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longe para assistir ao seu casamento.
Jonqui estava com ele, andando depressa atrás dele, e, quando a segunda e inequívoca onda
de tonturas me acometeu, pareceu-me que ela tinha o ar de quem sabia demais. E que medida,
eu me perguntei, tomaria Breu se alguém enviasse um envenenador à corte de Sagaz para
eliminar Veracidade? Era muito óbvio.
– Talvez – sugeriu Jonqui de repente – FitzCavalaria gostaria de ir ver as Fontes Azuis
agora. Litress disse que o levaria de bom grado.
– Talvez mais para o fim da tarde – eu consegui dizer. – Sinto-me de repente um pouco
cansado. Acho que vou me retirar para o meu quarto.
Nenhum deles pareceu surpreso.
– Quer que eu mande um pouco de vinho para você? – perguntou Jonqui amavelmente. – Ou
talvez uma sopa? Os outros serão chamados para uma refeição em breve. Mas, se está
cansado, não seria problema levar comida ao seu quarto.
Anos de treino vieram ao meu auxílio. Mantive a postura reta, apesar da queimação súbita
na minha barriga.
– Seria muito gentil da sua parte – consegui dizer. A breve curvatura que me forcei a fazer
foi uma tortura sofisticada. – Tenho certeza de que me juntarei a vocês em breve.
E me retirei, sem correr nem me jogar no chão e me encolher numa bola choramingando,
como desejava fazer. Fiz o caminho de volta, demonstrando uma alegria óbvia pela vegetação
ao meu redor, através do jardim até a porta do Grande Salão. E os três me observaram e
falaram entre si baixinho sobre o que todos sabíamos.
Restava-me apenas um truque e uma tênue esperança de que fosse eficaz. De volta ao
quarto, desenterrei a purga-do-mar que o Bobo tinha me dado. Quanto tempo, comecei a
pensar, tinha passado desde que eu tinha comido os bolos de mel? Pois teria sido esse o meio
que eu escolheria. Fatidicamente, decidi confiar na jarra de água do quarto. Uma minúscula
parte de mim me dizia que era um disparate, mas, à medida que ondas atrás de ondas de
tonturas passavam por mim, sentia-me incapaz de qualquer outro pensamento. Com as mãos
trêmulas, despejei a purga-do-mar na água. A erva seca absorveu a água e tornou-se um
chumaço verde e pegajoso, que consegui enfiar pela goela abaixo. Sabia que esvaziaria o meu
estômago e os intestinos. A única questão era se o efeito seria suficientemente rápido ou se o
veneno dos Chyurda já estaria espalhado demais pelo meu corpo.
Passei uma tarde terrível, sobre a qual não entrarei em detalhes. Ninguém veio ao quarto me
trazer sopa ou vinho. Nos meus momentos de lucidez, compreendi que não viriam até terem a
certeza de que o veneno já tivesse surtido efeito. De manhã, pensei. Enviariam um criado para
me acordar e descobririam a minha morte. Eu tinha até de manhã.
Já passava da meia-noite quando me senti capaz de andar. Deixei o quarto tão
silenciosamente quanto as pernas vacilantes me permitiram e saí para o jardim. Lá encontrei
uma cisterna de água e bebi até parecer que eu ia explodir. Aventurei-me um pouco mais no
jardim, andando devagar e cautelosamente, pois tinha dores como se tivesse sido espancado, e
a minha cabeça latejava dolorosamente a cada passo que dava. Mas, por fim, dei por mim
numa área cheia de árvores frutíferas graciosamente dispostas ao longo de um muro e, como
tinha esperado, estavam cheias de frutos. Servi-me, enchendo o gibão com uma boa quantidade
deles. Eu os esconderia no quarto, para servirem como comida segura. Em algum momento
durante o dia seguinte, arranjaria uma desculpa para ir ver Fuligem. Os meus alforjes ainda