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Humano-Demasiado-Humano

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jovem; um homem totalmente pobre em geral se arruína com a

nobreza de temperamento, não vai adiante e nada adquire, sua raça

não é viável. — Mas deve-se considerar que a riqueza tem quase os

mesmos efeitos, quer a pessoa disponha de trezentos ou de trinta

mil táleres por ano: não há progressão substancial das

circunstâncias favoráveis. Mas ter menos, mendigar e se humilhar

quando criança é terrível: embora talvez seja, para os que buscam a

fortuna no brilho das cortes, na subordinação aos poderosos e

influentes, ou querem se tornar cabeças da Igreja, o ponto de

partida correto. (Ensina a penetrar curvado nos subterrâneos

corredores do favor.)

480. Inveja e indolência em direções diversas. — Os dois

partidos opostos, o socialista e o nacionalista — ou como quer que

se denominem nos diversos países da Europa —, são dignos um do

outro: inveja e preguiça são as forças que movem ambos. No

acampamento do primeiro quer-se trabalhar o mínimo possível com

as mãos, no do segundo o mínimo possível com a cabeça; neste se

odeia e se inveja os indivíduos eminentes, que crescem por si

mesmos e não se deixam enquadrar e alinhar para os fins de uma

ação em massa; no primeiro, a melhor casta da sociedade,

exteriormente bem colocada, cuja efetiva tarefa, a produção de

bens culturais superiores, torna a vida bem mais difícil e dolorosa

interiormente. Sem dúvida, se conseguirem fazer do espírito da

ação em massa o espírito das classes superiores da sociedade, as

hostes socialistas terão todo o direito de buscar nivelar-se também

exteriormente com aquelas, uma vez que interiormente, na cabeça e

no coração, já estarão niveladas. — Vivam como homens

superiores e realizem continuamente os atos da cultura superior —

e tudo o que nela está vivo reconhecerá o seu direito, e a ordem

social de que vocês são o topo estará imune a todo golpe e todo

olhar perverso!

481. A grande política e suas perdas. — Assim como um povo

não sofre as perdas maiores, trazidas pela guerra e pelo estado de

prontidão, com as despesas bélicas, a obstrução dos transportes e

do comércio ou a manutenção de um exército regular — embora

tais perdas sejam grandes também agora, quando oito Estados da

Europa gastam com isso a soma de dois a três bilhões anuais —,

mas sim com o fato de que ano a ano os homens mais capazes,

mais vigorosos, mais trabalhadores são removidos em número

extraordinário de suas ocupações e profissões, para se tornarem

soldados: de igual modo, um povo que se dispõe a praticar a grande

política e a garantir uma voz decisiva entre os Estados mais

poderosos não experimenta suas maiores perdas onde geralmente

as encontramos. É verdade que a partir desse momento ele

sacrifica muitos dos talentos mais eminentes no "altar da pátria" ou

da ambição nacional, quando previamente, antes de serem

devorados pela política, esses talentos tinham outras esferas de

ação diante de si. Mas além dessas hecatombes públicas, e bem

mais horrendo que elas, no fundo, há um espetáculo que

continuamente se desenrola em milhares de atos simultâneos: todo

homem capaz, trabalhador, engenhoso e empreendedor,

pertencente a um povo ávido das glórias políticas, é dominado por

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