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decisão sensata, por enquanto. Mas eu a vejo como mais do que sensata. Eu a vejo como
indispensável.
– Diga isso ao Rei Sagaz – ele continuou. – A nossa população cresce, mas o nosso solo
arável é limitado. A caça selvagem pode alimentar apenas alguns. Chega um momento em que
um país tem de se abrir ao comércio, especialmente um país tão pedregoso e montanhoso
quanto o meu. Você deve ter ouvido, talvez, que os costumes de Jhaampe ditam que o
governante é um servidor do seu povo. Bem, eu estou servindo a eles nesta decisão. Envio a
minha amada irmã mais nova para se casar longe, na esperança de ganhar grãos, rotas
comerciais e bens das terras baixas para o meu povo, e direitos de pasto na época fria do ano,
quando as nossas pastagens estão enterradas na neve. Por isso, em troca, estou disposto a dar
madeiras, as grandes toras retas de madeira que Veracidade necessita para construir os barcos
de guerra. Nas nossas montanhas cresce carvalho-branco como você nunca viu. É uma coisa
que o meu pai recusaria. Ele tem antigas reservas quanto a cortar árvores vivas. E, como
Majestoso, ele vê a sua costa como um perigo, e o seu oceano como uma grande barreira. Mas
eu vejo isso como o seu pai viu: o mar como uma larga estrada que leva a todas as direções, e
a sua costa como o nosso acesso a ela. E não vejo nenhuma ofensa em usar árvores que
acabam desenraizadas pelas inundações e vendavais anuais.
Segurei a respiração por alguns momentos. Era uma concessão de importância decisiva. Dei
por mim acenando em concordância com as suas palavras.
– Então, levará as minhas palavras ao Rei Sagaz e dirá a ele que é melhor ter em mim um
amigo vivo?
Não consegui pensar em nenhuma razão para não concordar.
– Não vai perguntar a ele se tinha intenção de te envenenar? – perguntou Kettricken.
– Se ele respondesse que sim, você nunca confiaria nele. Se respondesse que não,
provavelmente não acreditaria nele, e pensaria que ele é um mentiroso, além de um assassino.
Além disso, não basta já termos um envenenador confesso neste quarto?
Kettricken baixou a cabeça e um rubor corou suas bochechas.
– Portanto, ande – disse Rurisk a ela e lhe estendeu uma mão conciliadora. – O nosso
hóspede precisa do pouco descanso que puder ter antes das festividades do dia. E nós
devemos voltar aos nossos aposentos antes que a casa inteira comece a se perguntar por que
andamos correndo por aí em trajes de dormir.
E eles me deixaram, para eu me deitar outra vez na cama e pensar. Que tipo de gente era
esta com quem eu estava lidando? Poderia eu acreditar na sua aberta honestidade ou era uma
magnífica artimanha com sabe lá Eda quais objetivos? Desejei que Breu estivesse ali. Cada
vez mais, sentia que nada era o que parecia ser. Não ousei cochilar, pois sabia que, se
adormecesse, nada me acordaria até o cair da noite. Criadas vieram pouco tempo depois com
jarros de água quente e fria, e fruta e queijo numa travessa. Lembrando-me de que essas
“criadas” eram talvez de melhor nascimento do que eu, tratei todas elas com grande cortesia e,
mais tarde, perguntei-me se não seria esse o segredo de uma casa harmoniosa, que todos,
criados e realeza, fossem tratados com a mesma cortesia.
Era um dia de grandes festividades. As entradas do palácio foram abertas a todos, e vieram
pessoas dos mais longínquos cantos do Reino da Montanha para testemunhar a cerimônia.
Poetas e menestréis se apresentaram, e mais presentes foram trocados, o que incluiu a minha
apresentação formal dos herbanários e das amostras de ervas para cultivo. Os animais para