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explicar. Ela veio até mim há alguns dias, para me dizer que você estava a caminho daqui para
me eliminar. Disse-lhe então que isso não era problema dela e que eu próprio tomaria conta
da situação. Mas, como te disse, ela é impulsiva. Ontem viu uma oportunidade e aproveitou-se
dela. Sem levar em conta como a morte de um convidado poderia afetar um casamento
cuidadosamente negociado. Pensou apenas em livrar-se de você antes que os votos a ligassem
aos Seis Ducados e tornassem impensável um ato desses. Eu devia ter suspeitado disso
quando ela te levou tão rapidamente para os jardins.
– As ervas que ela me deu?
Ele assentiu com um aceno de cabeça, e eu me senti um idiota.
– Mas depois de ter comido as ervas, você falou com ela de um jeito tão gentil que ela
começou a duvidar que você pudesse ser tudo aquilo que ela tinha ouvido. Portanto, ela te
perguntou diretamente, mas você evitou a pergunta, fingindo não compreender. Por causa
disso, duvidou de você outra vez. Ainda assim, não devia ter demorado a noite toda para vir
me contar o que tinha feito e as dúvidas sobre a sensatez do seu ato. Por isso, eu te peço
desculpas.
– Tarde demais para pedir desculpas. Eu já desculpei vocês – eu me ouvi dizer.
Rurisk me encarou.
– O seu pai também dizia isso.
Ele olhou de relance para a porta, um momento antes de Kettricken entrar. Assim que ela
entrou, ele fechou o painel e pegou a bandeja que ela tinha trazido.
– Sente-se – disse-lhe severamente. – E observe uma forma diferente de lidar com um
assassino.
Levantou uma pesada caneca da bandeja e bebeu abundantemente dela antes de me entregar.
Lançou outro olhar de relance a Kettricken.
– E se esta estava envenenada, você acabou de matar o seu irmão também – dividiu um
folhado de maçã em três pedaços. – Escolha um – disse para mim, e então pegou um para si
mesmo e deu o que eu escolhi em seguida para Kettricken. – Para que você possa ver que não
há nada de estranho nesta comida.
– Vejo poucas razões para você me dar veneno hoje de manhã depois de vir me dizer que
fui envenenado ontem à noite – admiti.
Ainda assim, o meu paladar estava atento, procurando o mais ínfimo sabor errado. Mas não
havia nenhum. Era um folhado muito saboroso, recheado com maçãs maduras e especiarias.
Mesmo se eu não estivesse com a barriga tão vazia, teria sido delicioso.
– Exatamente – disse Rurisk numa voz abafada, e engoliu. – E, se você fosse um assassino –
e aqui lançou um olhar de aviso para que Kettricken ficasse em silêncio –, estaria na mesma
posição. Alguns assassinatos apenas são proveitosos se mais ninguém souber que são
assassinatos. Assim seria com a minha morte. Se me matasse agora, ou melhor, se eu morresse
dentro dos próximos seis meses, Kettricken e Jonqui gritariam aos quatro ventos que eu tinha
sido assassinado. Dificilmente uma boa base para uma aliança entre povos, você não acha?
Consegui fazer um aceno afirmativo com a cabeça. O caldo quente da caneca quase tinha
parado os meus tremores, e o folhado doce tinha um sabor divino.
– Portanto, concordamos que, se você fosse um assassino, não haveria agora nenhuma
vantagem em executar o meu assassinato. Na verdade, seria uma grande perda para você se eu
morresse. Pois o meu pai não é tão favorável a essa aliança quanto eu. Ah, ele sabe que é uma