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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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espaço de um mês, duas aldeias foram incendiadas e um total de trinta e dois habitantes

levados para serem forjados. Dezenove deles transportavam os já populares frasquinhos de

veneno e decidiram cometer suicídio. Um terceiro povoado, mais populoso, foi defendido com

sucesso, não pelas tropas reais, mas por uma milícia de mercenários que a própria população

tinha organizado e contratado. Muitos dos guerreiros, ironicamente, eram imigrantes Ilhéus,

usando um dos poucos talentos que possuíam. Os murmúrios contra a aparente inatividade do

rei aumentaram.

Não serviu de muito tentar explicar a eles o trabalho de Veracidade e do círculo. O que as

pessoas queriam e o que necessitavam era dos seus próprios navios de guerra defendendo a

linha costeira. Mas navios levam tempo para serem construídos, e os navios mercantes

adaptados que já andavam na água eram coisas gordas e pesadas, se comparados com os ágeis

Navios Vermelhos que nos assediavam. Por volta da primavera, promessas de navios de

guerra constituíam um leve conforto para os lavradores e pastores que tentavam proteger as

colheitas e rebanhos daquele ano. Os Ducados do Interior, sem acesso ao mar, vociferavam

cada vez mais alto suas queixas contra o pagamento de impostos mais pesados com o

propósito de serem empregados na construção de navios de guerra para proteger a linha

costeira de que não faziam parte. Por sua vez, os líderes dos Ducados Costeiros perguntavam

sarcasticamente como o povo do interior faria sem os seus portos e navios mercantes para

exportar as mercadorias. Durante pelo menos uma reunião do Conselho de Estado, houve um

turbulento bate-boca em que o Duque Áries de Lavra sugeriu que seria uma perda pequena

ceder as Ilhas Próximas e o Ponto Pele aos Navios Vermelhos se isso abrandasse os ataques, e

o Duque Forde de Vigas retaliou, ameaçando parar todo o tráfego comercial pelo rio Urso,

para ver se Lavra achava isso uma perda pequena. O Rei Sagaz conseguiu suspender o

conselho antes que chegassem às vias de fato, mas não antes de o Duque de Vara ter deixado

claro que estava do lado de Lavra. As linhas de divisão tornavam-se mais marcadas a cada

mês que passava e a cada distribuição de impostos. Claramente, algo era necessário para

reconstruir a unidade do reino, e Sagaz estava convencido de que esse algo era um casamento

real.

E assim Majestoso dançou os passos diplomáticos, e foi combinado que a Princesa

Kettricken faria os votos a Majestoso, que agiria como representante do irmão, com todo o seu

povo servindo de testemunha, e que a palavra de Veracidade seria dada pelo irmão. Uma

segunda cerimônia se seguiria, é claro, em Torre do Cervo, com representantes adequados do

povo de Kettricken presenciando o evento. Até lá, Majestoso continuava na capital do Reino

da Montanha em Jhaampe. Sua presença lá criava um fluxo regular de emissários, presentes e

mantimentos entre Torre do Cervo e Jhaampe. Rara era a semana que se passava sem que um

desfile partisse ou chegasse, o que mantinha Torre do Cervo num rebuliço constante.

Parecia-me uma forma embaraçosa e deselegante de começar um casamento. Ambos

estariam casados quase um mês antes de se verem. Mas os expedientes políticos eram mais

importantes do que os sentimentos dos principais participantes, e as celebrações separadas

foram planejadas.

Eu tinha me recuperado já havia bastante tempo da vez em que Veracidade drenou a minha

força. Estava levando mais tempo para compreender por completo o que a névoa colocada por

Galeno na minha mente tinha feito comigo. Creio que o teria confrontado, apesar do conselho

de Veracidade, mas Galeno estava fora de Torre do Cervo. Tinha partido na companhia de um

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