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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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atrás. Agora era esse fantoche oco e malvado, cujos olhos embaçados de repente se

acenderam com cobiça enquanto dizia: – Capa. Quero a sua capa.

Ela parecia satisfeita por ter formulado esse pensamento, e isso a deixou suficientemente

descuidada para me dar a oportunidade de desferir um golpe no seu queixo. Olhou atônita para

o ferimento e continuou a mancar na minha direção.

– Capa – ecoou o outro. Por um momento, eles se entreolharam, percebendo estupidamente

a sua rivalidade. – Eu. Minha – acrescentou.

– Não. Eu te mato – respondeu ela calmamente. – E mato você também – lembrou-se de

mim e aproximou-se outra vez. Agitei o cajado na sua direção, mas ela saltou para trás e

tentou agarrá-lo quando passou ao seu lado. Virei-me bem a tempo de desferir um golpe

naquele cujo pulso eu já tinha machucado. Então saltei por cima dele e desci correndo pela

estrada. Corri desajeitadamente, segurando o cajado com uma mão enquanto me debatia com a

fivela da capa com a outra. Por fim, a capa se soltou, e eu a deixei cair enquanto continuava

correndo. Uma impressão de que as minhas pernas eram feitas de borracha me avisou que essa

era a minha última cartada. Mas, alguns momentos depois, eles devem ter chegado até a capa,

pois ouvi gritos raivosos e urros enquanto lutavam entre si por ela. Rezei para que aquilo

fosse suficiente para ocupar todos os quatro e continuei correndo. Cheguei a uma curva na

estrada, não muito acentuada, mas suficiente para me tirar da linha de visão deles. Ainda

assim, continuei a correr e, depois, a caminhar apressadamente enquanto podia, antes de ousar

olhar para trás. A estrada reluzia, ampla e vazia, atrás de mim. Eu me esforcei para continuar

em frente e, quando vi um lugar apropriado, abandonei a estrada.

Encontrei um denso grupo de arbustos e forcei caminho pelo meio deles. Tremendo e

exausto, eu me agachei no meio daqueles arbustos cheios de espinhos e me esforcei para tentar

ouvir qualquer sinal de perseguição. Tomei golinhos de água e tentei me acalmar. Não tinha

tempo para esse atraso; tinha de voltar a Torre do Cervo, mas não ousei sair dali.

Ainda é inconcebível para mim que eu tenha adormecido naquele lugar, mas foi o que fiz.

Despertei aos poucos. Atordoado, tive certeza de que estava me recuperando de alguma

ferida grave ou de uma doença de longa duração. Meus olhos estavam pegajosos, a boca

inchada e amarga. Forcei-me a abrir as pálpebras e olhei em volta, sentindo-me totalmente

desnorteado. A luz estava diminuindo, e nuvens cinzentas venciam a lua.

Minha exaustão era tão grande que eu tinha me inclinado sobre os arbustos cheios de

espinhos e dormido, apesar das inúmeras picadas. Libertei-me dos espinhos com muita

dificuldade, deixando pedaços de roupa, cabelo e pele para trás. Saí do meu esconderijo tão

cautelosamente quanto qualquer animal perseguido, não só sondando o mais longe que os meus

sentidos me permitiam, mas farejando também o ar e mirando tudo ao meu redor. Sabia que

isso não me revelaria nenhum Forjado, mas esperava que, se eles estivessem por perto, os

animais da floresta os tivessem visto e reagido. Mas tudo estava quieto.

Retomei cautelosamente a estrada. Era larga e estava vazia. Olhei uma vez para o céu e

recomecei a caminhar em direção a Forja. Fui me mantendo sempre perto da beira da estrada,

onde as sombras das árvores eram mais densas. Tentei me mover ao mesmo tempo depressa e

silenciosamente, e não consegui fazer nenhuma das duas coisas tão bem quanto queria. Tinha

parado de pensar no que quer que fosse, exceto em ser cauteloso e na necessidade de voltar

para Torre do Cervo. A vida de Ferreirinho era o mais tênue vínculo na minha mente. Penso

que a única emoção ainda ativa em mim era o medo que me mantinha olhando para trás e

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