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era escoltado à liteira e ajudado a entrar.
Seguiram-se um dia e meio terríveis. A liteira balançava e, sem ar fresco no rosto e
nenhuma paisagem para me distrair, logo me senti enjoado. O homem que guiava os cavalos
tinha feito uma jura de silêncio e manteve a palavra. Fizemos uma pausa breve nessa noite.
Recebi uma parca refeição – pão, queijo e água –, então fui transportado outra vez e os
solavancos e sacudidelas recomeçaram.
Por volta do meio-dia do dia seguinte, a liteira ficou imóvel. Fui assistido para descer da
liteira. Nenhuma palavra foi dita para mim, e fiquei em pé, rígido, com a cabeça latejando e os
olhos vendados, debaixo de um vento forte. Quando ouvi os cavalos partindo, entendi que
tinha chegado ao meu destino e comecei a desatar a venda. Galeno a tinha apertado bem e
levei algum tempo para tirá-la.
Estava na encosta de um monte, coberta de mato. O meu acompanhante já ia longe por uma
estrada que serpenteava para lá da base do monte, movendo-se rapidamente. O mato batia nos
meus joelhos, ressecado pelo inverno, mas verde na base. Podia ver outros montes verdejantes
com pedras salientes nas laterais e faixas de árvores que se refugiavam nos sopés. Encolhi os
ombros e olhei em volta, tentando me localizar. Era uma região acidentada, mas eu conseguia
sentir o cheiro do mar e uma maré baixa em algum lugar a leste. Tinha a sensação inquietante
de que aquela região me era familiar; não que tivesse estado naquele exato lugar antes, mas
que a aparência geral daquela área, de alguma forma, me dizia algo. Olhei em volta e, para
oeste, vi a Sentinela. Não tinha como confundir o dente duplo bem no topo. Tinha copiado um
mapa para Penacarriço havia menos de um ano, e o criador tinha escolhido o pico
característico da Sentinela como motivo para a margem ornamentada. Portanto, o mar ali, a
Sentinela acolá e, com um súbito aperto no estômago, soube onde estava. Nas imediações de
Forja.
Dei por mim rodopiando rapidamente, observando a encosta do monte, os bosques e a
estrada. Não havia quaisquer sinais de indivíduos. Sondei em volta, quase freneticamente, mas
achei apenas pássaros, pequenos mamíferos e um cervo, que levantou a cabeça e farejou o ar,
tentando perceber o que eu era. Por um momento, senti-me reconfortado, até me lembrar que
os Forjados que eu tinha encontrado antes não eram detectados pelo meu sentido especial.
Desci o monte até onde várias rochas se salientavam da encosta e sentei-me ao abrigo
delas. Não que o vento fosse frio, pois o dia prometia logo a primavera, mas queria ter algo
firme para apoiar minhas costas e sentir que eu não era um alvo tão óbvio quanto seria no topo
do monte. Tentei pensar friamente no que fazer em seguida. Galeno tinha sugerido que
ficássemos quietos no lugar onde fôssemos deixados, meditando e mantendo os sentidos
abertos. Em algum lugar, nos próximos dois dias, ele deveria tentar me contactar.
Nada tira mais o ânimo de um homem do que ter a expectativa de falhar. Não acreditava
muito que ele realmente fosse tentar me contactar, e muito menos que eu fosse receber alguma
impressão clara, caso ele fizesse isso. Nem tinha certeza de que o local que ele havia
escolhido para eu ser deixado fosse seguro. Sem pensar muito mais do que isso, eu me
levantei, sondando mais uma vez a área à procura de alguém que pudesse estar me
observando, e então comecei a andar rumo ao cheiro do mar. Se eu estivesse onde supunha,
seria capaz de ver da costa a Ilha da Armação, e, num dia claro, a Ilha do Linho. Uma dessas
seria suficiente para me dizer o quão longe de Forja eu estava.
Enquanto andava, dizia a mim mesmo que apenas queria ver quão longa seria minha