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Humano-Demasiado-Humano

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de Heinrich Köselitz ("Peter Gast"), ao preparar a cópia que seria

enviada ao editor. Trata-se, portanto, de um erro — pouco grave,

no caso — já presente na primeira edição do livro, e que seria

reproduzido em várias edições posteriores. As outras versões

consultadas divergem, naturalmente: "tempos passados",

antepasados, tempi remoti, ancêtres, temps passés, ages past, past

ages, our forefathers. Seria de esperar que, entre essas versões, as

mais antigas apresentassem a leitura tradicional, e as mais recentes,

a correção moderna. Mas não é exatamente o que acontece, pois a

nova edição francesa, embora declaradamente baseada em Colli e

Montinari, traz temps passés, enquanto a velha tradução (de A.-M.

Desrousseaux, 1910) traz ancêtres; e, das duas versões americanas

recentes, uma (a de Marion Faber) emprega past ages,

acrescentando, em nota: "Vorzeiten. In some editions Urväter

(ancestors)".

(151) "talvez": wohl. Essa partícula denota freqüentemente

incerteza ou possibilidade, mas às vezes pode realçar uma

afirmação — como neste exemplo, extraído de um dicionário da

língua alemã: ich habe wohl bemerkt, daß... ("eu bem notei que...").

Há tradutores que a tomam neste sentido de reforço da afirmação,

quando não a omitem (o que pode ser válido, eventualmente); é o

caso das versões consultadas: (omissão), indudablemente, sans

doute, idem, no doubt, (omissão), doubtless. Mas não é raro

encontrar divergências, como na seguinte frase: Die beiden

Cellosonaten von J. Brahms sind wohl die bedeutendsten Werke

dieser Gattung seit Beethovens fünf klassischen Sonaten ("As duas

sonatas para violoncelo de J. Brahms são talvez as obras mais

notáveis desse gênero, após as cinco sonatas clássicas de

Beethoven"). Os textos costumam vir em várias línguas, nos

lançamentos internacionais de música "erudita". Assim, as versões

em inglês, francês e espanhol dessa frase, na contracapa do LP (da

Deutsche Grammophon, 1958), oferecem, respectivamente,

probably, certainement e seguramente, como equivalência para

wohl.

(152) "véu de Ísis": Isisschleier, no original. Em nenhuma

edição foi encontrada uma explicação para esta referência. Ísis,

como se sabe, foi uma deusa egípcia que teve seu culto difundido

também no mundo greco-romano, onde foi associada a Deméter,

deusa da fertilidade. Considerando que as imagens de Ísis a

mostram com longos cabelos e uma coroa que simbolizava o seu

domínio sobre o Alto e o Baixo Egito, Nietzsche talvez tenha isso

em mente, ao falar de um Isisschleier que indicaria a procedência

divina do Estado. Também na seção 637, adiante, ele menciona a

"velada Ísis" (die verhüllte Isis).

(153) "a sagacidade e o interesse pessoal": die Klugheit und der

Eigennutz — segundo os demais tradutores, "a inteligência e o

interesse pessoal", la habilidad y el interés, l'avvedutezza e

l'egoismo, l'habileté et l'intérêt, le bon sens et l'égoïsme, the

prudence and self-interest, cleverness and selfishness, cleverness

and self-interest.

(154) Em mais de uma ocasião Platão foi hóspede de Dionísio

II, tirano da cidade-estado de Siracusa, na Sicília, onde ele

imaginava pôr em prática seus ideais políticos.

(155) "Tucídides faz com que [...] ela brilhe": o pronome

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