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O Aprendiz De Assassino - Saga - Robin Hobb

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passagem imediata pelos guardas, que tinham sido previamente avisados da minha chegada.

Dentro do povoado, virei duas vezes na direção errada. Tudo parecia diferente à noite e

não tinha prestado muita atenção ao caminho da primeira vez. Por fim, encontrei o pátio da

estalagem. A dona do estabelecimento, preocupada, estava acordada e tinha uma luz acesa à

janela.

– Ela está gemendo e chamando por você faz quase uma hora – disse-me ansiosamente. –

Temo que seja sério, mas ela não deixa ninguém entrar, a não ser você.

Corri pelo corredor em direção à porta dela. Bati com cautela, meio à espera de ouvir a voz

estridente me dizer que fosse embora e que parasse de importuná-la. Em vez disso, uma voz

trêmula me chamou:

– Oh, Fitz, é você finalmente. Ande logo, garoto. Preciso de você.

Inspirei fundo e levantei a tranca. Entrei na semiescuridão do quarto mal ventilado,

segurando a respiração em defesa contra os vários odores que atacavam as minhas narinas.

Um fedor de morte dificilmente poderia ser pior do que isso, pensei.

A única luz no quarto provinha de uma só vela que estava derretendo no suporte. Peguei-a e

aventurei-me para mais perto da cama.

– Dama Timo? – perguntei suavemente. – Qual é o problema?

– Garoto – a voz calma vinha de um canto escuro do quarto.

– Breu – disse, e não me lembrava de ter me sentido tão tolo alguma vez na vida.

– Não há tempo para explicar tudo. Não se sinta mal, garoto. Dama Timo tem enganado

muita gente ao longo do tempo, e vai continuar fazendo isso. Pelo menos espero que seja

assim. Agora. Confie em mim e não faça perguntas. Faça apenas o que eu te disser. Primeiro,

vá até a dona da estalagem. Diga-lhe que a Dama Timo teve um dos seus ataques e que precisa

repousar por alguns dias. Diga-lhe que de forma alguma ela deve ser incomodada. E que a sua

bisneta virá tomar conta dela.

– Quem?

– Isso já foi arranjado. E diga que a bisneta trará comida e todo o resto de que ela precisa,

enfatize que a Dama Timo precisa de silêncio e deve ser deixada sozinha. Vá e faça isso

agora.

E assim eu fiz, e minha agitação era suficiente para ser bem convincente. A dona da

estalagem me prometeu que não deixaria ninguém bater sequer à porta, pois não queria

arriscar estragar a boa imagem que a Dama Timo tinha da sua estalagem e do seu negócio.

Pelo que captei, a Dama Timo lhe pagava generosamente.

Voltei a entrar no quarto, silenciosamente, fechando a porta de leve atrás de mim. Breu

baixou a tranca e acendeu uma vela nova. Estendeu um pequeno mapa ao lado desta, sobre a

mesa. Notei que ele estava vestido para viajar – capa, botas, gibão e calças, tudo preto. De

súbito, parecia um homem diferente, em boa forma e enérgico. Comecei a pensar se o velho

nas vestes gastas pelo uso não seria também um disfarce. Levantou os olhos para me olhar de

relance e, por um momento, poderia jurar que era Veracidade, o soldado, quem me encarava,

mas ele não me deu tempo para suposições.

– As coisas aqui vão ter de acontecer independentemente do que houver entre Veracidade e

Calvar. Você e eu temos trabalho à nossa espera no outro lado. Recebi uma mensagem. Os

Salteadores dos Navios Vermelhos atacaram aqui, em Forja. Tão perto de Torre do Cervo que

é mais do que apenas um insulto: é uma verdadeira ameaça. E será levada a cabo enquanto

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