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se para mim.
– E então? O que tem para me contar?
Fiz um relatório para ele como costumava fazer para Breu, contando-lhe tudo o que tinha
ouvido dizer, tão fielmente quanto podia, e indicando quem tinha falado e com quem. Por fim,
acrescentei as minhas próprias suposições sobre o significado daquilo tudo.
– Calvar é um homem que tomou uma esposa jovem, a qual se impressiona facilmente com
opulência e prendas – concluí. – Não faz a menor ideia das responsabilidades da própria
posição, quanto mais das da dele. Calvar desvia dinheiro, tempo e pensamentos dos seus
deveres para encantá-la. Se não fosse desrespeitoso dizer isto, eu imaginaria que a virilidade
dele começa a falhar, e que, em troca, procura satisfazer a jovem esposa com prendas.
Veracidade suspirou pesadamente. Tinha se jogado para cima da cama durante a segunda
parte do meu discurso. Agora cutucava o travesseiro mole demais e o dobrava para que
oferecesse mais apoio à cabeça.
– Maldito Cavalaria – disse de forma distraída. – Este é o tipo de problema para ele, e não
para mim. Fitz, você fala como seu pai. E, se ele estivesse aqui, encontraria uma forma sutil
de lidar com a situação. Neste momento, Cav já teria resolvido o assunto, com um dos seus
sorrisos e um beijo na mão de alguém. Mas não é a minha maneira de fazer as coisas e não vou
fingir que seja.
Mexeu-se na cama desconfortavelmente, como se esperasse que eu o criticasse pela forma
como cumpria os seus deveres.
– Calvar é um homem e um duque. Tem obrigações. Deve guardar aquela torre de forma
adequada. É suficientemente simples, e eu tenho intenção de dizer isso a ele sem rodeios. Que
ponha soldados decentes na torre e que os mantenha lá, e contentes o suficiente para fazerem o
trabalho deles. Isso me parece simples. E não vou fazer disso uma dança diplomática.
Mexeu-se pesadamente na cama e então, de forma abrupta, virou as costas para mim.
– Apague a luz, Carimo.
E foi o que Carimo fez, tão de prontidão que fiquei em pé no escuro e tive de tatear o
caminho para fora do quarto e de volta à minha cama. Enquanto estava deitado, ponderei a
incapacidade demonstrada por Veracidade para ver mais do que uma pequena parte do
problema. É certo que podia forçar Calvar a guardar a torre, mas não podia forçá-lo a fazer
isso de forma competente, ou a sentir-se empenhado e orgulhoso disso. Para obter esse tipo de
coisa era necessário recorrer à diplomacia. E medidas a respeito dos trabalhos na estrada, da
manutenção das fortificações e do problema dos salteadores? Todos esses problemas tinham
de ser remediados. E de uma forma que o orgulho de Calvar fosse mantido intacto, e que a sua
posição em relação ao Duque Senxão fosse simultaneamente corrigida e afirmada. E alguém
tinha de levar a cabo a tarefa de ensinar à sua esposa as suas responsabilidades. Tantos
problemas. Mas, mal a minha cabeça tocou no travesseiro, adormeci.