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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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– Veracidade disse isso? – perguntou Bronco com curiosidade.

– Sim. Disse que há tempos você foi um dos melhores homens do rei para Cavalaria, mas

que aparentemente se esqueceu de como ajudar aqueles que verdadeiramente servem ao rei.

Ele ordena que você se lembre de como fazer isso, e garante que a sua ira será grande se não

voltar para se apresentar diante dele e receber o que os seus atos merecem.

– Lembro-me muito bem de como fazer isso. Levarei Fitz a Majestoso.

– Agora?

– Assim que ele tiver comido.

Augusto lançou um olhar ameaçador para ele e partiu. Um painel não pode ser batido com

muita força, mas ele fez o seu melhor.

– Não tenho estômago para comer, Bronco – protestei.

– Sei disso. Mas precisamos de tempo. Eu notei a escolha de palavras de Veracidade, e

encontrei mais sentido nelas do que Augusto percebeu. Você também?

Fiz que sim, sentindo-me derrotado.

– Eu compreendi também. Mas não posso.

– Tem certeza? Veracidade não pensa assim e ele sabe dessas coisas. E você me disse a

razão pela qual Garrano tentou me matar: porque desconfiavam que você estava drenando a

minha força. Portanto, Galeno também acredita que você possa fazer isso.

Bronco veio até mim e se abaixou cerimoniosamente, apoiando um joelho no chão. A sua

perna ruim se esticava desajeitadamente atrás dele. Ele pegou minha mão frouxa e colocou-a

em seu ombro.

– Eu era um homem do rei para Cavalaria – disse-me tranquilamente. – Veracidade sabia

disso. Eu próprio não tenho o Talento, você entende. Mas Cavalaria me fez entender que, para

tal intento, isso não era tão importante quanto a amizade entre nós. Eu tenho força, e houve

alguns momentos em que ele precisou dela, e eu a dei para ele, de boa vontade. E, portanto, já

suportei isso antes, em circunstâncias piores. Tente, garoto. Se falharmos, falhamos, mas pelo

menos tentamos.

– Eu não sei como. Não sei como usar o Talento, e menos ainda sei como utilizar a força de

outra pessoa para isso. E, mesmo que soubesse, e desse certo, eu poderia te matar.

– Se der certo, o nosso rei viverá. Foi a isso que fiz um juramento. E você? – ele fazia tudo

parecer tão simples.

Assim, tentei. Abri a mente, tentei alcançar Veracidade, tentei, sem ideia de como fazer

isso, drenar a energia de Bronco. Mas tudo o que ouvi foi o chilrear de pássaros fora das

paredes do palácio, e o ombro de Bronco era apenas um lugar onde descansar a minha mão.

Abri os olhos. Não precisei dizer que eu tinha falhado: ele sabia. Suspirou profundamente.

– Bem. Suponho que devo te levar a Majestoso – disse.

– Se não fôssemos, ficaríamos para sempre curiosos sobre o que ele quer – acrescentei.

Bronco não sorriu.

– Você está num estado de espírito estranho – disse. – Parece mais o Bobo que você

mesmo.

– O Bobo fala com você? – perguntei com curiosidade.

– Às vezes – disse e pegou no meu braço para me ajudar a levantar.

– Parece que, quanto mais perto da morte eu caminho – eu disse –, mais engraçado tudo

parece.

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