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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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Bronco virou a cabeça, o porrete atingiu o seu crânio, com um som terrível, surdo, como um

machado se abatendo na lenha. Bronco tombou, e eu com ele. Metade do meu corpo caiu num

dos tanques menores. Não estava escaldante, mas quase. Consegui rolar para fora dele, mas

não consegui me levantar. Minhas pernas se recusaram a me obedecer. Bronco jazia ao meu

lado, muito quieto. Estendi uma mão na sua direção, mas não consegui tocar nele.

Majestoso se levantou e fez um gesto para o Chyurda.

– Morto?!

O Chyurda remexeu Bronco com o pé, e fez um curto aceno afirmativo com a cabeça.

– Bom – Majestoso mostrou-se contente durante breves instantes. – Arraste-o para trás

daquele tanque fundo ao canto. E depois pode ir.

Para mim, disse:

– É pouco provável que alguém venha aqui até o fim da cerimônia. Estão todos ocupados

demais disputando lugares para o casamento. E naquele canto... bem, duvido que ele seja

encontrado antes de você.

Não respondi nada. O Chyurda se inclinou e pegou Bronco pelos tornozelos. Enquanto era

arrastado, a cabeleira negra dele deixava um rastro de sangue nos ladrilhos. Uma estonteante

mistura de ódio e desespero fervilhou no meu sangue, juntamente com o veneno. Uma

determinação fria nasceu e se instalou em mim. Não tinha esperanças de sobreviver, mas isso

já não me parecia importante. Avisar Veracidade sim. E vingar Bronco. Não tinha planos,

armas, nem opções. Nessas circunstâncias, tente ganhar tempo, tinha me aconselhado Breu.

Quanto mais tempo ganhar, mais probabilidades haverá de uma oportunidade se revelar.

Atrase-o. Talvez alguém venha ver por que é que o príncipe não está se vestindo para o

casamento. Talvez outra pessoa queira usar os vapores antes da cerimônia. Ocupe-o, de

alguma maneira.

– A Princesa... – comecei.

– Não é um problema – concluiu Majestoso por mim. – A Princesa não perdoou Bronco.

Apenas você. O que eu fiz com ele está bem dentro dos meus direitos. É um traidor, tem de

pagar por isso. E o homem que está se desfazendo dele amava muito o seu príncipe, Rurisk, e

não tem nenhuma objeção em relação a nada disso.

O Chyurda deixou os banhos de vapor sem olhar para trás. As minhas mãos se arrastaram

fracamente pelo chão liso de ladrilhos, mas não encontraram nada. Entretanto, Majestoso

estava se secando. Quando o homem desapareceu, veio falar comigo.

– Não vai gritar por auxílio? – perguntou.

Inspirei fundo e expeli o meu medo. Lancei tanto desdém a Majestoso quanto pude achar em

mim.

– A quem? Quem me ouviria com o barulho da água?

– Portanto, está poupando as suas forças. Inteligente. Inútil, mas inteligente.

– Pensa que Kettricken não vai saber o que aconteceu?

– Vai saber que você foi aos banhos de vapor, uma decisão imprudente nas condições em

que se encontra. Escorregou para dentro da água muito quente. Uma grande desgraça.

– Majestoso, isso é loucura. Quantos cadáveres você pensa que pode deixar para trás?

Como explicará a morte de Bronco?

– Em resposta à sua primeira pergunta, bem, suponho que muitos, desde que não sejam

pessoas muito importantes.

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