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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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estava à porta, sorrindo agradavelmente.

– Boa noite – ele me cumprimentou, e eu entrei como se fosse na caverna de um carcaju.

Mas o ar dentro do quarto estava azul de fumo, e essa parecia ser a fonte da boa disposição de

Bulho. Majestoso me deixou esperando outra vez e, embora eu encostasse o queixo no peito e

respirasse superficialmente, sabia que o fumo estava me afetando. Controle, lembrei para mim

mesmo, e tentei não sentir a vertigem. Contorci-me no assento várias vezes e por fim recorri a

cobrir abertamente a boca e o nariz com a mão. Esse recurso teve pouco sucesso em filtrar o

fumo.

Olhei para cima quando o painel do quarto de dentro deslizou para o lado, mas era apenas

Severino. Olhou de relance para Bulho e veio sentar-se ao meu lado. Depois de um momento

de silêncio, perguntei:

– Majestoso vai me receber agora?

Severino abanou a cabeça.

– Ele está com uma... companhia. Mas confiou a mim toda a informação de que você

necessita – abriu a mão sobre o banco entre nós para me mostrar um saco branco minúsculo. –

Ele conseguiu isso para você. Ele tem certeza de que você estará de acordo. Um pouco disto,

misturado com o vinho, causará a morte, mas não imediata. Não haverá sequer sintomas de

morte durante várias semanas, e então virá como uma letargia que aumenta gradualmente. O

homem não sofre – acrescentou, como se isso fosse a minha principal preocupação.

Puxei na memória.

– É goma de Quex?

Tinha ouvido falar desse veneno, mas nunca o tinha visto. Se Majestoso tinha uma fonte,

Breu com certeza ia querer saber.

– Não sei o nome, nem isso importa. Apenas isto: o Príncipe Majestoso diz que você fará

uso dele esta noite. Você terá de criar uma oportunidade.

– O que ele espera de mim? Que eu vá até os aposentos do príncipe, bata à porta e entre

com um vinho envenenado nas mãos? Não é um pouco óbvio demais?

– Feito dessa forma, claro que sim. Mas, com certeza, o seu treinamento te deu mais

sofisticação do que isso, não é?

– O meu treinamento me diz que essas coisas não devem ser discutidas com um camareiro.

Devo ouvir de Majestoso, ou não farei nada.

Severino suspirou.

– O meu mestre previu isso. Aqui está a mensagem dele. Pelo alfinete que você carrega e

pela insígnia no seu peito, ele te ordena. Se recusar, você estará recusando o seu rei. Terá

cometido traição, e ele garantirá que você seja enforcado por isso.

– Mas eu...

– Pegue isso e vá. Quanto mais esperar, mais tarde será, e mais estranha parecerá a sua

visita aos aposentos dele.

Severino levantou-se abruptamente e me deixou ali. Bulho estava sentado como um sapo

num canto, observando-me e sorrindo. Teria de matar os dois antes de voltar a Torre do

Cervo, para preservar a minha utilidade como assassino. Perguntei-me se eles sabiam disso.

Retribuí o sorriso de Bulho, sentindo o fumo no fundo da garganta. Peguei o veneno e parti.

Uma vez na base da escadaria de Majestoso, encostei-me à parede, onde havia mais

sombras, e escalei tão rápido quanto pude um dos apoios do apartamento de Majestoso.

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