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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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subitamente para ele.

– Eu não ia fazer isso – respondi, taciturno. Ou me colocaria honestamente à prova de

Galeno, ou não faria isso de maneira nenhuma.

– Você não tem nenhuma chance de passar neste teste que ele inventou, não é? – o tom de

Bronco era casual, mas eu podia ouvir como ele se preparava para ser desapontado pela

resposta.

– Nenhuma – respondi secamente, e ficamos ambos silenciosos por um momento, escutando

o fim daquela palavra.

– Bem – ele pigarreou e ajustou o cinto. – Então é melhor dar logo um fim nisso e voltar

para cá. Não significa que você não tenha tido sorte com o resto da sua aprendizagem. Não se

pode esperar que um homem seja bem-sucedido em tudo o que tenta – ele tentava fazer o meu

fracasso no Talento soar como uma coisa de pouca importância.

– Suponho que não. Você vai tomar conta do Ferreirinho enquanto eu estiver fora?

– Sim – ele já estava se virando para sair e então se voltou outra vez para mim, quase

relutantemente. – Esse cão vai sentir muito a sua falta?

Ouvi sua outra pergunta, mas tentei evitá-la.

– Não sei. Tive de deixá-lo tanto tempo sozinho durante as minhas lições que imagino que

ele nem vá sentir a minha falta.

– Duvido disso – falou Bronco com desânimo. Virou-se para sair. – Duvido mesmo muito

disso – ele disse enquanto se afastava por entre as baias. E soube que ele sabia, e que estava

enojado, e não apenas por eu partilhar uma ligação com Ferreirinho mas também por me

recusar a admitir isso.

– Como se fosse uma opção admitir isso para ele – resmunguei para Fuligem. Despedi-me

dos meus animais, tentando explicar a Ferreirinho que várias refeições e noites se passariam

antes de me ver outra vez. Abanou-se, sacudiu a cauda e protestou que eu devia levá-lo

comigo, que ia precisar dele. Ele já era grande demais para que eu pudesse levantá-lo e

abraçá-lo. Sentei-me no chão, ele veio para o meu colo e eu o abracei. Ele era tão quente e

seguro, tão próximo e real. Por um momento, senti o quão certo ele estava, que ia precisar

dele para ser capaz de sobreviver a esse fracasso. Mas lembrei que ele estaria aqui,

esperando por mim quando chegasse, e lhe prometi vários dias do meu tempo só para ele

quando voltasse. Eu o levaria numa longa caçada, para a qual não tínhamos tido tempo antes.

Agora, ele sugeriu, e em breve, eu prometi. Então subi de volta à torre para preparar uma

muda de roupas e um pouco de comida para a viagem.

A manhã seguinte teve muita pompa e teatro e pouco bom senso, na minha opinião. Os

outros que iam ser testados pareciam debilitados e entusiasmados. Dos oito que se

preparavam para partir, eu era o único que parecia pouco impressionado pelos cavalos

inquietos e pelas oito liteiras cobertas. Galeno nos alinhou e nos vendou enquanto mais de

sessenta pessoas nos observavam. A maioria era composta de familiares, ou amigos, ou

bisbilhoteiros da torre. Galeno fez um breve discurso, aparentemente para nós, mas nos

dizendo o que já sabíamos: que seríamos levados para locais diferentes e lá deixados; que

teríamos de trabalhar em conjunto, usando o Talento, para que fizéssemos os nossos caminhos

de volta à torre; que, se conseguíssemos, nós nos tornaríamos um círculo, serviríamos

magnificentemente ao nosso rei e seríamos essenciais na derrota dos Salteadores dos Navios

Vermelhos. Essa última parte impressionou os espectadores, pois ouvi murmúrios enquanto

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