SCMedia News | Revista | Janeiro 2021
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
A revista dos profissionais de logística e supply chain.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Jan’ <strong>2021</strong><br />
4,60€<br />
Mensal<br />
18<br />
MANGO AJUSTA<br />
LOGÍSTICA<br />
AOS MERCADOS<br />
COMPRAS:<br />
5 COMPETÊNCIAS<br />
PARA VENCER EM <strong>2021</strong><br />
CHIP E GADGETS<br />
ABRANDAM PRODUÇÃO<br />
O NOVO DESAFIO<br />
LOGÍSTICO DA GLOVO<br />
Especialistas em<br />
soluções de identificação<br />
e impressão<br />
215 885 556<br />
220 931 713<br />
comercial@identprint.com<br />
<strong>2021</strong><br />
Os desafios da Supply Chain
Logística<br />
Compras<br />
Operações<br />
Workshops/Cursos<br />
Intra-Empresas<br />
estruturados e<br />
construídos à medida,<br />
realizados nas<br />
instalações da<br />
empresa, nos horários<br />
que forem mais<br />
convenientes.<br />
Esta é uma oportunidade<br />
para reciclar<br />
conhecimentos, ampliar<br />
outros e alargar horizontes<br />
profissionais.<br />
SAIBA MAIS EM:<br />
www.supplychainmagazine.pt/flow/<br />
flow@supplychainmagazine.pt<br />
Formação em Supply Chain<br />
Formação IN-HOUSE<br />
Auditoria Logística<br />
Como minimizar os custos de transporte<br />
E-commerce<br />
Estratégias e projectos de Colaboração Logística<br />
Estrutura de custos logísticos<br />
Facility Management<br />
Ferramentas de gestão logística para transitários<br />
Formação Air & Sea - Vertente Comercial<br />
Formação em Transporte Aéreo - Vertente Comercial<br />
Formação em Transporte Marítimo - Vertente Comercial<br />
Gerir com sucesso a sua frota<br />
Gestão de Compras<br />
Gestão de Processos<br />
Gestão de projectos aplicada à Logística e Supply Chain<br />
Gestão de Rotas<br />
Gestão de Stocks<br />
Gestão do Armazém<br />
Gestão do Retalho<br />
Health, Risk and Safety: certificações e inspecções anuais de racking<br />
Lean Logistics<br />
Libertar e maximizar o potencial das equipas logísticas<br />
Logística inversa e o seu papel na economia circular<br />
Marcação de reuniões no Sector Transitário<br />
Negociação na Logística através da liderança eficaz<br />
O essencial da Gestão Logística e da Cadeia de Abastecimento<br />
Procurement eficiente<br />
Qualidade em Supply Chain<br />
S&OP - Sales and Operations Planning<br />
Sector Transitário - Formação em Vendas<br />
Seleção e avaliação de fornecedores<br />
Sistemas de informação na Logística<br />
Powered by
Dora Assis<br />
dora.assis@supplychainmagazine.pt<br />
EDITORIAL<br />
VIRAR A PÁGINA<br />
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo”<br />
Fernando Pessoa<br />
Ainda que <strong>2021</strong> tenha chegado assim como<br />
uma espécie de “tempo extra” de 2020 e,<br />
até ver, com pouco ou nada de novo, todos<br />
queremos acreditar num ano melhor e todos<br />
temos em relação ao mesmo anseios e<br />
expectativas, não é assim?<br />
A verdade é que entrámos em <strong>2021</strong> de mão<br />
dada com a saudade, que os portugueses<br />
escolheram como a palavra de 2020, à frente<br />
de “pandemia” e de “COVID-19”. Sim, todos<br />
temos saudades. Das pessoas, dos colegas,<br />
das reuniões, das conversas mais ou menos<br />
informais ao café… no fundo, da vida tal como<br />
a conhecíamos.<br />
O que fará a diferença neste ano novinho<br />
em folha, que estamos ainda a estrear?<br />
Talvez e só a nossa atitude perante tudo isto<br />
que estamos a viver, cumprindo sempre que<br />
possível as regras e reduzindo o mais possível<br />
as excepções.<br />
E, sem excepções, aqui está mais um<br />
número da sua revista de supply chain, que<br />
continuamos a imprimir como desde o início<br />
da pandemia pois são mais do que muitos os<br />
profissionais que nos lêem e que pelas funções<br />
vitais que desempenham não se enquadram<br />
em teletrabalho. E se é vital, por estes dias em<br />
que parece que a esperança nos está a fugir<br />
continuarmos ligados e informados.<br />
Portugal voltou a um estado de<br />
confinamento forçado, mas a supply chain não<br />
pára. Isso mesmo nos dizem os profissionais<br />
que fomos ouvir para perceber quais os<br />
desafios e objectivos que estipularam<br />
profissionalmente para <strong>2021</strong>. E são tantos de<br />
uma ponta à outra da supply chain!<br />
Tecnologia, digitalização, a procura por<br />
novas soluções, readaptações do negócio,<br />
melhoria de processos e de skills individuais,<br />
são apenas alguns deles, neste tempo em que<br />
a presença do universo online ganha ainda<br />
mais força e sentido.<br />
Acreditamos que este ano de <strong>2021</strong>, já com<br />
tantas histórias para contar, tem tudo para<br />
melhorar. Não acredita? É só virar a página.
4<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
#22 #36 #42<br />
Photo courtesy of KurierZentrale G<br />
ÍNDICE<br />
FACTOS & NÚMEROS<br />
As oscilações nas exportações de<br />
componentes automóveis 6<br />
LOGÍSTICA<br />
Desafios da supply chain em <strong>2021</strong> 8<br />
Mango - Logística ajustada aos<br />
diferentes mercados 22<br />
PROCUREMENT<br />
5 competências do profissional de<br />
compras para vencer em <strong>2021</strong> 26<br />
Liderar a saída da crise 30<br />
Vencer na crise com as Compras 33<br />
Chips e novos gadgets<br />
abrandam produção automóvel 36<br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Gestão de inventário<br />
A importância de uma jornada<br />
contínua ao longo do ano 38<br />
Optimizar espaço<br />
e rentabilizar tempo 42<br />
TECNOLOGIAS<br />
O COVID-19 não é o único vírus que<br />
ameaça as empresas 46<br />
“O cliente já não pede que um camião<br />
venha até si, aproveita um camião em<br />
rota perto de si” 54
SCM Supply Chain Magazine 5<br />
mbH, Basel<br />
TRANSPORTES<br />
Cargobikes - Uma alternativa<br />
mais saudável e sustentável 58<br />
O novo desafio logístico da Glovo 64<br />
CARREIRA<br />
Recrutamento especial num ano atípico 68<br />
Evitar o pandemónio durante a pandemia 72<br />
DIÁRIO DE BORDO<br />
#58 #68<br />
Logística do futuro: Automatizar para<br />
acrescentar valor 76<br />
O MUNDO É REDONDO<br />
TED Ideas worth spreading 2003,<br />
“A genialidade emergente das colónias de<br />
formigas” 78<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Sede, Administração e Redacção_<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
Direcção Geral_<br />
Filipe Barros<br />
Directora_<br />
Dora Assis<br />
Redacção_<br />
Ana Paiva, Fábio Santos<br />
Projecto gráfico_<br />
Maria João Carvalho<br />
Paginação _<br />
Daniela Moço<br />
Circulação & Eventos _<br />
Inês Ferreira<br />
Direcção Comercial _<br />
Filipe Barros<br />
Sales & Marketing _<br />
Margarida Matildes<br />
Impressão _<br />
VASP DPS<br />
MLP – Quinta do Grajal,<br />
Venda Seca<br />
2739-511 Agualva Cacém<br />
Tiragem _<br />
3 mil exemplares<br />
Propriedade_<br />
SC Media Unipessoal, Lda.<br />
Al. Júlio Dinis, n.º 68 – São Francisco<br />
2890-307 Alcochete<br />
T: 210 499 074<br />
E: geral@supplychainmagazine.pt<br />
W: supplychainmagazine.pt<br />
NPC _<br />
514707143<br />
Capital Social_<br />
100,00€<br />
Participações sociais_<br />
Susana Silva<br />
Administração_<br />
Filipe Barros<br />
Registo na ERC n.º _<br />
127322<br />
Depósito Legal n.º _<br />
458604/19<br />
Os artigos assinados apenas veiculam<br />
a posição dos seus autores.<br />
Interdita a reprodução de textos e<br />
imagens sem autorização expressa.<br />
Esta revista é escrita respeitando a grafia<br />
anterior ao novo Acordo Ortográfico
6 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
FACTOS<br />
& NÚMEROS<br />
Fornecedores da<br />
Indústria Automóvel<br />
As<br />
oscilAções nAs<br />
exportAções<br />
de componentes<br />
Automóveis<br />
Em Novembro de 2020, as exportações de<br />
componentes automóveis aumentaram<br />
relativamente ao mesmo período em 2019,<br />
mas o valor acumulado até este mês diminuiu.<br />
Assim, entre <strong>Janeiro</strong> e Novembro, as vendas ao<br />
exterior registaram uma quebra.<br />
As exportações de componentes automóveis<br />
registaram uma subida de 6,4% em Novembro<br />
de 2020 em relação ao mesmo período do<br />
ano anterior, tendo aumentado para os<br />
940 milhões de euros, segundo avançou a<br />
Associação de Fabricantes para a Indústria<br />
Automóvel (AFIA).<br />
Contudo, “o valor acumulado até Novembro<br />
ficou-se nos 7,9 mil milhões de euros,<br />
representando uma diminuição de -12% face<br />
ao período homólogo de 2019, o que significa<br />
que entre <strong>Janeiro</strong> e Novembro de 2020 as<br />
vendas ao exterior caíram cerca de 1.100<br />
milhões de euros em relação a 2019”, confirma<br />
aquela associação.<br />
De <strong>Janeiro</strong> a Novembro, e quando<br />
comparados com 2019, Espanha lidera com<br />
vendas no valor de 2.389 milhões de euros<br />
(-1,0%), segue-se a Alemanha com 1.688<br />
milhões de euros (-12,0%), de seguida França<br />
com 950 milhões de euros (-25,1%) e, por<br />
último, o Reino Unido com 543 milhões de<br />
euros (-31,0%). Estes países representam 70%<br />
do total das exportações portuguesas de<br />
componentes automóveis.<br />
Apesar da melhoria, a AFIA considera<br />
importante referir que este acréscimo não<br />
compensou a queda do acumulado do ano<br />
“ainda que o meio envolvente se apresente<br />
adverso, as exportações portuguesas têm<br />
resistido melhor face à queda da produção<br />
automóvel na Europa, que é duas vezes<br />
superior”.
R F id<br />
ESPECIALISTAS EM SOLUÇÕES DE<br />
LOGÍSTICA E PRODUÇÃO<br />
VOICE PICKING<br />
Solução de RFid com<br />
ligação ERP, MRP, WMS<br />
Solução multimodal que<br />
pode coabitar com leitor<br />
código de barras ou RFid<br />
Tag’s<br />
RFID<br />
Solução de RFid com<br />
ligação ERP, MRP, WMS<br />
CÓDIGO DE BARRAS<br />
Terminais/PDA<br />
Tablets<br />
Scanners e impressoras<br />
Etiquetas e Ribbons<br />
+351 215 885 556<br />
+351 220 931 713<br />
comercial@identprint.com
8 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
Texto:Fábio Santos<br />
LOGÍSTICA<br />
Linhas de força<br />
e tendências<br />
<strong>2021</strong>: que desAfios?<br />
A luta contra o vírus SARS-coV-2 continua, mas a vida não pára e as cadeias de<br />
abastecimento também não. Há lições que foram aprendidas com a pandemia,<br />
outras que ainda devem ser estudadas mas temos um novo ano pela frente e<br />
pƁeċlňoŝsƌ oŝbüjłeċcýtƙiİvƽoŝsƌ eċ pƁlňanœoŝsƌ dĄoŝsƌ pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœaiİsƌ cýoŝmő qƃuơeċmő fģalňámőoŝsƌ, <strong>2021</strong> tƙeċmő tƙuơdĄoŝ<br />
para melhorar.<br />
Desafiámos alguns profissionais a espreitar<br />
connosco o futuro e embora através dos<br />
seus olhares nos cheguem perspectivas<br />
distintas há no horizonte de todos muitos<br />
elementos comuns. Tecnologia, digitalização,<br />
a procura por novas soluções, readaptações<br />
do negócio, melhoria de processos e de skills<br />
individuais, são apenas alguns deles. Vamos<br />
espreitar o futuro?<br />
Antes de atravessar a estrada, há que olhar<br />
para os dois lados. André Fradinho, supply<br />
chain managing director do ALDI, começa<br />
por realçar a importância de reflectir sobre o<br />
que se passou em 2020 de modo a conseguir<br />
antecipar mais facilmente as tendências para<br />
este novo ano. “Pela primeira vez na História<br />
estamos perante uma crise que, na sua fase<br />
inicial, afectou simultaneamente a oferta e a<br />
procura”, explica, o que revelou as fragilidades<br />
de algumas cadeias logísticas, bem como os<br />
efeitos da globalização.<br />
“As cadeias de abastecimento têm, até<br />
à data, sido estendidas ao máximo por<br />
uma questão de custo; no entanto, esta<br />
distância física criou também um risco que<br />
já não imaginávamos existir”, defende o<br />
responsável, comentando de seguida que<br />
a crise vivida em 2020 vai ter impacto a
9<br />
longo-prazo, e implicações directas na forma<br />
como as pessoas trabalham e as cadeias de<br />
abastecimento funcionam. “A resposta ao<br />
risco vai, deste modo, tornar-se uma parte<br />
integrante dos protocolos de negócio das<br />
organizações”, sustenta ainda.<br />
Relativamente a este novo ano, André<br />
Fradinho considera que o sector da logística<br />
“será um dos que poderá tirar maior proveito<br />
da evolução do mercado”, bem como dos<br />
novos hábitos de consumo que foram<br />
sendo criados entretanto. De acordo com o<br />
responsável do ALDI, tudo isto irá exigir que<br />
as cadeias de abastecimento tenham uma<br />
rápida adaptação a esta nova realidade.<br />
Ao nível das competências necessárias,<br />
aponta para a agilidade e para a capacidade<br />
de reacção em tempo útil às alterações como<br />
pilares estratégicos do negócio, e os processos<br />
de abastecimento, assentes habitualmente<br />
em premissas rígidas, “terão de ser mais<br />
flexíveis e apoiados em tecnologia e variações<br />
na procura”, pois defende que “a evolução<br />
da supply chain não poderá mais dissociarse<br />
do digital” e que a combinação dos seus<br />
dados com as análises preditivas “serão<br />
recursos fulcrais para a gestão end-to-end das<br />
cadeias”. A terminar lembra que a alteração<br />
mais relevante será relativamente à compra<br />
e distribuição dos produtos, e que este ano<br />
vai ser um marco importante nesse âmbito.<br />
“O consumidor passou a encarar o online<br />
como um serviço capaz de satisfazer as suas<br />
necessidades. Depois do efeito pandemia,<br />
dificilmente irá voltar atrás e as entregas<br />
de última milha passarão a fazer parte do<br />
portfólio de serviços de quem quer estar<br />
no topo da preferência dos consumidores”,<br />
conclui André Fradinho.<br />
Por parte do Pingo Doce, José Luís Teixeira,<br />
director de logística e supply chain da<br />
O cOnsumidOr passOu a encarar O<br />
Online cOmO um serviçO capaz de<br />
saTisfazer as suas necessidades.<br />
depOis dO efeiTO pandemia, O clienTe<br />
dificilmenTe irá vOlTar aTrás<br />
André Fradinho<br />
Jerónimo Martins Retalho, começa por apontar<br />
que desde que foi diagnosticado o primeiro<br />
caso de COVID-19 em Portugal “que vivemos<br />
num contexto de incerteza que nos obrigou<br />
a repensar a forma como trabalhamos”, de<br />
modo a dar resposta aos desafios e a continuar<br />
a satisfazer as necessidades dos clientes. O<br />
responsável explica que a estratégia assenta<br />
em três eixos. O primeiro ponto passa<br />
pelo desenvolvimento de processos mais<br />
ágeis e que estejam preparados para uma<br />
mudança constante. “É fundamental estarmos<br />
preparados para nos adaptarmos de forma<br />
célere a novas realidades que possam surgir,<br />
em virtude da evolução pandémica”, explica.<br />
Num segundo eixo, conta que procuraram<br />
trabalhar de forma mais próxima com os<br />
restantes elos da cadeia de abastecimento,<br />
destacando desde logo a relação mais<br />
chegada aos fornecedores, de modo a garantir<br />
o planeamento de vendas e as respectivas<br />
necessidades. “Acompanhamo-los com grande<br />
proximidade para termos presente qual a
10<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
situação de cada um e qual a sua capacidade<br />
de produção, tendo em conta a situação<br />
actual”, revela-nos. Por fim, no terceiro eixo,<br />
conta que se dedicaram ao desenvolvimento<br />
de análises diárias, aliando a actividade à ideia<br />
defendida anteriormente de que “vivemos<br />
num contexto de mudança iminente”, e como<br />
tal, “é fundamental termos uma analítica<br />
que, a par de outra informação diversa, nos<br />
permita antecipar e prever o comportamento<br />
do consumidor”. “Estes novos indicadores<br />
dão-nos uma melhor base de trabalho, que<br />
nos permite planear e responder com maior<br />
rapidez a alterações de contexto”, termina José<br />
Luís Teixeira.<br />
É fundamenTal esTarmOs<br />
preparadOs para nOs adapTarmOs<br />
de fOrma cÉlere a nOvas<br />
realidades que pOssam surgir, em<br />
virTude da evOluçãO pandÉmica<br />
José Luís Teixeira<br />
prever com precisão<br />
Também Ricardo Jorge, supply chain director<br />
da Ascenza, defende a ideia de que, ao nível<br />
das tendências, questões relacionadas com<br />
inteligência artificial e analytics terão um<br />
grande impacto na cadeia de abastecimento.<br />
“A quantidade de dados continua a aumentar<br />
exponencialmente e as fontes são cada<br />
vez mais diversas, pelo que não só temos<br />
mais informação sobre o presente, mas<br />
conseguiremos também prever com muito<br />
maior precisão os ciclos de procura”,<br />
considera o responsável, explicando que isto<br />
será conseguido através da aprendizagem<br />
automática e dos seus algoritmos.<br />
Mantendo o foco na tecnologia, não<br />
perde a ideia de que “o maior ponto de<br />
disrupção na supply chain e nas nossas vidas<br />
é efectivamente a pandemia da COVID-19,<br />
que veio acelerar a transformação digital”. O<br />
e-commerce foi um dos principais afectados<br />
positivamente, com um crescimento muito<br />
acima do previsto, que Ricardo Jorge antecipa<br />
que irá permanecer após a pandemia, pois<br />
“mesmo num país como Portugal, em que se<br />
valoriza muito a relação pessoal e humana,<br />
disponibilizar e transaccionar produtos<br />
online é um factor diferenciador e onde o<br />
nosso país ainda está pouco desenvolvido”.<br />
Aliada a toda esta transformação digital, vem<br />
a cibersegurança, à qual o responsável dá<br />
destaque devido a existir um maior número<br />
de operações a acontecer no ciberespaço e ao<br />
número de pessoas a trabalhar remotamente.<br />
Um dos maiores desafios que Ricardo Jorge<br />
aponta para <strong>2021</strong> é a distância, no que toca<br />
às equipas, aos fornecedores e aos clientes,<br />
ou seja, “como continuar a vender produtos<br />
num sector que por natureza requer muita<br />
proximidade com os clientes”, mas também<br />
com os fornecedores, que maioritariamente se
SCM Supply Chain Magazine 11<br />
O que se previa que pOdia vir a<br />
evOluir daqui a uns anOs, acabOu<br />
pOr ser fOrçadO a acOnTecer<br />
num par de meses<br />
Ricardo Jorge<br />
encontram na China e na Índia, e em relação<br />
aos quais há necessidade de “acompanhar<br />
de perto a evolução da COVID-19 também<br />
do outro lado do mundo, de forma a evitar<br />
disrupções no abastecimento”.<br />
Para superar estes desafios, o responsável<br />
da Ascenza propõe, por um lado, que as<br />
empresas reinventem a forma que têm<br />
de contactar com os clientes, através da<br />
digitalização; que acompanhem de perto as<br />
trends, disponibilidade de material e stocks de<br />
segurança “para absorver potenciais atrasos,<br />
sejam eles de produção ou de prazos de<br />
envio, devido à falta de contentores”. É ainda<br />
necessário manter a equipa motivada, através<br />
de reuniões online para manter a coesão.<br />
Apesar de se considerar uma pessoa mais<br />
optimista, Ricardo Jorge olha para <strong>2021</strong> “como<br />
um ano bastante difícil, com várias empresas e<br />
pessoas a enfrentar dificuldades económicas”,<br />
e ainda a viver num ambiente pandémico.<br />
oportunidAde pArA optimizAr<br />
Rui Mendes Bolas é supply chain director<br />
da Cimpor e corrobora a ideia Ricardo Jorge:<br />
“nos sectores de abastecimento e logística<br />
não existem anos tranquilos nem repetidos”,<br />
pelo que <strong>2021</strong> será “ainda mais desafiante<br />
do que 2020”. Também aponta a colaboração<br />
estreita entre os clientes e os fornecedores,<br />
especialmente no que toca ao planeamento,<br />
como um dos pontos importantes para<br />
o novo ano. “Esta nova forma de actuar<br />
permitiu aprofundar o conhecimento das<br />
necessidades e problemas entre ambos”, o que<br />
também conduz à optimização das cadeias de<br />
abastecimento e evitar disrupções, promover<br />
a diversificação de produtos e materiais como<br />
alternativas viáveis. Noutro ponto, também<br />
obrigou à reinvenção de algumas operações<br />
logísticas, e ainda à descoberta e alargamento<br />
das fontes de abastecimento.<br />
nOs secTOres de abasTecimenTO<br />
e lOgísTica nãO exisTem anOs<br />
TranquilOs nem repeTidOs<br />
Rui Mendes Bolas
12 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
A actividade da Cimpor é influenciada<br />
pelos custos associados aos combustíveis<br />
fósseis, pelo que procuram reduzir a sua<br />
dependência desta fonte e, apesar de não<br />
avançar já com detalhes, Rui Mendes Bolas<br />
adianta que contam com alguns investimentos<br />
significativos em fontes alternativas. Ao<br />
nível da logística, a empresa tem dinamizado<br />
e promovido, de forma sustentável e<br />
significativa, a utilização dos portos nacionais,<br />
bem como a ferrovia nacional.<br />
A fechar a perspectiva da logística, Nuno<br />
França, head of logistics da Revigrés, começa<br />
por sintetizar que “os negócios são um grande<br />
desafio, especialmente no contexto actual”.<br />
Os acontecimentos e as mudanças que<br />
sentimos abalam também o resto do mundo, e<br />
contribuem para a grande pressão de redução<br />
dos preços ao consumidor, aplicada pelo<br />
mercado, pela concorrência e pelos próprios<br />
consumidores.<br />
A situação é a mesma para diversos<br />
negócios, e como forma de criar savings,<br />
Nuno França considera que “a solução natural<br />
é tentar reduzir os preços de materiais,<br />
através da cadeia global”, o que não funciona<br />
correctamente quando em alguns casos as<br />
cadeias globais deixaram de ser competitivas<br />
“através de redução da oferta, custo dos<br />
transportes e redução da frequência de<br />
entrega, e mesmo o desaparecimento de<br />
players”. Os acontecimentos recentes,<br />
e sem histórico anterior, despoletaram<br />
uma necessidade de gerir melhor o risco<br />
das cadeias de abastecimento. Algumas<br />
cadeias sofreram problemas graves, e com<br />
essa aprendizagem há hoje uma maior<br />
consciencialização para este risco e, por isso,<br />
considera que “o foco tem de ser na melhoria<br />
da performance da cadeia de abastecimento”,<br />
com o objectivo de manter a competitividade<br />
para enfrentar tempos de grandes desafios.<br />
Defende ainda a adopção de novas<br />
abordagens por parte dos profissionais para<br />
que os negócios continuem a ser atractivos,<br />
bem como a identificação de processos e<br />
metodologias a melhorar e desenvolver novas<br />
formas de abordar os problemas em equipa,<br />
dando prioridade a temas como a melhoria do<br />
planeamento das operações, a qualidade e os<br />
tempos mortos, de forma a obter um maior<br />
foco interno.<br />
“Na cadeia, colaborar, a montante e a<br />
jusante, para que a informação possa fluir ao<br />
longo da mesma, e aumentar a velocidade de<br />
reacção de todo o sistema, com o objectivo<br />
de se adaptar às mudanças com flexibilidade,<br />
para manter os prazos assumidos entre os<br />
elos”, sintetiza Nuno França.<br />
na cadeia, cOlabOrar, a<br />
mOnTanTe e a jusanTe, para que<br />
a infOrmaçãO pOssa fluir aO<br />
lOngO da mesma, e aumenTar a<br />
velOcidade de reacçãO de TOdO<br />
O sisTema, cOm O ObjecTivO de<br />
se adapTar às mudanças cOm<br />
flexibilidade, para manTer Os<br />
prazOs assumidOs enTre Os elOs<br />
Nuno França
13
14<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
responder à mudAnçA<br />
Isabel Bastos, purchasing manager da<br />
Aspöck Portugal, mostra o ponto de vista<br />
das compras, e concordando com a ideia de<br />
mudança indicada anteriormente, cita uma<br />
frase de Charles Darwin que a inspira neste<br />
momento de pandemia e em constante<br />
mutação: “não sobrevive a espécie mais forte,<br />
nem a mais inteligente, mas sim a que melhor<br />
responde à mudança”.<br />
Para a purchasing manager, <strong>2021</strong> será<br />
um ano que irá continuar a exigir muito de<br />
nós, enquanto profissionais, mas também,<br />
e sobretudo, enquanto seres humanos.<br />
“Pede-se cada vez mais flexibilidade para<br />
se há um pOnTO em cOmum nOs<br />
grandes players É que eles<br />
invesTem TanTO em inOvações<br />
quanTO em prOfissiOnais<br />
qualificadOs<br />
Isabel Bastos<br />
transformar a dificuldade em oportunidade;<br />
a empatia pelas emoções e comportamentos<br />
dos outros, é crucial para garantir uma<br />
comunicação assertiva, clara e que nos una<br />
em prol dos objectivos”, diz Isabel Bastos.<br />
Nesse sentido, considera que “continuamos<br />
a tomar consciência de que o Departamento<br />
de Compras, no qual estamos inseridos, se<br />
reveste de particular importância na saúde<br />
financeira de uma empresa”, e a própria<br />
competitividade da empresa em que se<br />
inserem já tem inerente o trabalho quotidiano<br />
deste departamento na gestão que faz com os<br />
seus fornecedores.<br />
A responsável explica que o aumento<br />
repentino da necessidade de determinados<br />
produtos gerou uma procura à qual os<br />
fabricantes não conseguiram responder,<br />
e sem saber quanto tempo irá demorar a<br />
voltar ao normal. Por outro lado, surgiram<br />
novas oportunidades devido a estas<br />
dificuldades, o que fez com que empresas<br />
estivessem mais atentas às necessidades<br />
do cliente, reavaliassem ou reajustassem os<br />
seus negócios ou mercados, “criando assim<br />
escassez de algumas matérias-primas base,<br />
essenciais à nossa cadeia de abastecimento e<br />
produção”.<br />
Isabel Bastos considera importante<br />
conhecer e implementar novas tecnologias,<br />
pois através destas ferramentas é possível<br />
obter “velocidade, eficiência e precisão nos<br />
processos operacionais”, explica. “Olhar<br />
para dentro, reinventar as nossas operações,<br />
priorizando um plano de implementação que<br />
seja escalável, totalmente voltado para a<br />
satisfação do cliente e capaz de impulsionar<br />
resultados financeiros, trará mais frutos do<br />
que a típica acção ‘cortar’”, pois apesar de esta<br />
trazer resultados imediatos, são insuficientes<br />
para sobreviver ao desconhecido.
15<br />
A responsável considera que “sairá melhor<br />
deste momento quem, na minha opinião,<br />
adequar a capacidade produtiva à do novo<br />
patamar da procura do mercado; recuperar e<br />
reestruturar as suas operações para trabalhar<br />
a rentabilidade; dotar as equipas de uma<br />
visão completa da cadeia de abastecimento”,<br />
e indica ainda a visibilidade como método de<br />
responder a interrupções na cadeia. “Por isso,<br />
cada vez mais as empresas têm abandonado<br />
o papel e investido na digitalização, para que<br />
tenham informações precisas e em tempo<br />
real”.<br />
Isabel Bastos conclui com a temática da<br />
automação, defendendo que ao automatizar<br />
os processos manuais com o suporte de<br />
softwares e robôs, as empresas ganham<br />
produtividade, melhor uso dos recursos e<br />
competitividade. Ao mesmo tempo, aponta<br />
ser necessário explicar aos colaboradores<br />
as vantagens individuais para a utilização<br />
destas tecnologias de suporte, e que isso<br />
“não significa a desvalorização dos recursos<br />
humanos”. “Se há um ponto em comum<br />
nos grandes players é que eles investem<br />
tanto em inovações quanto em profissionais<br />
qualificados, os quais são capazes de<br />
desenvolver (pensar) as melhores estratégias<br />
a partir de ferramentas avançadas. Priorizar<br />
ambos é o caminho para o sucesso!”<br />
Flávio Guerreiro, country manager da LPR,<br />
considera que “qualquer alusão a <strong>2021</strong> terá<br />
sempre a questão pandémica como pano de<br />
fundo”, mas com dois períodos distintos a<br />
ocorrer: um de maior exposição e limitação<br />
infringida pela COVID-19, a ocorrer, e outro<br />
de menor exposição e risco, caminhando no<br />
sentido do regresso à “normalidade”.<br />
“Esta situação irá inevitavelmente levar<br />
a uma maior incerteza e complexidade<br />
na previsão e planeamento de <strong>2021</strong>, com<br />
acrediTO que O grande desafiO,<br />
passa pOr manTer a acTividade<br />
O mais “nOrmal” e esTável<br />
pOssível, assegurandO Os níveis<br />
de serviçO especTáveis pOr parTe<br />
dOs parceirOs<br />
Flávio Guerreiro<br />
impacto directo e transversal a toda a<br />
organização”, explica. Para Flávio Guerreiro,<br />
áreas como a gestão de incerteza e risco<br />
terão um papel fulcral, e para isso contarão<br />
com modelos de analytics & predictive,<br />
como forma de minimizar o seu impacto.<br />
Aponta ainda a área dos Recursos Humanos,<br />
ao nível do envolvimento, comunicação e<br />
gestão motivacional, que nalguns casos,<br />
total ou parcialmente, a gestão remota torna<br />
ainda mais desafiante. Por último, aponta<br />
a eficiência operacional como factor crítico<br />
para tanto a manutenção como o sucesso das<br />
empresas, e “onde vectores como a inovação<br />
e colaboração serão drivers fundamentais”.<br />
“Acredito que o grande desafio, passa por<br />
manter a actividade o mais “normal” e estável<br />
possível, assegurando os níveis de serviço<br />
espectáveis por parte dos parceiros”, conclui<br />
Flávio Guerreiro.
16<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
AjudAr com AssertividAde<br />
Por parte da Associação dos Transitários<br />
de Portugal (APAT), António Nabo Martins<br />
considera que <strong>Janeiro</strong> começou mal, e que,<br />
longe das expectativas, deverá reflectir o<br />
primeiro trimestre do ano. “A APAT tinha<br />
definido para este ano uma série de temas<br />
a abordar, nomeadamente olhando para a<br />
eleição pela UE do ano da Ferrovia <strong>2021</strong>,<br />
debruçando-nos sobre temas relacionados e<br />
como potenciar este serviço das mercadorias”,<br />
explica o responsável. Ciente dos problemas<br />
relacionados com a entrada e saída de bens<br />
de forma competitiva que o país enfrenta<br />
neste momento, a associação recomenda<br />
a criação de relações de proximidade e de<br />
parcerias com entidades que vivem o mesmo<br />
problema. Nesse mesmo sentido, e voltandose<br />
para os transitários, aponta a promoção<br />
de acções que os congreguem à volta dos<br />
mesmos ideais e objectivos, “até porque<br />
acreditamos que só juntos conseguimos fazer<br />
mais”, comenta António Nabo Martins. Ao<br />
nível da digitalização, é importante olhar para<br />
problemas novos, derivados da digitalização<br />
e informatização, destacando a criminalidade<br />
como consequência de uma maior utilização<br />
da internet. Também realça a importância<br />
de contrariar a tendência dos últimos anos<br />
para o desconhecimento e dar a conhecer<br />
o sector, especialmente ao olhar dos mais<br />
jovens e comunicar com mais qualidade e<br />
assertividade. “Todos estamos a ser afectados<br />
de uma ou de outra forma, mas fazemos parte<br />
do grupo de empresas essenciais das cadeias<br />
de aprovisionamento do comércio, fábricas e<br />
da indústria e por isso mesmo não podemos<br />
nãO pOdemOs baixar Os braçOs,<br />
e sim cOnTinuar a fazer parTe<br />
da sOluçãO dO prOblema e<br />
ajudar, cOm muiTa resiliência à<br />
recuperaçãO da ecOnOmia<br />
António Nabo Martins<br />
baixar os braços, e sim continuar a fazer<br />
parte da solução do problema e ajudar, com<br />
muita resiliência à recuperação da economia”,<br />
conclui.<br />
Por parte do Tiba Group Portugal, Lola Ruiz,<br />
directora-geral, considera que a palavra que<br />
define o ano que agora iniciámos é “tensão”.<br />
“A COVID-19, que não parece querer<br />
deixar-nos e que está a condicionar<br />
fortemente a procura de alguns bens e<br />
serviços como a automação, o têxtil ou o<br />
turismo negativamente, e de outros, como<br />
os EPI sanitários ou a alimentação doméstica<br />
positivamente, mas sem uma perspectiva<br />
clara de quando se equilibrarão os consumos<br />
da época pré-COVID e de que medida”. No
SCM Supply Chain Magazine 17<br />
caso dos transportes, Lola Ruiz conta que<br />
esta situação levou a que os fabricantes<br />
procurassem recuperar parte dos custos<br />
nas vendas utilizando os serviços logísticos,<br />
pressionando os operadores logísticos a<br />
reduzir ainda mais as suas taxas já muito<br />
apertadas. “Teremos um ano de pedidos<br />
de orçamentos para comparar e pressionar<br />
a diminuição dos preços”, afirma. Tocando<br />
novamente na palavra-chave apontada, a<br />
tensão, Lola Ruiz comenta que serão também<br />
assim as relações com o Reino Unido, devido<br />
ao Brexit. “Já estamos a ver empresas como<br />
a DB Schenker suspenderam os serviços<br />
com este país porque 90% dos documentos<br />
aduaneiros apresentavam erros”.<br />
TeremOs um anO de pedidOs de<br />
OrçamenTOs para cOmparar e<br />
pressiOnar a diminuiçãO dOs preçOs<br />
Lola Ruiz
18<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
melhoriA de processos<br />
Apesar de toda a confusão gerada pela<br />
pandemia neste ano que passou, a IDentPrint<br />
permaneceu pronta a dar resposta ao<br />
mercado. Mesmo não pertencendo aos grupos<br />
principais, tanto os sectores alimentar e<br />
hospitalar continuaram a necessitar das suas<br />
etiquetas. “Conseguimos adaptar-nos e superar<br />
as adversidades”, conta João Rodrigues,<br />
business development manager da IDentPrint,<br />
e explica que isso se deveu a algumas<br />
oportunidades que foram sendo criadas, e que<br />
a empresa aproveitou.<br />
“Em <strong>2021</strong> não será diferente, trazemos<br />
muitas experiências acumuladas dos anos<br />
anteriores, que nos irão ajudar a resolver<br />
as situações e a ultrapassar os problemas”,<br />
comenta o responsável. “Acreditamos que<br />
um dos temas-chave que irá continuar<br />
bem presente este ano será a melhoria<br />
e optimização de processos”, revela,<br />
acrescentando que se por um lado o ano<br />
anterior levou a uma adaptação que tornou<br />
as pessoas mais afastadas umas das outras,<br />
por outro aproximou-as, no sentido em que<br />
existe “um acompanhamento mais imediato<br />
às necessidades dos nossos clientes”. Explicanos<br />
que “as ideias mais fortes que temos para<br />
este ano, são as que temos vindo a construir<br />
aos longo dos últimos anos, com mais certeza<br />
nelas”, e acreditando no crescimento através<br />
da vertente digital, afirma estarem “com<br />
uma boa expectativa no online, e por isso<br />
acreditamos que vamos ter ao nosso nível, um<br />
canal digital disponível para que os nossos<br />
clientes possam consultar, tirar todas as<br />
suas questões e consequentemente comprar<br />
os produtos com confiança”, conclui João<br />
Rodrigues.<br />
um dOs Temas-chave que irá<br />
cOnTinuar bem presenTe esTe anO<br />
será a melhOria e OpTimizaçãO de<br />
prOcessOs<br />
João Rodrigues<br />
requAlificAção de skills<br />
Um dos maiores desafios, de uma ponta<br />
à outra da cadeia e globalmente, foi a<br />
capacidade de continuar a gerir pessoas e<br />
equipas num cenário completamente novo e<br />
adverso. Pedro Amorim, managing director da<br />
Experis, fala-nos do impacto sentido em 2020,<br />
mas também das tendências e skills para <strong>2021</strong>.<br />
No seu entender, o grande desafio desde<br />
o primeiro dia da pandemia tem sido<br />
“potenciar a nossa capacidade de identificar<br />
competências adjacentes para ajudar as<br />
pessoas de indústrias adversamente afectadas,<br />
como a hotelaria, aviação e retalho, a mudar<br />
para sectores com maior procura, como os<br />
cuidados de saúde, tecnologia e a logística<br />
e operações”, sendo que “só através deste
SCM Supply Chain Magazine 19<br />
esforço de transferência de skills poderemos<br />
fazer face à actual escassez de talento nestes<br />
sectores”.<br />
Outra das preocupações apontada pelo<br />
recrutador foi a aposta nas skills pessoais<br />
dos colaboradores, e explica que já antes<br />
da pandemia as exigências de competências<br />
estavam a mudar mais rapidamente do que<br />
as organizações podiam prever. Face aos<br />
dados do relatório What Workers Want &<br />
Talent Shortage, onde era visível que 54% das<br />
empresas a nível mundial não conseguiam<br />
encontrar as competências que necessitavam,<br />
Pedro Amorim explica que “reforça-se, por<br />
isso, a necessidade de apostar na qualificação<br />
e requalificação dos trabalhadores, como<br />
forma de ultrapassar a disparidade entre<br />
competências e modelos de negócios, cada<br />
vez mais digitais”.<br />
“Empresas, sistema educativo e Governo<br />
devem empreender um esforço conjunto para<br />
capacitar os trabalhadores para um contexto<br />
cada vez mais digital”, defende. A aposta<br />
no incentivo de reconverter as pessoas e<br />
requalifica-las para empregos relacionados<br />
com uma economia mais verde é outra das<br />
tendências apontadas por Pedro Amorim,<br />
bem como o teletrabalho. “Acreditamos<br />
que o futuro do trabalho vai passar pela<br />
oferta de modelos híbridos e equilibrados,<br />
que permitirão satisfazer as preferências<br />
dos profissionais e tornar mais atractivas as<br />
propostas de valor das empresas”, comenta<br />
Pedro Amorim.<br />
Por fim, mas não menos importante,<br />
a paridade de género e o impacto que a<br />
pandemia teve dentro das empresas. Começa<br />
por apontar o estudo “Mulheres” feito pela<br />
ONU, que mostrou que a evolução dos últimos<br />
25 anos foi “gradual, desigual e insuficiente”,<br />
e que ainda hoje “as mulheres continuam<br />
acrediTamOs que O fuTurO dO<br />
TrabalhO vai passar pela<br />
OferTa de mOdelOs híbridOs e<br />
equilibradOs<br />
Pedro Amorim<br />
a ser mais frágeis perante a pobreza, não<br />
ocupam metade dos cargos de maior poder”<br />
e representam mais de metade da população.<br />
De acordo com o estudo do Manpower<br />
Group “O Futuro dos Trabalhadores pelos<br />
Trabalhadores”, a pandemia veio afectar<br />
ainda mais a posição feminina nestes cargos<br />
de chefia, e a longo prazo, “desde logo, por<br />
estarem sobre representadas nos sectores<br />
mais impactados pela COVID-19”, como a<br />
hotelaria e a restauração, mas também artes<br />
e entretenimento, administração e serviços.<br />
“Torna-se, assim, crucial que as empresas<br />
criem uma cultura de inclusão consciente e<br />
condições efectivas que favoreçam a ascensão<br />
feminina, para que a paridade não sofra um<br />
retrocesso de anos”, conclui Pedro Amorim. •
20<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
CONTEÚDO PATROCINADO<br />
Paletes EPAL<br />
mantêm o mundo<br />
em movimento<br />
umA mArcA<br />
umA quAlidAde<br />
pArceriA de confiAnçA no seu neGócio<br />
Considerada a maior operadora de pool de<br />
paletes do mundo, a EPAL é a associação<br />
de fabricantes, reparadores EPAL e é a<br />
responsável pela garantia das paletes e box<br />
paletes EPAL em todo o mundo. Atualmente,<br />
existem mais de 600 milhões de paletes<br />
EPAL e 20 milhões de box paletes EPAL em<br />
circulação em todo mundo.<br />
Num mercado global cada vez mais afetado<br />
pela competitividade, as empresas são<br />
permanentemente confrontadas com novos<br />
desafios logísticos. Transportar e armazenar<br />
grandes cargas de mercadoria requer<br />
segurança e eficiência, sendo imperativo para<br />
o negócio, sobretudo nas áreas da indústria e<br />
da distribuição, confiar totalmente nos meios<br />
utilizados.
SCM Supply Chain Magazine 21<br />
As paletes EPAL são sinónimo de garantia<br />
de boas condições de armazenamento e<br />
transporte de mercadorias, segurança no seu<br />
manuseamento, higiénico por longos períodos<br />
de tempo, resistência e versatilidade.<br />
As paletes EPAL são produzidas a partir do<br />
pinho, uma matéria-prima de excelência a que<br />
se alia uma tecnologia produtiva resultando<br />
num produto ímpar com caraterísticas<br />
importantes: extremamente resistente,<br />
sanitariamente seguro, eco sustentável,<br />
reutilizável e reciclável.<br />
Só a EPAL Internacional certifica a<br />
qualidade e legalidade das paletes em<br />
Portugal, é uma marca europeia de<br />
certificação que é um símbolo de qualidade<br />
absoluta. Adicionalmente, a pool das paletes<br />
EPAL é o único sistema mundial de transporte<br />
de cargas a ser submetido a uma avaliação<br />
independente e contínua de qualidade, por<br />
uma das mais prestigiadas entidades em<br />
auditoria de qualidade no mundo: Bureau<br />
Veritas. O cumprimento da norma ISPM15<br />
é o mais importante pré-requisito para a<br />
distribuição e circulação sem restrições, a<br />
nível internacional, de mercadorias. As paletes<br />
de madeira EPAL são todas fabricadas e<br />
reparadas de acordo com os requisitos do IPPC<br />
(International Plant Protection Convention) e<br />
podem assim, ser usadas sem restrições.<br />
http://epal-paletesportugal.pt
22 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
LOGÍSTICA<br />
Mango<br />
Texto: Ana Paiva<br />
fotos: Mango<br />
loGísticA<br />
AjustAdA Aos<br />
diferentes<br />
mercAdos<br />
A Mango irá avançar com a criação de<br />
um modelo padrão operacional para as<br />
plataformas logísticas satélite dos seus<br />
principais mercados. Consistem em centros<br />
de distribuição omnicanal que representarão<br />
‘nœóŞsƌ’ dĄeċnœtƙrƄoŝ dĄoŝ eċsƌqƃuơeċmőa dĄeċ fǕlňuơxǃoŝ dĄeċ vƽeċsƌtƙuơárƄiİoŝ,<br />
tanto para fornecedores como para clientes,<br />
independentemente do canal que utilizem. A<br />
mőarƄcýa cýoŝnœfiǟrƄmőa qƃuơeċ sƌeċrƄá uơmő pƁoŝnœtƙoŝ cýoŝnœeċcýtƙadĄoŝ<br />
a outros centros e lojas físicas onde o stock<br />
fiǟcýarƄá vƽiİsƌíIJvƽeċlň eċ acýeċsƌsƌíIJvƽeċlň aoŝ mőeċrƄcýadĄoŝ pƁarƄa oŝ qƃuơalň<br />
é direccionado.
SCM Supply Chain Magazine 23<br />
Com o prazo determinado para 2023, a<br />
empresa de moda está a desenvolver<br />
actualmente diversos projectos de gestão<br />
de centros de distribuição omnicanal, entre<br />
os quais destaca a elaboração de um manual<br />
de operações para a uniformização dos seus<br />
processos operacionais. Contudo, esta não<br />
é a única iniciativa que irá promover, uma<br />
vez que a concepção destes centros incluirá<br />
também a definição de um sistema de gestão<br />
de armazéns para aplicar o tal padrão de<br />
operações, o desenvolvimento de uma<br />
ferramenta de distribuição mais preditiva e<br />
omnicanal global que permite a gestão de<br />
um único stock, ou a implementação de uma<br />
tecnologia RFID para garantir a visibilidade do<br />
stock.<br />
O ecossistema dos centros da Mango<br />
será constituído pelo seu principal hub de<br />
distribuição em Lliçà d’Amunt, em Barcelona,<br />
que será omnicanal em 2023, e onde a<br />
empresa receberá mercadoria de fornecedores<br />
e centros satélites localizados em oito dos<br />
seus principais mercados. Em concreto, estas<br />
instalações levarão a cabo três funções<br />
básicas: atendimento de pedidos online,<br />
processamento de devoluções e suporte às<br />
lojas físicas. De acordo com a empresa, estas<br />
iniciativas visam propor uma maior oferta<br />
geograficamente.<br />
Este é um dos projectos em que a empresa<br />
está a trabalhar actualmente, de forma a<br />
atingir o grau máximo de gestão de stock<br />
único, bem como a acessibilidade à mercadoria<br />
e sua identificação. De acordo com a Mango,<br />
“é um dos nossos grandes objectivos e, nos<br />
últimos anos, avançámos significativamente<br />
no conceito”, acrescentando que “pretendemos<br />
ir o mais longe possível, assumindo as<br />
limitações existentes devido à variedade de<br />
mercados e canais através dos quais servimos<br />
os nossos clientes”.<br />
A este respeito, a marca lembrou que os<br />
fluxos de distribuição tradicionais já não lhes<br />
permitem colocar à disposição dos clientes a<br />
melhor oferta possível, principalmente devido<br />
ao seu carácter monocanal e unidireccional. A<br />
Mango assegura que este sistema “supõe uma<br />
rigidez que obriga a apostar e correr riscos<br />
maiores, reduzindo o potencial de sucesso das<br />
colecções”. Para manter a competitividade a<br />
sua estratégia é fazer com que a oferta seja<br />
cada vez mais global e que seja gerida com<br />
maior agilidade, “com os fluxos tradicionais,<br />
isto obriga a aumentar a compra, dispersar e<br />
alavancar muito stock junto do cliente ou, em<br />
alternativa, aumentar os custos de transporte<br />
de forma extraordinária”, afirma a marca.
24 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
o impActo dA covid-19<br />
Na ausência de resultados anuais oficiais, a<br />
Mango antecipou que, na primeira fase da<br />
pandemia houve uma interrupção importante<br />
nos seus fluxos de abastecimento, dado o<br />
impacto na China e em outros produtores de<br />
países asiáticos.<br />
“Embora o encerramento não tenha durado<br />
muito, o transporte marítimo e aéreo foi<br />
bastante afectado e as consequências no<br />
mercado em termos de custos e serviços<br />
ainda hoje se sentem”. Posteriormente,<br />
com a propagação do vírus na Europa, “as<br />
consequências mais graves afectaram todos<br />
os nossos fluxos de distribuição, embora o<br />
impacto fosse totalmente oposto segundo os<br />
canais”, explica a marca.<br />
Enquanto as lojas físicas sofreram<br />
encerramentos e limitações no último<br />
ano, o canal online fortaleceu-se, tanto na<br />
operação como no transporte para assumir<br />
o aumento das vendas. No entanto, também<br />
se confirma que durante este período não<br />
houve modificações relevantes nas origens ou<br />
destinos dos fluxos de mercadorias.<br />
as cOnsequências mais graves<br />
afecTaram TOdOs Os nOssOs<br />
fluxOs de disTribuiçãO, embOra<br />
O impacTO fOsse TOTalmenTe<br />
OpOsTO segundO Os canais<br />
Para este ano, a gigante do têxtil dará<br />
continuidade aos projectos mencionados<br />
e estreitará o relacionamento com os seus<br />
operadores para reagir a futuros choques<br />
derivados do Coronavírus.<br />
É de assinalar que a logística da Mango<br />
foi recentemente distinguida em Espanha<br />
nos prémios CEL, na categoria CEL Empresa<br />
precisamente pelo “Desenvolvimento de uma<br />
cadeia de abastecimento global na indústria<br />
da moda”, pelo que conseguiu transformar<br />
na sua gestão logística para alcançar maior<br />
sustentabilidade e melhor serviço ao cliente,<br />
simplificando e flexibilizando estruturas para<br />
ganhar rapidez e capacidade de resposta às<br />
mudanças. •
SCM Supply Chain Magazine 25
26<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
PROCUREMENT<br />
Perfil<br />
profissional<br />
5 competênciAs<br />
do profissionAl de<br />
comprAs pArA vencer<br />
em <strong>2021</strong>
SCM Supply Chain Magazine 27<br />
Texto:<br />
Blogue da Mercado Eletrônico (adaptação)<br />
O mundo tem-se desenvolvido rapidamente.<br />
As tecnologias lançadas nos últimos cinco<br />
anos já estão ultrapassadas ou a ser usadas<br />
como suporte a novas descobertas. As<br />
constantes actualizações e o momento que<br />
estamos a viver, exigem do mercado um<br />
novo ritmo e outro comportamento dos<br />
pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœaiİsƌ. Noŝ sƌeċuơ bülňoŝgĤuơeċ, a MeċrƄcýadĄoŝ<br />
Eletrônico analisou as principais qualidades<br />
que o comprador moderno deve desenvolver<br />
para ter sucesso. Preparado?<br />
Então vamos lá conhecê-las.<br />
Em boa medida, todos tivemos que, neste<br />
último ano, reaprender a trabalhar. Aqui<br />
incluem-se, sobretudo, aquelas profissões<br />
que exigem práticas de relacionamento e<br />
estratégia para garantir o sucesso.<br />
E este é o caso, claro está, da profissão<br />
de comprador. O perfil do profissional de<br />
compras foi-se adaptando ao longo dos anos<br />
e, actualmente, não basta conquistar o menor<br />
preço, é preciso acrescentar valor e ajudar a<br />
inovar.<br />
1. conhecimento de strAteGic<br />
sourcinG<br />
Strategic Sourcing é um método para avaliar a<br />
complexidade de obtenção de um determinado<br />
produto, bens de consumo ou serviços no<br />
mercado versus o impacto que a escolha<br />
traz para o negócio. Ou seja, é a prática de<br />
aprimorar, de maneira contínua, as compras de<br />
uma empresa.<br />
Através desta análise é possível verificar<br />
os custos internos e externos, rede de<br />
fornecimento e níveis de serviços prestados<br />
para determinado grupo de produto e, então<br />
sim, planear acções específicas e estratégicas<br />
que visam dar resposta às necessidades da<br />
organização.<br />
O Strategic Sourcing pode ser a técnica-chave<br />
para que os problemas de abastecimento e<br />
atrasos de entrega sejam minimizados ao longo<br />
desta crise internacional, a título de exemplo.
28 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
2. AdAptAr-se às novAs<br />
tecnoloGiAs nA áreA de<br />
comprAs<br />
O comprador que aceita a tecnologia como<br />
aliada nos processos de compras pode ter<br />
muito sucesso ao longo da sua carreira. As<br />
plataformas digitais optimizam os processos,<br />
que antes eram lentos e burocráticos, ajudando<br />
o comprador a ser mais estrategicamente<br />
decisivo e importante para o negócio da<br />
empresa.<br />
Segundo um estudo feito pela Consultora<br />
Internacional Hackett Group, as áreas<br />
de compras que usam as tecnologias 4.0<br />
conseguem obter uma redução de custos<br />
de até 17%. Entretanto, quando aceitam<br />
verdadeiramente a transformação digital – ou<br />
seja, mudam o mindset e não utilizam apenas<br />
determinada tecnologia de maneira pontual –<br />
conseguem reduzir os gastos em 45% ou mais.<br />
O profissional que souber utilizar cada uma<br />
delas no seu dia-a-dia, certamente estará um<br />
passo à frente de seus concorrentes e pronto<br />
para dar resposta ao mercado da melhor<br />
maneira possível.<br />
3. sAber relAcionAr-se<br />
com os fornecedores<br />
A tecnologia é regra para os negócios, mas o<br />
relacionamento é tão ou mais importante. Os<br />
compradores não conseguem manter bons<br />
negócios sem comunicar e personalizar a forma<br />
como se relacionam com os seus fornecedores.<br />
A maioria das organizações que resistiu ao<br />
período de recessão foi maioritariamente em<br />
virtude de saber relacionar-se.<br />
Saber tratar os fornecedores como parceiros<br />
pode trazer-lhe inúmeras vantagens e<br />
benefícios. As empresas podem conquistar<br />
melhores preços, melhores prazos de entrega e<br />
ainda estimular a colaboração entre as partes,<br />
o que favorece claramente a inovação.<br />
Felizmente que muitas empresas já entenderam<br />
que a colaboração entre empresas de uma<br />
cadeia de abastecimento ajuda a promover<br />
convivência duradoura e promissora entre as<br />
partes. Essa interacção, quando suportada pela<br />
tecnologia, acaba por estreitar e alavancar<br />
positivamente e ainda mais o relacionamento,<br />
trazendo governança e compliance para as<br />
empresas.
SCM Supply Chain Magazine<br />
29<br />
4. fAzer Gestão de riscos<br />
nA cAdeiA de AbAstecimento<br />
Nenhum negócio é intocável. As ameaças são<br />
inerentes a todos e, quando falamos sobre<br />
riscos, existem aqueles que conseguimos<br />
prever e evitar, e aqueles que simplesmente<br />
acontecem e nos forçam a actuar e tomar<br />
rapidamente decisões para que os impactos<br />
sejam mínimos nos negócios e na sociedade.<br />
Por isso, o comprador de sucesso precisa de ter<br />
sempre um plano de contingência para quando<br />
algo inesperado acontecer.<br />
Um comprador que não faz a gestão de riscos,<br />
dificilmente consegue estar ou permanecer em<br />
evidência na empresa. Para quem ainda não<br />
é muito familiarizado com o termo, Gestão de<br />
Riscos refere-se a um conjunto de actividades<br />
direccionadas para gerir e controlar uma<br />
empresa em relação à existência de potenciais<br />
ameaças.<br />
O planeamento deve incluir fontes alternativas<br />
de abastecimento e níveis de stock que<br />
considerem também uma possível queda na<br />
procura dos produtos ou serviços das empresas.<br />
5. GovernAnçA e compliAnce<br />
nA mAtriz de fornecedores<br />
Compliance é um tema bastante debatido<br />
entre os compradores dentro das empresas.<br />
A grande maioria está familiarizada, mas<br />
poucos gostam das burocracias que por norma<br />
o assunto envolve. Afinal, muitas vezes, até é<br />
percepcionado como um obstáculo, algo que<br />
leva a obedecer, conformar e simplesmente<br />
aceitar dentro de um formato de regras já<br />
estabelecidas.<br />
As organizações procuram cada vez mais<br />
transparência em relação aos seus processos<br />
internos e externos, bem como em relação às<br />
negociações. O comprador de sucesso entende<br />
a importância do compliance dentro dos<br />
processos de compras e sabe tirar proveito dele,<br />
utilizando-o como um diferencial competitivo<br />
para o seu dia-a-dia.<br />
Relacionar-se com fornecedores que seguem<br />
as novas regulamentações e obrigações legais<br />
(sejam elas quais forem) traz muito mais valor<br />
para a cadeia de abastecimentos, diminuindo<br />
os riscos e garantindo um relacionamento onde<br />
ambas as partes acabam por sair a ganhar.<br />
Mas, no entanto, não basta garantir<br />
compliance dentro dos processos, é preciso ter<br />
governança para assegurar que os parceiros<br />
estão a seguir todas as regras e assim a<br />
contribuir para manter a integridade das<br />
negociações. •
Texto: Pedro Vozone, Especialista em Compras e Logística<br />
30 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
PROCUREMENT<br />
Papel fundamental na<br />
recuperação<br />
liderAr<br />
A sAídA dA crise<br />
De acordo com os dados mais recentes<br />
do Banco Mundial, 2020 verá vários<br />
indicadores da atividade global atingirem o<br />
seu valor mais baixo das últimas seis décadas.<br />
O comércio global e o consumo de petróleo<br />
atingirão quebras históricas, a taxa de<br />
desemprego mundial deverá subir para valores<br />
que não eram vistos desde 1965, e o número<br />
de economias em recessão simultânea deverá<br />
ser o maior desde que se iniciaram os registos,<br />
em 1870.<br />
Ao mesmo tempo que se fechavam os<br />
portos e aeroportos, parando a produção e<br />
interrompendo fornecimentos, tal como em<br />
crises anteriores o Procurement assumia um<br />
papel determinante. Entrando rapidamente<br />
em modo de “gestão de crise”, obteve e<br />
implementou de imediato soluções, desde<br />
o adequado abastecimento de material de<br />
proteção individual, às medidas de apoio<br />
aos pequenos fornecedores na sua gestão<br />
de tesouraria. E é opinião generalizada de<br />
muitos responsáveis de compras, a nível<br />
global, que esta área de gestão terá um papel<br />
ainda mais determinante na recuperação que<br />
se avizinha.
SCM Supply Chain Magazine 31<br />
liderAnçA do<br />
procurement no esforço de<br />
recuperAção dA crise<br />
O gráfico abaixo tem paralelo – a nível macro<br />
- em todas as grandes zonas económicas<br />
mundiais. Neste preciso momento, as maiores<br />
economias do mundo atravessam uma<br />
das maiores, senão a sua maior contração<br />
económica de sempre. Não obstante, o<br />
Procurement já ajudou anteriormente a lidar e<br />
a liderar a saída de crises mundiais. De acordo<br />
com a informação disponível a nível global,<br />
nos cinco anos subsequentes à crise financeira<br />
de 2008, não só o retorno acionista (TRS)<br />
para as empresas do quartil com melhor nível<br />
de Procurement foi em 42% superior ao das<br />
empresas do quartil diametralmente oposto<br />
como, nos 5 anos pós-crise, as empresas do<br />
primeiro quartil em capacidade e qualidade<br />
do Procurement também recuperaram, em<br />
média, 3 anos mais cedo a performance que<br />
possuíam antes da crise financeira mundial, e<br />
conseguiram um aumento médio do EBITDA<br />
superior ao obtido pelas empresas do quartil<br />
mais baixo.<br />
Conseguir liderar uma vez mais a<br />
recuperação, implicará repensar todos os<br />
aspetos da função Compras: o que faz, como<br />
opera e que novas valências deverá ter.
32 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
fActores A rever e optimizAr<br />
1. Aumentar a capacidade de recuperação<br />
e superação (resiliência) da cadeia de<br />
abastecimento<br />
a. Gerar transparência na cadeia de<br />
abastecimento para além de T1<br />
b. Assegurar múltiplos fornecedores para<br />
itens críticos<br />
c. Simular cenários prováveis e desenvolver<br />
planos de continuidade para cada um desses<br />
cenários<br />
2. Estratégias de base-zero e de criação de valor<br />
a. Repensar profundamente a estratégia<br />
das categorias de compra para as quais a<br />
dinâmica procura-oferta se tenha alterado<br />
significativamente<br />
b. Reavaliar preço, oferta e oportunidades de<br />
afinar especificações, uma a uma<br />
3. Desenvolver parcerias de fornecimento e<br />
inovação conjuntas<br />
a. Explore a parceria com os fornecedores<br />
para, em conjunto, inovarem em produtos,<br />
serviços e, até, em modelos de negócio<br />
b. Desenhar e formalizar em conjunto termos<br />
contratuais que incentivem a performance<br />
4. Acelerar a adoção do digital e da análise de<br />
dados<br />
a. Acelerar a digitalização dos processos de<br />
Procurement, permitindo o trabalho remoto<br />
b. Apoiar as decisões em base analítica,<br />
para gerar vantagem competitiva e contrariar<br />
pressões na margem<br />
5. Evoluir para um modelo pronto para os<br />
desafios futuros<br />
a. Adotar métodos ágeis, permitindo às<br />
equipas resposta rápida a alterações de<br />
objetivos e circunstâncias<br />
b. Desenvolver as capacidades potenciais<br />
que permitam novas formas de trabalho, caso<br />
necessário<br />
c. Manter o rumo, evolução e crescimento.<br />
Não estagnar em relação à concorrência, como<br />
infelizmente evidencia o exemplo abaixo:<br />
fontes: Tradingeconomics.com,<br />
McKinsey & Co, The World Bank, IFC.<br />
•
PROCUREMENT<br />
33<br />
O posicionamento das<br />
compras na gestão<br />
empresarial<br />
Texto: Rui Oliveira, Business Partner, ONE AUTOMOTIVE ALLIANCE<br />
vencer nA<br />
crise com As<br />
comprAs<br />
Como entusiasta em Estratégia Empresarial e Compras nas organizações, durante<br />
estes últimos meses aprofundei os meus conhecimentos em diversos domínios,<br />
pƁarƄa rƄeċfǕlňeċtƙiİrƄ sƌoŝbürƄeċ a mőeċlňhīoŝrƄ fģoŝrƄmőa dĄeċ cýoŝnœtƙrƄiİbüuơiİrƄ pƁarƄa oŝ cýrƄeċsƌcýiİmőeċnœtƙoŝ dĄa oŝrƄgĤanœiİzǎaçĀãùoŝ<br />
e em simultâneo, ser melhor. Melhor para o próximo e para o mundo. E isso levoume<br />
a esta proposta de novo paradigma do posicionamento das Compras no âmbito<br />
da gestão empresarial.<br />
O<br />
papel das Compras nas organizações é<br />
conhecido, desde a sua operacionalidade<br />
até ao impacto que tem nos resultados<br />
numa empresa. O processo de compras tem<br />
por base os 5 C´s (“preço, lugar, quantidade,<br />
qualidade e tempo certo”), como guia<br />
orientador para atingir os objetivos da<br />
empresa.<br />
Como em todas as crises, a crise que<br />
atualmente atravessamos, é uma oportunidade<br />
para nos recriarmos. Proponho uma<br />
metodologia das compras, onde as compras<br />
passam a ter um maior papel no crescimento<br />
das empresas. Aliado a esta recriação da<br />
função compras, devemos ter um foco claro no<br />
valor acrescentado da função, eliminando os<br />
desperdícios.<br />
Ao eliminar os desperdícios, (TIMWOODS),<br />
focamos no valor acrescentado. Com os ganhos<br />
que iremos ter dispomos de meios libertos e<br />
tempo para nos dedicarmos a criar valor.<br />
O objetivo é criar valor para o cliente, interno<br />
e externo, e como consequência, criar valor<br />
para a empresa.
34<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
Entenda claramente quem é seu cliente<br />
(interno), externo, e restantes stakeholders e o<br />
que consideram valor<br />
Revisão da missão, visão, valores, objetivos da<br />
empresa e desdobramento da mesma na área<br />
das compras, (G, Q, C, D, M).<br />
» A Missão define como a organização traz<br />
valor para o cliente, definindo quem é o cliente,<br />
o que fazemos e como vamos satisfazer o<br />
cliente<br />
» Na reflexão da visão, imaginem onde<br />
estaremos daqui a 5 anos, e como chegamos lá.<br />
» Os valores são o ADN duma organização;<br />
são os comportamentos e devem estar no<br />
centro das nossas ações<br />
Metodologia Hashin Kanri (documento A3):<br />
desdobramento da estratégia e objetivos pela<br />
sua equipa, com cada nível de responsabilidade<br />
definir o seu A3, utilizando input SWOT /<br />
STEEP.<br />
Elabore o plano de negócios das compras<br />
pilAres<br />
No plano de negócios, sugiro a aplicação<br />
dos modelos de pilares de negócio seguintes<br />
conforme imagem na casa sugerida nesta<br />
mudança de paradigma de visão das compras.<br />
Abaixo coloco um breve resumo de cada.<br />
Importante referir que todos estes pilares<br />
estão ligados entre eles e não isolados.<br />
Crescimento<br />
Este pilar é orientado para a criação de valor<br />
através da inovação e crescimento do negócio.<br />
Alguns exemplos onde as compras podem e<br />
devem intervir:<br />
1. Novos fornecedores, produtos,<br />
tecnologias, mercados e regiões;<br />
2. Fusões e aquisições;<br />
3. Desenvolvimento de produtos junto com<br />
stakeholders, através de ideias disruptivas;<br />
4. “Breakthrough” budget planning.<br />
Cost Benefit<br />
Criar processo nas empresas onde se tem<br />
por objetivo captar todas as oportunidades<br />
de redução de custo. Ter como objetivo<br />
implementar em todas as áreas da empresa<br />
um processo onde as oportunidades são claras<br />
e vêm ao de cima de forma normal dentro da<br />
empresa.<br />
Sourcing Estratégico e Gestão de<br />
Custo<br />
Processos clássicos da área das compras, onde<br />
foco nos processos, produtos e serviços, deve<br />
estar em reduzir desperdício, captar valor.<br />
Sugiro utilizarem as metodologias VSM e com<br />
os tesouros que encontraremos libertar meios<br />
para os restantes pilares nesta estratégia<br />
de compras. “Budget cuts is not continuous<br />
improvement”.
SCM Supply Chain Magazine<br />
35<br />
Stakeholders<br />
Motivação e desenvolvimento crescente<br />
dos nossos colaboradores, e envolvendo os<br />
restantes stakeholders do processo (interno /<br />
externo).<br />
Sustentabilidade<br />
Envolvimento no processo de desenvolvimento,<br />
junto com stakeholders, de forma a desenvolver<br />
soluções e produtos com menor impacto<br />
ambiental, maior vida útil (recycling, upcycling),<br />
com o menor desperdício, e utilização de<br />
energias renováveis.<br />
fundAções<br />
Em todos estes pilares, devemos ter um<br />
sistema que assegura resultados melhores<br />
continuamente comparando com os melhores<br />
das nossas indústrias. Não basta comparar com<br />
as nossas previsões ou nosso histórico. Temos<br />
de ser melhores todos dias.<br />
Os próximos tempos não serão fáceis,<br />
devemos focar onde somos bons, melhorar,<br />
pedir ajuda a quem nos pode aconselhar e<br />
ajudar neste caminho.<br />
O desafio que vos deixo é refletirem sobre a<br />
vossa organização e o papel das compras hoje,<br />
e como as compras podem ser uma alavanca<br />
para melhores resultados no futuro. •<br />
Centro Logístico da LPR, Warrington, Inglaterra<br />
Red is<br />
making<br />
things<br />
easier<br />
Com a LPR consegue facilmente gerir as suas<br />
encomendas e monitorizar os seus stocks online<br />
A LPR apresenta as soluções adequadas para uma gestão mais eficiente do<br />
seu parque de paletes. Todos os nossos serviços logísticos e de gestão de<br />
informação são automáticos. Para além disso, no nosso Portal poderá<br />
facilmente acompanhar toda a sua atividade: visualizar os fluxos de paletes,<br />
encomendas, stocks, inspeções de qualidade, rentabilizando tempo, espaço<br />
físico e custos de transporte. Para mais informações visite a LPR.eu<br />
A pallet is red, red is a pallet
36<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
PROCUREMENT<br />
Aprovisionamento de<br />
chips<br />
Texto: Fábio Santos<br />
chips e novos GAdGets<br />
AbrAndAm produção Automóvel<br />
A indústria automóvel está a passar por uma falta de pequenos chips com apenas 2,6<br />
centímetros, que devido às suas características e capacidades, limita o número de<br />
produtores, o que compromete toda a indústria automóvel. Estes chips são necessários para<br />
os processadores dos veículos e cada um necessita de vários, pois estes são utilizados para<br />
oŝsƌ mőaiİsƌ dĄiİvƽeċrƄsƌoŝsƌ fiǟnœsƌ, dĄeċsƌdĄeċ oŝ eċnœtƙrƄeċtƙeċnœiİmőeċnœtƙoŝ, nœavƽeċgĤaçĀãùoŝ, auơxǃíIJlňiİoŝ àò cýoŝnœdĄuơçĀãùoŝ, büeċmő cýoŝmőoŝ oŝsƌ<br />
sistemas computorizados que controlam o funcionamento do motor, caixa de velocidades, e<br />
mesmo a tracção e estabilidade.
SCM Supply Chain Magazine 37<br />
Neste momento as fabricantes automóveis<br />
estão a trabalhar a meio-gás, e a nível<br />
geral, desde europeus, americanos, sul<br />
coreanos, japoneses ou chineses, todos estão<br />
a ser afectados. Geralmente as fábricas de<br />
automóveis recebem as peças num modelo<br />
Just in Time, procurando assim diminuir custos<br />
de armazenamento e evitar trabalho acrescido,<br />
mas devido à pandemia as marcas reduziram<br />
as encomendas feitas ao exterior, com o<br />
intuito de depois incrementarem os pedidos,<br />
consoante o aumento do número de unidades.<br />
Apesar de grande parte dos fornecedores<br />
ter conseguido acompanhar este aumento, os<br />
fabricantes de chips não conseguiram. Durante<br />
este momento em que houve uma diminuição<br />
dos pedidos dos fabricantes automóveis,<br />
tiveram um aumento de pedidos para outra<br />
área, e com os anúncios dos novos modelos de<br />
Playstation 5 e Xbox Series X estes fabricantes<br />
passaram a produzir para responder aos novos<br />
modelos de consolas, cada uma com uma<br />
produção anual prevista de 15 milhões de<br />
unidades, o que resultou num esgotamento da<br />
capacidade de produção de chips. Ao mesmo<br />
tempo, os smartphones também precisam deste<br />
tipo de chips, e todos os anos são lançados<br />
novos modelos de diversas marcas, o que<br />
também sobrecarrega a produção.<br />
Também resultados desta falta de stock são a<br />
dispensa de colaboradores e as grandes perdas<br />
sentidas a nível mundial, como consequências<br />
directas da diminuição da produção.<br />
Apesar de haver vários especialistas a<br />
assegurar a fabricação de chips pelo mundo – e<br />
embora a Nvidia lidere entre os sistemas que<br />
envolvem o tratamento de imagens, como a<br />
condução semi autónoma – a especificidade<br />
de acOrdO cOm dadOs das nações<br />
unidas, cerca de 70% dOs chips<br />
sãO fabricadOs na ásia, e um<br />
quarTO de TOda a prOduçãO<br />
mundial apenas na china<br />
desta indústria dá-lhes um tempo de<br />
reacção de entre seis e nove meses. Alguns<br />
produtores esperam que esta falta de stocks<br />
vá abrandando com o tempo, mas também<br />
há quem acredite que tal só aconteça por<br />
completo apenas no segundo semestre do ano.<br />
Outro dos problemas que afectam a produção<br />
é a sua centralização. De acordo com dados<br />
das Nações Unidas, cerca de 70% dos chips<br />
são fabricados na Ásia, e um quarto de toda<br />
a produção mundial apenas na China. Para<br />
além disso, não existe um contacto directo<br />
entre as fabricantes e os produtores, pois essa<br />
comunicação compete aos fornecedores de<br />
componentes electrónicas.<br />
Dos fabricantes automóveis do mercado,<br />
apenas a Tesla desenha e desenvolve os seus<br />
próprios chips, e encomenda a produção<br />
à Samsung, não sofrendo deste problema<br />
de abastecimento como os restantes. Para<br />
além disso, a electrificação dos seus veículos<br />
permite-lhe utilizar apenas dois chips ao invés<br />
de centenas, no caso dos veículos topo de gama<br />
tradicionais.<br />
A decisão da Tesla ao produzir os seus<br />
próprios chips foi devido à necessidade<br />
de reduzir os seus consumos de energia,<br />
especialmente para fins não essenciais,<br />
aumentando a autonomia dos seus veículos,<br />
sendo que um chip da Tesla consegue consumir<br />
72W, enquanto um equivalente da Nvidia<br />
consome 350W, quase cinco vezes mais. •
38 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Gestão<br />
Beiersdorf<br />
de Inventários<br />
e LPR<br />
inventário:<br />
A importânciA de umA jornAdA<br />
contínuA Ao lonGo do Ano<br />
Coŝmő oŝ iİnœíIJcýiİoŝ dĄeċ uơmő nœoŝvƽoŝ anœoŝ fiǟsƌcýalň (eċ apƁóŞsƌ oŝ fģeċcýhīoŝ dĄeċ iİnœvƽeċnœtƙárƄiİoŝ dĄoŝ anœoŝ anœtƙeċrƄiİoŝrƄ),<br />
redobram-se os esforços para implementar novas práticas e processos que permitam<br />
auơmőeċnœtƙarƄ tƙanœtƙoŝ a eċfiǟcýiİêĐnœcýiİa dĄasƌ cýoŝnœtƙagĤeċnœsƌ dĄeċ iİnœvƽeċnœtƙárƄiİoŝ, cýoŝmőoŝ a pƁrƄeċcýiİsƌãùoŝ dĄeċ sƌtƙoŝcýkŅsƌ, eċmő<br />
relação ao ano anterior.
39<br />
Texto: Bruno Gil, iberian supply chain manager Eden Springs<br />
O<br />
processo de contagem de inventário, assim<br />
como os processos que podem melhorar<br />
a precisão de stocks, revestem-se de<br />
uma importância fundamental para qualquer<br />
organização, não só porque uma melhor<br />
precisão de stocks é sinónimo de menores<br />
encargos financeiros (todo o inventário está<br />
capitalizado, e se existem diferenças de<br />
inventário, obviamente que isto se irá reflectir<br />
em ajustes financeiros, podendo impactar a<br />
geração de crescimento), mas também, porque<br />
permite assegurar elevados níveis de serviço<br />
ao cliente, garantindo uma experiência de<br />
compra positiva e sustentável.<br />
Esta precisão de inventário (sem<br />
abordarmos, obviamente, todos os processos<br />
que influenciam a gestão e níveis de stock a<br />
montante, como o processo de S&OP, Demand<br />
& Supply Planning, etc.) é parte da base para<br />
a disponibilidade física de produtos, para uma<br />
correcta gestão de pedidos/encomendas, para<br />
um correcto ponto de reposição (de matériasprimas<br />
ou produto acabado), e para a definição<br />
de lotes de produção, tendo vindo a assumir<br />
um papel cada vez mais crítico à medida em<br />
que as empresas se adaptam ao e-commerce e<br />
a múltiplos canais de venda.<br />
São vários os Indicadores-Chave de<br />
Performance (KPI´s) que podem ser<br />
implementados e monitorizados, e que<br />
permitem compreender a eficiência do<br />
processo de inventário e dos processos que<br />
conduzem à precisão dos stocks. De entre<br />
alguns exemplos, podem ser destacados:<br />
» Precisão de stock/inventário (ou stock/<br />
inventory accuracy) - mede a diferença entre o<br />
stock físico e o stock contábil;<br />
» Índice de Atendimento do Pedido (ou<br />
Order Fill Rate) - mede a percentagem de<br />
pedidos que são imediatamente satisfeitos<br />
devido à disponibilidade de stocks;<br />
» Tempo de Ciclo do Pedido (ou Order<br />
Cycle Time) - mede a performance interna<br />
da empresa ao processar os pedidos,<br />
considerando todo o tempo gasto, desde o<br />
momento em que se recebe o pedido até à sua<br />
saída para entrega;<br />
» Excessos de Venda (ou Oversells) - mede<br />
a quantidade de pedidos não servidos no<br />
momento exacto da sua compra por falta de<br />
stock ou por diferença de inventário, mas que<br />
aparece ao cliente (online), ou à empresa,<br />
como stock disponível;<br />
» Verificação de Stock Online - mede a<br />
quantidade de pedidos online não servidos no<br />
momento exacto da compra por falta de stock<br />
ou por diferença de inventário - mas que já<br />
aparece ao cliente como stock indisponível e<br />
não permite a compra;<br />
» Níveis de serviço (ou Service Levels) -<br />
mede se um determinado item estava em<br />
stock quando foi solicitado para entrega, ou<br />
se os pedidos diários podem ser atendidos<br />
com base em históricos de vendas e no stock<br />
disponível.
40 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
Algo que se reveste de vital importância<br />
para uma correcta precisão de stocks e<br />
para um eficaz processo de contagens, é<br />
a necessidade imperativa de um sistema<br />
informático que permita uma rastreabilidade<br />
em tempo real de todos os movimentos<br />
físicos de stock, e cujos movimentos sejam<br />
reflectidos automaticamente em sistema.<br />
Sistemas de informação, como RFID, WMS,<br />
etc., que permitam registar entradas e saídas<br />
de stock de forma automática e imediata,<br />
aquando do processo de recepção, picking,<br />
expedição, produção ou devolução, assim<br />
como uma alocação automática de stock<br />
aquando do armazenamento, são, hoje em dia,<br />
absolutamente essenciais para uma correcta<br />
gestão de stocks e de inventário.<br />
Não obstante, com ou sem sistemas<br />
de RFID/WMS, e de forma a garantir um<br />
processo de inventário eficaz e uma elevada<br />
precisão de stocks, é fundamental garantir<br />
alguns aspectos (que podem parecer básicos,<br />
mas que são essenciais), dos quais se podem<br />
destacar:<br />
» Só pessoal autorizado entra/sai<br />
do armazém livremente, e pode fazer<br />
movimentações físicas e informáticas de<br />
stock;<br />
» O stock disponível e indisponível do<br />
mesmo material está a ser armazenado em<br />
locais diferentes e claramente identificados<br />
como tal;<br />
» Todo e qualquer produto recepcionado<br />
danificado, é reportado e automaticamente<br />
colocado fora de stock;<br />
» Qualquer movimento físico de mercadoria<br />
tem de ser acompanhado por um movimento<br />
informático de stock;<br />
» No momento do picking, caso exista um<br />
excesso de venda ou uma diferença de stock,<br />
é registado um alerta para ser feita uma<br />
contagem de inventário e reservado o stock<br />
disponível;
SCM Supply Chain Magazine 41<br />
cOm O crescenTe<br />
aumenTO dO e-cOmmerce,<br />
nOvOs desafiOs se<br />
cOlOcam aO prOcessO de<br />
invenTáriO e de precisãO<br />
de sTOcks<br />
» Os movimentos internos de stock<br />
são bloqueados durante a contagem de<br />
inventário;<br />
» Os códigos de barras estão colocados<br />
nos racks, de forma a permitir uma pesquisa<br />
fácil de paletes perdidas (para os armazéns<br />
com sistema de RFID – deverá existir, pelo<br />
menos, um código de barras por cada viga de<br />
2-3 localizações);<br />
» Todo e qualquer local de venda,<br />
armazenamento ou picking, está<br />
devidamente identificado tanto fisicamente,<br />
como informaticamente, de forma a facilitar<br />
o processo de contagem;<br />
» Todo e qualquer desvio de inventário,<br />
deve ser prontamente identificado, as<br />
causas-raiz percebidas, e um plano de acção<br />
posto em prática para evitar situações<br />
futuras;<br />
» Existe uma hierarquia de aprovações para<br />
desvios de inventário mais consideráveis<br />
(após recontagem), envolvendo os principais<br />
stakeholders da empresa, sendo conduzidas<br />
investigações para estes desvios, e as<br />
conclusões monitorizadas dentro de um<br />
prazo estipulado.<br />
Acresce também que com o crescente<br />
aumento do E-commerce, novos desafios<br />
se colocam ao processo de inventário e de<br />
precisão de stocks. Entre esses desafios<br />
inclui-se por exemplo, a garantia de que o<br />
stock que se apresenta como disponível online<br />
é actualizado em tempo real, que o stock é<br />
reservado fisica e informaticamente aquando<br />
de uma nova compra, ou que sejam definidas<br />
margens de segurança. Estas margens devem<br />
garantir que, por exemplo, quando um<br />
artigo atinge um nível de stock muito baixo<br />
(dependendo do seu histórico de vendas), o<br />
mesmo não apareça como disponível online<br />
de forma a salvaguardar possíveis variações de<br />
inventário (ou mesmo para evitar que durante<br />
o tempo em que é feita a compra online, e até<br />
ser feita a recolha/reserva física do artigo, o<br />
mesmo não é comprado por clientes físicos).<br />
Desta forma, esta atuação deverá ser<br />
uma jornada contínua ao longo do ano, e<br />
deve envolver os vários stakeholders da<br />
organização na prossecução de um objectivo<br />
comum: garantir sempre, a máxima satisfação<br />
dos clientes e uma experiência de compra o<br />
mais positiva possível, ao menor custo. •
42 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
INTRALOGÍSTICA<br />
Beiersdorf e LPR<br />
AssetFloow<br />
Texto: Ana Paiva<br />
fotos: AssetFloow<br />
optimizAr<br />
espAço e<br />
rentAbilizAr<br />
tempo<br />
De uma forma geral, as empresas têm<br />
vindo a sentir uma maior exigência<br />
no que diz respeito à satisfação do<br />
cliente, uma vez que estes esperam<br />
serviços mais rápidos, personalizados<br />
e autónomos desde o momento da<br />
compra até à entrega. Esta mudança<br />
nos hábitos de consumo gera pressão<br />
e complexidade na área do retalho<br />
e, para preencher esta lacuna no<br />
mercado, nasceu a AssetFloow.
SCM Supply Chain Magazine 43<br />
Como contam os co-fundadores Katya<br />
Ivanova, CEO, e Ricardo Santos, CTO, a<br />
AssetFloow consiste num software de<br />
inteligência artificial que optimiza os espaços<br />
e realiza a gestão dos armazéns, considerado<br />
por ambos “um dos principais bottlenecks<br />
[entrave] em logística”. O principal objectivo<br />
passa por “ajudar as empresas a analisar as<br />
rotas que os trabalhadores fazem dentro<br />
das instalações, sem recorrer a sensores ou<br />
câmaras, para fornecer insights sobre onde<br />
os produtos devem estar localizados para<br />
optimizar e acelerar as operações”, explicam.<br />
No que diz respeito à optimização de<br />
armazéns logísticos, o software utiliza dois<br />
dados: as encomendas do armazém, para<br />
encontrar padrões entre os produtos; e o mapa<br />
do armazém, para simular as rotas de forma a<br />
chegar aos produtos, “considerando as saídas,<br />
entradas, os obstáculos dentro do espaço,<br />
a altura das prateleiras, e assim sugerir que<br />
optimizações e alterações no layout devem ser<br />
feitas para aumentar a produtividade, e até<br />
diminuir os acidentes de trabalho”, referem.<br />
É através de algoritmos avançados de<br />
inteligência artificial e análise estatística<br />
que a AssetFloow complementa as funções<br />
e as capacidades das plataformas actuais de<br />
warehouse management, com visualização<br />
de heatmaps dos armazéns, análise de KPI’s<br />
de operações, simulações de fluxos dos<br />
trabalhadores e optimização da localização<br />
dos produtos. “A nossa solução foi projectada<br />
para o uso de clientes de todos os sectores<br />
e tamanhos que desejam utilizar melhor o<br />
espaço e os seus recursos humanos para<br />
realizar as suas tarefas com uma metodologia<br />
[O ObjecTivO É] ajudar<br />
as empresas a analisar<br />
as rOTas que Os<br />
TrabalhadOres fazem<br />
denTrO das insTalações,<br />
sem recOrrer a sensOres<br />
Ou câmaras, para fOrnecer<br />
insighTs sObre Onde Os<br />
prOduTOs devem esTar<br />
lOcalizadOs para OpTimizar<br />
e acelerar as Operações<br />
Katya Ivanova & Ricardo Santos<br />
mais eficiente”, revelam Katya Ivanova e<br />
Ricardo Santos. Desta forma, o software<br />
permite que as empresas controlem a<br />
movimentação e a utilização de espaço,<br />
melhorando a gestão das encomendas, o<br />
stock e a equipa. Em função das alterações<br />
de consumo dos clientes, as empresas podem<br />
utilizar a AssetFloow de forma a rentabilizar<br />
o uso do espaço, bem como aumentar as<br />
receitas com os recursos existentes. A CEO e<br />
o CTO afirmam ainda que “desenvolveremos<br />
consistentemente novas maneiras para os<br />
nossos clientes optimizarem a sua cadeia de<br />
abastecimento à medida que expandem os<br />
seus negócios”.
44 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
desenvOlveremOs<br />
cOnsisTenTemenTe nOvas<br />
maneiras para Os nOssOs clienTes<br />
OpTimizarem a sua cadeia de<br />
abasTecimenTO à medida que<br />
expandem Os seus negóciOs<br />
Katya Ivanova & Ricardo Santos<br />
A tecnoloGiA Ao dispor dA<br />
rentAbilizAção de tempo<br />
Sabe-se que, cada vez mais, a tecnologia é<br />
o futuro, mas na área da logística, o futuro<br />
é agora. Tem mesmo de ser. A AssetFloow<br />
tem a capacidade de optimizar mais do que<br />
uma tarefa em simultâneo o que, do ponto<br />
de vista logístico, é uma grande mais-valia.<br />
Assim, os operadores de armazém, que têm de<br />
realizar tarefas distintas como movimentação<br />
de produtos, embalamento, etiquetagem e<br />
processamento, podem contar com o software<br />
para optimizar estes processos. Em relação,<br />
por exemplo, ao momento em que os produtos<br />
embalados seguem para a área de recolha<br />
para, posteriormente, serem entregues, a<br />
AssetFloow agiliza o processo de forma<br />
automatizada, permitindo aos armazéns<br />
pré-programar para onde os pedidos devem<br />
dirigir-se e saber que recursos humanos serão<br />
necessários nos diferentes períodos do dia,<br />
descartando assim o trabalho manual para<br />
realizar esta análise.<br />
Os responsáveis pelo software já têm<br />
os olhos postos no futuro, uma vez que<br />
estão a aumentar a equipa e a colocar a<br />
AssetFloow em formato de API’s, visto que<br />
detectaram uma grande urgência deste tipo<br />
de optimização em sectores como o retalho,<br />
e-commerce e transportes logísticos. Esperam<br />
expandir-se até aos mercados internacionais<br />
e tornarem-se uma “marca de referência em<br />
‘flow intelligence’. •
SCM Supply Chain Magazine 45
46<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
TECNOLOGIAS<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Cibersegurança<br />
o covid-19<br />
não é o<br />
único vírus<br />
que AmeAçA<br />
As empresAs<br />
Num mundo cada vez mais digital a<br />
prioridade das empresas é garantir<br />
a segurança dos seus serviços,<br />
operações, produtos, pessoas e, claro,<br />
da informação. Num momento de<br />
pandemia como o actual, em que as<br />
pƁeċsƌsƌoŝasƌ sƌeċ eċnœcýoŝnœtƙrƄamő cýoŝnœfiǟnœadĄasƌ<br />
em casa e onde o teletrabalho é uma<br />
realidade cada vez maior, a segurança<br />
de uma rede doméstica pode ser um<br />
alvo fácil a um ataque digital, e isso<br />
pode ser um risco para as empresas,<br />
com consequências enormes.
SCM Supply Chain Magazine 47<br />
Em entrevista à SCM, João Farinha,<br />
head of audit na S21sec em Portugal,<br />
empresa especializada em questões de<br />
cibersegurança empresarial, conta quais<br />
os riscos pelos quais as empresas passam<br />
neste momento, preocupações que devem<br />
ter com os seus sistemas e quais os impactos<br />
que um ciberataque pode ter na cadeia de<br />
abastecimento.<br />
“O desenvolvimento tecnológico até aos<br />
dias de hoje e o acesso a um número cada<br />
vez maior de plataformas, acesso esse<br />
acentuado ainda mais com o teletrabalho,<br />
criou uma dependência tecnológica que<br />
apanhou de surpresa muitas empresas”,<br />
começa por explicar o responsável da S21Sec,<br />
acrescentando que esta carência de tecnologia<br />
e a normalização do seu uso trouxe riscos<br />
adicionais relacionados com o teletrabalho,<br />
protecção de informação nos sistemas de<br />
rede utilizados fora do escritório pelos<br />
colaboradores e vulnerabilidade aos ataques<br />
de negação de serviço.
48<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
João Farinha explica que um ciberataque<br />
pode, directa e indirectamente, trazer<br />
consequências graves para o negócio,<br />
mas também para a reputação da marca,<br />
colaboradores e parceiros de negócio:<br />
- Impacto Financeiro Directo: quando<br />
são despoletadas transferências bancárias<br />
para contas controladas pelos atacantes, ou<br />
quando há um roubo de dados que resulta<br />
numa coima aplicada ao abrigo da regulação<br />
de protecção de dados”.<br />
- Impacto Financeiro Indirecto:<br />
“desvalorização causada por perdas de<br />
reputação, por colocar em causa a confiança<br />
depositada numa marca”.<br />
- Perdas operacionais: “decorrentes da<br />
impossibilidade de manter funções vitais como<br />
a presença online, as operações industriais, o<br />
apoio a clientes, entre outros”.<br />
“Quando se avaliam os riscos de<br />
cibersegurança e as superfícies de ataque a<br />
que uma empresa está exposta, para além<br />
daquilo que são os sistemas e infra-estrutura<br />
interna, é essencial gerir o risco que é trazido<br />
pelos parceiros críticos e pela cadeia de<br />
abastecimento”, considera o responsável.<br />
Recentemente houve um ataque a um<br />
fornecedor da indústria de IT, um fabricante<br />
de software de monitorização e controlo<br />
de equipamentos, e os próprios servidores<br />
internos que distribuem as aplicações aos<br />
clientes foram comprometidos. “Esse ataque<br />
teve repercussões a uma escala global,<br />
uma vez que o software fornecido por esse<br />
fabricante é utilizado num elevado número<br />
de organizações que confiavam no processo<br />
de distribuição de software oficial, tendo por<br />
isso sido instaladas versões alteradas desse<br />
software com código malicioso”, explica.<br />
Um ataque a uma empresa pode colocar em<br />
risco os seus dados confidenciais, mas também<br />
o aspecto da disponibilidade dos sistemas e<br />
da informação. “Mesmo quando falamos de<br />
fornecedores de serviços “cloud” globais, têm<br />
existido falhas que impedem que as empresas<br />
acedam à sua informação durante largos<br />
períodos”, conta, e acrescenta que nesses<br />
casos “tão mau quanto não conseguir aceder<br />
à informação é não estar sob o seu controlo a<br />
reposição do serviço”, e não ter informações<br />
relativamente à falha e à sua recuperação.<br />
“A cibersegurança (nas suas perspectivas<br />
de confidencialidade, integridade e<br />
disponibilidade) deve ser encarada como uma<br />
parte integrante do processo de avaliação de<br />
um novo serviço, e não como uma actividade<br />
posterior que surge apenas quando chega<br />
a altura de utilizar esse novo serviço, na<br />
maioria das vezes já após terem sido assinados<br />
contractos”, explica.
SCM Supply Chain Magazine 49<br />
o custo dA seGurAnçA<br />
Nesse sentido, repara que a pandemia<br />
causou uma baixa nos orçamentos dedicados<br />
à segurança digital, o que o responsável<br />
considera ser uma atitude errada, e “é<br />
preciso investir de forma sensata, sobretudo<br />
ao termos conhecimento das graves<br />
consequências de um ciberataque quando o<br />
mesmo acontece”. Em Portugal, considera que<br />
as organizações ainda têm um longo caminho<br />
a percorrer relativamente à correcta gestão<br />
dos riscos, e que hoje as empresas reagem<br />
às necessidades imediatas, “seguindo muitas<br />
vezes tendências de adopção de tecnologias<br />
por imitação, sem saber distanciar-se o<br />
suficiente para conseguir ver o risco adicional<br />
que essa tecnologia pode trazer”.<br />
“Geralmente, a área de cibersegurança é<br />
apenas encarada como um custo, resultante<br />
muitas vezes do desconhecimento e<br />
incerteza”, comenta João Farinha, e acrescenta<br />
que “é importante reflectir e lembrar que<br />
uma gestão correcta dos ciber-riscos tem um<br />
impacto directo no valor das organizações,<br />
trazendo mais confiança e rapidez na adopção<br />
de soluções inovadoras para o negócio”,<br />
resultando num maior valor acrescentado.<br />
O responsável da S21sec revela que “há<br />
dois caminhos, que não se substituem, para<br />
minimizar o risco de cibersegurança que um<br />
parceiro de negócios ou fornecedor possam<br />
introduzir numa empresa”.<br />
O primeiro passa por um modelo de<br />
avaliação e gestão de risco formalizado, com<br />
uma política clara e com a incorporação de<br />
todas as preocupações e requisitos mínimos<br />
de segurança que qualquer entidade que<br />
necessite interagir com os sistemas de<br />
informação de uma empresa deverá cumprir.<br />
“Estas políticas devem ser incluídas em todos<br />
os contractos de prestação de serviços, que<br />
deverão ainda incluir a possibilidade de uma<br />
empresa auditar (directamente ou através de<br />
terceiros) o seu fornecedor para garantir que<br />
são cumpridos esses requisitos de segurança”.<br />
O segundo, mais técnico, passa pelo<br />
desenvolvimento de uma arquitectura<br />
de cibersegurança que garanta a devida<br />
segregação e isolamento dos sistemas e redes.<br />
Deste modo, procura-se que “mesmo que um<br />
parceiro ou fornecedor seja comprometido,<br />
o impacto para a empresa seja minimizado e<br />
se possa assegurar uma rápida detecção que<br />
possibilite a contenção no menor espaço de<br />
tempo possível”.<br />
É precisO invesTir de fOrma<br />
sensaTa, sObreTudO aO<br />
TermOs cOnhecimenTO das<br />
graves cOnsequências de um<br />
ciberaTaque quandO O mesmO<br />
acOnTece<br />
João Farinha
50<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
erros comuns<br />
Enquanto fornecedor de serviços de<br />
cibersegurança, João Farinha sente que muitas<br />
vezes são os “first responders” numa situação<br />
crítica. “É preocupante a falta de visibilidade e<br />
de capacidade de contenção que se encontra<br />
em muitas empresas, o que demonstra ainda<br />
uma falta da incorporação das preocupações<br />
de cibersegurança logo no desenho das infraestruturas”,<br />
e como forma de explicar a sua<br />
importância, compara esta falta de segurança<br />
digital à colocação de portas de segurança,<br />
sensores de abertura de porta e câmaras<br />
de vigilância fisicamente no edifício. “São<br />
elementos que não podem ser montados à<br />
pressa durante um incidente de segurança,<br />
e mesmo que o sejam, não permitem olhar<br />
para trás no tempo para perceber o que é que<br />
aconteceu”, explica.<br />
No caso concreto da pandemia, o<br />
teletrabalho também não foi bem planeado<br />
devido à sua chegada inesperada, para a qual<br />
grande parte das empresas não se encontrava<br />
preparada. Nem todas as organizações tinham<br />
capacidade de fornecer dispositivos portáteis a<br />
todos os seus colaboradores, o que fez com que<br />
utilizassem dispositivos sem qualquer controlo<br />
de segurança adicional, e os que garantiam um<br />
maior nível de segurança estavam desenhados<br />
para passar grande parte do tempo de uso<br />
ligados a uma rede corporativa, e fora dessa<br />
rede quebraram-se alguns dos pressupostos<br />
essenciais para manter a segurança.
SCM Supply Chain Magazine 51<br />
É essencial que as Organizações<br />
percebam que a ampliTude de um<br />
aTaque É agOra maiOr e, primeirO<br />
que TudO, há que fazer uma<br />
reavaliaçãO dOs riscOs<br />
“É essencial que as organizações percebam<br />
que a amplitude de um ataque é agora<br />
maior e, primeiro que tudo, há que fazer<br />
uma reavaliação dos riscos”, alerta João<br />
Farinha, “depois do impacto da pandemia<br />
em 2020, prevê-se que haja um reforço da<br />
cibersegurança através do outsourcing da<br />
infra-estrutura e dos serviços, mais detecção<br />
e respostas a incidentes, programas de gestão<br />
de vulnerabilidades, mas também formação e<br />
sensibilização em relação à segurança”.<br />
protecção contrA As<br />
frAudes<br />
Ao nível das fraudes, o que têm verificado é<br />
uma migração do que já existia fisicamente<br />
para o domínio digital, pelo que João Farinha<br />
recomenda a utilização dos mecanismos<br />
de prevenção de fraude que têm sido<br />
desenvolvidos ao longo das décadas em<br />
diversas áreas de procurement. “Não podemos<br />
deixar passar os novos vectores de fraude que<br />
a digitalização também trouxe, e que passam<br />
principalmente por dois factores associados<br />
à Internet: o anonimato e a dificuldade de<br />
garantir a identidade de quem comunica<br />
connosco”, explica.<br />
O responsável da S21sec conta que “muitas<br />
das fraudes digitais que temos identificado<br />
passam pela troca de e-mails em que um<br />
atacante se faz passar por quem não é (seja<br />
fornecedor ou cliente), com vista a levar a outra<br />
parte a fazer transferências de verbas para<br />
uma conta controlada pelo atacante”, e explica<br />
que a esta manipulação da vítima se chama<br />
“engenharia social”, ocorrendo muitas vezes<br />
através do aproveitamento de uma “emissão de<br />
uma factura real, para solicitar a alteração de<br />
um número de conta destino para o pagamento<br />
da mesma, ou mesmo a apresentação e<br />
proposta de fornecimento de bens por parte de<br />
uma empresa fictícia”.<br />
Deste modo, recomenda três medidas para<br />
salvaguardar uma empresa contra este tipo de<br />
fraude:<br />
» Assegurar a robustez dos sistemas de<br />
comunicações que utilizam, nomeadamente<br />
no que diz respeito à utilização de passwords<br />
fortes e múltiplos factores de autenticação<br />
(o código no telemóvel, por exemplo, como é<br />
utilizado em muitas instituições financeiras).<br />
Desta forma, um atacante terá maior<br />
dificuldade em comprometer uma conta de<br />
e-mail legítima e usá-la como mecanismo de<br />
ataque;<br />
» Sempre que se suspeite de alguma coisa,<br />
verificar cuidadosamente os endereços de email<br />
dos remetentes, assegurando que não há subtis<br />
variações no nome do domínio de origem (que<br />
aparece à direita do @ num endereço de email)<br />
ou no estilo de escrita da mensagem;<br />
» Implementar mecanismos “offline” para a<br />
verificação de alteração de dados financeiros,<br />
nomeadamente através da confirmação por<br />
telefone com um elemento previamente<br />
conhecido no cliente ou fornecedor, ou através<br />
da exigência de um documento oficial que<br />
prove a legitimidade da alteração que está a ser<br />
solicitada.
52 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
blockchAin<br />
Uma das tecnologias do momento, e que pode<br />
revolucionar a cadeia de abastecimento, é a<br />
Blockchain. Esta tecnologia é revolucionária<br />
pela sua inviolabilidade, pois tem como<br />
principal característica o facto de se poder<br />
acrescentar informação, mas não de retirar,<br />
“e para qualquer alteração ser feita, tem<br />
de ser validada por todos os participantes<br />
relevantes, ou seja, um novo registo não pode<br />
ser introduzido sem que seja validado por outro<br />
participante com privilégios para tal”.<br />
a uTilizaçãO de um<br />
sisTema de regisTO<br />
baseadO em blOckchain<br />
permiTirá uma<br />
maiOr visibilidade e<br />
Transparência, O que<br />
levará a um aumenTO da<br />
eficiência, diminuiçãO das<br />
falsificações e reduçãO<br />
de fraude, O que levará<br />
a que TOda a cadeia de<br />
abasTecimenTO Tenha um<br />
maiOr valOr<br />
João Farinha<br />
João Farinha considera que a sua utilização<br />
para esta finalidade assenta em quatro pilares,<br />
únicos ao desenvolvimento de qualquer<br />
blockchain: segurança, imutabilidade,<br />
replicação e consenso. “De forma resumida,<br />
sistemas assentes em tecnologia blockchain<br />
permitem ter um registo partilhado, seguro<br />
e inviolável de todo um processo, seja ele de<br />
fabrico (podendo por exemplo registar nessa<br />
cadeia de informação todos os fornecedores,<br />
lotes de matéria-prima, intermediários, etc),<br />
ou de distribuição (identificando todos os<br />
intervenientes num processo de expedição de<br />
um produto)”, esclarece o responsável. Sobre<br />
a sua aplicação em concreto, João Farinha<br />
considera que existe um elevado número<br />
de possibilidades, algumas previsíveis e<br />
em desenvolvimento, e outras que ainda se<br />
encontram por descobrir.<br />
“No caso da cadeia de abastecimento, no<br />
entanto, é fácil perceber o impacto que dispor<br />
de uma única “fonte de verdade” ao longo de<br />
toda a cadeia de valor poderá trazer”, explica<br />
o responsável, acrescentando que por a cadeia<br />
logística e de abastecimento ser tão complexa<br />
e com tantos intervenientes, cada participante<br />
utiliza registos de informação próprios que<br />
muitas vezes não partilham nem sincronizam<br />
essa informação com os restantes participantes.<br />
João Farinha também considera que “a<br />
utilização de um sistema de registo baseado<br />
em blockchain permitirá uma maior visibilidade<br />
e transparência, o que levará a um aumento<br />
da eficiência, diminuição das falsificações e<br />
redução de fraude, o que levará a que toda<br />
a cadeia de abastecimento tenha um maior<br />
valor”.
SCM Supply Chain Magazine 53<br />
umA evolução de<br />
mentAlidAde<br />
Pela sua experiência, o responsável da S21sec<br />
sente que houve um aumento da preocupação<br />
das empresas com a cibersegurança, resultado<br />
de uma dependência cada vez maior das<br />
empresas com os sistemas de informação<br />
que operam e que fazem cada vez mais parte<br />
integrante da sua cadeia de valor. “Essa<br />
dependência levou finalmente a cibersegurança<br />
à mesa dos decisores das empresas enquanto<br />
um mecanismo de gestão do risco e até como<br />
um gerador de valor”, explica João Farinha.<br />
“Nos diversos webinars e workshops que<br />
a S21sec desenvolve, estes temas têm vindo<br />
a ser abordados regularmente, e é curiosa a<br />
forma como temos observado participantes<br />
nesses eventos que vêm de áreas que não<br />
estão relacionadas com a cibersegurança, mas<br />
sim com o negócio da empresa. Isto acontece<br />
porque essas áreas de negócio já têm uma<br />
noção clara do impacto da cibersegurança<br />
naquilo que é a cadeia de valor da sua empresa,<br />
especialmente quando tocamos em temas<br />
como a segurança de sistemas de pagamento<br />
ou a segurança industrial e de produção”,<br />
conclui. •<br />
ACADEMIA DE FORMAÇÃO EM SUPPLY CHAIN<br />
Cursos estruturados à medida,<br />
realizados em formato<br />
ONLINE Live-Training,<br />
mediante as necessidades<br />
da sua empresa.<br />
Fique a conhecer todas as<br />
formações e saiba mais em:<br />
powered by<br />
www.supplychainmagazine.pt/flow<br />
Logística Compras Operações
54 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
TECNOLOGIAS<br />
Plataforma digital<br />
para transporte de<br />
mercadorias<br />
Texto: Ana Paiva<br />
“o cliente já não pede que um<br />
cAmião venhA Até si, AproveitA<br />
um cAmião em rotA perto de si”<br />
Qual é a empresa que não ambiciona optimizar os espaços vazios de camiões em<br />
circulação, ter soluções imediatas e competitivas e reduzir a sua pegada ecológica<br />
no momento de transportar e distribuir produtos? Foi com o objectivo de resolver<br />
estes contratempos que Pedro Pepe Dias e João Martins criaram a BIP BIP, uma<br />
plataforma digital inovadora na área do transporte de mercadorias.
SCM Supply Chain Magazine 55<br />
Os sócios fundadores da BIP BIP depararam-<br />
-se com uma grande lacuna no mercado<br />
dos transportes de mercadorias: obter<br />
soluções regulares e imediatas, a preços<br />
competitivos, tanto na exportação como na<br />
importação de mercadoria por via terrestre.<br />
Não se conformaram com o facto de o<br />
telefone e o e-mail serem as ferramentas<br />
de pesquisa e contratação mais utilizadas e,<br />
por sinal, mais antigas, o que torna todo o<br />
processo não só muito lento e pouco prático,<br />
visto que não tinham o seguimento pretendido<br />
ou, por vezes, até ficavam sem resposta. E não<br />
descansaram enquanto não conseguiram uma<br />
solução rápida e eficaz, propondo à indústria<br />
de transporte passar estas ferramentas para o<br />
digital, sem tempo nem espaço para demoras.<br />
Identificado o problema, a solução é muito<br />
simples. A plataforma foca-se principalmente<br />
na optimização e exploração dos espaços<br />
vazios dos camiões, o que corresponde a cerca<br />
de 30% de todos os camiões em circulação<br />
pelas estradas da Europa. No registo de<br />
entrada da BIP BIP é traçado o perfil de<br />
clientes e de transportadoras, de forma a<br />
obter conhecimento sobre as características<br />
operacionais de ambos. Após esta recolha de<br />
informação para a base de dados, a plataforma<br />
consegue facilitar a pesquisa e contratação<br />
de transporte de mercadorias em tempo real,<br />
fazendo o ‘matching’ da necessidade do cliente<br />
(rota, timing, tipo de carga, etc.) com as rotas
56<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
e disponibilidade dos fornecedores deste<br />
serviço. “A plataforma irá fornecer a potenciais<br />
clientes, a localização de camiões vazios já<br />
em circulação na Europa e irá permitir que<br />
estes contratem um serviço em tempo real,<br />
não tendo que adjudicar um serviço novo<br />
e aproveitando um preço mais competitivo<br />
definido directamente pela transportadora<br />
sem qualquer intermediário”, explica<br />
Diana Franco, directora de Comunicação e<br />
Marketing da BIP BIP. Desta forma, o cliente<br />
irá simplificar o processo de contratação de<br />
serviços de transporte tornando a procura<br />
mais rápida e eficaz, poupando o seu tempo e<br />
tendo acesso a uma maior rede de contactos<br />
com uma disponibilidade durante 24 horas.<br />
a plaTafOrma irá fOrnecer<br />
a pOTenciais clienTes, a<br />
lOcalizaçãO de camiões<br />
vaziOs já em circulaçãO na<br />
eurOpa e irá permiTir que<br />
esTes cOnTraTem um serviçO<br />
em TempO-real, nãO TendO<br />
que adjudicar um serviçO<br />
nOvO e aprOveiTandO um<br />
preçO mais cOmpeTiTivO<br />
definidO direcTamenTe<br />
pela TranspOrTadOra sem
SCM Supply Chain Magazine<br />
57<br />
o futuro está nA<br />
Gestão sustentável<br />
A BIP BIP vem solucionar também um dos<br />
problemas associados a vários transportes<br />
de mercadorias, que é a questão da<br />
sustentabilidade ambiental. Viagens de<br />
camiões em vazio é, não só uma dor de cabeça<br />
a nível económico para as empresas, mas<br />
também para o ambiente, tendo em conta<br />
as altas emissões de CO2 durante todas as<br />
viagens. “A gestão sustentável está entre os<br />
nossos valores fundamentais. Forma a base<br />
do nosso trabalho, guia a nossa estratégia<br />
corporativa e leva-nos até ao futuro. Para nós,<br />
agir de forma sustentável significa respeitar<br />
a lei, preservar os recursos e promover a<br />
protecção climática”, refere Diana Franco.<br />
Ao aproveitar os espaços de veículos já em<br />
circulação e evitando novas contratações<br />
quando não são necessárias, as empresas<br />
contribuem para a redução de CO2, que estão<br />
a atingir valores bastante elevados no sector<br />
da indústria dos transportes de mercadorias.<br />
“O cliente já não pede que um camião venha<br />
até si, o cliente aproveita um camião já em<br />
rota perto de si”, explica.<br />
“Crescer e ajudar os nossos clientes e<br />
parceiros a crescer faz parte do nosso último<br />
valor que é o crescimento. Pautamo-nos por<br />
uma cultura de crescimento responsável, com<br />
respeito por todos aqueles com<br />
quem estabelecemos relações<br />
profissionais, trabalhando<br />
juntos para a construção de um<br />
mundo melhor”, conta Diana<br />
Franco. O feedback obtido<br />
valida, de facto, este princípio,<br />
pois tem sido “excelente” e<br />
tem vindo a notar-se bastante<br />
a necessidade de uma solução<br />
deste género na área dos<br />
transportes. Apesar de a<br />
plataforma ainda estar em<br />
fase de desenvolvimento, com<br />
lançamento previsto para<br />
os próximos meses, conta<br />
já com uma vasta lista de<br />
interessados, tanto de clientes<br />
como de transportadoras, o<br />
que permitirá uma primeira<br />
fase de testes mais avançada<br />
antes do lançamento do<br />
produto final. •
58 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
TRANSPORTE<br />
Cargobikes<br />
umA<br />
AlternAtivA<br />
mAis<br />
sAudável e<br />
sustentável
SCM Supply Chain Magazine 59<br />
Texto: Judite de Assis,<br />
Fundadora da “La Julieta Porta”<br />
Não há dúvidas que a comodidade<br />
éČ uơmő dĄoŝsƌ pƁrƄiİnœcýiİpƁaiİsƌ (oŝuơ mőeċsƌmőoŝ oŝ<br />
pƁrƄiİnœcýiİpƁalň) asƌpƁeċtƙoŝsƌ a tƙeċrƄ eċmő cýoŝnœtƙa<br />
quando falamos de transporte, e<br />
é por isso que se opta pelo carro<br />
ou camião. No entanto, há que<br />
considerar as desvantagens que<br />
advêm desta escolha: as emissões<br />
de CO2 e o sedentarismo. Tendo<br />
isto em conta é de considerar que<br />
as bicicletas são uma alternativa<br />
mais amiga do ambiente e do<br />
corpo. Este meio de transporte<br />
sugere ainda um novo conceito: a<br />
ciclologística.<br />
Ter formação em Recursos Humanos e<br />
experiência em logística resulta numa<br />
mistura ‘out of the box’ que muitos<br />
chamam de loucura e, outros (os mais<br />
ousados), de visionária. Em 2008 defendia<br />
o home office como altamente motivante<br />
para o trabalhador, o que facilitava alcançar<br />
melhores resultados. Chegámos a 2020, e esta<br />
é a única forma segura possível, nesta crise<br />
pandémica, que finalmente concilia a vida<br />
laboral com a familiar. Aqui chegamos ao que<br />
realmente interessa: a ciclologística. Algo que<br />
estudo e aprofundo desde 2005 e que é o mais<br />
efetivo na última milha. A única fase possível<br />
para sofrer melhorias em todo o processo<br />
de entrega. Na Holanda, onde vivi de 2005<br />
a 2007, a bicicleta é o meio de transporte<br />
mais utilizado pelas famílias por ser mais<br />
económico, rápido, ecológico e, sobretudo,<br />
porque pode ser utilizado por qualquer tipo<br />
de pessoa. Aplicado ao setor empresarial,<br />
melhora os resultados no processo de<br />
entrega dada a sua facilidade de deslocação,<br />
nomeadamente nas zonas pedonais em que os<br />
veículos com motor não são permitidos. Neste<br />
momento existem subsídios dados pelo Estado<br />
que fomentam esta alternativa, restando,<br />
agora, replicar toda a cadeia de mobilidade<br />
utilizada no norte da Europa, na zona ibérica<br />
que, gradualmente, desenvolve, ao dia de<br />
hoje, acessos mais seguros que fomentam o<br />
uso da bicicleta como meio de transporte nas<br />
grandes cidades. A EMEL construiu cerca de<br />
10 km de ciclovias nos últimos tempos, por<br />
exemplo. Não se quer colocar a bicicleta como<br />
meio exclusivo de entregas, mas sim conviver<br />
e tirar partido de todas as suas vantagens<br />
económicas e ambientais.
60 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
1<br />
cOm um sOfTware de<br />
gesTãO de cOnTeúdOs<br />
empresariais, uma<br />
OrganizaçãO de<br />
qualquer TamanhO<br />
e de qualquer seTOr<br />
pOde TransfOrmar Os<br />
seus dOcumenTOs num<br />
capiTal valiOsO<br />
As medidas de proteção para evitar o<br />
contágio de COVID-19 originaram uma limpeza<br />
do ar nas grandes cidades devido à pouca<br />
circulação de veículos poluentes. Deu-se<br />
uma queda de emissões durante os meses de<br />
confinamento que nunca se tinha alcançado<br />
com nenhuma medida preventiva de controlo<br />
de gases. Quero com isto dizer que, no centro<br />
das grandes cidades, é possível manter-se<br />
esta qualidade do ar reduzindo os veículos<br />
motorizados e adicionando a ciclologística na<br />
cadeia de transporte empresarial e, inclusive,<br />
familiar. O transporte público também sofreu<br />
uma quebra já que, cerca de 20% da população<br />
decidiu optar pela aquisição de uma bicicleta<br />
nas suas deslocações, evitando a utilização de<br />
metro, autocarro e comboio, a fim de evitar<br />
focos de contágio.
SCM Supply Chain Magazine<br />
61<br />
As desvantagens são poucas comparando<br />
com as vantagens que se obtêm com este meio,<br />
nomeadamente o clima e zonas com acesso<br />
exclusivo a peões. As vantagens são bastantes,<br />
quer a nível económico como a nível funcional.<br />
O valor para aquisição de uma cargobike ronda<br />
os 2600 euros. O seguro não é obrigatório, mas<br />
sempre recomendável, não existe qualquer<br />
gasto com combustível e a bateria poderá ser<br />
carregada numa tomada tradicional (cerca de<br />
0.06 euros). A entrega poderá ser realizada<br />
à porta do destinatário, o que não acontece<br />
com um veículo automóvel pela dificuldade<br />
em arranjar sítio para parar ou estacionar,<br />
dada a limitação existente nos centros das<br />
cidades. A rapidez é um ponto importante<br />
já que uma bicicleta poderá utilizar acessos<br />
em que os carros não são permitidos, o que<br />
demora a chegar ao destino. O preço de custo<br />
do próprio serviço é inferior ao tradicional<br />
já que, devido à facilidade na deslocação, se<br />
pode realizar um número de serviços superior<br />
ao que se está habituado a efetuar utilizando<br />
um veículo motorizado. A questão ecológica<br />
não deixa de ser importante porque contribui<br />
para evitar emissão de gases nas grandes<br />
cidades. Uma última vantagem, sem deixar<br />
de ser prioritária, é a possibilidade de ter vida<br />
não sedentária e conciliar a vida profissional<br />
com uma vida saudável reduzindo o stress<br />
que existe normalmente. O facto de não levar<br />
qualquer mochila às costas e poder transportar<br />
as encomendas em boas condições na caixa é<br />
sempre de salientar, já que o trabalhador viaja<br />
cómodo e estável evitando qualquer incidência<br />
no transporte.
62 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
“lA julietA portA”<br />
cAso prático<br />
“La Julieta Porta” (em português “A Julieta<br />
leva”) é um projeto de entregas a domicílio<br />
exclusivo com cargobikes Babboe.com. A<br />
empresa fornecedora possui mais de 15 anos<br />
no mercado, oferece modelos de cargobike<br />
com uma excelente relação qualidade preço,<br />
sem falar nos 5 anos de garantia que o cliente<br />
pode usufruir, e na durabilidade do produto.<br />
Esta marca holandesa não só é líder no setor<br />
particular como também possui opções<br />
empresariais bastante efetivas e visíveis. A<br />
forma ligeira de condução permite a qualquer<br />
utilizador uma condução leve e exata nesta<br />
bicicleta de carga. A visibilidade gera um<br />
interesse imediato por parte do destinatário<br />
como também da pessoa que a vê pela<br />
primeira vez, sendo adquirida muitas vezes<br />
para campanhas de publicidade.<br />
Já na parte particular e familiar, esta forma<br />
de vida é utilizada em qualquer zona da<br />
Holanda. Claro que ao ser um país sem colinas<br />
torna a mobilidade mais fácil. A maioria<br />
de bicicletas não possui qualquer sistema<br />
de apoio elétrico já que, além de poder ser<br />
menos económico, o não sedentarismo é algo<br />
que está bem assimilado nesta cultura. Para<br />
adaptar a outros países com menos planícies,<br />
a opção elétrica é sempre viável já que<br />
oferece um suporte em qualquer subida mais<br />
acentuada durante a viagem. Em Portugal já<br />
existem vias exclusivas para bicicletas, mas<br />
não podemos esquecer que este meio de<br />
transporte é versátil já que pode andar numa<br />
estrada, num passeio e numa ciclovia. Claro<br />
está que há que respeitar o código aplicado<br />
em qualquer destas vias.<br />
As cargobikes familiares encontramse<br />
totalmente homologadas, são seguras<br />
para todos os passageiros e vêm concorrer<br />
diretamente com o uso incorreto das<br />
trotinetes elétricas que são utilizadas por dois<br />
ocupantes.<br />
Voltando ao case study, ao 4º dia de<br />
atividade, fomos contactados pela app Timblo<br />
para ser parceiro no negócio. Esta aplicação
SCM Supply Chain Magazine<br />
63<br />
é a versão digital<br />
do típico comércio<br />
de bairro que<br />
junta no mesmo<br />
sítio todo o tipo<br />
de alimentação<br />
saudável. O cliente<br />
recebe numa só<br />
entrega semanal,<br />
realizada de forma<br />
sustentável,<br />
os produtos<br />
necessários. O<br />
objetivo é apoiar<br />
o comércio local<br />
nesta fase crítica originada pelo COVID.<br />
A aplicação está em funcionamento em<br />
3 cidades (Badalona, Granada e Roma) e<br />
pretende expandir para outras 10.<br />
A principal ideia deste conceito é poder<br />
criar postos de trabalho para pessoas<br />
desempregadas que pretendam ter o seu<br />
próprio negócio e viver de uma forma<br />
ativa, não colocando quaisquer barreiras<br />
na educação nem na condição física,<br />
simplesmente oferecer um serviço dedicado,<br />
de qualidade e ser a cara do cliente que<br />
contrata o nosso serviço. A questão social é<br />
muito importante já que abre portas e oferece<br />
uma oportunidade a quem, quer por idade<br />
quer por falta de experiência, tem dificuldades<br />
em encontrar um emprego, sem esquecer<br />
nas algumas pessoas idosas que não têm<br />
capacidade de sair e fazer as suas próprias<br />
compras. Esta dificuldade foi esquecida por<br />
muitas entidades públicas, mas foi oferecida<br />
por uma ONG chamada “O vizinho amigo” em<br />
Portugal, que pretendemos replicar na zona<br />
onde operamos, preparando um possível novo<br />
confinamento total.<br />
Dada a originalidade desta startup e da<br />
vertente social, não foi difícil encontrar<br />
investidores e patrocinadores, sem falar nas<br />
ajudas da UE existentes e que é possível<br />
aceder. O mesmo acontece em Portugal já<br />
que estão disponíveis subsídios para apoiar<br />
empreendedores.<br />
Muitas empresas de logística estão a<br />
adaptar esta nova modalidade de entrega. A<br />
Aliexpress, assim como a Amazon, começou<br />
a operar no centro de Barcelona. A La Julieta<br />
Porta forneceu várias Babboe Cargo (similares<br />
às nossas) ao principal fornecedor que<br />
opera em toda a zona de Barcelona cidade.<br />
Foram criados hubs mais centrais para que<br />
os distribuidores possam carregar de uma<br />
forma rápida e próxima todas as expedições<br />
da zona central e reduzir o tempo de entrega.<br />
Os serviços das zonas mais altas serão<br />
realizados com o apoio de motos elétricas,<br />
dadas as subidas íngremes que existem na<br />
cidade condal. Pretende-se assim reduzir a<br />
circulação de veículos contaminantes sem<br />
perder a qualidade nem o desenvolvimento<br />
logístico da nova era. A própria SEUR adquiriu<br />
formas semelhantes para o seu negócio tendo<br />
em conta a rentabilidade e viabilidade desta<br />
opção, assumindo que isto será o futuro.<br />
A sustentabilidade depende de nós e de<br />
como as nossas atitudes e decisões afetam o<br />
ambiente quer positiva quer negativamente.<br />
Da parte da “La Julieta Porta” pretendemos<br />
que o nosso projeto mude o mindset da nossa<br />
sociedade e que juntos possamos desfrutar<br />
de um mundo melhor, de uma qualidade de<br />
vida superior e uma forma de vida menos<br />
sedentária. Para tudo há que ter motivação<br />
e benefícios. Nós já estamos a dar o nosso<br />
contributo. •
64<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
TRANSPORTE<br />
Quick-Commerce<br />
o novo desAfio<br />
loGístico dA<br />
Glovo<br />
Quick-commerce: é o nome da mais recente<br />
aposta da Glovo que pretende competir<br />
com a gigante do comércio electrónico, a<br />
Amazon. A Glovo dispõe agora de uma rede<br />
de dark stores, onde armazena variados<br />
produtos para recolher os pedidos e<br />
eċnœtƙrƄeċgĤarƄ nœuơmő pƁrƄazǎoŝ mőáxǃiİmőoŝ dĄeċ 30 mőiİnœuơtƙoŝsƌ.<br />
É uơmő dĄeċsƌafiǟoŝ pƁiİoŝnœeċiİrƄoŝ nœaqƃuơeċlňeċ qƃuơeċ éČ oŝ<br />
competitivo sector das entregas.
SCM Supply Chain Magazine 65<br />
Texto: Ana Paiva<br />
fotos: Glovo<br />
A<br />
Glovo está a expandir os seus serviços,<br />
agora através do ‘Q-commerce’, o campo de<br />
batalha competitivo das entregas rápidas.<br />
A empresa está a preparar-se para entregar<br />
uma gama muito mais ampla de produtos,<br />
num período de 30 minutos, através de um<br />
jogo de logística B2B, com base numa rede de<br />
dark stores, ou seja, os próprios armazéns que<br />
estão localizados dentro das cidades, servindo<br />
o supermercado de conveniência mais rápido:<br />
o Glovo Market, como conta Daniel Alonso,<br />
director geral global da Q-commerce. “É<br />
um super-mercado digital aberto sete dias<br />
por semana, sem compra mínima, em que<br />
os utilizadores encontram os produtos mais<br />
populares como, por exemplo, fruta, legumes,<br />
produtos de limpeza, gelo ou água”, refere.<br />
O serviço já se encontra operacional em<br />
Barcelona, Madrid e Milão e, em Portugal, a<br />
empresa começou por implementar o primeiro<br />
pilar do Quick-Commerce, nomeadamente a<br />
logística, em 2020, em Lisboa.<br />
A nível nacional, a empresa está a colaborar<br />
com grandes cadeias de supermercados como<br />
Auchan, Continente e Dia, e nível global,<br />
opera com marcas de retalho como a Univeler,<br />
Nestlé e L’Oréal e supermercados como<br />
Walmart, Carrefour, Kaufland e Biedronka,<br />
para armazenar e vender os seus produtos<br />
das dark stores, oferecendo aos consumidores<br />
uma entrega rápida de produtos seleccionados<br />
e outros itens da Glovo Market, actualmente<br />
com entrega gratuita de 24 horas e sem gasto<br />
mínimo.<br />
O investimento supera os 20 milhões de<br />
euros, e mais de 100 profissionais terão a<br />
oportunidade de expandir o seu serviço de<br />
logística instantânea além de alimentos,<br />
tais como: produtos de supermercado e de<br />
outros estabelecimentos da cidade (incluindo<br />
presentes), brinquedos, flores, livros ou<br />
produtos de farmácia. Esta nova fase de<br />
evolução da Glovo incluirá ainda alianças com<br />
empresas como El Corte Inglés, Douglas e<br />
Clarel para abastecer a procura por produtos<br />
de beleza, moda e electrónicos. Existem<br />
algumas falhas nesta lista, como as lojas de<br />
roupa e de calçado, que são as mais propensas<br />
a ter já a sua própria<br />
infraestrutura de<br />
compras online. Além<br />
disso, a compra de<br />
roupa também é mais<br />
complexa, dada a<br />
probabilidade para<br />
devoluções quando<br />
os produtos não<br />
servem. Mas parece<br />
que a Glovo vai atrás<br />
de quase tudo o<br />
resto.
66 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
cOm as lOjas a fechar em TOdO O<br />
mundO, Os cOnsumidOres agOra<br />
querem, e esperam, que mais<br />
prOduTOs sejam enTregues às<br />
suas pOrTas<br />
Daniel Alonso refere que o Glovo Market<br />
conta com mais de 40.000 utilizadores<br />
mensais e já entrega uma média de duas<br />
encomendas por minuto em Espanha, e que<br />
pretende triplicar o volume de negócios,<br />
passando de oito para 15 darkstores<br />
em diferentes pontos do país em <strong>2021</strong>.<br />
O objectivo é crescer em todas a áreas,<br />
expandindo o alcance da oferta do Glovo<br />
Market para mais cidades e lançando uma<br />
oferta B2B para abastecer outras lojas online.<br />
As entregas de refeições representavam<br />
três quartos da sua receita no início do ano,<br />
mas a empresa tem agora ambições de vencer<br />
a Amazon no que diz respeito à entrega de<br />
todos os tipos de produtos, de forma bastante<br />
rápida. Até já tem investidores a bordo deste<br />
plano.<br />
Daniel Alonso afirma que o Q-commerce é<br />
uma solução para os retalhistas continuarem<br />
a operar com entregas enquanto as restrições<br />
da COVID-19 mantêm as vitrines fechadas ou<br />
as pessoas em casa. “Com as lojas a fechar<br />
em todo o mundo, os consumidores agora<br />
querem, e esperam, que mais produtos sejam<br />
entregues às suas portas”, diz o responsável,<br />
acrescentando que “esta tendência trouxe<br />
novas demandas, já não é preciso esperar 24<br />
a 48 horas por uma entrega. Pelo contrário,<br />
a expectativa é uma questão de minutos”.<br />
Acrescenta ainda que este compromisso<br />
responde aos novos hábitos de consumo da<br />
população, “queremos oferecer um serviço tão<br />
imediato quanto abrir uma torneira de casa e<br />
ver a água a correr”, revela, “a Glovo sempre<br />
foi mais do que uma app de comida, mas agora<br />
vamos um passo mais além: queremos tornarnos<br />
a plataforma nº1 do comércio local e que<br />
o utilizador possa comprar qualquer produto<br />
da sua cidade, quando e onde quiser, quase de<br />
imediato”.
SCM Supply Chain Magazine<br />
67<br />
a glOvO sempre fOi mais dO<br />
que uma app de cOmida, mas<br />
agOra vamOs um passO mais<br />
alÉm: queremOs TOrnar-nOs a<br />
plaTafOrma nº1 dO cOmÉrciO<br />
lOcal e que O uTilizadOr pOssa<br />
cOmprar qualquer prOduTO<br />
da sua cidade, quandO e Onde<br />
quiser, quase de imediaTO<br />
Relativamente à sustentabilidade ambiental,<br />
também está tida em conta neste projecto,<br />
uma vez que evita deslocações e efectua<br />
viagens mais curtas, tanto em distância<br />
como em duração. “Convém não esquecer<br />
o tempo que decorre entre as mercadorias<br />
chegarem aos armazéns das darkstores e<br />
aos consumidores também é reduzido e que<br />
isso significa uma cadeia mais optimizada de<br />
distribuição e, acreditamos, melhor qualidade<br />
no serviço e nos produtos”, explica Daniel<br />
Alonso.<br />
A nível global a Glovo já entregou mais de 9<br />
milhões de encomendas através desta unidade<br />
de negócio. •<br />
Food Service Logistics<br />
O seu parceiro de negócio<br />
HAVI.COM
68 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
CARREIRA<br />
Texto: Fábio Santos<br />
Entrevista a Vítor<br />
Peliteiro, Randstad<br />
recrutAmento<br />
especiAl num Ano Atípico<br />
Todos os anos em momentos de pico<br />
é comum às empresas recorrerem ao<br />
recrutamento pontual para fazer face<br />
à maior movimentação de produtos.<br />
Momentos como o Natal, a Black Friday, o<br />
Verão, a Páscoa… Dependendo da área de<br />
actuação, as necessidades são diferentes,<br />
e também as alturas dos picos o são. As<br />
empresas de recrutamento passam a ter<br />
um papel fundamental aqui, contribuindo<br />
para o sucesso das operações das empresas<br />
nestes momentos esporádicos.<br />
O<br />
ano que passou foi tudo menos<br />
normal, para todos. Uns para melhor,<br />
outros, infelizmente, para pior, mas<br />
independentemente do resultado, a questão<br />
foi sempre a mesma: “e agora, o que é que nos<br />
espera?”. 2020 foi marcado pela incerteza, as<br />
empresas não sabiam como lidar com esta<br />
ameaça mundial, quanto tempo duraria e<br />
qual a melhor forma de manterem os seus<br />
serviços a funcionar - algumas delas optaram,<br />
inclusive, por reestruturar o seu modelo de<br />
negócio -, mas a solução encontrada foi um<br />
pouco transversal: o online.
SCM Supply Chain Magazine<br />
69<br />
Com o aumento<br />
da utilização do<br />
canal digital criou-se<br />
consequentemente<br />
um hábito de<br />
comércio electrónico<br />
em Portugal, que<br />
apesar de estar a<br />
crescer anualmente<br />
a dois dígitos,<br />
foi fortemente<br />
acelerado pela<br />
pandemia, e isso<br />
afecta directamente<br />
a logística das<br />
empresas.<br />
Vítor Peliteiro,<br />
director de staffing<br />
Randstad Portugal, é<br />
um dos responsáveis<br />
pelo recrutamento<br />
sazonal, que faz<br />
frente a estes picos<br />
de movimentação<br />
de produtos nas<br />
empresas, e quando<br />
questionado sobre o<br />
esperado sobre as mudanças nas necessidades<br />
das empresas, o recrutador considera que<br />
existem funções com menos procura devido<br />
à limitação de pessoas nos espaços de venda,<br />
o que requer menos colaboradores presentes,<br />
mas que é necessário preparar o retalho<br />
para o caso de haver baixas no serviço, seja<br />
por doença, quarentena ou apoio à família.<br />
“Esta preparação exige um planeamento<br />
de forma a que tenhamos desde logo perfis<br />
identificados para entrada imediata, sob pena<br />
de não conseguirmos responder”, explica o<br />
responsável.<br />
No que toca ao comércio electrónico,<br />
defende que é necessário olhar para toda a<br />
cadeia de valor e prepará-la a vários níveis,<br />
desde o armazém, logística e transportes. “Só<br />
com este redimensionamento e planeamento<br />
também no que se relaciona ao absentismo<br />
é que podemos ter uma experiência de<br />
e-commerce e de loja que não tenha um<br />
impacto negativo para as marcas e também<br />
para o consumo”, defende Vítor Peliteiro.<br />
Independentemente da época do ano, o<br />
recrutador considera bastante importante<br />
que existam serviços de apoio ao cliente, de<br />
modo a que o cliente tenha uma forma de<br />
esclarecimento ou de informação adicional,<br />
especialmente nesta fase da pandemia<br />
em que o cliente se torna mais exigente:<br />
“se numa primeira fase da pandemia o<br />
consumidor foi mais tolerante com atrasos de<br />
encomendas e falta de informação sobre as<br />
mesmas, devido às restrições estabelecidas e<br />
também aos ajustes que as empresas fizeram<br />
numa fase inicial, agora a expectativa de<br />
uma experiência que se traduza em 100%<br />
de satisfação é muito maior e a exigência<br />
também está em níveis mais altos”.<br />
esTa preparaçãO exige um<br />
planeamenTO de fOrma a que<br />
TenhamOs desde lOgO perfis<br />
idenTificadOs para enTrada<br />
imediaTa, sOb pena de nãO<br />
cOnseguirmOs respOnder<br />
Vítor Peliteiro
70 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
Neste sentido, considera importante que<br />
as empresas reforcem as suas equipas em<br />
determinadas áreas específicas, de modo a que<br />
o cliente possa ter um contacto disponível,<br />
independentemente da plataforma de<br />
comunicação, e conseguir prestar esse apoio<br />
ao cliente.<br />
Na sequência do confinamento e da<br />
preocupação das pessoas com a sua saúde<br />
e com o cumprimento das regras em vigor,<br />
alerta para o reforço do modelo de entregas,<br />
pois estando confinadas, as pessoas<br />
pretendem receber as suas compras em casa,<br />
ou enviar directamente para casa de alguém<br />
a quem queiram oferecer. “O reforço nesse<br />
comportamento do consumidor vai certamente<br />
impactar toda a área de logística, armazém e<br />
distribuição, sem esquecer ainda os serviços<br />
de apoio ao cliente não presencial como forma<br />
de reforçar as cadeias de abastecimento e<br />
melhorar a experiência dos clientes”, defende<br />
ainda Vítor Peliteiro.<br />
No início de Dezembro, o recrutador conta<br />
que se encontravam a trabalhar a vertente<br />
de atendimento multicanal no sector do<br />
retalho, distribuição e marketplaces, que<br />
pela altura da Black Friday estavam a ganhar<br />
maior relevância, e que antecipavam que se<br />
mantivesse pela altura do Natal.<br />
Era ainda esperado que a época natalícia,<br />
pelo contexto da pandemia, fosse um desafio<br />
fora do normal, o que se verificou de facto.<br />
Já nesta altura, e sem conhecimento ainda<br />
de quais seriam as regras estipuladas para o<br />
Natal, Vítor Peliteiro olhava para os meses<br />
anteriores e considerava que “as medidas que<br />
têm sido adoptadas acabam por condicionar o<br />
volume e os perfis de contratação, assumindo<br />
que uma contracção no consumo se irá<br />
reflectir numa redução na procura do produto<br />
de trabalho temporário”.<br />
Os dados de que dispunham apontavam<br />
para a alteração no tipo de perfis dos recursos<br />
humanos, diminuindo a procura de perfis<br />
direccionados para o retalho, como assistentes<br />
de loja, contrariamente ao verificado nas<br />
vertentes de comércio digital, que estava, e<br />
está, em clara ascensão, e de distribuição.<br />
Para além disso, Vítor Peliteiro explica que<br />
também aumentaram algumas substituições<br />
temporárias devido à quarentena, apoio à<br />
família ou doença.<br />
Estes foram alguns dos impactos que a<br />
pandemia teve, e tal como aos mais diversos<br />
negócios foi necessário que a Randstad<br />
também se adaptasse às necessidades<br />
do mercado. No caso do recrutamento<br />
de pessoas, a Randstad manteve o seu<br />
foco para com a sociedade “de moldar o<br />
mundo do trabalho aproximando a oferta<br />
e a procura no mercado”, através de novas<br />
soluções de Recursos Humanos e fornecendo<br />
valor à sociedade como um todo, explica o<br />
responsável. Como exemplo, refere o anúncio<br />
feito ainda em 2020 de que a Randstad<br />
pretendia contratar 1.000 profissionais até ao<br />
final do ano para diversas áreas, entre elas<br />
apoio ao cliente, (suporte através de linha<br />
telefónica, redes sociais, web-chat, loja e<br />
e-mail), ou o suporte ao e-commerce.<br />
“Temos um serviço para identificar perfis<br />
críticos de empresas para responder às<br />
necessidades de substituição”, comenta Vítor<br />
Peliteiro, sendo que “esta identificação não<br />
tem qualquer custo e funciona como se fosse<br />
um seguro para a empresa, que caso necessite<br />
pode imediatamente pedir a integração<br />
de uma pessoa, não colocando em causa a<br />
continuidade do negócio”.<br />
Outra das acções que a Randstad<br />
desenvolveu, esta para acompanhar os<br />
candidatos que procuram recomeçar ou
SCM Supply Chain Magazine 71<br />
TemOs um serviçO para idenTificar perfis críTicOs de empresas para<br />
respOnder às necessidades de subsTiTuiçãO<br />
relançar a sua vida activa a nível profissional,<br />
foi a campanha #EverydayHero, que pretende<br />
apoiar de forma gratuita os candidatos através<br />
da partilha de informação, de recomendações<br />
e do esclarecimento de dúvidas, através de<br />
três acções concretas: um grupo de Whatsapp,<br />
um podcast e uma newsletter.<br />
Desenvolveram também a app myRandstad,<br />
que desempenha um papel fundamental no<br />
apoio a quem quer encontrar o trabalho que<br />
mais se ajusta ao seu perfil, e onde a equipa<br />
de especialistas cruza os perfis dos candidatos<br />
e das empresas que se encontram a recrutar.<br />
Os inscritos recebem um alerta através da<br />
aplicação sempre que existir uma vaga que<br />
corresponda ao seu perfil e permite que o<br />
processo de procura e oferta de trabalho se<br />
torne mais ágil, eficaz e seguro.<br />
Por fim, a YouPlan, uma solução tecnológica<br />
“que permite gerir horários com a criação de<br />
escalas para os colaboradores e ainda com a<br />
possibilidade de comunicação, tudo através de<br />
uma forma rápida, simples e intuitiva”, explica<br />
Vítor Peliteiro. “Esta aplicação trata-se de<br />
uma ferramenta única de gestão, que permite<br />
comunicar de forma imediata e a qualquer<br />
hora com os colaboradores, bem como gerir<br />
escalas, planear turnos, propor horas extra e<br />
registos de horas”.<br />
“Tratou-se da resposta à necessidade sentida<br />
por muitas empresas que, devido às medidas<br />
impostas, se viram forçadas a mudarem o<br />
seu plano de funcionamento”, conclui Vítor<br />
Peliteiro.<br />
Se a tendência se mantiver é a próxima<br />
questão do momento, visto que os últimos<br />
meses têm sido completamente inesperados e<br />
os próximos também o serão. Para já resta-nos<br />
observar e analisar, e deste modo procurar<br />
antecipar o melhor possível, tendo sempre um<br />
plano B à mão. Um plano B que pode passar<br />
por recrutar pessoas temporariamente para<br />
responder a momentos inesperados, pois<br />
todos temos um papel na supply chain. •
72<br />
JANEIRO <strong>2021</strong><br />
CARREIRA<br />
Gestão de pessoas<br />
evitAr o<br />
pAndemónio<br />
durAnte A<br />
pAndemiA<br />
Com a generalização do trabalho remoto<br />
nos casos em que tal é possível e para evitar<br />
que passemos da pandemia ao pandemónio<br />
no que à gestão de equipas diz respeito, a<br />
Ordem dos Psicólogos preparou algumas<br />
recomendações, que podem ser úteis a<br />
todos os que têm que à distância gerir as<br />
suas equipas, manter o foco e não perder<br />
coesão.
SCM Supply Chain Magazine 73<br />
Texto: Dora Assis<br />
1. Clarificar papéis, responsabilidades<br />
e expertise na equipa, no momento em<br />
que as equipas são constituídas e antes<br />
de iniciarem o seu trabalho. Esta prática<br />
inclui a clarificação de hábitos ou formas<br />
de trabalho presenciais, estabelecimento<br />
de normas internas de funcionamento<br />
do grupo, atribuição de funções e<br />
responsabilidades e a clarificação das áreas<br />
de expertise para além daquilo que possa<br />
estar explicitamente definido. A realização<br />
desta clarificação reduz o número de erros<br />
cometidos, acelera o processo de tomada<br />
de decisão e melhora a capacidade de<br />
adaptação aos imprevistos que possam<br />
surgir durante o trabalho.<br />
2. Estabelecer objectivos e estratégias<br />
de curto e médio prazo, passíveis de<br />
serem revistas e adaptadas regularmente.<br />
Isto dá à equipa um sentido de direcção<br />
e propósito, reduzindo a incerteza.<br />
Ao mesmo tempo, a flexibilidade dos<br />
objectivos e estratégias definidos a curto<br />
e médio-prazo facilita a modificação dos<br />
mesmos em função da evolução do cenário.<br />
Isto pode contribuir para reduzir o nível de<br />
stress a que as equipas estão expostas e<br />
melhorar a eficácia das mesmas.<br />
3. Estabelecer rotinas regulares de<br />
reflexão durante o período de trabalho,<br />
feitas antes (briefings), durante e depois<br />
(debriefings) de acções ou períodos-chave.<br />
Nestas rotinas, cada membro da equipa<br />
deve procurar partilhar com os restantes<br />
membros o que sentiu e o modo como isso<br />
influenciou o seu trabalho, o que correu<br />
bem no funcionamento da equipa, o que<br />
correu menos bem e pode ser melhorado<br />
no funcionamento da equipa e o que<br />
pretendem fazer a seguir. Esta rotina pode<br />
ser autogerida pela equipa ou coordenada<br />
pelo chefe de equipa. Estas rotinas<br />
aumentam a percepção de controlo que os<br />
membros têm acerca da situação, reforçam<br />
a coesão e a confiança no grupo, reduzem<br />
a ansiedade e aumentam a capacidade de<br />
adaptação aos imprevistos que possam<br />
surgir.
74 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
4. Partilhar ou pedir informação relevante,<br />
de forma objectiva e nos momentos-chave,<br />
contribui para melhorar a coordenação<br />
entre os membros da equipa, reduzir os<br />
erros, melhorar o desempenho e aumentar<br />
a capacidade de adaptação aos imprevistos.<br />
A partilha e os pedidos de informação<br />
podem ser feitos pelos membros da equipa<br />
e pela chefia directa. A equipa pode definir<br />
à partida a quem compete realizar esta<br />
actividade.<br />
Em ambientes relativamente estáveis<br />
e previsíveis, em que a mudança ocorre<br />
a baixo ritmo, este processo pode ser<br />
centralizado na chefia directa por isto<br />
aumentar a eficiência da equipa. No entanto,<br />
em situações de imprevisibilidade, que<br />
requerem maior flexibilidade e capacidade<br />
de improvisação, as equipas beneficiam de<br />
um processo em que todos os membros<br />
estão envolvidos nesta actividade para<br />
garantir que toda a informação relevante<br />
lhes chega e é igualmente partilhada<br />
pelos seus membros. Especialmente para<br />
as equipas cuja comunicação também<br />
é feita através de tecnologia e onde a<br />
troca de informação não seja síncrona,<br />
recomenda-se que o assunto da conversa<br />
seja clarificado tão cedo quanto possível no<br />
início da conversa; a informação considerada<br />
crítica ou vital deve ser repetida durante a<br />
conversa para assegurar que todos recebem<br />
a mensagem relevante, por exemplo,<br />
recapitulando; o conteúdo da conversa deve<br />
ser gravado para facilitar consulta posterior<br />
se necessário. As mensagens escritas são<br />
mais eficazes para a coordenação de tarefas<br />
de rotina, enquanto que as mensagens de<br />
voz são mais eficazes para fortalecer as<br />
relações entre os membros da equipa.<br />
5. Manter os afectos positivos e gerir o<br />
conflito na equipa, através da adopção de<br />
uma atitude cooperante entre todos os<br />
membros da equipa e independente do<br />
estatuto, formação ou lugar hierárquico; do<br />
uso do humor enquanto forma de amenizar<br />
a severidade da situação; a adopção de<br />
comportamentos de suporte emocional<br />
(mostrar empatia) e de tarefa (oferecer<br />
ajuda sem que esta seja solicitada); o<br />
entendimento e clarificação dos diversos<br />
pontos de vista dentro da equipa e a<br />
identificação das características especiais da<br />
equipa, que lhe conferem uma identidade<br />
própria. Este tipo de práticas ajuda a<br />
estabelecer ligações afectivas fortes. De<br />
igual modo, servem como estratégias de<br />
resiliência que ajudam a equipa a lidar<br />
emocionalmente com a severidade do<br />
contexto.
SCM Supply Chain Magazine 75<br />
6. As chefias directas monitorizarem e<br />
assegurarem a realização das práticas<br />
descritas acima. Na impossibilidade de<br />
a equipa poder parar para realizar os<br />
diferentes exercícios acima descritos,<br />
é sobre as chefias directas que recai a<br />
responsabilidade de assegurar que as<br />
diferentes acções são implementadas.<br />
Desta forma, a chefia directa e cada equipa<br />
poderá contribuir para reduzir a incerteza,<br />
fortalecer a confiança e coesão no grupo<br />
e assegurar os níveis de desempenho<br />
desejados.<br />
Como vê, é possível não quebrar laços<br />
e manter a equipa unida mesmo que<br />
funcionando em home office. Com empenho<br />
e alguma criatividade podem contribuir<br />
para manter as suas pessoas em contacto,<br />
motivadas… mesmo que remotamente. •<br />
IMOVEIS PARA VENDA<br />
BUCELAS<br />
ALVERCA<br />
27.000 M 2<br />
ARCOZELO<br />
VILA NOVA DE GAIA<br />
25.390 M 2<br />
+351 916 045 792<br />
filipecastanheira@gmail.com
76 JANEIRO <strong>2021</strong><br />
DIÁRIO DE BORDO<br />
Rui Miranda<br />
Director de Logística do Grupo Barros & Moreira<br />
loGísticA do futuro:<br />
AutomAtizAr pArA<br />
AcrescentAr vAlor<br />
Vivemos tempos difíceis. A pandemia, sendo inesperada, avassaladora e<br />
implacável não só em termos sanitários, mas também económicos, obriga por<br />
outro lado à necessidade de uma visão optimista, colocando no horizonte e na<br />
nossa mente que podemos mudar para alterar o paradigma na sociedade em<br />
gĤeċrƄalň eċ sƌoŝbürƄeċtƙuơdĄoŝ nœoŝ mőeċiİoŝ pƁrƄoŝfiǟsƌsƌiİoŝnœalň.
SCM Supply Chain Magazine<br />
77<br />
Nesta base, olhando para as empresas nacionais e para a logística em particular, verificamos<br />
que actualmente é ainda considerada como uma área de grande operacionalidade com<br />
múltiplas tarefas, normalmente repetitivas, que oneram a operação, ampliando custos a uma<br />
estrutura já de si robusta. O que podemos fazer para alterar este paradigma?<br />
A operação logística, muitas vezes considerada o motor que faz acontecer aquilo que<br />
anteriormente é estrategicamente planeado, por isso fundamental na cadeia de valor, carece<br />
de um salto importante ao nível do desenvolvimento tecnológico. Sabemos, por exemplo, que<br />
muitas empresas investem na automatização das suas indústrias, mas deixam a logística para<br />
outro plano, negligenciando custos que seriam facilmente controláveis e rebatíveis.<br />
No entanto, acredito que a operação logística também alterará o seu paradigma. Felizmente,<br />
hoje, há já inúmeros exemplos de inovação, automatização e robótica. Várias são as empresas que<br />
investem em desenvolvimento de softwares e alta tecnologia para que a operação seja adequada<br />
ao futuro e possam com isso competir globalmente.<br />
Num futuro próximo, no amanhã, a operação logística terá processos de repetição executados<br />
por máquinas e não operadores, tornando-a mais ágil e dinâmica e com o just-in-time como pilar<br />
básico. Os operadores tornar-se-ão cada vez mais operacionais especializados em conduzir e<br />
garantir que a automatização dentro da logística decorre normalmente, sem limitações de tarefas<br />
ou esgotamento físico. Não significa diminuir emprego, significa acrescentar valor à operação<br />
levando a que tarefas de grande envergadura se tornem rotineiras, ou o tempo consumido na<br />
operação seja cada vez mais diminuto. A automatização imprimirá grande dinâmica, agregando<br />
valor para a empresa e, no final, aumentando a satisfação do cliente.<br />
A logística será no futuro – o amanhã – não só uma operação, como também uma área<br />
estratégica onde o planeamento fará parte do dia-a-dia. Os que melhor e mais rapidamente<br />
se adaptarem a esta realidade e renovarem a sua operação, terão mais e melhores formas de<br />
resistir, por exemplo, em tempos de grande adversidade como os que atravessamos. A logística<br />
acompanhará a indústria e os serviços no seu desenvolvimento estrutural evolutivo para a<br />
inovação e automatização que adicionarão valor à sua operação e por inerência à empresa.<br />
Em futuros artigos, procurarei dar uma perspectiva sobre esta temática da Logística do Futuro,<br />
nomeadamente no que diz respeito às operações repetitivas vs. de criação, à logística partilhada,<br />
aos chamados armazéns high-tech, ao pilar da mobilidade, à automatização como novo<br />
paradigma ou à logística 4.0 e a inteligência artificial. Este contributo visa a melhor compreensão<br />
da importância da actualização neste sector e o que isso pode trazer beneficamente para as<br />
empresas. •
78<br />
O MUNDO É REDONDO, por Cláudia Brito<br />
“A genialidade emergente das colónias de formigas”<br />
Deborah Gordon, 1.2 milhões de visualizações, 2003<br />
As formigas existem há 130 milhões de anos e as suas 13.500 espécies cobrem todos os continentes, excepto<br />
a Antártida. As formigas-vermelhas, que se alimentam de sementes no deserto, formam colónias que atingem<br />
a maturidade ao fim de 5 anos, fixando-se numa população de 10 a 12 mil membros e durando mais 10 a 15<br />
anos, em função do tempo de vida da sua rainha, cuja única função é pôr os ovos a partir dos quais nascem<br />
todas as outras formigas. As fêmeas adultas estéreis dos ovos fertilizados vivem cerca de um ano e são as<br />
trabalhadoras. Quando o tamanho da colmeia estabiliza, uma vez por ano nascem formigas com asas, que<br />
voam para um lugar adequado à construção duma colónia. As fêmeas virgens são então fecundadas pelos<br />
machos, os quais nascem de ovos não fertilizados e morrem logo após cumprirem a sua função. Cada nova<br />
rainha assim formada perde as asas e dá origem a uma nova colónia, começando por alimentar as primeiras<br />
larvas nascidas dos ovos. Estas, ao tornarem-se adultas, passam a tomar conta da sucessiva prole da sua mãe, e<br />
a partir desse momento a rainha nunca mais é vista.<br />
As formigas são consideradas um modelo de<br />
organização social, apesar de funcionarem sem<br />
qualquer tipo de controlo centralizado. Deborah<br />
Gordon investigou em detalhe o processo<br />
de alocação de tarefas nestas condições e a<br />
reacção do conjunto às alterações das condições<br />
externas, sem qualquer forma de planeamento ou<br />
comunicação central.<br />
As formigas-vermelhas trabalhadoras<br />
representam cerca de um quarto do total<br />
da colónia, dividindo-se em quatro grupos:<br />
as forrageiras que procuram comida, as<br />
patrulheiras, as que fazem a manutenção do<br />
ninho e as operárias lixeiras. Em cada momento,<br />
adicionalmente, cerca de metade das formigas da<br />
colónia estão inactivas, dentro do ninho, servindo<br />
de reserva. Em caso de necessidade, todas as<br />
trabalhadoras se podem tornar forrageiras, sendo<br />
as da manutenção substituídas pelas da reserva.<br />
As patrulheiras saem de manhã cedo, antes de<br />
todas as outras, e só pelo facto de regressarem<br />
transmitem a informação de que o exterior<br />
é seguro. Cada formiga comunica com as<br />
outras formigas através do contacto das suas<br />
antenas, tocando-se, ouvindo-se e cheirandose<br />
mutuamente, num processo aleatório e<br />
não previsível, em função da densidade de<br />
indivíduos. Interacções aparentemente caóticas<br />
entre formigas criam assim uma rede de padrões<br />
de interacção que levam a que uma colónia<br />
estabelecida tenha grande previsibilidade e<br />
estabilidade de comportamento, programado<br />
biologicamente. Existe ainda uma outra<br />
capacidade, chamada de recrutamento, em que<br />
um caminho que leva a comida é marcado com<br />
feromonas, sendo este cheiro fortalecido pela<br />
passagem de formigas enquanto há comida, e<br />
enfraquecendo quando esta acaba.<br />
Estes métodos de procura e recuperação<br />
de comida parecem pouco eficientes, contudo<br />
os algoritmos que os representam podem ser<br />
aplicados a modelos computacionais, de redes<br />
neuronais e até de desenvolvimento de células<br />
cancerígenas.<br />
Deborah Gordon é bióloga, e professora no<br />
departamento de Biologia na Universidade de<br />
Stanford. O seu trabalho de campo inclui um estudo<br />
de décadas de colónias de formigas-vermelhas no<br />
deserto do Arizona.
PARCEIRO<br />
Gerir com lógica para servir melhor<br />
A SERVILOGIS é uma empresa de consultoria especializada em Excelência Operacional na Prestação<br />
de Serviços de Logística e na Gestão da Cadeia de Abastecimento, vocacionada no apoio à gestão de<br />
Operadores de Transporte, Transitário, Logística e Distribuição, oferecendo um Serviço Integrado e<br />
complementar nas diferentes áreas da Empresa cujo objetivo é dar suporte aos seus clientes na melhoria<br />
contínua, a optimização de processos e aumento da rentabilidade.<br />
Conheça os nossos serviços:<br />
LOGÍSTICA, TRANSPORTES E DISTRIBUÍÇÃO<br />
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO<br />
RECURSOS HUMANOS<br />
GESTÃO FINANCEIRA E CONTABILIDADE<br />
LIDERANÇA / COACHING<br />
GESTÃO COMERCIAL E MARKETING<br />
comercial@servilogis.pt<br />
www.servilogis.pt