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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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explicar. Ela veio até mim há alguns dias, para me dizer que você estava a caminho daqui para

me eliminar. Disse-lhe então que isso não era problema dela e que eu próprio tomaria conta

da situação. Mas, como te disse, ela é impulsiva. Ontem viu uma oportunidade e aproveitou-se

dela. Sem levar em conta como a morte de um convidado poderia afetar um casamento

cuidadosamente negociado. Pensou apenas em livrar-se de você antes que os votos a ligassem

aos Seis Ducados e tornassem impensável um ato desses. Eu devia ter suspeitado disso

quando ela te levou tão rapidamente para os jardins.

– As ervas que ela me deu?

Ele assentiu com um aceno de cabeça, e eu me senti um idiota.

– Mas depois de ter comido as ervas, você falou com ela de um jeito tão gentil que ela

começou a duvidar que você pudesse ser tudo aquilo que ela tinha ouvido. Portanto, ela te

perguntou diretamente, mas você evitou a pergunta, fingindo não compreender. Por causa

disso, duvidou de você outra vez. Ainda assim, não devia ter demorado a noite toda para vir

me contar o que tinha feito e as dúvidas sobre a sensatez do seu ato. Por isso, eu te peço

desculpas.

– Tarde demais para pedir desculpas. Eu já desculpei vocês – eu me ouvi dizer.

Rurisk me encarou.

– O seu pai também dizia isso.

Ele olhou de relance para a porta, um momento antes de Kettricken entrar. Assim que ela

entrou, ele fechou o painel e pegou a bandeja que ela tinha trazido.

– Sente-se – disse-lhe severamente. – E observe uma forma diferente de lidar com um

assassino.

Levantou uma pesada caneca da bandeja e bebeu abundantemente dela antes de me entregar.

Lançou outro olhar de relance a Kettricken.

– E se esta estava envenenada, você acabou de matar o seu irmão também – dividiu um

folhado de maçã em três pedaços. – Escolha um – disse para mim, e então pegou um para si

mesmo e deu o que eu escolhi em seguida para Kettricken. – Para que você possa ver que não

há nada de estranho nesta comida.

– Vejo poucas razões para você me dar veneno hoje de manhã depois de vir me dizer que

fui envenenado ontem à noite – admiti.

Ainda assim, o meu paladar estava atento, procurando o mais ínfimo sabor errado. Mas não

havia nenhum. Era um folhado muito saboroso, recheado com maçãs maduras e especiarias.

Mesmo se eu não estivesse com a barriga tão vazia, teria sido delicioso.

– Exatamente – disse Rurisk numa voz abafada, e engoliu. – E, se você fosse um assassino –

e aqui lançou um olhar de aviso para que Kettricken ficasse em silêncio –, estaria na mesma

posição. Alguns assassinatos apenas são proveitosos se mais ninguém souber que são

assassinatos. Assim seria com a minha morte. Se me matasse agora, ou melhor, se eu morresse

dentro dos próximos seis meses, Kettricken e Jonqui gritariam aos quatro ventos que eu tinha

sido assassinado. Dificilmente uma boa base para uma aliança entre povos, você não acha?

Consegui fazer um aceno afirmativo com a cabeça. O caldo quente da caneca quase tinha

parado os meus tremores, e o folhado doce tinha um sabor divino.

– Portanto, concordamos que, se você fosse um assassino, não haveria agora nenhuma

vantagem em executar o meu assassinato. Na verdade, seria uma grande perda para você se eu

morresse. Pois o meu pai não é tão favorável a essa aliança quanto eu. Ah, ele sabe que é uma

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