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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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e o cobertor que eu tinha trazido antes tinha sido estendido em cima de mim. Veracidade

estava em pé, debruçando-se na janela. Tremia com o esforço, e o Talento que estava

manipulando era como um forte bater de ondas que eu quase podia sentir.

– Contra os rochedos – disse, com profunda satisfação, e virou as costas à janela. Sorriu

para mim, um sorriso velho e feroz, que se apagou lentamente enquanto me olhava.

– Como um cordeiro para a matança – disse pesaroso. – Devia ter percebido que você não

tinha ideia do que estava dizendo.

– O que aconteceu comigo? – consegui perguntar.

Meus dentes batiam uns contra os outros, e o meu corpo tremia todo como se estivesse

resfriado. Senti que os meus ossos iam chacoalhar até saírem das juntas.

– Você me ofereceu a sua força. E eu a peguei – serviu uma xícara de chá e ajoelhou-se

para levá-la à minha boca. – Beba devagar. Eu estava com pressa. Não te disse antes que

Cavalaria era como um touro usando o Talento? O que eu devo dizer sobre mim mesmo,

então?

Tinha a sua velha sinceridade e boa natureza de volta. Esse era um Veracidade que eu não

via há meses. Consegui tomar um gole de chá e senti o sabor picante do casco-de-elfo na boca

e na garganta. Os tremores diminuíram. Veracidade tomou um gole casual da caneca.

– Antigamente – ele disse – um rei drenava poder do seu círculo. Meia dúzia de homens ou

mais, todos sintonizados uns com os outros, capazes de juntar as suas forças e oferecê-las

quando necessário. Era esse o verdadeiro propósito. Disponibilizar força ao rei, ou ao seu

homem-chave. Não creio que Galeno compreenda isso. O seu círculo é uma coisa imaginada

por ele. São como cavalos, touros e burros, todos colocados juntos. Nada como um

verdadeiro círculo. Falta a eles a união da mente.

– Você drenou a minha força?

– Sim. Acredite em mim, garoto, não teria feito isso, mas tive uma necessidade súbita e

pensei que você sabia o que tinha me oferecido. Você até se referiu a si mesmo como um

homem do rei, o velho termo. E visto sermos tão próximos de sangue, sabia que podia utilizar

a sua força – ele descansou a caneca na bandeja com um baque. O seu descontentamento

tornava a sua voz mais profunda. – Sagaz. Ele faz as coisas acontecerem, rodas girarem,

pêndulos balançarem. Não foi por acidente que você foi escolhido para me trazer as refeições,

garoto. Ele estava te colocando à minha disposição.

Deu uma volta rápida pelo quarto e então parou, ao meu lado:

– Não acontecerá outra vez.

– Não foi assim tão ruim – eu disse, numa voz debilitada.

– Não? Então por que é que você não tenta ficar em pé? Ou até mesmo se sentar? Você é

apenas um garoto, sozinho, e não um círculo. Se eu não tivesse percebido a sua ignorância e

me retirado, poderia ter te matado. O seu coração e respiração teriam simplesmente parado.

Não te drenarei desse jeito, por quem quer que seja – ele se inclinou e, sem esforço, me

levantou e me colocou na sua cadeira. – Sente-se aqui um pouco. E coma. Não preciso disso

agora. E quando estiver melhor, vá até Sagaz, da minha parte. Comunique-lhe que eu disse que

você é uma distração. Quero um rapaz da cozinha para trazer as minhas refeições, de agora em

diante.

– Veracidade – comecei.

– Não – ele me corrigiu. – Diga “meu príncipe”. Porque nisso eu sou o seu príncipe e não

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