27.02.2021 Views

O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

– É assim. FitzCavalaria percebeu esta noite que é um homem morto. Muita gente foi

informada de que ele é um assassino. Se ele me mata, você o mata. Se não me mata, como

poderá voltar e encarar o seu rei? Mesmo que o rei lhe perdoe, metade da corte saberá que é

um assassino, o que o torna inútil. Bastardos inúteis são um perigo para a coroa – Rurisk

terminou o discurso bebendo o resto do copo.

– Kettricken me disse que, mesmo que eu te matasse hoje, ainda se comprometeria com

Veracidade amanhã.

Mais uma vez, ele não se mostrou surpreso.

– O que ela ganharia recusando-se a fazer isso? Apenas a inimizade dos Seis Ducados.

Seria renegada pelo seu povo, e uma grande vergonha para o nosso povo. Ela se tornaria uma

rejeitada, inútil para todos. E isso não me traria de volta.

– E o seu povo não se revoltaria contra a ideia de dá-la a um homem desses?

– Nós teríamos de evitar que eles soubessem disso. Eyod e a minha irmã fariam isso, quero

dizer. Um reino inteiro deve se lançar numa guerra por causa da morte de um só homem?

Lembre-se, eu sou o Sacrifício aqui.

Pela primeira vez compreendi vagamente o que isso queria dizer.

– Poderei em breve ser um estorvo – eu o avisei. – Disseram-me que era um veneno lento.

Mas eu verifiquei. Não é. É simplesmente um extrato de raiz-morta e, na verdade, é bastante

rápido se administrado em quantidade suficiente. Primeiro dá tremores.

Rurisk estendeu ambas as mãos na mesa e elas tremiam. Kettricken olhou furiosamente para

nós dois.

– A morte vem pouco depois. Espero que eu seja apanhado no ato e eliminado juntamente

contigo.

Rurisk agarrou-se à garganta, e então deixou a cabeça cair para a frente sobre o peito.

– Estou envenenado! – ele entoou teatralmente.

– Já chega disso! – vociferou Kettricken, ao mesmo tempo que Garrano irrompia pela porta

adentro.

– Cuidado, traição! – ele gritou. E ficou branco ao ver Kettricken. – Minha senhora

princesa, diga-me que não bebeu desse vinho! O bastardo traiçoeiro o envenenou!

Achei que o drama dele foi um pouco estragado pela falta de resposta. Kettricken e eu

trocamos olhares. Rurisk rolou da cadeira para o chão.

– Ah, pare com isso – ela falou, soltando em seguida um silvo.

– Pus o veneno no vinho – eu disse a Garrano em tom cordial. – Exatamente como me

mandaram fazer.

E então as costas de Rurisk arquejaram na primeira convulsão.

A consciência aterradora de que eu tinha sido enganado demorou apenas um segundo.

Veneno no vinho. Um vinho de maçã, de presente de Vara, provavelmente dado nessa mesma

noite. Majestoso não tinha confiado que eu o pusesse ali, mas era fácil que outro o fizesse,

neste lugar de pouca desconfiança. Observei Rurisk arquejar outra vez, sabendo que não havia

nada que eu pudesse fazer. Já sentia o entorpecimento se espalhar pela minha própria boca. Eu

me perguntei, quase ociosamente, quão forte a dose tinha sido. Eu só tinha tomado um gole.

Morreria aqui ou no cadafalso?

Kettricken compreendeu, um momento mais tarde, que o irmão realmente estava morrendo.

– Seu monstro desalmado! – ela me xingou furiosamente e foi se ajoelhar ao lado de Rurisk.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!