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passagem imediata pelos guardas, que tinham sido previamente avisados da minha chegada.
Dentro do povoado, virei duas vezes na direção errada. Tudo parecia diferente à noite e
não tinha prestado muita atenção ao caminho da primeira vez. Por fim, encontrei o pátio da
estalagem. A dona do estabelecimento, preocupada, estava acordada e tinha uma luz acesa à
janela.
– Ela está gemendo e chamando por você faz quase uma hora – disse-me ansiosamente. –
Temo que seja sério, mas ela não deixa ninguém entrar, a não ser você.
Corri pelo corredor em direção à porta dela. Bati com cautela, meio à espera de ouvir a voz
estridente me dizer que fosse embora e que parasse de importuná-la. Em vez disso, uma voz
trêmula me chamou:
– Oh, Fitz, é você finalmente. Ande logo, garoto. Preciso de você.
Inspirei fundo e levantei a tranca. Entrei na semiescuridão do quarto mal ventilado,
segurando a respiração em defesa contra os vários odores que atacavam as minhas narinas.
Um fedor de morte dificilmente poderia ser pior do que isso, pensei.
A única luz no quarto provinha de uma só vela que estava derretendo no suporte. Peguei-a e
aventurei-me para mais perto da cama.
– Dama Timo? – perguntei suavemente. – Qual é o problema?
– Garoto – a voz calma vinha de um canto escuro do quarto.
– Breu – disse, e não me lembrava de ter me sentido tão tolo alguma vez na vida.
– Não há tempo para explicar tudo. Não se sinta mal, garoto. Dama Timo tem enganado
muita gente ao longo do tempo, e vai continuar fazendo isso. Pelo menos espero que seja
assim. Agora. Confie em mim e não faça perguntas. Faça apenas o que eu te disser. Primeiro,
vá até a dona da estalagem. Diga-lhe que a Dama Timo teve um dos seus ataques e que precisa
repousar por alguns dias. Diga-lhe que de forma alguma ela deve ser incomodada. E que a sua
bisneta virá tomar conta dela.
– Quem?
– Isso já foi arranjado. E diga que a bisneta trará comida e todo o resto de que ela precisa,
enfatize que a Dama Timo precisa de silêncio e deve ser deixada sozinha. Vá e faça isso
agora.
E assim eu fiz, e minha agitação era suficiente para ser bem convincente. A dona da
estalagem me prometeu que não deixaria ninguém bater sequer à porta, pois não queria
arriscar estragar a boa imagem que a Dama Timo tinha da sua estalagem e do seu negócio.
Pelo que captei, a Dama Timo lhe pagava generosamente.
Voltei a entrar no quarto, silenciosamente, fechando a porta de leve atrás de mim. Breu
baixou a tranca e acendeu uma vela nova. Estendeu um pequeno mapa ao lado desta, sobre a
mesa. Notei que ele estava vestido para viajar – capa, botas, gibão e calças, tudo preto. De
súbito, parecia um homem diferente, em boa forma e enérgico. Comecei a pensar se o velho
nas vestes gastas pelo uso não seria também um disfarce. Levantou os olhos para me olhar de
relance e, por um momento, poderia jurar que era Veracidade, o soldado, quem me encarava,
mas ele não me deu tempo para suposições.
– As coisas aqui vão ter de acontecer independentemente do que houver entre Veracidade e
Calvar. Você e eu temos trabalho à nossa espera no outro lado. Recebi uma mensagem. Os
Salteadores dos Navios Vermelhos atacaram aqui, em Forja. Tão perto de Torre do Cervo que
é mais do que apenas um insulto: é uma verdadeira ameaça. E será levada a cabo enquanto