou as minhas roupas

com cuidado e afastou-as para o lado.

– Álibis mínimos funcionam. Se eu fizesse muito esforço em parecer inocente, as pessoas

poderiam começar a pensar que eu me importo. Poderiam elas próprias começar a prestar

atenção. Portanto, simplesmente direi que não sei de nada. O meu homem te viu entrar com

Bronco assim que eu saí. E agora irei reclamar com Augusto de que você nunca veio falar

comigo para eu te perdoar, como prometi fazer à Princesa Kettricken. Darei, aliás, uma

reprimenda severa em Augusto por ele próprio não ter te trazido.

Olhou em volta.

– Vejamos. Um bem fundo e quente. Aqui está.

Agarrei a garganta dele quando me puxou até a borda do tanque, mas ele se livrou das

minhas mãos com facilidade.

– Adeus, bastardo – disse calmamente. – Perdoe-me a pressa, mas você me atrasou um bom

tempo. Tenho de ir correndo me vestir. Ou vou chegar tarde ao casamento.

E me jogou para dentro.

O tanque era mais fundo do que eu era alto, projetado para ficar à altura do pescoço de um

Chyurda alto. Era dolorosamente quente para o meu corpo não preparado. Aquilo me fez

expelir o ar dos pulmões e eu afundei. Empurrei fracamente o fundo com os pés e consegui pôr

o rosto acima da água.

– Bronco!

Desperdicei o meu fôlego num grito a alguém que não podia me ajudar. A água se fechou

sobre mim outra vez. Meus braços e pernas se recusaram a trabalhar juntos. Bati contra uma

parede e afundei, antes de conseguir vir à superfície outra vez para pegar um pouco de ar. A

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