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Humano-Demasiado-Humano

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gelo seus pensamentos não deve se entregar ao calor da discussão.

316. Companhia e presunção. — Desaprendemos a presunção

quando sabemos andar sempre com pessoas de mérito; estar só

estimula a soberba. Os jovens são presunçosos porque se

relacionam com seus iguais, que nada são, mas gostam de parecer

muito.

317. Motivo do ataque. — Não se ataca apenas para fazer mal

a alguém, para derrotá-lo, mas talvez simplesmente para tomar

consciência da própria força.

318. Adulação. — As pessoas que, ao relacionar-se conosco,

desejam embotar nossa prudência com adulações, empregam um

meio perigoso, como um sonífero que, quando não faz adormecer,

torna ainda mais desperto.

319. O bom autor de cartas. — Quem não escreve livros,

pensa muito e vive em companhia inadequada, será normalmente

um bom autor de cartas.

320. O mais feio. — É duvidoso que um homem muito viajado

tenha encontrado em alguma parte do mundo regiões mais feias do

que no rosto humano.

321. Os compassivos. — As naturezas compassivas, sempre

dispostas a auxiliar na desgraça, raramente são as mesmas que se

alegram juntamente com as demais: na felicidade alheia elas não têm

o que fazer, são supérfluas, não se sentem na posse de sua

superioridade, e por isso facilmente se desgostam.

322. A família do suicida. — Os familiares de um suicida não

lhe perdoam não ter ficado vivo em consideração ao nome da

família.

323. Prevendo a ingratidão. — Quem dá um grande presente

não acha gratidão, pois para o presenteado já é um fardo aceitar.

324. Na companhia de pessoas sem espírito. — Ninguém

agradece ao homem de espírito sua cortesia, quando ele se adapta a

um grupo de pessoas no qual não é cortês mostrar espírito.

325. A presença de testemunhas. — Atrás de um homem que

cai na água nos lançamos de muito bom grado, se estiverem

presentes pessoas que não ousam fazê-lo.

326. Silêncio. — Para ambos os lados, o modo mais

desagradável de responder a um ataque polêmico é se aborrecer e

calar, pois geralmente o atacante interpreta o silêncio como um

sinal de desdém.

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