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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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– O que está acontecendo? – perguntei.

– O nosso Sacrifício, hum... ah, vocês dizem, o rei Eyod dá boas-vindas a vocês. E vai

mostrar a todos vocês sua filha, que está destinada a ser seu Sacrifício, hum... ah, rainha. E o

filho, que reinará no lugar dela aqui.

Atrapalhou-se na explicação, fazendo muitas pausas, e com muitos meneios de cabeça meus

servindo-lhe de encorajamento.

Com dificuldade mútua, explicou-me que a mulher ao lado do rei Eyod era a sobrinha dela,

e eu consegui atrapalhadamente fazer um comentário de que ela tinha um ar saudável e forte.

Nesse momento parecia ser a coisa mais gentil que eu conseguiria dizer a respeito da mulher

impressionante que se colocava de forma protetora ao lado do rei. Tinha um amontoado

imenso de cabelos amarelos a que eu começava a me acostumar em Jhaampe, com um pouco

deles trançado em torno da cabeça e o resto solto, caindo pelas costas. O rosto dela era sério,

os braços desnudos, musculosos. O homem do outro lado do rei Eyod era mais velho, mas,

ainda assim, tão parecido com ela quanto um irmão gêmeo, com exceção do cabelo, cortado

grosseiramente na altura do pescoço. Tinha os mesmo olhos de jade, nariz reto e boca séria.

Quando consegui perguntar à mulher idosa se ele também era seu parente, sorriu como se eu

não fosse muito esperto e me respondeu que, claro, era o seu sobrinho. Fez um sinal para que

eu não falasse, como se eu fosse uma criança, pois o rei Eyod estava discursando.

Ele falou devagar e cuidadosamente, mas, mesmo assim, fiquei satisfeito pelas conversas

com as carregadoras da liteira, pois fui capaz de compreender a maior parte do discurso.

Saudou-nos formalmente, incluindo Majestoso, pois disse que o tinha saudado antes apenas

como emissário do Rei Sagaz e que agora o saudava como o símbolo da presença do Príncipe

Veracidade. Augusto foi incluído na saudação, e foram oferecidos a ambos vários presentes,

punhais incrustados de joias, um óleo aromático precioso e luxuosas estolas de peles. Quando

as estolas foram colocadas sobre os seus ombros, pensei com desgosto que ambos agora se

pareciam mais com enfeites do que príncipes porque, em contraste gritante com os trajes

simples do rei Eyod e dos seus assistentes, Majestoso e Augusto estavam enfeitados com

pulseiras e anéis, e as suas vestimentas eram de tecidos opulentos e com um corte que não

revelava nenhuma preocupação, seja com economia, seja com comodidade. Aos meus olhos,

ambos pareciam enfeitados demais e fúteis, mas esperava que os nossos anfitriões pensassem

que a aparência bizarra fosse parte dos costumes estrangeiros.

E então, para minha grande tristeza, o rei chamou o seu assistente e apresentou-o à nossa

assembleia como sendo o príncipe Rurisk. A mulher ao lado dele era, claro, a Princesa

Kettricken, a prometida de Veracidade.

Finalmente compreendi que aquelas mulheres que tinham nos servido de carregadoras de

liteiras e que tinham nos oferecido bolo e vinho não eram servas, mas mulheres da casa real,

as avós, tias e primas da noiva de Veracidade, todas seguindo a tradição de Jhaampe de servir

o povo. Estremeci ao pensar que tinha conversado com elas de forma tão pessoal e casual, e

mais uma vez amaldiçoei Majestoso por não prever que aquilo pudesse acontecer e não nos

enviar mais informações sobre os costumes deles, em vez das longas listas de roupas e joias

para si próprio. A mulher idosa ao meu lado era, portanto, a própria irmã do rei. Acho que ela

deve ter percebido a minha confusão, pois me deu uma leve pancadinha no ombro e sorriu ao

ver as minhas bochechas coradas, enquanto eu tentava gaguejar um pedido de desculpas.

– Você não fez nada para se envergonhar – disse-me ela, e a seguir me pediu que não a

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