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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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– Você está tornando isso muito difícil para mim. Muito mais do que já era. Por quê? Por

que você fez de mim o que eu sou, se então tenta enfraquecer a minha determinação...? – A

minha pergunta se esvaneceu, formulada apenas pela metade.

– Eu acho que... deixe para lá. Talvez seja uma espécie de ciúmes meus, garoto. Fico

pensando, imagino, nas razões que levam Sagaz a usar você e não a mim. Talvez eu esteja com

medo de ter deixado de ser útil a ele. Talvez, agora que te conheço, deseje nunca ter

começado a fazer de você aquilo...

E agora era a vez de Breu perder a fala, os pensamentos indo para onde as palavras não

podiam segui-los.

Ficamos sentados, meditando sobre a minha missão. Aquilo não era servir à justiça do rei.

Não era uma sentença de morte por um crime. Era simplesmente a eliminação de um homem

que constituía um obstáculo para o poder maior. Fiquei sentado, quieto, até começar a

perguntar a mim mesmo se eu faria aquilo. Então levantei os olhos e vi uma faca de prata, para

cortar fruta, enterrada profundamente na prateleira em cima da lareira de Breu e pensei que

sabia a resposta.

– Veracidade fez uma reclamação, em seu nome – disse Breu subitamente.

– Reclamação? – perguntei numa voz debilitada.

– A Sagaz. Primeiro, que Galeno tinha te maltratado e ludibriado. Apresentou essa

reclamação formalmente, dizendo que Galeno tinha privado o reino do seu Talento, num

momento em que teria sido muito útil. Sugeriu a Sagaz, informalmente, que acertasse as contas

com Galeno, antes que você se vingasse com suas próprias mãos.

Olhando para o rosto de Breu, pude ver que todo conteúdo da minha discussão com

Veracidade tinha sido revelado a ele. Não tinha certeza de como me sentia a respeito disso.

– Não faria isso, vingar-me de Galeno com minhas próprias mãos. Não depois de

Veracidade me pedir que não fizesse isso.

Breu me deu um olhar de aprovação tranquila.

– Eu disse isso para Sagaz. Mas ele me disse para te informar que ele dará um jeito nisso.

Dessa vez o rei fará a sua própria justiça. Aguarde e ficará satisfeito.

– O que ele vai fazer?

– Isso eu não sei. Não acho que o próprio Sagaz já saiba. O homem tem de ser repreendido.

Mas temos de considerar que, se queremos treinar outros círculos, Galeno não deve se sentir

muito maltratado – Breu pigarreou e disse mais tranquilamente: – Veracidade fez também

outra reclamação ao rei. Acusou-nos, a Sagaz e a mim, sem rodeios, de sermos capazes de te

sacrificar para o bem do reino.

Isso, eu soube de repente, havia sido a razão por que Breu tinha me chamado naquela noite.

Fiquei calado.

Breu falou mais lentamente:

– Sagaz declarou não ter sequer considerado a possibilidade. Da minha parte, não tinha

ideia de que uma coisa dessas fosse possível – suspirou outra vez, como se dizer essas

palavras fosse um custo para ele. – Sagaz é um rei, garoto. A sua preocupação deve ser

sempre, em primeiro lugar, o reino.

O silêncio se instalou entre nós.

– Você está me dizendo que ele me sacrificaria. Sem nenhuma piedade.

Ele não tirou os olhos da lareira.

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