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para apertá-la. – Pronto. Fica muito bem nele, não acha, Renda?
– Muito – concordou Renda, ocupada com o seu eterno trançar.
Paciência me mandou embora com um gesto. Quando me levantei, ela disse:
– Lembre-se disto, Fitz. Quer você possa usar o Talento ou não, quer você use o nome dele
ou não, você é filho de Cavalaria. Trate de se comportar com honra. Agora vá, e veja se
dorme.
– Com a orelha assim? – perguntei, mostrando-lhe sangue na ponta dos dedos.
– Não pensei nisso. Desculpe... – começou, mas eu a interrompi.
– Tarde demais para pedir desculpas. Já a desculpei. E obrigado.
Renda ainda estava rindo quando eu fui embora.
Levantei cedo na manhã seguinte para assumir o meu posto na comitiva do casamento.
Presentes valiosos deviam ser levados como símbolo da nova união entre as famílias. Havia
presentes para a própria princesa Kettricken: uma elegante égua de raça, joias, tecidos para
roupas, servos e perfumes raros. E havia presentes para a sua família e seu povo. Cavalos,
falcões e ouro trabalhado para o pai e o irmão, é claro, mas os presentes mais importantes
eram os que seriam oferecidos ao reino, pois, de acordo com as tradições de Jhaampe, ela
pertencia mais ao povo do que à família. Portanto, havia animais destinados à reprodução,
gado, ovelhas, cavalos e aves, e poderosos arcos de teixo, os quais o povo da montanha não
tinha, e ferramentas de metal de bom ferro de Forja, e outros presentes considerados capazes
de melhorar a vida do povo da montanha. Havia conhecimento, na forma de vários dos
herbanários mais bem ilustrados de Penacarriço, várias tábuas de curas e um rolo de
pergaminho sobre falcoaria, que era uma cuidadosa cópia de um original escrito pelo próprio
Falcoeiro. Estes últimos, supostamente, eram o meu propósito em acompanhar a caravana.
Foram postas aos meus cuidados, juntamente com um generoso fornecimento de ervas e
raízes mencionadas no herbanário, sementes para cultivar aqueles que não podiam se manter
em bom estado durante a viagem. Não era um presente trivial, e encarreguei-me de assegurar
que seria bem entregue, com a mesma seriedade com que encarei a minha outra missão. Tudo
estava bem embalado e colocado dentro de uma arca de cedro entalhado. Estava verificando
os embrulhos uma última vez antes de levar o cesto para o terreiro, quando ouvi o Bobo atrás
de mim.
– Trouxe isso para você.
Eu me virei para encontrá-lo parado à porta de entrada do meu quarto. Não tinha ouvido
sequer a porta se abrir. Ele estendia para mim um saco de couro com um fecho de cordão.
– O que é isso? – perguntei, e tentei não deixá-lo perceber nem as flores, nem o boneco na
minha voz.
– Purga-do-mar.
Ergui as sobrancelhas.
– Um purgante? Como presente de casamento? Suponho que algumas pessoas o achariam
apropriado, mas as ervas que levo comigo podem ser plantadas e desenvolvidas nas
montanhas. Não creio que...
– Não é um presente de casamento. É para você.
Aceitei o saco com sentimentos contraditórios. Era um purgante excepcionalmente
poderoso.
– Obrigado por pensar em mim, mas normalmente não tenho propensão a indisposições em