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A Vacina Encontrou um Oponente à Altura?

Entrevista com a Dra. Cristina Roscoe Vianna acerca da eficiência do vacina frente à nova mutação do corona vírus

Entrevista com a Dra. Cristina Roscoe Vianna acerca da eficiência do vacina frente à nova mutação do corona vírus

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Este trabalho consistiu em entrevistar um especialista a cerca de um tema pertinente à

sociedade, proposto como componente curricular da matéria de redação do CEFET-MG

Campus VIII, pela professora Erika Kress. Foi realizado por Gabriel Ferreira e Gustavo

Frois, sendo o primeiro o entrevistador, e o segundo o redator e ambos foram

elaboradores das perguntas.

A capa foi inspirada na capa da revista TIME “Who will win the global vaccine race?”,

que pode ser consultada em: https://time.com/magazine/southpacific/5887584/september-21st-2020-vol-196-no-11-asia-sopac/.

A entrevista de

inspiração foi retirada do site EXAME e pode ser consultado logo abaixo com as demais

fontes utilizadas.

O tema escolhido foi “A eficiência das novas vacinas frete à nova mutação do covid-19”

e para isso foi entrevistada a Dra. Cristina Roscoe Vianna.

Para circular nossa entrevista escolhemos a plataforma Yumpu, pois permite que sejam

publicadas revistas gratuitas, abertas ao público, o que permite que mais pessoas

tenham acesso à entrevista e às informações aqui contidas. Todo o trabalho foi

formatado conforme as especificações propostas por Erika Kress.

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https://exame.com/ciencia/nova-mutacao-pode-deixar-coronavirus-mais-resistente-a-vacina-afirmapesquisa/

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Johnson & Johnson pede autorização para uso emergencial de vacina contra Covid-

19 nos EUA

Mutações no coronavírus podem torná-lo mais mortal

https://www.tecmundo.com.br/ciencia/210417-mutacoes-coronavirus-torna-mortal.htm

Reino Unido diz que nova variante do coronavírus desenvolveu mutação já vista no

Brasil e na África do Sul

Vacinas contra a covid-19: entenda as diferenças entre 5 delas... –

https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2021/02/04/johnson-and-johnson-pedeautorizacao-para-uso-emergencial-de-vacina-contra-covid-19-nos-eua.ghtml

https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/02/02/reino-unido-diz-que-nova-variantedo-coronavirus-desenvolveu-mutacao-ja-vista-no-brasil-e-na-africa-do-sul.ghtml

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/02/03/vacinas-contra-covid-19-

entenda-a-diferenca-entre-elas.htm?cmpid=copiaecola

A "IMUNIDADE DE REBANHO" É EFICAZ NO COMBATE AO CORONAVÍRUS?

https://coronavirus.saude.mg.gov.br/blog/100-imunidade-de-rebanho

Pesquisa indica que nova mutação pode deixar coronavírus mais resistente à vacina

10 anos em 10 meses: como cientistas de Oxford criaram em tempo recorde um novo

modelo de vacina contra o coronavírus

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55049893

Testes de vacina Sputnik-AstraZeneca começarão no Azerbaijão e no Oriente Médio

Who will win the global vaccine race?

https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2021/02/02/interna_nacional,1234458/pesquisaindica-que-nova-mutacao-pode-deixar-coronavirus-mais-resistente-a.shtml

https://www.moneytimes.com.br/testes-de-vacina-sputnik-astrazeneca-comecarao-noazerbaijao-e-no-oriente-medio/

https://time.com/magazine/south-pacific/5887584/september-21st-2020-vol-196-no-11-asiasopac/

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A eficiência das novas vacinas frente à nova

mutação do covid-19

Em entrevista à estudantes do CEFET-MG Varginha, a Doutora em Microbiologia, Cristina

Roscoe, comenta sobre as novas vacinas e possível interferência das mutações do vírus.

Por Gabriel Ferreira e Gustavo Frois

Publicado 09 de fevereiro de 2021

Dória segura embalagem contendo a vacina contendo a vacina para o SARS-CoV-2, do

instituto Butantan em parceria com a Sinovac. (GOVESP/Diário do Nordeste)

A professora a já 9 anos no CEFET-MG campus VIII (unidade Varginha), Cristina Roscoe

Vianna, doutora pela UFMG e Catholic University of Leuven, em microbiologia, e

pesquisadora de processos fermentativos, modificação genética de microrganismos para

aplicações biotecnológicas, identificação de bactérias e leveduras e caracterização

molecular de genes de virulência em linhagens de Cândida. Ela que a vários anos estuda e

pesquisa microrganismos, consegue oferecer uma resposta e opinião fundamentadas

acerca das novas principais questões que surgiram acerca do covid-19.

Neste início de 2021 mesmo com afastamento ainda indeterminado das aulas presenciais e

dos laboratórios, foi possível se conseguir informações sobre e estudos sobre o SARS-CoV-

2. O Gabriel Ferreira conversou com a Dra. Roscoe, através da ferramenta Google Meet,

sobre a grande polêmica da vacina e das novas mutações descobertas do vírus.

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Gabriel Ferreira: Nós sabemos que existem vários tipos de vacinas sendo desenvolvidas,

muito se escuta os nomes das empresas que as produzem, como por exemplo a CoronaVac

do Instituto Butantan e a Pfizer da BioNTech, mas qual realmente é a diferença entre elas a

não ser o nome e as empresas que as produzem?

Cristina Roscoe: É bem diferente, porque as vacinas vão utilizar o antígeno para

desencadear a resposta imune. Quando falamos em antígeno e vírus, existe o capsídeo,

que é a parte externa do vírus, e dentro do vírus existe o material genético. No capsídeo

existem várias proteínas que seriam marcadores de superfície e cada uma dessas vacinas

está usando delas para lutar contra o vírus. É como o princípio, no caso, do que são as

vacinas de RNA ou as vacinas usando vetores, quando o vírus é inativado (caso da

CORONAVAC) ele tem todas as proteínas de superfície que desencadeariam a resposta

imune, porém a eficácia dela é menor. Já no caso das outras vacinas, é como se eles

otimizassem a resposta imune, utilizando as porções do vírus que o organismo humano

reconheça mais fácil e tendo uma resposta imune mais eficiente, e quando você faz a

inativação do vírus, você pode perder algumas dessas superfícies antigênicas pelo vírus

possuir todas as proteínas de superfície, por consequência mudando a eficácia da vacina

negativamente.

Gabriel Ferreira: As vacinas que teoricamente previnem o COVID-19 foram produzidas em

tempo recorde, com cerca de 1 ano para serem concluídas, porém isso não é usual, pois o

tempo médio de duração para uma vacina ser criada é por volta de dez anos. Você acha

que isso pode afetar a eficiência da vacina?

Cristina Roscoe: Eu acredito que não, primeiro porque teve um trabalho conjunto de muitos

pesquisadores. Você pode acreditar que eles devem trabalhado igual a todos esses

pesquisadores que trabalham durante 15 anos para fazer essas vacinas. Eles tiveram auxílio

da tecnologia que antes não tinha. 10 a 15 anos atrás usava-se ovos embrionados, porque

vírus só cresce dentro de célula viva, então tinha que ter a granja para pegar os ovos com

embrião para inocular o vírus. Hoje já se tem trabalhos com culturas de células, essas

vacinas que usam os vetores virais ou mesmo as vacinas de RNA, você já multiplica esse

material genético com os equipamentos disponíveis hoje no laboratório, você consegue fazer

a amplificação desse material genético. Então as ferramentas tecnológicas hoje permitem

esse processo mais rápido. Minha preocupação não com é com o desenvolvimento da

vacina em si, minha preocupação é o tempo de testagem e os efeitos colaterais, apesar de

terem grupos de teste, a resposta a longo prazo nós não sabemos ainda.

Gabriel Ferreira: Muito se escuta sobra o termo 'Imunidade de Rebanho', que diz que muitas

pessoas já foram infectadas, logo o impacto do vírus será menor com aglomerações. Você

acha que isso acontece com o Corona Vírus? –

Cristina Roscoe: Para o Corona Vírus isso não está acontecendo, por conta do que a gente

chama de título de anticorpos, isto é, do reconhecimento do antígeno pelo sistema imune,

onde ele ativa a célula, que são os linfócitos, que produzem os anticorpos. No caso do corona

vírus, se você teve contato, seu corpo produziu muitos anticorpos, os títulos de anticorpos,

que, no caso do corona, ‘caem’ muito rápido do seu organismo, então em 6 meses a pessoa

que foi infectada já não terá mais os anticorpos que protegem ela, por isso, já existem casos

de reinfecção. Por exemplo, a vacina de tétano possui validade de dez anos, eu me vacinei

para hepatite B tem mais de 20 anos e ainda tenho anticorpos contra o vírus. Infelizmente,

com o COVID-19 não acontece do mesmo jeito.

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Gabriel Ferreira: Uma mutação do Corona Vírus, vista pela primeira vez no Reino Unido,

afeta diretamente na efetividade da vacina. O que ocorre nesse processo de mutação para

que aconteça essa perda de eficiência?

Cristina Roscoe: As mutações que ocorreram no SARS-CoV-2 parecem estar associadas

há erros de replicação do vírus dentro da célula hospedeira e a infecção por múltiplos vírus

de carga genética distinta. A mutação que tem despertado maior atenção é no gene que

codifica as proteínas “spike”, uma das mais importantes para permitir a entrada do vírus na

célula hospedeira. Como algumas utilizam estas proteínas como antígenos para

desencadear a resposta imune, mutações nos genes que a codificam a proteína spike nas

novas variantes do SARS-CoV-2 podem reduzir a eficácia das vacinas. Ou seja, com as

vacinas atuais o organismo humano produzirá anticorpos contra a antiga proteína spike e

não às mutadas.

Gabriel Ferreira: Desde o início da pandemia criou-se uma polêmica em torno do uso da

máscara. Existem benefícios de se usar máscara na prevenção do COVID-19?

Cristina Roscoe: Na prática isso é incontestável, a máscara é um bloqueio. Por mais que a

partícula viral consiga ultrapassar essa barreira, não significa que ela deixa de existir. Então

aqui mesmo, várias pessoas que eu conheço, pessoas que vivem em uma mesma casa, a

pessoa que estava usando máscara não se infectou, diferente do restante da casa. Quando

pensamos em espirro, tem várias fotos na internet da partícula, da tosse, das gotículas que

caem, então é alguma ignorância as pessoas falarem que a máscara não tem eficiência, ela

perde sua eficiência se ela for mal utilizada, aí sim pode até ser um fator prejudicial. Não se

pode deixar a máscara no queixo, quando é necessário tirar a máscara, o ideal é colocar em

um saquinho plástico para não deixar exposta. Lembrando ainda, que existem os

assintomáticos, nós vemos isso no nosso dia a dia, vários conhecidos que já fizeram o teste

para o COVID e deu positivo e essas pessoas não tiveram sintomas, mas tudo indica que

elas são transmissoras, por um período. Elas apenas conseguiram, com o sistema

imunológico, não deixar o vírus progredir, mas ainda podem ser consideradas transmissoras,

não como um doente é claro, mas vão conseguir transmitir. Com certeza sem o uso da

máscara, tudo estaria pior do que está hoje. Todos os países adotam essa metodologia,

então não é possível que são milhares de pessoas erradas contra alguns lunáticos que estão

corretos.

Gabriel Ferreira: Com o surgimento das mutações, há também o surgimento de dúvidas

sobre como o vírus, que não é considerado por alguns como ser vivo, consegue mudar. Você

pode explicar como se dá esse processo? –

Cristina Roscoe: A mutação é um processo que tem um estímulo, mas ele pode ocorrer ao

acaso. Por exemplo, a radiação UV, que se for colocada diante um vírus ou até de uma

célula, poderá causar mutação. No caso da célula, pode se dar o exemplo do câncer, onde

a célula perde o controle de sua divisão, prejudicando todo o organismo. O vírus, quando

exposto à radiação ou alguns agentes químicos sofrerá mutação, e ele ainda tem um

adicional, pois ele se replica, não faz divisão celular, ele infecta a célula, lança o seu material

genético dentro dela, e os ribossomos dessa célula produzirão as proteínas do vírus. Como

ele é um hospedeiro intracelular obrigatório, as chances de ocorrerem essas mutações

dentro da célula hospedeira é grande, porque pode encapsular o material genético que não

é do vírus junto, incorporando esse material genético ao seu genoma. Existem vírus de RNA,

do tipo Corona, que são integrativos, eles integram ao cromossomo da célula, podendo

pegar um pedaço do DNA humano e incorporar ao seu genoma. É importante ter em mente,

que a mutação nem sempre traz uma vantagem adaptativa, existem mutações que não

trazem nenhum benefício, muito pelo contrário, existem mutações que podem levar a morte

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de um ser vivo, como é o caso do câncer, e em alguns casos, podem sim existir mutações

que darão vantagem ao ser vivo. Então, as mutações ocorrem por indução de alguns

agentes e geralmente existe uma pressão seletiva para que elas ocorram, mas muitas

também ocorrem ao acaso, de maneira espontânea, uma sorte.

Modelo em 3D do Novo Corona Vírus de 2019. (CDC)

Gabriel Ferreira: O uso do álcool em gel 70% foi uma grande defesa contra o Corona Vírus.

Por que o uso de álcool é eficiente contra um vírus?

Cristina Roscoe: Porque o vírus possui uma estrutura chamada capsídeo que envolve e

protege o material genético e quando o álcool, que é um solvente orgânico, é usado, ele vai

solubilizar esse lipídeo, destruindo o capsídeo e deixando o material genético exposto,

deixando o vírus desprotegido. Nós, como outros seres vivos, possuímos na nossa pele

algumas enzimas que degradam esse material genético, causando a morte do vírus e de

outros microrganismos, porque o envoltório que protege esses organismos possui

composição lipídica.

Gabriel Ferreira: Como as vacinas, em geral, agem no corpo humano?

Cristina Roscoe: Então, com relação a vacina, o organismo possui uma resposta imune

chamada resposta imune inata, que é a primeira linha de defesa. A segunda linha de defesa

é composta pelos linfócitos T e B, que é uma resposta imune chamada de específica. Então

tudo que entra no nosso organismo, que não é reconhecido como próprio e a resposta imune

inata não conseguir dar conta, ela leva a informação para essas células de segunda linha

da resposta imune específica, e por consequência, essas células chamadas de linfócitos B

e linfócitos T, vão desencadear uma resposta, produzindo proteínas que neutralizam o vírus,

que são chamadas de anticorpos. A imunoglobulina, muito falada no teste rápido IGG, é um

tipo de anticorpo que irá vai neutralizar o vírus. O vírus terá as proteínas estranhas, então

as vacinas de RNA, que vão produzir essa proteína viral dentro do organismo, farão com

que as células chamadas linfócitos B, neutralizem esses antígenos. Então, quando uma

vacina é tomada, o objetivo é que os linfócitos B reconheçam essas proteínas e saibam

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quais os anticorpos necessários para neutralizar o vírus. Existem alguns anticorpos que

conseguem auxiliar. Por que quando se toma um leite fermentado, ele aumenta a resposta

imune? Porque seu organismo reconhece aquelas bactérias como antígenos, só que na

verdade ele não causa doença, mas ele estimula seu organismo a produzir anticorpos. O

melhor de tudo da vacina e desses linfócitos que eu mencionei, é que ficam células durante

anos, as células de memória, então se uma pessoa tiver contato com o vírus de novo, o seu

corpo já sabe como neutralizar.

https://www.youtube.com/watch? v=ooAmOiiGzoE

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