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– O que está acontecendo? – perguntei.
– O nosso Sacrifício, hum... ah, vocês dizem, o rei Eyod dá boas-vindas a vocês. E vai
mostrar a todos vocês sua filha, que está destinada a ser seu Sacrifício, hum... ah, rainha. E o
filho, que reinará no lugar dela aqui.
Atrapalhou-se na explicação, fazendo muitas pausas, e com muitos meneios de cabeça meus
servindo-lhe de encorajamento.
Com dificuldade mútua, explicou-me que a mulher ao lado do rei Eyod era a sobrinha dela,
e eu consegui atrapalhadamente fazer um comentário de que ela tinha um ar saudável e forte.
Nesse momento parecia ser a coisa mais gentil que eu conseguiria dizer a respeito da mulher
impressionante que se colocava de forma protetora ao lado do rei. Tinha um amontoado
imenso de cabelos amarelos a que eu começava a me acostumar em Jhaampe, com um pouco
deles trançado em torno da cabeça e o resto solto, caindo pelas costas. O rosto dela era sério,
os braços desnudos, musculosos. O homem do outro lado do rei Eyod era mais velho, mas,
ainda assim, tão parecido com ela quanto um irmão gêmeo, com exceção do cabelo, cortado
grosseiramente na altura do pescoço. Tinha os mesmo olhos de jade, nariz reto e boca séria.
Quando consegui perguntar à mulher idosa se ele também era seu parente, sorriu como se eu
não fosse muito esperto e me respondeu que, claro, era o seu sobrinho. Fez um sinal para que
eu não falasse, como se eu fosse uma criança, pois o rei Eyod estava discursando.
Ele falou devagar e cuidadosamente, mas, mesmo assim, fiquei satisfeito pelas conversas
com as carregadoras da liteira, pois fui capaz de compreender a maior parte do discurso.
Saudou-nos formalmente, incluindo Majestoso, pois disse que o tinha saudado antes apenas
como emissário do Rei Sagaz e que agora o saudava como o símbolo da presença do Príncipe
Veracidade. Augusto foi incluído na saudação, e foram oferecidos a ambos vários presentes,
punhais incrustados de joias, um óleo aromático precioso e luxuosas estolas de peles. Quando
as estolas foram colocadas sobre os seus ombros, pensei com desgosto que ambos agora se
pareciam mais com enfeites do que príncipes porque, em contraste gritante com os trajes
simples do rei Eyod e dos seus assistentes, Majestoso e Augusto estavam enfeitados com
pulseiras e anéis, e as suas vestimentas eram de tecidos opulentos e com um corte que não
revelava nenhuma preocupação, seja com economia, seja com comodidade. Aos meus olhos,
ambos pareciam enfeitados demais e fúteis, mas esperava que os nossos anfitriões pensassem
que a aparência bizarra fosse parte dos costumes estrangeiros.
E então, para minha grande tristeza, o rei chamou o seu assistente e apresentou-o à nossa
assembleia como sendo o príncipe Rurisk. A mulher ao lado dele era, claro, a Princesa
Kettricken, a prometida de Veracidade.
Finalmente compreendi que aquelas mulheres que tinham nos servido de carregadoras de
liteiras e que tinham nos oferecido bolo e vinho não eram servas, mas mulheres da casa real,
as avós, tias e primas da noiva de Veracidade, todas seguindo a tradição de Jhaampe de servir
o povo. Estremeci ao pensar que tinha conversado com elas de forma tão pessoal e casual, e
mais uma vez amaldiçoei Majestoso por não prever que aquilo pudesse acontecer e não nos
enviar mais informações sobre os costumes deles, em vez das longas listas de roupas e joias
para si próprio. A mulher idosa ao meu lado era, portanto, a própria irmã do rei. Acho que ela
deve ter percebido a minha confusão, pois me deu uma leve pancadinha no ombro e sorriu ao
ver as minhas bochechas coradas, enquanto eu tentava gaguejar um pedido de desculpas.
– Você não fez nada para se envergonhar – disse-me ela, e a seguir me pediu que não a