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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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Não consegui pensar em nada para dizer. Nunca tinha sequer remotamente considerado ter

de apresentar relatórios a Majestoso. A Sagaz ou Breu, definitivamente, e a Veracidade. Mas

a Majestoso?

– Preciso te lembrar do seu dever? Faça o seu relatório.

Rapidamente coloquei meu cérebro para funcionar.

– Quer ouvir as minhas observações sobre o povo Chyurda? Ou informações sobre as ervas

que eles cultivam? Ou...

– Quero saber o que está fazendo a respeito da sua... missão. Você já agiu? Já fez algum

plano? Quando poderemos esperar por resultados, e de que tipo? Não me agradaria que o

príncipe caísse morto aos meus pés, sem eu estar preparado para isso.

Quase não podia acreditar no que eu estava ouvindo. Sagaz nunca tinha falado tão sem

rodeios ou tão abertamente sobre o meu trabalho. Mesmo quando a nossa privacidade estava

garantida, ele dava voltas, ia para lá e para cá, e me deixava tirar minhas próprias conclusões.

Tinha visto Severino ir para o outro quarto, mas não tinha ideia de onde o homem estava agora

ou como o som ressoava naqueles cômodos. E Majestoso falava como se discutíssemos uma

ferradura a ser colocada em um cavalo.

– Você está sendo insolente ou estúpido? – perguntou Majestoso.

– Nenhum dos dois – respondi tão educadamente quanto foi possível. – Estou sendo

cauteloso. Meu príncipe.

Juntei a última frase na esperança de pôr a nossa conversa em um nível mais formal.

– Está sendo estupidamente cauteloso. Confio no meu camareiro, e não há mais ninguém

aqui. Portanto, faça o seu relatório. Meu assassino bastardo. – Disse essas últimas palavras

como se as achasse engenhosamente sarcásticas.

Inspirei fundo e lembrei-me de que era um homem do rei. E que, naquele momento e lugar,

era o mais próximo do rei que eu iria alcançar. Escolhi as palavras cuidadosamente.

– Ontem, no jardim, a Princesa Kettricken me disse que você tinha revelado a ela que eu era

um envenenador e que o irmão dela, Rurisk, era o meu alvo.

– Mentira – disse Majestoso decisivamente. – Não disse nada disso para ela. Ou você se

traiu desajeitadamente ou ela estava simplesmente te sondando em busca de informação.

Espero que não tenha estragado tudo se revelando a ela.

Eu podia mentir muito melhor do que aquilo. Ignorei os seus comentários e continuei. Deilhe

um relatório completo, de como fui envenenado, e da visita matinal de Rurisk e Kettricken.

Repeti a nossa conversa ponto por ponto. Quando tinha terminado, Majestoso passou alguns

minutos olhando para as unhas antes de falar comigo.

– E você já tomou uma decisão quanto ao método e ao momento certo?

Tentei não mostrar a minha surpresa.

– Nas atuais circunstâncias, pensei que seria melhor abandonar a missão.

– Falta de coragem – observou Majestoso com repugnância. – Pedi ao meu Pai que enviasse

aquela rameira velha, a Dama Timo. Nesse momento, ela já o teria mandado para a cova.

– Senhor? – perguntei.

Por ele se referir a Breu como Dama Timo, tive quase certeza de que ele não sabia de nada.

– Senhor? – Majestoso me imitou, e pela primeira vez percebi que ele estava bêbado.

Fisicamente, ele suportava bem a bebida. Não fedia a álcool, mas trazia toda a sua

mesquinhez à tona. Suspirou profundamente, como se lhe faltassem palavras para exprimir o

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