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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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– Distraí-lo com brincadeiras e fumo, rir com ele enquanto morre! Levantou os olhos

faiscantes para Garrano. – Eu exijo a morte dele. Diga a Majestoso que venha aqui, agora!

Fui até a porta, mas Garrano foi mais rápido. Claro. Nada de fumo para Garrano esta noite.

Ele era mais rápido e mais musculoso do que eu, e tinha os pensamentos mais claros. Os seus

braços fecharam-se em volta de mim e ele me derrubou no chão. O rosto aproximou-se do meu

quando me deu um murro na barriga. E reconheci aquele hálito, aquele cheiro de suor.

Ferreirinho o tinha cheirado antes de morrer. Mas desta vez a faca estava na minha manga,

muito afiada e tratada com o veneno mais rápido que Breu conhecia. Depois de fincar nele, ele

conseguiu ainda me acertar duas vezes, dois murros em cheio antes de cair para trás,

moribundo. Adeus, Garrano. Enquanto ele caía, lembrei-me subitamente de um rapaz do

estábulo sardento dizendo: “Venha, há bons meninos”. As coisas poderiam ter sido tão

diferentes. Eu conhecia este homem; matá-lo era matar parte da minha própria vida.

Bronco ia ficar muito chateado comigo.

Todos esses pensamentos não me tomaram mais do que uma fração de segundo. A mão

esticada de Garrano ainda não tinha tocado no chão quando eu me movi para a porta.

Kettricken foi ainda mais rápida. Creio que usou um jarro de bronze para água. Eu o vi

como uma súbita explosão de luz branca.

Quando recuperei os sentidos, tudo me doía. A dor mais imediata vinha dos pulsos, pois as

cordas que os prendiam atrás das costas eram insuportavelmente apertadas. Estava sendo

carregado. Mais ou menos. Nem Bulho nem Severino pareciam preocupar-se muito com que

partes de mim pendiam e iam raspando e se esfolando pelo chão. Majestoso estava ali,

empunhando uma tocha, e um Chyurda que eu não conhecia guiava o caminho, empunhando

outra. Também não sabia onde eu estava, apenas que era em algum lugar ao ar livre.

– Não teria nenhum outro lugar onde possamos colocá-lo? Nenhum lugar mais seguro? –

perguntava Majestoso. Seguiu-se uma resposta murmurada e Majestoso disse: – Não, você tem

razão. Não é nosso propósito causar um grande alvoroço agora. Amanhã não tarda. Embora

não creia que ele esteja vivo até lá.

Uma porta foi aberta, e fui atirado de cabeça para um chão de terra batida escassamente

almofadado por palha. Inspirei pó e palha. Não consegui tossir. Majestoso fez um gesto com a

tocha.

– Vá até a Princesa – instruiu Severino. – Diga-lhe que irei falar com ela muito em breve.

Verifique se há alguma coisa que possamos fazer para que o príncipe se sinta mais

confortável. Você, Bulho, vá chamar Augusto aos seus aposentos. Necessitaremos do Talento

para que o Rei Sagaz possa tomar conhecimento de que andou ajudando um escorpião.

Necessitarei da sua autorização antes que o bastardo morra. Se ele viver tempo suficiente para

ser condenado. Vá, agora. Vá.

E partiram, com o Chyurda iluminando o caminho à frente deles. Majestoso ficou me

olhando de cima. Esperou que os sons dos passos deles soassem distantes para me dar um

pontapé violento nas costelas. Gritei sem palavras, pois tinha a boca e a garganta paralisadas.

– Parece que nós já estivemos nessa situação antes, não foi? Você chafurdando na palha, e

eu olhando para você, e perguntando-me exatamente que infortúnio tinha te colocado no meu

caminho. Estranho, tantas coisas que terminam da mesma forma como começam.

– Curioso como a justiça vem em círculos, também – continuou ele. – Pense em como você

foi derrotado por veneno e traição. Precisamente como a minha mãe foi. Ah, você ficou

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