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Revista Gurias do Pampa nas Exatas_Campus_Bagé_Final_nova_ficha

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Organização Geral

Vitória Nunes Magalhães

Márcia Maria Lucchese

Realização

Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Projeto Gurias do Pampa nas Exatas

Revisão de texto

Clara Zeni Camargo Dornelles

Edição

Vitória Nunes Magalhães

Produção visual

Vitória Nunes Magalhães

Daniel Castilho Aragão

Contato

Gurias do Pampa nas Exatas

.

sites.unipampa.edu.br/guriasdopampanasexatas

.

R454

Revista Colabore: [recurso eletrônico] Projeto Gurias do Pampa nas

Exatas, 2020, Bagé, RS /organizador Laboratório de Leitura e Produção

Textual – Bagé: Unipampa, 2020.

Anual

Modo de acesso:

Texto em português.

Descrição baseada em: Vol. 1, n. 1(agosto. 2020)

ISSN online

1. Educação. 2. Ciência. 3. Mulheres na Ciência. 4. Laboratório de

Leitura e Produção Textual, org. I. Universidade Federal do Pampa.

Projeto Gurias do Pampa nas Exatas. II. Título: Revista Colabore

CDD 370


O Gurias do Pampa nas Exatas nasceu em 2018 com o objetivo de

incluir e discutir o papel das mulheres nas exatas, além de promover ações

de formação nas áreas das engenharias, ciências exatas e tecnológicas para

meninas da rede pública, dos anos finais do ensino fundamental ao ensino

médio. Estas ações visam fomentar o interesse nos conteúdos relacionados

à área de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), e

consequente futuro ingresso nos cursos de graduação nas carreiras dessas

áreas.

Assim, o Projeto Gurias do Pampa nas Exatas apresenta a primeira

edição da revista das cientistas. Este projeto/revista, visa a divulgação das

atividades das cientistas das áreas de exatas, engenharias e matemática da

nossa Universidade, a Universidade Federal do Pampa.

É um projeto que se inicia e vem no sentido de valorizar o trabalho

das colegas cientistas, de popularizar a ciência produzida na Região que a

Universidade está inserida e, quem sabe no futuro, atingir as meninas na

Região da Campanha para que se tornem cientistas. É um projeto embrião

que pretende crescer e atingir os outros Campi da Universidade.

Agradecemos as Pesquisadoras que responderam ao questionário e

instigamos outras a participarem respondendo o nosso questionário e

participando da Revista.


SUMÁRIO

ENTREVISTAS: ELISABETE DE AVILA ................................................................... 4

RETRATOS: LUCIANA M. rodrigues

..................................................................................................................................................................................... 5

ENTREVISTAS: ANA PAULA LÜDTKE ................................................................. 6

RETRATOS: CARLA KIPPER .............................................................................................. 7

ELAS .................................................................................................................................................................... 8

ENTREVISTAS: MARIA ALEJANDRA LIENDO ...................................... 10

RETRATOS: RENATA LINDEMANN ..................................................................... 11

ENTREVISTAS: ANDRESSA JACQUES ............................................................... 12

RETRATOS: TÂNIA REGINA DE SOUZA ..................................................... 13

O PRECONCEITO QUE ELAS SOFREM EM STEM

................................................................................................................................................................................... 14

ENTREVISTAS: SANDRA PIOVESAN .................................................................. 17

RETRATOS: MÁRCIA LUCCHESE ............................................................................ 18

ENTREVISTA: ANA ROSA MUNIZ ......................................................................... 19

INDICAÇÕES .................................................................................................................................... 20


ENTREVISTAS

UMA CONVERSA ENTRE A EQUIPE DO

PROJETO E AS PESQUISADORAS/DOCENTES

DA UNIPAMPA, CAMPUS BAGÉ.

Em um formulário on-line selecionamos seis perguntas para conhecer um pouco sobre as nossas

mulheres nas exatas, uma conversa cativante descobrindo o mundo dessas mulheres fora e dentro

da universidade.

(Equipe GPE) Conte um pouco sobre seus projetos

de Pesquisa e destaque o que pode ser muito

interessante.

(Elisabete) No momento não tenho projetos de

pesquisa, pois minha formação é para a síntese e/ou

semi-síntese de compostos com potencial atividade

biológica. Na Unipampa não há laboratórios que

possibilitem a realização desse tipo de pesquisa.

Minha área de pesquisa busca descobrir/sintetizar

novos compostos/moléculas que possam ser

utilizadas no tratamento de diversas doenças, como

câncer, diabetes e doenças negligenciáveis

(tuberculose, malária, leishmaniose, dengue, entre

outras).

(Equipe GPE) Durante a sua formação e/ou atuação

profissional sentiu algum preconceito por ser

mulher?

Foto: Elisabete Silva

Elisabete de Avila da Silva

Graduada na área Farmacêutica:

Farmacêutica Industrial, Mestra em

Química e Doutora em Fármacos e

Medicamentos.

(Equipe GPE) Pesquisa na área de? Sua área ou linha de

pesquisa em que atua.

(Elisabete) Química Farmacêutica.

(Equipe GPE) Você poderia justificar por que escolheu

ser cientista, alguma história inspiradora, cientista ou

algum professor?

(Elisabete) Ser cientista foi algo construído ao longo do

tempo em minha vida, primeiro com a leitura de livros

que levavam minha mente para um mundo distante do

que eu vivia e após pela curiosidade em

conhecer/descobrir moléculas novas.

(Elisabete) Sim, não somente por ser mulher, mas

também por ser farmacêutica. A maioria dos meus

colegas de pós-graduação são químicos e homens.

(Equipe GPE) Alguma curiosidade sobre sua vida

(prêmios, experimentos incríveis, filhos, trabalho

etc.)?

(Elisabete) Fui a primeira pessoa a se formar na

graduação na minha família, tanto por lado materno

quanto paterno. Com isso tornei possível a outros de

minha família sonharem em um dia estar na

universidade. Tive dois filhos, após estar

profissionalmente estabelecida, e o caçula faleceu.

Essa situação ensinou-me a ser resiliente.

(Equipe GPE) Além da sua vida profissional, você faz

alguma outra atividade que gostaria de contar?

(Elisabete) Fiz por muito tempo capoeira quando

estava na pós-graduação. Na época que estudava no

ensino fundamental, médio e a graduação, fazia tricô

sob encomenda para ajudar nas despesas.


Foto: Luciana Machado

Engenheira Química

(PUC-RS), Mestra em

Engenharia (UFRGS),

Doutora em

Engenharia (UFRGS),

Pós-doutorado em

Engenharia (UA-

Universidade de

Aveiro, Portugal)

Luciana Machado Rodrigues

Um dos fatores que instigaram,

motivaram e despertaram a paixão de

Luciana pela área de exatas foi a vivência

escolar. Foi na escola, através de

experiências científicas, que o interesse pela

pesquisa e pela investigação começou. Já

adulta, Luciana é pesquisadora da área de

materiais e meio ambiente, desenvolve

projetos de pesquisas de caracterização de

diferentes tipos de materiais, a fim de

aplicar estes em ambientes que preservem

o meio ambiente, como tratamento de

águas, esgotos e efluentes industriais.

Na sua carreira acadêmica, Luciana

conta que, do seu trabalho com estudantes

de graduação, resultaram prêmios que

demonstram a importância da pesquisa

para a sociedade. Além da vida acadêmica,

A pesquisadora procura conciliar, de forma

equilibrada, a profissão, o trabalho, a

família e a vivência social. Marcando

presença na vida de sua filha, Luciana não

dispensa acompanhar a rotina da escola e

das brincadeiras, tendo como retorno, de

sua filha, a grande admiração pelo trabalho

que desenvolve nos laboratórios.

|Relato de Luciana|


Graduada em Engenharia Informática pela

Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e

Mestra e Doutora pela Universidade Federal do

Rio Grande do Sul (UFRGS)

Ana Paula Lüdtke Ferreira

ENTREVISTAS

(Equipe GPE) Pesquisa na área

de? (Sua área ou linha de

pesquisa em que atua.)

(Ana) Métodos Formais,

Inteligência

Artificial,

Computação Aplicada à

Agropecuária, Educação em

Engenharia e Computação.

(Equipe GPE) Você poderia

justificar por que escolheu ser

cientista, alguma história

inspiradora, cientista ou algum

professor?

(Ana) Eu sou cientista meio por

acaso. Quando criança, queria ser

Médica Veterinária. Na

adolescência, me interessei por

Psicologia. Fiz um curso de

programação COBOL nas férias,

antes de fazer meu primeiro

vestibular. Resolvi fazer

Computação, meu namorado foi

convidado a fazer doutorado em

Portugal e eu ingressei na

Universidade lá. O ensino

português é muito exigente e eu

acabei desenvolvendo um

raciocínio formal muito forte.

Quando voltei ao Brasil, tive a

oportunidade de fazer o Mestrado

na UFRGS e acabei me

interessando por pesquisa

acadêmica. Não foi programado,

mas eu não faria outra coisa na

vida.

(Equipe GPE) Conte um pouco

sobre seus projetos de Pesquisa e

destaque o que pode ser muito

interessante.

(Ana) Acho interessante a

abordagem e o foco da ciência na

resolução de problemas reais. A

computação hoje está em todo o

lugar e cada vez mais

descobrimos contextos em que

ela pode ser aplicada para

resolver problemas interessantes.

O próprio aprendizado e como ele

se dá também me interessa, visto

eu também ser professora.

Particularmente, me interessa

como representar elementos do

mundo real em linguagem e

estruturas matemáticas e então

usar esses modelos para

solucionar

problemas.

Atualmente oriento trabalhos de

pesquisa em Computação

Aplicada à Agropecuária e está

sendo uma experiência muito

interessante e enriquecedora.

(Equipe GPE) Durante a sua

formação e/ou atuação

profissional sentiu algum

preconceito por ser mulher?

(Ana) Eu entrei na graduação em

uma época que as turmas da

Ciência da Computação eram

bem divididas entre homens e

mulheres (tanto no Brasil como

em Portugal). Então

academicamente não foi

complicado, mas sei que hoje a

realidade é diferente. Do ponto de

vista profissional, sou professora

há 23 anos e nesse período tive

que conviver com algumas

pessoas que diziam abertamente

que não se sentiam bem sendo

chefiadas por mulheres. Quando

ouvi isso, tive que dizer

diretamente que eu não ia mudar

de gênero, então era se

acostumar ou ir embora, porque

eu não iria a lugar algum. Sei que

nem sempre é assim, que existem

dissimulações e puxões de tapete

existem. Mas creio que eu tive

muita sorte de trabalhar muitos

anos em uma Universidade em

que as pessoas eram respeitadas.

Mas é uma luta diária para que

nossa voz seja ouvida e nossa

experiência e conhecimentos

sejam respeitados.

(Equipe GPE) Alguma

curiosidade sobre sua vida

(prêmios, experimentos incríveis,

filhos, trabalho etc.)?

(Ana) Tenho quase 50 animais na

minha casa em Porto Alegre,

entre gatos e cachorros. Mas já

tive quase 70 ao mesmo tempo.

Ao todo, já cuidei de mais de 150

animais. Todos tirados da rua,

alguns abandonados na minha

casa, outros encontrados por aí.

Gasto metade do meu salário

com eles.

(Equipe GPE) Além da sua vida

profissional, você faz alguma

outra atividade que gostaria de

contar?

(Ana) Já fiz muita coisa: piano,

flauta doce, ballet clássico,

natação, voleibol, basquete,

futebol, esgrima, ginástica, tricô,

bordado, pintura, curso de inglês,

francês e alemão. Hoje eu sou

uma sedentária 100% dedicada ao

trabalho e aos meus bichos. E

todo ano eu prometo mudar...


“Quando adolescente,

me imaginei como uma

cientista, usando jaleco.”,

assim descreve Carla,

Física, Mestra em Física

da Matéria Condensada

e Doutora em Física da

Atmosfera.

Foto: Carla Kipper

Carla Judite Kipper

Carla desenvolve pesquisas na área de

física da atmosfera, analisando variáveis

atmosféricas na região da campanha do estado

do Rio Grande do Sul. Suas pesquisam ajudam a

compreender os fenômenos climáticos.

Quando perguntado a Carla o que vem

em primeiro lugar na sua vida, a resposta é a

família, o seu foco. Mãe de dois meninos, Carla

conta que quando entrou na universidade estava

grávida, e que apesar dos obstáculos conseguiu

tornar-se uma pesquisadora. Ensinou e ensina

seus filhos que não pode haver segregações, que

não existe trabalho de mulher ou de homens,

que todos são iguais e que o machismo

enraizado deve acabar.

Mãe, física, pesquisadora e responsável,

realiza as atividades domiciliares sem reclamar,

limpa, corta grama, pinta a casa, portões, instala

torneiras elétricas, planta e cuida das plantas,

além de outras atividades manuais. Como

hobbies, pratica musculação, já tentou aprender

a tocar violão, mas desistiu, curte uma balada e

trabalha o exercício da paciência e do otimismo.

O seu sucesso é a perseverança.

“[...] suas

pesquisam ajudam

a compreender os

fenômenos

climáticos”.


Quem são elas e o que fazem? Como mudam o mundo com suas

pesquisas?

Dra. Ana Paula Manera é formada na área de

Engenharia de Alimentos, mestra em Eng. e

Ciência de Alimentos, trabalha atualmente

como docente na Universidade Federal do

Pampa, Campus Bagé. Ana desenvolve

pesquisas sobre bioprocessos de alimentos,

focando em açúcares benéficos aos

consumidores. Sua inspiração para entrar na

área de Engenharia de Alimentos foi a

curiosidade sobre a produção dos alimentos

industrializados. Manera desenvolve projetos

de pesquisa, extensão e ensino. Fora do meio

acadêmico, Ana dedica seu tempo à

maternidade. Ela e Marcella, sua filha, fazem

pilates e afirmam que a diversão é garantida!

Foto: Ana Paula Manera

Dra. Sabrina Neves da Silva, graduada em

Engenharia Química com pós em

Engenharia, entrou para o mundo das STEM

devido ao interesse pela tecnologia, que a

partir de criações melhora a qualidade de

vida das pessoas. Sabrina desenvolve

pesquisas na área de materiais e

biocombustível, atuando em projetos de

desenvolvimento de biocombustível a partir

de resíduos orgânicos disponíveis na região

da campanha, produção de bioetanol a partir

do Capim Colonião e produção de biodiesel

utilizando óleo residual do bagaço de oliva.

Sabrina, assim como outras pesquisadoras,

divide seu tempo entre a pesquisa e a

maternidade.


Dra. Francieli Aparecida Vaz é graduada em

Licenciatura em Matemática com pós-graduação em

Matemática Aplicada, seu ramo de pesquisa foca na

dinâmica de fluidos computacionais, desenvolvendo

simulações computacionais de fenômenos naturais

que envolvem fluidos. Franciele teve sua inspiração

para seguir na área devido à admiração pelos seus

professores de graduação, assim almejando seguir o

mesmo caminho deles. Nos mesmos caminhos,

Franciele orgulha-se de que com 25 anos já estava

trabalhando em uma Universidade Federal, e garante

que sua decisão de estar dentro de uma área de STEM

é de longa data. Longe do meio acadêmico, Franciele

é apaixonada pela natação.

Mas o que é trabalhar com dinâmica de fluidos computacionais? Dra. Franciele

responde:

“Quando trabalho na simulação de chamas, posso

determinar o quanto de cada espécie química está

sendo liberado no ar, como gás carbônico e vapor de

água. E compreendendo melhor os fenômenos da

combustão, podemos tratar de maneira mais

adequada a emissão de poluentes na atmosfera.”.

“Mestra Fernanda Gobbi de Boer Garbin, formada em Engenharia de Produção, tem sua

pesquisa voltada para o Ensino de Engenharia e Empreendedorismo. Atualmente é

docente na Unipampa Bagé, coordena projetos relacionados a sua área de pesquisa.

Fernanda desenvolve vídeos, dinâmicas, jogos educacionais, e analisa os impactos do uso

dessas ferramentas. Além de que, em 2018, participou de um projeto com tema

Empreendedorismo, o qual foi ofertado a estudantes de escolas públicas de Bagé”.

Dra. Vera Lucia Duarte Ferreira, formada em Licenciatura

pela FURG, Mestra em Matemática aplicada pela UFRGS e

Doutora em Modelagem Computacional pela UERJ. Tem

como pesquisas análises multivariadas de dados, seja esses

oriundos de experimentos de Engenharia e/ou ensino.

Vera também pesquisa sobre Vibro-Acústica e Ensino

Aprendizagem de Matemática. Seus hobbies fora do meio

acadêmico são yoga e pilates.

Foto: Vera Duarte


Foto: Maria Liendo

ENTREVISTAS

(Equipe GPE) Você poderia

justificar por que escolheu ser

cientista, alguma história

inspiradora, cientista ou algum

professor(a)?

(Maria) A maioria dos meus

professores de graduação foram

homens e infelizmente nenhum

deles foi inspirador. De criança não

tive muito contato com o mundo

da ciência, porém sempre fui

curiosa. Além do mundo escolar,

ao que toda criança deve ter acesso,

tive contato com a música e o

esporte e gostava muito de

aprender coisas novas. A minha

escolha por ser cientista se deu já

de adulta pois antes disso eu nem

sabia que existia essa possibilidade

para mim. Minha mãe era

costureira e meu pai serralheiro. O

primeiro objetivo atingido foi ser

engenheira (posso afirmar que

grande responsabilidade disso se

deve a querer demonstrar a meu

pai que eu iria conseguir). O

mundo laboral acadêmico

universitário e da pesquisa veio

gradativa e naturalmente depois,

nestas áreas. Contrariamente à

industrial e comercial, é preciso

estudar muito antes de

efetivamente exercer a profissão e

quanto mais estudava mais queria

aprender.

Equipe GPE) Conte um pouco

sobre seus projetos de Pesquisa.

Formada em Engenheira Química, Mestra em

Engenharia Química, Doutora e Pós-doutora em Minas,

Metalúrgica e Materiais com ênfase na área ambiental.

Pesquisa na área de Meio ambiente e Materiais

Maria Alejandra Liendo

(Maria) Meus projetos ou os

projetos nos que me envolvo têm a

ver com a diminuição da

contaminação em águas, ar e/ou

solo, como também aqueles que

procuram novos materiais focando

sempre a obtenção daqueles menos

prejudiciais (ambientalmente

falando) ou os que ajudam à

redução da contaminação em

algum dos meios mencionados.

Porém, preciso dizer que, à medida

que mais me aprofundo em

pesquisas e leio e estudo diversas

hipóteses e conclusões de

experiencias bem sucedidas e que

envolvem um nível considerável

de abstração, mais encontro um

paradoxo entre o desenvolvimento

e refinamento do conhecimento

humano e a impossibilidade de

aplicar essas habilidades

intelectuais para melhorar nossas

vidas como cidadãos.

(Equipe GPE) Durante a sua

formação e/ou atuação profissional

sentiu algum preconceito por ser

mulher?

(Maria) Várias vezes. A que mais

me marcou foi uma vez em que

um professor, da instituição

argentina na que me formei, teve

a ideia de falar em aula e na frente

de todos, e com total convicção,

que as mulheres que aí estávamos

cursando alguma engenharia

tínhamos como meta apenas

encontrar um marido na

universidade.

(Equipe GPE) Alguma curiosidade

sobre sua vida (prêmios,

experimentos incríveis, filhos,

trabalho etc.)?

(Maria) Sobre minha trajetória

pessoal considero curioso: em

primeiro lugar, ter conseguido bolsas

e vários diplomas sendo uma mulher

estrangeira cujo idioma nativo não é

o português. Em segundo lugar, ter

passado em um concurso público em

uma Universidade Pública Federal.

Em terceiro, lugar ser, há

pouquíssimo tempo, mãe de um filho

maravilhoso que está me ensinando

muito sobre a vida e as pessoas.

Depois, ter constatado, entre minhas

experiencias pessoais que no Brasil,

até o momento atual, na área

acadêmica e da pesquisa, nós

mulheres somos respeitadas.

Também ter lidado bem com a

dualidade que a vida me apresentou,

e que apresenta a muitas mulheres,

recorrentemente: casar-se, não se

casar? Ter filhos, não ter? Ser

engenheira, ser musicista? Na

Argentina, no Brasil? Enfrentar,

fugir?

E por último, ter conseguido tudo isso

conservando minha independência

psicológica e financeira e ainda sem

recorrer à ajuda de um psiquiatra!

(Equipe GPE) Além da sua vida

profissional, você faz alguma outra

atividade que gostaria de contar?

(Maria) Já formei parte dos melhores

coros que existiam na época em que

morava em Porto Alegre. No último

em que eu participei, tínhamos uma

agenda intensa de ensaios,

apresentações e gravações. Agora

vivo meus melhores momentos com

meu filho, meu companheiro, minha

bicharada e em contato com a

natureza que temos ao alcance. Por

questões da pouca oferta cultural na

região, continuo cantando, mas

apenas como um hobby "leve".


Licenciada em Química

com Habilitação em

Ciências, Mestre em

Agroquímica, Doutora em

Educação Científica e

Tecnológica.

Tem como área de

pesquisa o Ensino de

Ciências / Educação.

Articuladora do Grupo de Apoio

à Adoção de Bagé, Renata

Lindemann busca dar visibilidade

à questão da infância e da adoção

de crianças e adolescentes.

Renata Hernandez Lindemann

Além do meio acadêmico,

Lindemann é mãe, faz

patchwork, que possibilita a

integração em outros grupos

a fim de compartilhar

conhecimentos, e pratica

pilates. Seus filhos, Rodolfo e

Renata, ressignificam a vida

pessoal e profissional, dando

mais sentido à formação que

busca difundir enquanto

pesquisadora.

A escolha de ser cientistas não se deu com

tanta clareza, conta Renata, foi um processo de busca

por melhora para se inserir na área de ensino de

química.

Revisitando a sua história de estudante, Renata

percebeu que se sentia bem ao conseguir fazer com

que um colega de classe compreendesse determinado

conteúdo. O pensamento de levar conhecimento às

pessoas a levou a buscar uma pós-graduação na área

de química, focando agora na Agroquímica.

No mundo profissional, Lindemann viu a

necessidade de mudar de endereço e estado. Novas

experiências vieram, entre elas atividades

relacionadas a bancas de avaliações e orientações de

iniciação científica, fatores que apenas contribuíram

para a visão de que seu lugar era na sala de aula, na

educação básica, levando, assim, ao seu doutorado em

Educação Científica e Tecnológica.

Para Renata voltar a sala de aula cada dia é

investir em pesquisa, é compreender como os

estudantes apropriam-se dos conteúdos, é entender

como se dá a formação de professores de ciências, e

acima de tudo, é aprender constantemente com

aqueles que a rodeiam. Seus projetos acadêmicos

estão intrinsecamente ligados a essas questões, de

formação de professores e o ensino de Ciências e

Química.


Engenharias e Ciências Agrárias

ENTREVISTAS

Andressa Carolina Jacques

Formada em Engenharia de Alimentos.

Mestra, Doutora e Pós-Doutorada em

Ciência e Tecnologia Agroindustrial e

Especialização em Engenharia de

Segurança do Trabalho e Ciência dos

Alimentos.

Foto: Andressa Jacques

(Equipe GPE) Você poderia justificar por que

escolheu ser cientista, alguma história

inspiradora, cientista ou algum professor?

(Andressa) Tinha dúvida se realmente queria

fazer mestrado, porém acabei fazendo e obtive

ótimos exemplos do meu orientador, que me

acompanhou durante toda a pós graduação,

sendo, além de excelente profissional, pessoa

na qual eu me espelhava pela educação e

disponibilidade com as pessoas. Achei que eu

poderia me tornar professora e cientista e ser

também alguém em que os alunos pudessem

ter como exemplo e se espelhar como fiz com

ele.

(Equipe GPE) Conte um pouco sobre seus

projetos de Pesquisa e destaque o que pode ser

muito interessante.

(Andressa) A Região da Campanha está

inserida como grande produtora de azeitonas e

seus derivados e uva e seus derivados. Com

isso, muitos resíduos são gerados por esta

produção, como por exemplo as folhas e o

bagaço que gera a extração do azeite/vinho.

Este material acaba sendo um problema

ambiental e vem sendo largamente estudado

para transformá-lo em alimento com alto valor

nutritivo e de fonte gratuita, visto que o

mesmo é tratado como resíduo.

(Equipe GPE) Durante a sua formação e/ou

atuação profissional sentiu algum preconceito

por ser mulher?

(Andressa) Na área da Engenharia de

Alimentos, a grande parte dos estudantes e

docentes são do sexo feminino, porém durante

meu período de especialização em Engenharia

de Segurança do Trabalho, eu era vista como a

"diferente" por estar em um grande grupo de

homens, que era a maior parte do público

nesta área.

(Equipe GPE) Alguma curiosidade sobre sua

vida (prêmios, experimentos incríveis, filhos,

trabalho etc.)?

(Andressa) Sem dúvida, conciliar o trabalho

com o filho não é tarefa fácil, visto que nosso

maior feito na vida é poder gerar outras vidas.

Isso me tornou ainda mais forte, querendo dar

conta de cuidar dele e ser uma boa

profissional, sabendo do meu papel na

sociedade e tentando deixar um mundo

melhor, com menos preconceito e mais

empatia. Acho que estou fazendo bem a minha

parte como mãe e cientista...

(Equipe GPE) Além da sua vida profissional,

você faz alguma outra atividade que gostaria

de contar?

(Andressa) Não...


Graduada em Engenharia Química pela

Fundação Armando Álvares Penteado

(1997), Mestra em Engenharia Química

pela Universidade de São Paulo (2003) e

Doutora em Engenharia Química pela

Universidade de São Paulo (2007). Tem

como área de pesquisa o tratamento de

água e efluentes.

Começou na carreira de

pesquisadora meio que sem querer, no

automático. Tânia conta que primeiramente

fez engenharia química por afinidade na área

de exatas e com isso veio a vontade de atuar

em empresas. Após, seguiu a carreira

acadêmica, visto que almejava lecionar. Na

pós-graduação, Tânia descobriu seu amor

pela pesquisa, percebendo assim que podia

criar métodos ou equipamentos para as

empresas a fim de implantar e otimizar o

processo industrial ou mesmo economizar o

processo

Atualmente, trabalha no tratamento

de água e efluentes junto a empresas,

auxiliando, os mesmos na resolução de

problemas encontrados, além de desenvolver

projetos de áreas diversificadas, aceitando os

desafios propostos pelos estudantes, quando

vão à sua procura para iniciar uma nova

pesquisa.

Nas horas vagas, o tempo é dedicado

ao seu filho. Tânia comenta sobre:

“Atualmente dedico meu horário vago ao

meu filho. Não conseguia engravidar e assim

que cheguei a Bagé consegui. Curto ao

máximo todo momento que posso ficar com

ele.”.


O preconceito que elas sofrem

em stem

O preconceito velado e não velado que as mulheres em STEM

sofrem.

Vivemos em uma sociedade

que impõe o estereótipo de que

homens têm uma maior aptidão

para raciocínios lógicos, do que

mulheres. Desde cedo, meninas são

desencorajadas a gostar e se dedicar

a uma área de exatas. Quando

pequenas, limitam suas brincadeiras

com brinquedos de meninas,

bonecas para vestir, bonecas para

cuidar como filhas, panelinhas,

vassouras, enquanto um menino

brinca com uma pista que ele tem

que montar, com LEGO, com

caminhões, com ferramentas. Ao

chegar na escola, há o fomento, por

parte dos professores, de que elas

não podem gostar de matemática,

que se obtém uma nota maior que a

de um colega menino há algo de

errado com ela. Quando essas

meninas vão para o ensino superior,

à cultura machista as repreendem

levando, assim, ao pouco

reconhecimento e à pouca

visibilidade.

Infelizmente, no mundo das

STEM, o machismo, o preconceito

limitam as mulheres. Nesta seção,

mostraremos algumas histórias das

nossas professoras/cientistas da

Unipampa. Aqui, elas contam os

obstáculos que tiveram ao longo da

sua carreira, o que elas ouviram e

sentiram por ser mulher.

“Sempre atuei num universo masculino, e em muitas

reuniões, eu era e ainda muitas vezes sou a única

participante do sexo feminino. Falo principalmente de

reuniões com empresários do setor de energia ou afins.

Sempre percebo estar sendo ignorada pelos demais

participantes no início da reunião. Quando quase ninguém

se conhece, é necessária minha participação por alguns

minutos para os demais trocarem a mulher pela

engenheira”.

Sempre percebo estar sendo ignorada

pelos demais participantes no início da

reunião.

“Senti uma grande resistência na graduação, quando

compartilhava alguns componentes com a Engenharia.

Na ocasião, tinha um colega que apelidou as meninas, até

por que éramos todas do sexo feminino, como

"cursinho", por não estar na área de Engenharia. Não sei

se a motivação dele seria por conta de sermos do sexo

oposto ou por estarmos em um curso de baixo prestígio,

que é a área de educação”.


O preconceito que elas sofrem em stem

“Na área da Engenharia de Alimentos, a grande parte dos

estudantes e docentes são do sexo feminino, porém

durante meu período de especialização em Engenharia de

Segurança do Trabalho, eu era vista como a "diferente" por

estar em um grande grupo de homens, que era a maior

parte do público nesta área”.

“O preconceito, ou melhor, o machismo é enraizado na nossa sociedade. Na interação com os homens

em qualquer ambiente, acadêmico, social ou de trabalho, ele se manifesta, porque faz parte da

personalidade masculina de algumas pessoas. Mas isso nunca me incomodou. E sempre ocupei o meu

espaço, através do respeito, deixei claro que não admitia certas brincadeiras ou certas situações. Como

mãe de dois filhos homens, sempre deixei claro o meu empoderamento, no sentido de que não existe

trabalho de mulher e de homem, somos pessoas iguais. Por exemplo: nunca reclamei de cortar a

grama da minha casa, e olha que é um terreno grande. Somos responsáveis, pelos nossos atos e

palavras, e, portanto, pela existência de machismo na sociedade”.

“[...] uma vez, ao buscar estágio em uma indústria, senti que os

entrevistadores estavam muito mais interessados em candidatos

homens do que nas mulheres, dispensando muito mais atenção a

eles. Na época isto me entristeceu, mas nunca desisti da minha

profissão”.

[...] a indústria não era um

local apropriado para

mulheres.

“Vivenciei preconceito por ser mulher na época

em que procurava estágio em indústrias, durante o

período da graduação. Em algumas entrevistas me

falaram que a indústria não era um local

apropriado para mulheres”.

“No meio acadêmico e nas exatas, existe muito preconceito. Tive contato com algumas pessoas que te

julgavam pela aparência e muito pouco pelo teu conhecimento, infelizmente. Entrei tarde na universidade,

com 28 anos, e com isso não tinha o perfil para um profissional da computação. Acredito que isso só me

impulsionou ainda mais a buscar os meus sonhos”.

Ilustrador: Jonathan Calugi. Fonte: Pinterest.


O preconceito que elas sofrem em stem

“Realizei meu estágio em uma indústria metalúrgica de

grande porte. Atuei no chão de fábrica, em que não havia

nem banheiro para mulheres e tinha que caminhar 15

minutos para utilizar o banheiro da portaria. Sem falar

em alguns funcionários que não seguiam as normas e

recomendações vindas de uma ‘engenheira não formada e

ainda mulher”.

“não havia nem banheiro

para mulheres e tinha que

caminhar 15 minutos para

utilizar o banheiro da

portaria”.

“A que mais me marcou foi uma vez em que um professor, da instituição argentina na

que me formei, teve a ideia de falar em aula e na frente de todos, e com total

convicção, que as mulheres que aí estávamos cursando alguma engenharia tínhamos

como meta apenas encontrar um marido na universidade”.

“Uma vez um professor de uma disciplina de eletrônica nos disse que

mulheres só serviam para soldar circuitos. Também, durante uma

pesquisa realizada por algum grupo que não sei identificar de onde

era, fui questionada sobre a possibilidade de ser homossexual, uma

vez que era aluna de um curso majoritariamente masculino”.

“mulheres que aí estávamos

cursando alguma engenharia

tínhamos como meta apenas

encontrar um marido na

universidade”.

Elisabete, doutora em Fármacos e Medicamentos, relata

teve grandes desafios na sua área, pois a maioria de seus

colegas eram homens.

Doutora Sabrina Neves relata

que sofreu preconceito durante

um congresso internacional, ela

estava apresentando um

trabalho.

“mulheres só

serviam para soldar

circuitos”.


ENTREVISTAS

Graduação em Ciência da Computação (Unicruz);

Mestrado em Computação (UFSM); Doutorado em

Informática na Educação (UFRGS); Programa

Especial em Formação de Professores equivalente a

Licenciatura em Computação (UFSM)

Sandra Dutra Piovesan

(Equipe GPE) Pesquisa na área

de? Sua área ou linha de pesquisa

em que atua.

(Maria) Informática na Educação:

Ambiente Imersivos; EaD.

Desenvolvimento de Sistemas.

(Equipe GPE) ) Você poderia

justificar por que escolheu ser

cientista, alguma história

inspiradora, cientista ou algum

professor(a)?

(Maria) No início, quando

ingressei no curso de

Computação, não imaginei

realizar pesquisas, nem imaginei

que um dia seria doutora.

Naquele momento, a conclusão

do curso era meu foco. Quando

ingressei no mestrado, tendo

uma grande pesquisadora como

Orientadora, a Professora

Doutora Roseclea Medina, foi

quando meu interesse em seguir

esse caminho começou a

a fazer parte dos meus sonhos.

Tive excelentes resultados no

mestrado, o que me impulsionou

ainda mais. Durante o doutorado,

também tive contato com outra

pesquisadora de excelência, a

Professora Doutora Liliana

Passerino, que me mostrou o

caminho para realizar o que eu

buscava. Muito do que sou hoje

me espelhei nessas duas

mulheres-maravilha da vida real.

(Equipe GPE) Conte um pouco

sobre seus projetos de Pesquisa e

destaque o que pode ser muito

interessante.

(Maria) Entre meus projetos, cito

minha participação no Solassist,

um projeto onde tive a

oportunidade de auxiliar pessoas

com deficiência intelectual para

ingresso no mercado de trabalho.

Entre os atuais, estão o

desenvolvimento de sistemas

para o planetário, para

enfermagem e para a EaD.

(Equipe GPE) Durante a sua

formação e/ou atuação

profissional sentiu algum

preconceito por ser mulher?

(Maria) Sim, no meio acadêmico

e nas exatas existe muito

preconceito. Tive contato com

algumas pessoas que te julgavam

pela aparência e muito pouco

pelo teu conhecimento,

infelizmente. Entrei tarde na

universidade, com 28 anos, e

com isso não tinha o perfil para

um profissional da computação.

Acredito que isso só me

impulsionou ainda mais a buscar

os meus sonhos.

(Equipe GPE) Alguma

curiosidade sobre sua vida

(prêmios, experimentos incríveis,

filhos, trabalho etc.)?

(Maria) Acredito que não seja

uma curiosidade, mas um

diferencial, fui mãe na

adolescência, com 17 anos e me

interessei pela computação mais

tarde, somente aos 28 anos.

Antes iniciei o curso de

Administração, mas não gostei,

então não tive êxito.

(Equipe GPE) Além da sua vida

profissional, você faz alguma

outra atividade que gostaria de

contar?

(Maria) Toco piano desde os 10

anos de idade.

Foto: Sandra Dutra


Bacharel em Física, Mestra

em Física Experimental e

Doutora em Física

Experimental.

Coordenadora do Gurias do

Pampa nas Exatas

Foto: Márcia Lucchese

Atualmente, trabalha na área de

ensino de ciências, na formação de

professores, sempre buscando ações de

metodologias ativas. Márcia destaca que,

mesmo na área de ensino, não perde o

interesse pela sua área de formação, a física

experimental, em particular pela física de

materiais.

Márcia conta que sua entrada para a

área de exatas, em específico na Física, teve

marco após uma palestra de um professor

do Instituto de Física da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, foi quando ela

achou interessante ser cientista e que o isso

seria “bem legal”.

O foco do seu trabalho, durante o

mestrado e o doutorado, foi em filmes de

diamantes. Após seu doutorado, e seguindo

pelo caminho da pesquisa de materiais,

Márcia foi trabalhar no INMETRO, Instituto

Nacional de Metrologia, Qualidade e

Tecnologia, do Rio de Janeiro. Sua pesquisa

era na área de metrologia de materiais com

foco em grafenos e materiais carbonáceos.

Após sua estadia de dois anos no Rio de

Janeiro, Márcia mudou-se para Bagé, devido

ao emprego na Universidade Federal do

Pampa. Foi aí que ela e seu esposo

conseguiram morar no mesmo local e

aumentar a família, com o Camilo e a Maria

Catarina.

Em forma de orgulho, um artigo

publicado, quando ainda estava no

INMETRO, tem sido destaque nos mais

citados em patentes sobre grafeno.

Longe do meio acadêmico, Márcia já

fez e faz um “pocado” de atividades, como:

natação, remo, grupo de futebol feminino,

pilates, ciclismo (vai para o job de bicicleta),

tricô e costura.

“Adoro esta área de materiais e o quanto

a tecnologia pode vir a auxiliar na vida

das pessoas”.

|Relato da Márcia|


Graduação em Engenharia Química (EEL-USP),

Mestrado em Engenharia Química (UNICAMP),

Doutorado em Engenharia Química (UFSC).

Pesquisa na área de Energia e Carboquímica.

Ana Rosa Costa Muniz

(Equipe GPE) Você poderia

justificar por que escolheu

ser cientista? Se tiveste

algum cientista, um

professor ou uma história

inspiradora.

(Ana Rosa) O ingresso e

amor pela pesquisa foram

por meio do programa de

Iniciação Científica, durante

o curso de graduação em

Engenharia Química. É uma

carreira apaixonante, onde a

criatividade, a investigação e

a curiosidade fazem parte do

dia a dia. É ser uma eterna

estudante, pois a cada

descoberta, tantas outras

surgem para serem

pesquisadas. Na pesquisa, é

necessário comprovar uma

teoria, o que leva à

necessidade e dificuldade de

buscar recursos num país

em que a pesquisa é tão

pouco valorizada. Por isso,

depois de mais de 20 anos

fazendo pesquisa, posso

dizer que ser cientista é para

quem é obstinada,

persistente, perseverante e

confia que o seu trabalho

científico e tecnológico é

muito importante para o

desenvolvimento

sustentável em qualquer

área, seja de humanas,

exatas ou biológicas e

concluo que tem valido

muito a pena.

(Equipe GPE) Conte um

pouco sobre seus projetos de

Pesquisa e destaque o que

pode ser muito interessante.

(Ana Rosa) A linha de

pesquisa em que atuo, desde

1997, é na produção de

combustíveis

e

biocombustíveis, por

processos termoquímicos. Em

biocombustíveis, desenvolvo

projetos ligados à produção de

biodiesel, bioálcool e biogás,

principalmente de segunda

geração, ou seja, a partir de

resíduos. No que se refere à

produção de combustíveis, os

processos pesquisados são

pirólise e gaseificação, fazendo

uso de tecnologia limpa. É

interessante notar que, apesar

da linha de pesquisa

(combustíveis

e

biocombustíveis) ser sempre a

mesma, as matérias-primas

foram mudando, conforme as

necessidades regionais do local

de inserção da universidade

onde eu atuava. Por exemplo,

quando trabalhei na serra

gaúcha (Universidade de

Caxias do Sul), que é um polo

metal mecânico e moveleiro,

desenvolvi processos na

produção de combustíveis

utilizando resíduos plásticos e

borras de tinta e, na produção

de biocombustíveis, o butiá e o

capim elefante. Na Unipampa,

dentro da região da

Campanha, os processos

utilizam como matérias-primas

o capim anoni e dejeto animal

como biomassa e carvão

mineral com fonte de

produção de syngas.

Atualmente, ênfase é dada ao

principal projeto do Grupo de

Pesquisa em Energia e

Carboquímica da Unipampa

(GPEC), e consiste no

desenvolvimento

de

tecnologias em energia e

carboquímica na região da

Campanha, utilizando como

matéria-prima o carvão

mineral regional, a produção

de syngas por

ENTREVISTAS

Foto: Currículo Lattes Ana Rosa Costa

gaseificação e a produção de

produtos químicos, combustíveis e

energia elétrica a partir do syngas.

(Equipe GPE) Durante a sua

formação e/ou atuação

profissional sentiu algum

preconceito por ser mulher?

(Ana Rosa) Sim. Sempre atuei

num universo masculino, e em

muitas reuniões, eu era e ainda

muitas vezes sou a única

participante do sexo feminino.

Falo principalmente de reuniões

com empresários do setor de

energia ou afins. Sempre percebo

estar sendo ignorada pelos demais

participantes no início da reunião,

quando quase ninguém se

conhece. É necessária minha

participação por alguns minutos,

para os demais trocarem a mulher

pela engenheira.

(Equipe GPE) Alguma curiosidade

sobre sua vida (prêmios,

experimentos incríveis, filhos,

trabalho etc.).

(Ana Rosa) Recebi diversos

prêmios e homenagens durante

minha carreira, mas não guardo

nenhum troféu, quadro ou

medalha, tenho todos guardados

na minha cabeça.



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