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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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Kettricken ao notar o meu interesse. – Este caminho leva aos jardins sombrios. São os meus

favoritos. Mas talvez queira ver o herbário primeiro?

– Agrada-me ver todo e qualquer jardim, senhora – respondi e era verdade.

Lá fora, longe da multidão, teria mais oportunidade de organizar os meus pensamentos e

refletir sobre o que devia fazer na posição insustentável em que tinha sido colocado. Estava

me ocorrendo, tardiamente, que Rurisk não tinha mostrado nenhum dos sinais de ferimentos ou

doença que Majestoso tinha apontado. Precisava me afastar da situação e reavaliá-la. Havia

mais, muito mais coisa acontecendo, do que aquilo para o que eu tinha me preparado.

Com esforço, afastei os pensamentos do meu próprio dilema e concentrei-me no que a

Princesa estava me dizendo. Ela pronunciou as suas palavras claramente, e descobri que a

língua deles era muito mais fácil de acompanhar longe do ruído de fundo do Grande Salão. Ela

parecia saber muito sobre jardins e deu-me a entender que não era um passatempo, mas o

conhecimento que se esperava dela como princesa.

À medida que andávamos e conversávamos, tinha de me lembrar constantemente de que era

uma princesa, e prometida em casamento a Veracidade. Nunca tinha encontrado uma mulher

assim antes. Havia nela uma dignidade tranquila, muito diferente da constante consciência da

sua alta posição, que eu normalmente encontrava nas mulheres de melhor nascimento que o

meu. Mas ela não hesitava em sorrir, ou ficar entusiasmada, ou curvar-se para cavar no solo

em volta de uma planta para me mostrar um tipo particular de raiz que estava descrevendo.

Limpou uma raiz de terra e em seguida cortou, com a faca que trazia à cintura, um pedacinho

do cerne do tubérculo para me permitir provar o gosto forte. Mostrou-me certas ervas de

sabores pungentes usadas para temperar carne e insistiu que eu provasse uma folha de cada

uma de três variedades porque, embora aquelas plantas fossem muito semelhantes, os sabores

eram bem diferentes. De certa maneira, ela era como Paciência, mas sem as excentricidades.

Também era como Moli, mas sem a dureza que Moli tinha sido forçada a desenvolver para

sobreviver. Como Moli, ela conversava comigo de um modo franco e direto, como se

estivéssemos no mesmo nível. Dei por mim pensando que Veracidade talvez viesse a gostar

dessa mulher mais do que esperava.

E, contudo, outra parte de mim se preocupava com o que Veracidade pensaria da noiva. Ele

não era de andar atrás de rabos de saia, mas os seus gostos no que diz respeito a mulheres

eram óbvios para quem quer que tivesse passado algum tempo com ele. E aquelas a quem ele

sorria eram normalmente as pequenas, roliças e morenas, frequentemente com cabelo

encaracolado, com risos de garota e mãos suaves e minúsculas. O que acharia ele dessa

mulher alta e pálida, que se vestia de um jeito tão simples como uma criada e que declarava

apreciar muito cuidar dos próprios jardins? À medida que a conversa prosseguia, descobri

que ela conversava sobre falcoaria e reprodução de cavalos com o mesmo conhecimento de

qualquer homem do estábulo. E quando lhe perguntei o que fazia como entretenimento, ela me

falou da sua pequena forja e ferramentas para trabalhar metal, e levantou o cabelo para me

mostrar os brincos que ela tinha feito para si mesma. As pétalas de prata finamente elaboradas

de uma flor abraçavam uma gema minúscula que parecia uma gota de orvalho. Tinha dito uma

vez a Moli que Veracidade merecia uma mulher competente e ativa, mas agora ficava

pensando se ela o encantaria o suficiente. Tinha certeza de que a respeitaria. Mas seria

respeito o suficiente entre um rei e a sua rainha?

Resolvi não me preocupar com os problemas alheios, mas, em vez disso, cumprir o que

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