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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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sempre atrás de Sagaz, mas nunca tinha pensado nele como um verdadeiro príncipe. Ouvir o

nome dele aparecer numa discussão daquelas me espantou.

– Tornou-se o favorito do pai – resmungou Breu. – Sagaz não tem feito mais do que estragálo

com mimos desde que a rainha morreu. Tenta comprar o coração do rapaz com presentes,

agora que a mãe não está aí para reclamar a sua lealdade. E Majestoso tira proveito disso. Diz

apenas o que o velho quer ouvir, e Sagaz lhe dá liberdade demais. Deixa-o vagueando por aí,

esbanjando dinheiro em visitas inúteis a Vara e a Lavra, onde o povo de sua mãe o enche de

manias de grandeza. O rapaz devia ser mantido em casa e forçado a prestar contas de como

ocupa o seu tempo. E o dinheiro do rei. O que ele gasta se divertindo dava para equipar um

navio de guerra.

E então, subitamente irritado:

– Isso está muito quente! Você vai estragar tudo, tire-o logo daí.

Mas as palavras vieram tarde demais, pois o cadinho estalou num ruído que parecia gelo se

partindo, e o conteúdo encheu a torre de Breu de um fumo acre que pôs fim a todas as lições e

conversas daquela noite.

Não fui chamado de novo durante algum tempo. As outras lições continuaram, mas sentia

falta de Breu, à medida que as semanas passavam e ele não me chamava. Sabia que não estava

chateado comigo, mas com muitas preo-cupações. Quando um dia, num momento ocioso,

sondei a mente dele, senti apenas segredo e discórdia. E uma pancada na nuca, quando Bronco

me pegou fazendo isso.

– Pare! – disse, num assobio, e ignorou o meu olhar dissimulado de inocência assustada.

Olhou de relance a baia que eu estava limpando como se esperasse encontrar um cão ou um

gato escondido em um canto.

– Não tem nada aqui! – exclamou.

– Apenas estrume e palha – concordei, esfregando a nuca.

– Então você estava fazendo o quê?

– Sonhando – murmurei. – Só isso.

– Você não me engana, Fitz – resmungou. E não vou tolerar isso. Não no meu estábulo.

Você não vai perverter os meus animais com isso. Ou degradar o sangue de Cavalaria.

Lembre-se do que eu te disse.

Cerrei os dentes, baixei os olhos e continuei trabalhando. Passado algum tempo, ouvi-o

suspirar e sair. Continuei a limpar o estábulo com o ancinho, jurando nunca mais deixar

Bronco me flagrar.

O resto do verão foi um turbilhão de acontecimentos que acho difícil lembrar em que ordem

as coisas se passaram. De um dia para o outro, mesmo a sensação do ar pareceu mudar.

Quando ia ao povoado, as conversas eram todas sobre fortificações e estar a postos. Apenas

mais dois vilarejos foram Forjados naquele verão, mas parecia que havia sido centenas, a

julgar pelas narrativas que eram repetidas e exaltadas de boca em boca.

– Até parece que é apenas disso que todo mundo vai falar de agora em diante – queixou-se

Moli.

Passeávamos ao longo da Grande Praia, à luz do sol de uma tarde de verão. O vento que

vinha da água era de um frescor bem-vindo depois de um dia de calor abafado. Bronco tinha

sido chamado em Boca da Nascente para ver se conseguia descobrir por que é que todo o

gado da região estava desenvolvendo chagas grandes no pelo. Para mim, isso significava

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