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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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– Você. Eu. Até mesmo Veracidade, se ele achasse isso necessário para a sobrevivência do

reino – então ele se virou para me olhar. – Nunca se esqueça disso – disse.

Na noite antes de a comitiva do casamento partir de Torre do Cervo, Renda veio bater à

minha porta. Era tarde e, quando me disse que Paciência desejava me ver, perguntei

tolamente:

– Agora?

– Bem, você parte amanhã – observou Renda, e eu a segui obedientemente, como se isso

fizesse sentido.

Encontrei Paciência sentada numa cadeira almofadada, com uma túnica extravagantemente

bordada sobre as vestes de dormir.

O cabelo dela batia nos ombros e, enquanto eu me sentava onde me indicou, Renda

recomeçou a escová-lo.

– Fiquei esperando que você viesse me pedir desculpas – observou Paciência.

Abri imediatamente a boca para fazer isso, mas ela fez um gesto irritado com a mão para

que eu me calasse.

– Mas, ao discutir o assunto com Renda esta noite, descobri que já tinha te desculpado.

Rapazes, entendi, têm simplesmente uma certa dose de rudeza que necessitam expressar.

Entendi que você não tinha intenção de me ofender com a sua atitude; portanto, não há motivo

para você me pedir desculpas.

– Mesmo assim, sinto que lhe devo desculpas – protestei. – Apenas não consegui decidir

como deveria dizer...

– Agora é tarde demais para me pedir desculpas, visto que já te perdoei – disse ela

bruscamente. – Além disso, não há tempo. Tenho certeza de que você já devia estar dormindo

a esta hora. Mas como esta é a sua primeira verdadeira incursão na vida da corte, queria te

dar uma coisa antes de você partir.

Abri a boca e fechei-a logo outra vez. Se ela queria considerar essa a minha primeira

verdadeira incursão na vida da corte, não ia discutir isso com ela.

– Sente-se aqui – disse imperiosamente, e apontou para um lugar a seus pés.

Fui e me sentei obedientemente. Pela primeira vez, notei a pequena caixa que estava em

cima do colo dela. Era de madeira escura, com um veado entalhado na tampa, em baixorelevo.

Quando a abriu, senti um perfume de madeira aromática. Tirou de dentro dela um

brinco e segurou-o perto da minha orelha.

– Pequeno demais – murmurou. – Qual é o propósito de usar joias quando ninguém pode vêlas?

Segurou e descartou vários outros, com comentários semelhantes. Finalmente pegou um que

era como um pedaço de rede prateada com uma pedra azul presa nele. Fez uma careta ao olhar

para ele e assentiu com a cabeça relutantemente.

– Aquele homem tem gosto. Independentemente de todo o resto de que precisa, tem bom

gosto.

Segurou o brinco próximo da minha orelha outra vez e, sem nenhum aviso, enfiou o brinco

no meu lóbulo.

Soltei um berro e levei a mão à orelha, mas ela a afastou com um tapa.

– Não seja uma criancinha. Vai doer por um minuto apenas. – Havia uma espécie de fecho

que o prendia atrás da orelha, e ela dobrou a minha orelha com os dedos, sem misericórdia,

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