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preocupar com as torres, e o próprio Veracidade sofrendo um ataque a uma aldeia de Torre do
Cervo. Caramba! Tem tanta coisa que não sabemos. Como os Salteadores conseguiram passar
pelas nossas torres sem serem avistados? Como eles souberam que Veracidade estava longe
de Torre do Cervo, em Baía Limpa? Ou será que não sabiam? Será que tiveram sorte? E o que
significa esse ultimato estranho? É uma ameaça ou uma piada?
Por um momento, cavalgou em silêncio.
– Gostaria de saber como Sagaz está agindo. Quando me enviou o mensageiro, ainda não
tinha decidido. Pode ser que cheguemos a Forja para descobrir que ele já cuidou de tudo. E eu
gostaria de saber exatamente que mensagem ele enviou via Talento para Veracidade. Dizem
que antigamente, quando mais gente era treinada no Talento, um homem podia saber o que o
seu líder estava pensando simplesmente ficando em silêncio e atento por algum tempo. Mas
isso pode ser apenas uma lenda. Não há muitos que sejam ensinados para usar o
Talento nos dias de hoje. Penso que foi o Rei Generoso quem decidiu isso. Se o Talento se
mantivesse mais secreto, reservado como ferramenta da elite, seria mais valioso. Era essa a
lógica, naqueles tempos. Eu nunca a compreendi. E se dissessem o mesmo de bons arqueiros
ou navegadores? Por outro lado, suponho que uma aura de mistério pode conferir a um líder
mais prestígio entre os seus homens ou, para um homem como Sagaz... Ora, ele gostaria de
deixar os súditos com a impressão de que ele realmente pode saber o que eles pensam sem
que pronunciem uma palavra sequer. Sim, Sagaz gostaria disso.
Primeiro, pensei que Breu estivesse muito preocupado, ou até com raiva. Nunca o tinha
ouvido divagar tanto sobre um assunto. Mas, quando o seu cavalo se sobressaltou por causa de
um esquilo que atravessou o seu caminho, Breu quase caiu da sela. Estiquei a mão e alcancei
as rédeas dele.
– Está bem? O que está acontecendo?
Ele abanou a cabeça lentamente.
– Nada. Quando alcançarmos o barco, ficarei bem. Temos apenas de continuar. Já não
estamos muito longe.
A pele pálida tinha ficado cinza e, a cada passo do baio, ele vacilava na sela.
– Vamos descansar um pouco – sugeri.
– As marés não esperam. E o descanso não me ajudaria, não o tipo de descanso que eu
desfrutaria se parássemos agora, preocupado como estou com a possibilidade de o nosso
barco se despedaçar contra as rochas. Não. Temos de continuar.
E acrescentou:
– Confie em mim, garoto. Sei o que posso fazer, e não sou tão tolo a ponto de fazer mais do
que isso.
Portanto, continuamos. Havia pouco mais que pudéssemos fazer. Tive, contudo, o cuidado
de cavalgar perto da cabeça do cavalo dele, de onde poderia pegar as rédeas, caso fosse
preciso. O barulho do oceano ficava cada vez mais alto, e a trilha, muito mais íngreme. Logo
me vi liderando a marcha, quisesse eu ou não.
Nós nos livramos da vegetação assim que alcançamos uma falésia com vista para uma praia
arenosa.
– Graças a Eda, estão aqui – murmurou Breu atrás de mim, e então eu vi a embarcação rasa
quase encalhada, próxima ao cabo.
Um homem que estava de vigia gritou para chamar a nossa atenção e acenou com o gorro.