UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS ... - Emater/RS
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<strong>UNIVE<strong>RS</strong>IDADE</strong> <strong>DO</strong> <strong>VALE</strong> <strong>DO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>DO</strong>S <strong>SINOS</strong> – UNI<strong>SINOS</strong><br />
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA<br />
MBA EM GESTÃO <strong>DO</strong> AGRONEGÓCIO<br />
ALESSANDRO BOTELHO DAVESAC<br />
O IMPACTO DAS APPs NO CONTEXTO FUNDIÁ<strong>RIO</strong> E ECONÔMICO NA<br />
AGRICULTURA FAMILIAR, DENTRO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DA<br />
COMUNIDADE SÃO JOSÉ <strong>DO</strong> UMBU, MUNICÍPIO DE VICTOR GRAEFF (<strong>RS</strong>)<br />
São Leopoldo (<strong>RS</strong>)<br />
2010
Alessandro Botelho Davesac<br />
O IMPACTO DAS APPs NO CONTEXTO FUNDIÁ<strong>RIO</strong> E ECONÔMICO NA<br />
AGRICULTURA FAMILIAR, DENTRO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DA<br />
COMUNIDADE SÃO JOSÉ <strong>DO</strong> UMBU, MUNICÍPIO DE VICTOR GRAEFF (<strong>RS</strong>)<br />
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização<br />
apresentado como requisito parcial para a obtenção do<br />
título de Especialista em Gestão do Agronegócio, pelo<br />
MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade do<br />
Vale do Rio dos Sinos.<br />
Orientador: Gisele Spricigo<br />
São Leopoldo (<strong>RS</strong>)<br />
2010<br />
2
“Não tenha medo de crescer lentamente.<br />
Tenha medo apenas de ficar parado.”<br />
Provérbio Chinês<br />
Às minhas amadas filhas<br />
Caroline e Rafaela,<br />
Minha maior realização e<br />
meu maior estímulo.<br />
DEDICO E OFEREÇO<br />
3
AGRADECIMENTOS<br />
Agradeço a DEUS pela força e coragem, pois sempre me<br />
Iluminou, protegeu e guiou os meus caminhos.<br />
Aos meus pais Flávio e Maria que acreditaram em mim,como<br />
me deram força para continuar lutando, mesmo quando<br />
tinha desistido de lutar.<br />
A minha colega Clarice Kuhn pela amizade e apoio ao longo dessa caminhada<br />
Aos meus amigos e colegas da EMATER – <strong>RS</strong> Clari Piorezan e<br />
Clarice Kuhn pelo apoio e pelos apontamentos e sugestões dadas.<br />
Ao produtor Rural Loreno Pinto e família, morador da Microbacia Hidrográfica São<br />
José do Umbu, que me acompanhou junto as propriedades para<br />
agilizar o levantamento dos dados para a pesquisa de campo.<br />
A professora, orientadora Gisele Spricigo.<br />
MUITO OBRIGA<strong>DO</strong>!<br />
4
RESUMO<br />
O objetivo do artigo é analisar o impacto das Áreas de Preservação Permanente (APPs) no<br />
contexto fundiário e econômico da agricultura familiar, dentro da microbacia hidrográfica da<br />
comunidade São José do Umbu, município de Victor Graeff, que se localiza na região norte<br />
do estado do Rio Grande do Sul. O projeto foi uma iniciativa do governo federal, através do<br />
Decreto nº 94.076, de 05/03/1987, que institui o Programa Nacional de Microbacias<br />
Hidrográficas (PNMH). Esse programa estabelecia a criação de uma microbacia piloto,<br />
realizando ações de pesquisa e extensão com diversas entidades ligadas a áreas afins. No Rio<br />
Grande do Sul, foi selecionada a microbacia do arroio Umbú, por ser caracterizada por uma<br />
área de alta produção de alimentos, apresentar problemas de erosão, degradação. As<br />
metodologias usadas foram, levantamento semi detalhado dos solos, diagnóstico da água,<br />
levantamento da flora silvestre, levantamento da fauna e levantamento socio-econômico.<br />
Solos - levantamento semidetalhado dos solos da microbacia piloto. Água: Foram<br />
determinados cinco pontos no arroio Umbú. Nestes pontos foram realizadas duas coletas de<br />
água e sedimentos. Nos pontos de captação de água para consumo humano foram coletadas 60<br />
amostras, abrangendo todas as fontes das propriedades existentes na microbacia. Flora: Em<br />
três viagens, de quatro dias cada, foram localizadas as matas remanescentes e percorridos os<br />
caminhos e trilhas existentes no seu interior e periferia para identificação das espécies e coleta<br />
de material botânico. Fauna: Durante 26 dias, em três meses consecutivos, foram realizadas<br />
164 horas de observação sobre a mastofauna. Aspectos socioeconômicos: Levantamento feito<br />
pela equipe de técnicos e alunos pós-graduados do Centro de Estudos e Pesquisa Econômicas<br />
junto aos produtores da microbacia piloto. Foram entrevistados 66 produtores, representando<br />
quase a totalidade das propriedades contidas no perímetro da microbacia. Os principais<br />
resultados levantados foram: a microbacia se caracterizava por pequenas propriedades,<br />
tamanho médio de 32 ha. Predominava o cultivo de três produtos: soja, milho e trigo. Dentro<br />
do estudo proposto, a área ocupada pela de mata nativa existente na microbacia era diminuta<br />
em relação à área ocupada pela exploração de grãos. A maior parte da mão-de-obra disponível<br />
era familiar.<br />
Palavras-chave: microbacia, área de preservação permanente; agricultura familiar.<br />
5
ABSTRACT<br />
The objective of this Article is to analyze the impact of Permanent Conservation Areas<br />
(APPs) in the context of land and economic family agriculture, within the watershed basin of<br />
the community are Joseph of Umbu, municipality of Victor Graeff, which is located in the<br />
northern region of the state of Rio Grande do Sul. The project was an initiative of the federal<br />
government, through Decree No 94,076 , 03-05-1987 , establishing the National Program of<br />
hydrographic basins (PNMH).The objective of this Article is to analyze the impact of<br />
Permanent Conservation Areas (APPs) in the context of land and economic family<br />
agriculture, within the watershed basin of the community are Joseph of Umbu, municipality<br />
of Victor Graeff, which is located in the northern region of the state of Rio Grande do Sul.<br />
The project was an initiative of the federal government, through Decree No 94,076 , 03-05-<br />
1987 , establishing the National Program of hydrographic basins (PNMH). This program<br />
established the creation of a watershed pilot, performing actions of research and extension<br />
with various entities related to related areas. In Rio Grande do Sul, was selected in the<br />
watershed arroyo Umbú, be characterized by an area of high production of food, present<br />
problems of erosion, deterioration. The methodologies used were, boosting semi elaborate of<br />
soils, diagnosis of water, lifting the flora silvestre, lifting of wild fauna and boost socioeconomic.<br />
Soils - lifting of the soils of semidetalhado watershed pilot. Water: were<br />
determined five points in arroyo Umbú. These items were carried out two collections of water<br />
and sediments. At the points of abstraction of water for human consumption were collected 60<br />
samples, covering all sources of watershed in existing properties. Flora: In three travels, four<br />
days each, were located remaining forests and travelled the paths and trails existing in its<br />
interior and periphery for species identification and collection of material botanical. Fauna:<br />
During 26 days, three consecutive months, were carried out 164 hours of observation on<br />
mastofauna. Socioeconomic aspects: Boosting done by the team of technical and postgraduate<br />
students of the Center of Economic Studies and Research to producers of the<br />
watershed pilot. were interviewed 66 producers, representing almost the totality of the<br />
properties contained within the perimeter of the watershed. The main results raised were: the<br />
watershed was characterized by small properties, average size of 32 ha. Overwhelmingly the<br />
cultivation of three products: soya, maize and wheat. Within the proposed study, the area<br />
occupied by native forest in existing watershed was small in relation to the area occupied by<br />
the holding of grains. The better part of the hand-to-work available was family.<br />
Key-words: watershed, area of permanent preservation; family farming.<br />
6
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1: Representação esquemática da função da cobertura vegetal............................... 19<br />
Figura 2: Representação esquemática da função das APP’S.............................................. 26<br />
7
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 1: Repasse de verbas ano de 2010.......................................................................... 36<br />
Tabela 2 : Incrementos de fertilidade do solo..................................................................... 52<br />
Tabela 3 : Perda econômica nas culturas agrícolas na MHSJU.......................................... 53<br />
Tabela 4: Perda econômica em diferentes estruturas fundiárias na MHJSU...................... 62<br />
8
LISTA DE FOTOS<br />
Foto1:Divisas de propriedades ............................................................................................<br />
Foto 2:Formação de voçorocas nas divisas de propriedades............................................... 50<br />
Foto 3: Aumento das voçorocas ..........................................................................................<br />
Foto 4: Taipas das propriedades.......................................................................................... 50<br />
Foto 5: Altura dos barrancos erusionados ...........................................................................<br />
Foto 6: Erosão nos desaguadouros ..................................................................................... 50<br />
Foto 7: Derrubada dos barrancos ........................................................................................<br />
Foto 8: relocação de estradas............................................................................................... 51<br />
Foto 9: Fechamento de voçorocas........................................................................................<br />
Foto 10: Fechamento de voçorocas...................................................................................... 51<br />
Foto 11: Nivelamento do solo .............................................................................................<br />
Foto 12: Correção do solo.................................................................................................... 51<br />
Foto 13: Curvas de nível......................................................................................................<br />
Foto 14: Plantio direto no solo............................................................................................. 52<br />
Foto 15: Plantio de soja........................................................................................................<br />
Foto 16: Reflorestamento com exótica................................................................................ 52<br />
50<br />
50<br />
50<br />
51<br />
51<br />
51<br />
52<br />
52<br />
9
LISTA DE GRAFICOS<br />
Gráfico 1:Receitas e Despesas orçamentárias..................................................................... 33<br />
Gráfico 2: Receitas e despesas do município...................................................................... 33<br />
Gráfico 3: Repasse de verbas ano de 2010.......................................................................... 34<br />
Gráfico 4: População por faixa etária.................................................................................. 35<br />
Gráfico 5: Evolução Populacional...................................................................................... 35<br />
Gráfico 6: Área X nº de Estabelecimentos Agropecuários.................................................. 36<br />
Gráfico 7: Estabelecimentos Agropecuários........................................................................ 37<br />
Gráfico 8: Matas e florestas................................................................................................. 37<br />
Gráfico 9: Nº de estabelecimentos x criações..................................................................... 38<br />
Gráfico 10: Nº de estabelecimentos x grãos........................................................................ 39<br />
Gráfico 11: Produto Interno Bruto (PIB)............................................................................. 40<br />
Gráfico 12: Estrutura fundiária na microbacia hidrográfica São José do Umbu – 1980..... 46<br />
Gráfico 13: Mão-de-obra permanente na microbacia hidrográfica São José do Umbu – 46<br />
1980.....................................................................................................................................<br />
Gráfico 14: Máquinas e equipamentos nas propriedades da microbacia hidrográfica São 47<br />
José do Umbu – 1980..........................................................................................................<br />
Gráfico 15: Produção econômica na microbacia hidrográfica São José do Umbu – 1980. 47<br />
Gráfico 16: Escolaridade dos produtores da microbacia hidrográfica São José do Umbu 48<br />
– 1980 .................................................................................................................................<br />
Gráfico 17: Origem da água consumida na microbacia hidrográfica São José do Umbu – 48<br />
1980......................................................................................................................................<br />
Gráfico 18: Criações na microbacia hidrográfica São José do Umbu – 1980..................... 49<br />
Gráfico 19: Receita agrícola na microbacia hidrográfica São José do Umbu – 1980......... 49<br />
Gráfico 20: Evolução Fundiária na Microbacia do São São José do Umbu de 1980 a<br />
2010......................................................................................................................................<br />
Gráfico 21:Evolução de Mão-de-obra permanente na Microbacia São José do Umbu no<br />
período de 1980 – 2010........................................................................................................<br />
Gráfico 22:Evolução da Exploração econômica (ha)no período de 1980 a 2010 na<br />
Microbacia São Jose do Umbu............................................................................................<br />
Gráfico 23:Evolução das Máquinas na Microbacia no período de 1980 a 2010................ 57<br />
Gráfico 24:Evolução das Receitas agrícolas na Microbacia no período de 1980 a 2010.... 57<br />
55<br />
55<br />
56<br />
10
LISTA DE ANEXOS<br />
Anexo1: Produtores residentes/características na microbacia de São José do Umbu – 68<br />
1985.....................................................................................................................................<br />
Anexo 2: Síntese das características na microbacia de São José do Umbu – 1985............. 69<br />
Anexo 3: Distribuição das propriedades junto a Microbacia Hidrográfica São José do 70<br />
Umbu...................................................................................................................................<br />
Anexo 4: Produtores residentes/características na microbacia de São José do Umbu / 71<br />
2010.....................................................................................................................................<br />
Anexo 5: Mapa da Bacia Hidrográfica do São José do Umbu ........................................... 72<br />
Anexo 6: Georeferenciamento das Propriedades da Bacia Hidrográfica do São José do<br />
Umbu...................................................................................................................................<br />
73<br />
11
SUMÁ<strong>RIO</strong><br />
1 INTRODUÇÃO.............................................................. ................................................. 14<br />
1.1 DEFINIÇÃO <strong>DO</strong> PROBLEMA..................................................................................... 16<br />
1.2 OBJETIVOS................................................................................................................... 16<br />
1.2.1. OBJETIVO GERAL................................................................................................... 16<br />
1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................... 16<br />
1.3 JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 16<br />
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 17<br />
2.1. CONCEITUAÇÃO DE AREA DE APP....................................................................... 23<br />
2.1.1. IMPORTÂNCIA FÍSICA.......................................................................................... 25<br />
2.1.2 SERVIÇOS ECOLÓGICOS...................................................................................... 26<br />
2.2. CONCEITUAÇÃO DE RESERVA LEGAL................................................................ 27<br />
2.2.1 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS......................................................................... 28<br />
2.2.2 – IMPORTÂNCIA DA RL.......................................................................................... 30<br />
3 METO<strong>DO</strong>LOGIA............................................................................................................ 31<br />
3.1 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA NO ANO DE 1980............................................. 31<br />
3.2 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA NO ANO DE 2010............................................ 32<br />
3.3 CARACTERIZAÇÃO <strong>DO</strong> MUNICÍPIO....................................................................... 33<br />
3.2.1 – CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA <strong>DO</strong> MUNICÍPIO........................................ 35<br />
3.2.1.1 – RECEITAS E DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS................................................. 35<br />
3.2.1.2 - RECEITAS E DESPESAS <strong>DO</strong> MUNICÍPIO........................................................ 35<br />
3.2.1.3 – REPASSE DE VERBAS ANO DE 2010.............................................................. 37<br />
3.2.1.4 – POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA.................................................................. 37<br />
3.2.1.5 – EVOLUÇÃO POPULACIONAL.......................................................................... 38<br />
3.2.1.6 - ÁREA X Nº DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁ<strong>RIO</strong>S........................ 38<br />
3.2.1.7 – ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁ<strong>RIO</strong>S.................................................... 39<br />
3.2.1.8 – MATAS E FLORESTAS...................................................................................... 40<br />
3.2.1.9 – Nº DE ESTABELECIMENTOS X CRIAÇÕES.................................................. 41<br />
3.2.1.10 - Nº DE ESTABELECIMENTOS X GRÃOS........................................................ 42<br />
3.2.1.11 – PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) .............................................................. 43<br />
12
4 RESULTA<strong>DO</strong>S E DISCUSSÃO.................................................................................... 45<br />
4.1 A MICROBACIA NA DÉCADA DE 1980................................................................... 45<br />
4.1.1 - A MICROBACIA NA DÉCADA DE 1980............................................................ 50<br />
4.2 A MICROBACIA NA ATUALIDADE......................................................................... 53<br />
4.3 ANÁLISE COMPARATIVA........................................................................................ 54<br />
5. DISCUSSÃO.................................................................................................................. 58<br />
5.1- EVOLUÇÃO FUNDIÁRIA.......................................................................................... 58<br />
5.2- MÃO-DE-OBRA........................................................................................................... 58<br />
5.3- EXPLORAÇÃO ECONÔMICA................................................................................... 59<br />
5.4 - CRIAÇÕES NA MICROBACIA................................................................................ 60<br />
5.5 - MAQUINAS NA MICROBACIA............................................................................... 60<br />
5.6 - RECEITAS AGRÍCOLAS NA MICROBACIA.......................................................... 61<br />
5.7 – IMPACTO <strong>DO</strong>S 20% NA ÁREA DE RESERVA LEGAL....................................... 61<br />
6 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 64<br />
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 66<br />
8. ANEXOS.......................................................................................................................... 68<br />
13
1 INTRODUÇÃO<br />
O aumento crescente da população gera uma maior necessidade de alimento e energia.<br />
A década de 70 se caracterizou pela grande produção de grãos e pela evolução tecnológica<br />
dos maquinários para atender a crescente área de plantio. Com essa necessidade de aumento<br />
de produção, houve um avanço também nas áreas florestais, a devastação dessas áreas tornou<br />
o estado do Rio Grande do Sul num celeiro agrícola do Brasil. Porém, o avanço<br />
indiscriminado por novas áreas agricultáveis, ocorreu a agressão das APPs (Área de<br />
Preservação Permanente) destinadas a mata ciliar. A considerável falta de proteção ciliar<br />
ocasionou a diminuição da disponibilidade de água nos rios e até o desaparecimento de<br />
muitos deles. Também ocorreu, devido à falta de proteção superficial das margens, o<br />
assoreamento dos cursos d’água causados pela erosão laminar das superfícies das lavouras<br />
recém revolvidas, que se estendiam até as suas margens.<br />
Degradação ambiental, segundo Guerra e Guerra (2003, p. 184), “É a degradação do<br />
meio ambiente, causada pela ação do homem, que, na maioria das vezes, não respeita os<br />
limites impostos pela natureza”. Assim, tem-se o homem como o principal agente<br />
transformador do espaço geográfico, que através de suas ações modifica a paisagem de<br />
maneira tal que provoca desequilíbrios aos sistemas ambientais.<br />
As APPs têm função muito importante na proteção de nascentes e das margens dos<br />
córregos e dos rios, além de exercerem papel ecológico na ciclagem dos nutrientes, na<br />
alimentação da fauna terrestre, aquática e na manutenção da umidade do solo. No entanto, a<br />
área de estudo desta pesquisa denota um acelerado desmatamento, devido à ampliação das<br />
fronteiras agrícolas, utilizando principalmente culturas de milho, pastagens, trigo, canola e<br />
soja. O pisoteio do gado faz desbarrancar as margens dos corpos d’água, deixando o material<br />
do fundo em suspensão e causando assoreamento.<br />
Segundo Ramos (2007) a importância ambiental e ecológica das áreas de Reserva<br />
Legal (RL) e das Áreas de Preservação Permanente (APP) são reconhecida por diversos<br />
setores da sociedade, que enxergam nestes dispositivos legais um relevante papel no resgate e<br />
preservação da biodiversidade, bem como na proteção dos recursos naturais solo e água.<br />
14
Porém, praticamente não existem incentivos econômicos para a recomposição e conservação<br />
destas áreas.<br />
De outro lado, a ação meramente coercitiva e repressiva por parte do aparato de<br />
Estado não tem se mostrado suficiente para garantir de forma mais generalizada o<br />
cumprimento da legislação ambiental pelos agricultores.<br />
Além disso, existem barreiras culturais, normativas e técnicas para que estas<br />
exigências legais sejam cumpridas a contento. No caso dos pequenos agricultores familiares o<br />
problema tende a se agravar, em função da pouca disponibilidade de área para produção e<br />
sobrevivência da família, e da escassez recursos humanos e materiais para serem alocados nas<br />
atividades de recuperação.<br />
O objetivo do estudo é analisar o impacto das APPs no contexto fundiário e<br />
econômico da agricultura familiar dentro da microbacia hidrográfica da comunidade São José<br />
do Umbu, município de Victor Graeff. A pesquisa desenvolveu uma análise comparativa entre<br />
a situação encontrada na década de 1980 e o momento atual, analisando a área remanescente<br />
das áreas de preservação permanente e a repercussão econômica para adequação exigida pelo<br />
Código Florestal, além de verificar a situação fundiária atual (número de famílias na<br />
microbacia).<br />
Os dados atuais da microbacia foram realizados através de pesquisa a campo junto a<br />
todos os produtores rurais remanescentes da época em que foi realizado o primeiro<br />
levantamento a campo pelos colegas da <strong>Emater</strong>, entidades parceiras como Cotrijal e Prefeitura<br />
Municipal de Victor Graeff. Na época foi feito um levantamento pormenorizado dos itens<br />
flora, fauna, água, estrutura fundiária, cadeia produtiva, grau de instrução, água.<br />
Após 25 anos retornou-se a mesma Microbacia para avaliar os itens acima<br />
mencionados para realizar uma comparação principalmente na área fundiária, área<br />
remanescente de floresta, condições físicas do solo e realizar uma simulação de como a<br />
obrigatoriedade da área de reserva legal (20%) pode ou não influir economicamente os<br />
moradores da microbacia.<br />
15
1.1 Definição do Problema<br />
A adoção da Reserva legal trará diminuição de renda econômica e de área junto aos<br />
produtores da Microbacia Hidrográfica São José do Umbu? Analisar junto à comunidade de<br />
São José do Umbu, o impacto gerado pela adoção da reserva legal e recuperação das áreas de<br />
APPS conforme legislação ambiental.<br />
Demonstrar que a implantação da reserva legal e a adequação das áreas de preservação<br />
permanentes, podem diminuir a rentabilidade econômica devido a diminuição da área de<br />
plantio, mas demonstrar a importância que áreas de apps que propiciam para a qualidade da<br />
água, a mantença do equilíbrio fauna-flora e principalmente a formação dos corredores<br />
ecológicos.<br />
1.2 Objetivos:<br />
1.2.1 Gerais: Identificar e analisar as principais mudanças fundiárias e econômicas<br />
provocadas pelo impacto da adoção de reflorestamento das Áreas de Preservação Permanente.<br />
1.2.2 Específicos:<br />
1.2.2.1 Verificar o número de produtores existentes na microbacia;<br />
1.2.2.2 Identificar o perfil fundiário das propriedades rurais;<br />
1.2.2.3 Verificar a diminuição de Áreas de Preservação Ambiental.<br />
1.3 Justificativa<br />
O projeto é uma preocupação da população da comunidade de São José do Umbu,<br />
diante das mudanças ambientais, principalmente as alterações que visam dar maior proteção<br />
às áreas de App’s e o impacto que tais mudanças acarretarão, tanto na área econômica como<br />
fundiária, às famílias que moram junto à comunidade. Busca-se saber o que a adoção dessa<br />
legislação acarretará dentro das famílias que moram na comunidade. Ao mesmo tempo,<br />
buscar-se-á junto a essa comunidade traçar um panorama entre a década de 1980, onde foi<br />
feito um levantamento quando do início do trabalho na construção da microbacia e hoje, como<br />
a mesma se comporta, analisando a cadeia produtiva, estrutura fundiária, composição arbórea<br />
(mata nativa ou área de reflorestamento), maquinário, escolaridade, fontes de água e<br />
composição familiar.<br />
16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
A superfície da Terra está em constante processo de transformação e, ao longo de seus<br />
4,5 bilhões de anos, o planeta registrou drásticas alterações. A importância de estudos sobre<br />
estas transformações está relacionada à preocupação com o meio ambiente, que é definido<br />
como as relações que existem entre a natureza, o homem e a estrutura política, econômica e<br />
social, segundo Rocha e Kurtz (2001).<br />
A primeira Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada<br />
em 1972, em Estocolmo (Suécia), com patrocínio da Organização das Nações Unidas (ONU),<br />
deflagrou vários estudos com o objetivo de traçar uma estratégia para a preservação da vida<br />
no planeta. Os estudos mostram o estreito vínculo entre pobreza, desigualdade de renda e<br />
deterioração ambiental, apontam o desequilíbrio ecológico como um dos resultados das<br />
relações entre países pobres e ricos e demonstram que os países pobres ou em<br />
desenvolvimento são os que detêm as maiores reservas de recursos naturais e estão<br />
destruindo-as rapidamente para pagar suas dívidas externas.<br />
No Brasil, a devastação começou no século XVI com a exploração do pau-brasil. Nos<br />
séculos XVI e XVII, o ciclo da cana-de-açúcar deixou áreas desflorestadas e erodidas. O ciclo<br />
do ouro, nos séculos XVII e XVIII, ampliou a área devastada. O ciclo do café, nos séculos<br />
XIX e XX, caracterizou-se pelo plantio de áreas recém-desmatadas e queimadas e, depois, por<br />
seu abandono após duas décadas. A degradação resultante dessa herança histórica de<br />
desmatamento ainda não foi medida quantitativamente, a não ser em áreas restritas ou por<br />
formas específicas de avaliação (REBOUÇAS, 1997).<br />
O Brasil, com dimensões continentais e 70% da população concentrada em áreas<br />
urbanas, é o país em desenvolvimento que mais tem atraído a atenção internacional. A<br />
poluição e o desmatamento ameaçam seus diversificados ecossistemas, inclusive o de maior<br />
biodiversidade do planeta, o amazônico. O agravamento dos problemas ambientais no país<br />
está ligado à industrialização, iniciada na década de 1950, ao modelo agrícola monocultor e<br />
exportador instituído desde os anos 1970, à urbanização acelerada e à desigualdade<br />
socioeconômica. Por sua vez, nas grandes cidades, dejetos humanos e resíduos industriais<br />
saturam a deficiente rede de saneamento básico e envenenam águas e solos (VINICIOS,<br />
2007).<br />
17
Segundo o economista Pavan Sukhdev, devastação ambiental representa perda de US$<br />
2 trilhões a US$ 4,5 trilhões em capital natural por ano. A redução na destruição do<br />
ecossistema somente será conseguida se houver engajamento de quem toma decisão<br />
regionalmente. "Se a ação não é tomada localmente não há ação", reforçou. "Ver o tamanho<br />
econômico dos ecossistemas e deixá-los de fora das contas nacionais é um erro. Deixando<br />
invisível, você está criando uma falta de consciência." Segundo ele, as comunidades pobres e<br />
rurais, que vivem em torno de florestas e dela retiram parte do sustento, são as que mais<br />
sofrem. No Brasil, ele mensurou o número como 20 milhões de pessoas. "A biodiversidade é<br />
uma necessidade para os pobres e não apenas uma ligação afetiva para os ricos", afirmou<br />
Sukhdev.<br />
O progresso técnico humano pode ser medido pelo seu poder de controlar e<br />
transformar a natureza. Quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior o ritmo de<br />
alterações provocadas no meio ambiente. Cada nova fonte de energia dominada pelo homem<br />
produz determinado tipo de desequilíbrio ecológico e de poluição. A invenção da máquina a<br />
vapor, por exemplo, aumentou a procura pelo carvão e acelerou o ritmo de desmatamento, por<br />
sua vez, o aumento da população mundial ao longo da história exigiu áreas cada vez maiores<br />
para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que aumentassem a produtividade da terra.<br />
Florestas cederam lugar a lavouras e criações, espécies animais e vegetais foram<br />
domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus predadores naturais, multiplicam-se<br />
aceleradamente (VINICIOS, 2007).<br />
A degradação ambiental põe em risco o ambiente do planeta e a sobrevivência de seus<br />
habitantes. Problemas relativos a secas, erosões, enchentes, desaparecimento de nascentes e<br />
rios etc. têm causado vários impactos resultantes da destruição do ecossistema original,<br />
justificando a restauração da antiga vegetação (ALMEIDA, 2000). A onda desertificadora que<br />
avança sobre as florestas já atingiu 46% das matas originais da Terra (CASTRO, 2001),<br />
provocando sérios impactos ambientais, como o desaparecimento de inúmeros espécimes da<br />
fauna, o comprometimento da rede hidrográfica, o aquecimento do planeta etc.<br />
As conseqüências do desmatamento, por exemplo, em uma área de bacia como<br />
descrito por Vedovoto (2002), pode alterar o equilíbrio do ciclo hidrológico, modificando<br />
tanto as proporções de área infiltrada ou escoada quanto à velocidade desse escoamento,<br />
18
induzindo a mudanças no regime e diminuindo a recarga dos aquíferos subterrâneos. Esses<br />
fenômenos, por sua vez, podem intensificar processos erosivos no solo com carreamentos de<br />
sedimentos para os cursos de água, além de possível alteração da capacidade de absorção de<br />
poluentes em decorrência das alterações do regime. Os fenômenos são interligados e estão em<br />
geral em frágil equilíbrio.<br />
Segundo Boin (2005, p. 84), “O elemento climático de maior influência nos processos<br />
de erosão é, sem dúvida alguma, a ação causada pelas chuvas”, sendo assim, as copas das<br />
árvores possuem importante papel no controle da erosão à medida que suas folhas absorvem o<br />
impacto das gotas de chuva e diminuem o efeito splash causado pelas mesmas ao entrar em<br />
contato com o solo. A existência da cobertura vegetal controla o escoamento superficial e<br />
subsuperficial das águas pluviais e essa cobertura exerce um papel de defesa e proteção contra<br />
os agentes erosivos segundo ABGE (1995 apud BOIN, 2005). A figura 1 exemplifica a<br />
função da vegetação no controle dos processos erosivos.<br />
Figura 1: Representação esquemática da função da cobertura vegetal<br />
Fonte: Boin (2005, p. 13).<br />
Na figura 1 observa-se a atuação da vegetação para o controle dos processos erosivos,<br />
diminuição da carga de sedimentos carreada para o leito do rio, aumento na infiltração das<br />
águas pluviais e, conseqüentemente, o reabastecimento dos lençóis freáticos e aquíferos,<br />
19
manutenção da biodiversidade, dentre outros. Além de impedir o rápido escoamento<br />
superficial, diminuindo os efeitos das inundações, as raízes das plantas retêm o solo e<br />
preservam as margens dos rios e riachos, evitando a destruição dos mesmos. O acúmulo de<br />
galhos e troncos de árvores, além de dificultar o fluxo da água, provoca pequenos<br />
represamentos de água, formando ambientes heterogêneos onde se abrigam diferentes<br />
espécies de peixes. A variação dos tipos de habitats, ao longo da bacia hidrográfica, aumenta<br />
a heterogeneidade ambiental e, conseqüentemente, a biodiversidade regional (BOIN, 2005).<br />
Para Santos (2004), foi a partir da década de 1930 que começaram os prenúncios sobre<br />
planejamento ambiental no Brasil, quando foram modelados os planejamentos de recursos<br />
hídricos e gestão de bacias hidrográficas e, conseqüentemente, criou-se a constituição do<br />
Código de Águas, do Código Florestal e da Lei de Proteção à Fauna. Em 1934, o Decreto<br />
23.793 foi o primeiro Código Florestal a ser aprovado, dispondo, no Art. 4°, a demarcação das<br />
florestas que seriam consideradas de proteção, por sua localização, servindo separadamente<br />
para qualquer dos seguintes fins: a) conservar o regime das águas; b) evitar a erosão das terras<br />
pela ação dos agentes naturais; c) fixar dunas; d) auxiliar a defesa das fronteiras, de modo<br />
julgado necessário pelas autoridades militares; e) assegurar condições de salubridade pública;<br />
f) proteger sítios que por sua beleza mereçam ser conservados; g) asilar espécimes raros de<br />
fauna indígena. O Código Florestal tem como fundamento, desde suas origens, a intenção de<br />
preservar o meio ambiente, prevenindo e corrigindo danos causados pela ação antrópica ao<br />
longo do tempo, inserido aspectos da problemática florestal por meio dos órgãos competentes<br />
para gerir esse recurso natural.<br />
O elevado nível de degradação do patrimônio natural impulsionou a sociedade em<br />
geral a exigir uma atuação mais responsável e enérgica no que tange à proteção ambiental, daí<br />
surgindo as leis que norteiam o procedimento de ocupação do solo (RIBEIRO, 1998). O<br />
Brasil se destacou por ter criado uma legislação (Lei 4.771/1965; Lei 9.605/1998 e Medidas<br />
Provisórias 2166 e 2167, ambas de 2001) considerada bastante rígida em relação à<br />
preservação dos recursos naturais. Nas propriedades rurais, por exemplo, a lei exige que ao<br />
menos sejam conservadas as APPs (30 metros em cada lado dos cursos d’água, fontes e<br />
represas cobertas por mata nativa), bem como as Reservas Legais (RL) (20% da área das<br />
propriedades cobertas por mata nativa). Contudo, até o presente momento, não se tem<br />
conseguido garantir seu cumprimento. Sejam pequenos, médios ou grandes proprietários de<br />
terras que as degradaram ou as receberam nesse estado, não se acham na obrigação de<br />
20
ecompô-la. Segundo Glass (2001), as ações ainda isoladas de proteção ao meio ambiente<br />
devem-se, acima de tudo, a uma vontade política de proprietários com maior consciência<br />
ecológica.<br />
A Medida Provisória 2.080-59, de 25.01.2001, com sucessivas reedições, define áreas<br />
de preservação permanente como aquelas protegidas nos termos dos Arts. 2° e 3° da Lei<br />
4.771/1965, cobertas ou não por vegetação nativa, “com a função ambiental de preservar os<br />
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de<br />
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (BRASIL,<br />
1965, Art. 1°).<br />
As áreas de preservação permanente, que se refere à faixa ciliar, nas margens de<br />
cursos d’água e entorno de nascentes, de largura variável, dependendo da largura do rio,<br />
devem ter na maioria de 30 metros de cada margem em rios de até 10m de largura e 50m de<br />
raio ao redor de nascentes. As áreas de preservação permanente representam uma porção do<br />
espaço físico que não deve ser ocupada e/ou alterada. Estas têm fundamental importância,<br />
através da interação entre os elementos (vegetação, solo, ciclo hidrológico, precipitação,<br />
fauna, dinâmica fluvial etc.) que condicionam a qualidade e quantidade dos recursos hídricos,<br />
além de funcionarem em áreas agrícolas como “filtros biológicos nos processos de erosão<br />
laminar, lixiviação, deriva e fluxo lateral de agroquímicos e ainda possuem função de<br />
isolamento e quebra-ventos para essas áreas” (DELALIBERA, 2008, p. 286-292).<br />
As APP’s são insuscetíveis de exploração e devem ser preservadas de forma absoluta,<br />
isto é, sem sofrer qualquer processo de modificação, pois constituem bens comuns de todos,<br />
visando proteger os recursos hídricos e os leitos dos rios da erosão causada pelo processo de<br />
lixiviação, segundo Machado (2003).<br />
A conservação dos solos e a diminuição dos processos erosivos estão diretamente<br />
ligadas as áreas de preservação ambiental . Estudos comprovam que a matéria orgânica é um<br />
ótimo agente agregador do solo, aumentando a estabilidade do mesmo e conservando os<br />
minerais, ou seja, a matéria orgânica presente no solo atua como um estabilizante e diminui a<br />
freqüência dos processos erosivos.<br />
21
De acordo com Tundisi (2005), para os recursos hídricos, as matas ciliares auxiliam<br />
com a retenção de grande quantidade de sedimentos e produtos tóxicos, entre eles o nitrogênio<br />
(N) e o fósforo (F), os quais em excesso na água proporcionam o crescimento de algas e<br />
plantas aquáticas, causam anoxia (ausência de oxigênio na água), provocam mortalidade em<br />
massa de peixes e invertebrados; liberam gases com odor e muitas vezes tóxicos (H2S e<br />
CH4), acentuada queda na biodiversidade e no número de espécies de plantas e animais, como<br />
também efeitos na saúde humana.<br />
Segundo Lohman (2003), as matas ciliares funcionam como reguladores do fluxo de<br />
água, sedimentos e nutrientes entre os terrenos mais altos da bacia hidrográfica e o<br />
ecossistema aquático. Os ecossistemas formados pelas matas ciliares desempenham suas<br />
funções hidrológicas: (1) estabilizando as áreas críticas pelo desenvolvimento de um<br />
emaranhado radicular; (2) funcionando como tampão e filtro entre os terrenos mais altos e o<br />
ecossistema aquático; (3) participando do controle do ciclo de nutrientes na bacia<br />
hidrográfica; (4) atuando na diminuição e filtragem do escoamento superficial impedindo ou<br />
dificultando o carregamento de sedimentos para o sistema aquático, além das árvores que<br />
ajudam a formar a mata ciliar, e através das copas interceptam a radiação solar e (5)<br />
contribuindo para a estabilidade térmica dos pequenos cursos d´água.<br />
A cobertura vegetal auxilia a infiltração, difundindo o fluxo, preservando o solo,<br />
através da “proteção física e estabilizadora de raízes e da interceptação de gotas de chuva pela<br />
folhagem”, segundo Bigarella e Suguio (1990, p.55).<br />
As matas ciliares entre outros papéis ecológicos, atuam na contenção de enxurradas,<br />
na infiltração do escoamento superficial, na absorção do excesso de nutrientes, na retenção de<br />
sedimentos e agrotóxicos, colaboram na proteção da rede de drenagem e ajudam a reduzir o<br />
assoreamento da calha do rio, favorecem o aumento da capacidade de vazão durante a seca<br />
(JUNQUEIRA et al., 2006).<br />
Segundo RODRIGUES & GAN<strong>DO</strong>LFI (2001), a manutenção das Áreas de<br />
Preservação Permanente é uma estratégia para manter atributos dos ecossistemas que são<br />
indispensáveis ao bom funcionamento dos ambientes naturais.<br />
22
A supressão da cobertura vegetal acarreta em inúmeros danos ao solo e aos recursos<br />
hídricos. A diminuição da interferência da cobertura vegetal ocasiona na maior infiltração da<br />
água no solo, saturando-o constantemente e alterando sua composição, aumentando assim, o<br />
escoamento superficial da água, o qual tem como conseqüências o escorregamento e<br />
assoreamento de corpos d’água, sendo a fator principal pelas constantes enchentes em meio<br />
urbano, além disso, o pisoteio do gado faz desbarrancar as margens dos corpos d’água,<br />
deixando o material do fundo em suspensão e causando assoreamento. Além disso, não<br />
permite o desenvolvimento das mudas ou árvores pequenas da regeneração naturais ou<br />
plantadas, além de compactar o solo (JUNQUEIRA et al., 2006).<br />
2.1 - Conceituação de Área de Preservação Permanente:<br />
As Áreas de Preservação Permanente são áreas de grande importância ecológica,<br />
cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os recursos hídricos, a<br />
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger<br />
o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. Como exemplos de APP estão as<br />
áreas de mananciais, as encostas com mais de 45 graus de declividade, os manguezais e as<br />
matas ciliares. Essas áreas são protegidas pela Lei Federal nº 4.771/65 (alterados pela Lei<br />
Federal nº 7.803/89).<br />
Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais<br />
formas de vegetação natural situadas:<br />
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa<br />
marginal cuja largura mínima será:<br />
1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de<br />
largura;<br />
2 - de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50<br />
(cinqüenta) metros de largura;<br />
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a<br />
200 (duzentos) metros de largura;<br />
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200<br />
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;<br />
5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura<br />
superior a 600 (seiscentos) metros;<br />
23
) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;<br />
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a<br />
sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura;<br />
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;<br />
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45 o , equivalente a 100% na linha<br />
de maior declive;<br />
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;<br />
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa<br />
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;<br />
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.<br />
De acordo com o Código Florestal brasileiro, Áreas de Preservação Permanente (APP)<br />
são áreas “...cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os<br />
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de<br />
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.<br />
Distinguem-se das áreas de “Reserva Legal”, também definidas no mesmo Código, por não<br />
serem objeto de exploração de nenhuma natureza, como pode ocorrer no caso da Reserva<br />
Legal, a partir de um planejamento de exploração sustentável. Exemplos de APP são as áreas<br />
marginais dos corpos d’água (rios, córregos, lagos, reservatórios) e nascentes; áreas de topo<br />
de morros e montanhas, áreas em encostas acentuadas, restingas e mangues, entre outras. As<br />
definições e limites de APP são apresentadas, em detalhes, na Resolução CONAMA n° 303<br />
de 20/03/2002.<br />
No meio rural, as APP assumem importância fundamental no alcance do tão desejável<br />
desenvolvimento sustentável. Tomando como exemplos as APP mais comumente encontradas<br />
no ambiente rural, como áreas de encostas acentuadas, as matas ciliares em áreas marginais de<br />
córregos, rios e reservatórios, bem como áreas próximas às nascentes, é possível apontar uma<br />
série de benefícios ambientais decorrentes da manutenção dessas áreas.<br />
Nesses casos, esses benefícios podem ser analisados sob dois aspectos: o primeiro<br />
deles com respeito à importância das APP como componentes físicos do agroecossistema; o<br />
segundo, com relação aos serviços ecológicos prestados pela flora existente, incluindo todas<br />
24
as associações por ela proporcionadas com os componentes bióticos e abióticos do<br />
agroecossistema. Embora de forma artificial, esses papéis podem ser assim destacados:<br />
2.1.1 - IMPORTÂNCIA FÍSICA:<br />
A importância da estrutura física dentro de uma área de preservação ambiental, está<br />
demonstrada na figura 2 . Em encostas acentuadas, a vegetação promove a estabilidade do<br />
solo pelo emaranhado de raízes das plantas, evitando sua perda por erosão e protegendo as<br />
partes mais baixas do terreno, como as estradas e os cursos d’água. Na área agrícola, evitando<br />
ou estabilizando os processos erosivos, funcionam como quebra-ventos nas áreas de cultivo.<br />
Como visto anteriormente as áreas de APP, atuam no controle hidrológico de uma bacia<br />
hidrográfica, regulando o fluxo de água superficial e subsubperficial, e assim do lençol<br />
freático.<br />
Nas áreas de nascentes, a vegetação atua como um amortecedor das chuvas, evitando o<br />
seu impacto direto sobre o solo e a sua paulatina compactação. Permite, pois, juntamente com<br />
toda a massa de raízes das plantas, que o solo permaneça poroso e capaz de absorver a água<br />
das chuvas, alimentando os lençóis freáticos; por sua vez, evita que o escoamento superficial<br />
excessivo de água carregue partículas de solo e resíduos tóxicos provenientes das atividades<br />
agrícolas para o leito dos cursos d’água, poluindo-os e assoreando-os.<br />
Tal observação vem complementar a importância das APP, onde a presença de<br />
margens de cursos d’água ou reservatórios, garantem a estabilização de suas margens<br />
evitando que o seu solo seja levado diretamente para o leito dos cursos; atuando como um<br />
filtro ou como um “sistema tampão”.<br />
Esta interface entre as áreas agrícolas e de pastagens com o ambiente aquático<br />
possibilita sua participação no controle da erosão do solo e da qualidade da água, evitando o<br />
carreamento direto para o ambiente aquático de sedimentos, nutrientes e produtos químicos<br />
provenientes das partes mais altas do terreno, os quais afetam a qualidade da água, diminuem<br />
a vida útil dos reservatórios, das instalações hidroelétricas e dos sistemas de irrigação.<br />
25
Figura 2: Representação esquemática da função das APP’S<br />
2.1.2 - SERVIÇOS ECOLÓGICOS<br />
As Áreas de Preservação Permanente são responsáveis pela manutenção dos serviços<br />
ecológicos tais como geração de sítios para os inimigos naturais de pragas para alimentação,<br />
reprodução; fornecimento de refúgio e alimento (pólen e néctar) para os insetos polinizadores<br />
de culturas; refúgio e alimento para a fauna terrestre e aquática, corredores de fluxo gênico<br />
para os elementos da flora e da fauna pela possível interconexão de APP adjacentes ou com<br />
áreas de Reserva Legal, controle de pragas de solo; reciclagem de nutrientes; fixação de<br />
carbono, minimizando o efeito estufa, mas principalmente atua como detoxificador de<br />
substâncias tóxicas provenientes das atividades agrícolas por organismos da mesofauna e<br />
microfauna associadas às raízes das plantas.<br />
26
A partir das considerações fica clara a importância das APP para que se viabilize uma<br />
produção sustentável em longo prazo no campo, associando uma produção agrícola saudável,<br />
a qualidade ambiental e o bem-estar das populações.<br />
2.2 - Conceituação de Reserva Legal<br />
A reserva legal caracteriza-se por ser necessária ao uso sustentável dos recursos<br />
naturais. Como é sabido, uso sustentável dos recursos naturais pode ser descrito como aquele<br />
que assegura a reprodução continuada dos atributos ecológicos da área explorada, tanto em<br />
seus aspectos de flora como de fauna. Os recursos naturais são os elementos da flora e da<br />
fauna utilizáveis economicamente como fatores essenciais para o ciclo produtivo de riquezas<br />
e sem os quais a atividade econômica não pode ser desenvolvida.<br />
A iniciativa de criação de um Código Florestal só surgiu por volta de 1920, quando o<br />
presidente Epitácio Pessoa formou uma sub-comissão para elaborar o anteprojeto do futuro<br />
Código Florestal.<br />
O conceito de reserva legal no Código Florestal Brasileiro, de 1965, lei ainda vigente,<br />
refere-se àquela ainda coberta por florestas ou vegetação nativa e que precisava cumprir<br />
alguns requisitos legais para o caso de precisar ser suprimida. A reserva legal é definida como<br />
correspondendo a uma porcentagem da propriedade rural, que varia, dependendo do estado,<br />
de 20% (vários estados brasileiros) até 80% (estados do Norte) da propriedade, porcentagem<br />
que não inclui as APPs, que pode ser explorada economicamente, desde que com menor<br />
impacto ambiental, tendo a exigência de ser ocupada com espécies florestais nativas e não<br />
sendo permitido o corte raso.<br />
A denominação de reserva legal veio a partir da Lei 7.803, de 18 de julho de 1989, que<br />
introduziu, também, a exigência de averbação ou registro da reserva legal à margem da<br />
inscrição da matrícula do imóvel, sendo vedada “a alteração de sua destinação, nos casos de<br />
transmissão, a qualquer título, ou desmembramento da área” (Art. 16 § 2 ).<br />
Desde o início, o Código Florestal vem sofrendo inúmeras alterações, por meio de leis<br />
e medidas provisórias, que demonstram a dificuldade dos legisladores em conciliar os<br />
interesses dos diversos atores envolvidos no assunto.<br />
27
As mais recentes modificações do Código Florestal ocorreram em maio de 2000 e<br />
foram acompanhadas por vários segmentos da sociedade civil mobilizada, organizações não<br />
governamentais ambientalistas e entidades representantes dos agricultores, alcançando ampla<br />
repercussão na mídia de todo o país.<br />
A preocupação em preservar parte das matas das propriedades rurais é bem antiga em<br />
nosso país. Já estava presente na época do Brasil Colônia, quando a escassez de madeira<br />
adequada, para a construção das embarcações da frota portuguesa, levou a Coroa a expedir as<br />
cartas régias, que declaravam de sua propriedade toda a madeira naval, denominada como<br />
“madeira de lei” (DEAN,1996, p.151), nome ainda utilizado para designar as madeiras nobres<br />
em nosso país.<br />
Por sua vez, as florestas presentes nas áreas designadas como Reserva Legal, fornecem<br />
bens materiais indispensáveis para a sociedade, como madeira, fármacos, matéria prima para<br />
artesanato, frutos, sementes, produção de água, proteção das fontes de água, conservação do<br />
solo, fixação de carbono e conservação da biodiversidade.<br />
Diante da importância da Reserva Legal, Mattos e Mattos (2004), citam que hoje se<br />
vive uma mudança de paradigma econômico na sociedade, já que o recurso natural,<br />
antigamente farto, tem se tornado cada vez mais escasso, devendo-se levar em conta sua<br />
possível exaustão. Devido a esse fato devemos atentar para a implantação das RL como forma<br />
de conservar a biodiversidade.<br />
2.2.1 - IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS<br />
Não se pode esquecer que a regra dos 20%, se aplicada como está, reduzirá a renda e o<br />
emprego do setor principalmente no estado de São Paulo, no Sudeste e no Sul do país,<br />
agravando ainda mais o atual quadro de crise econômica, ao invés de revertê-la. Para se ter<br />
dimensão do impacto que isso causará, mesmo que parcial, tomem-se alguns exemplos do<br />
estado de São Paulo. A área a ser objeto de recomposição para fins da reserva legal equivale a<br />
mais da metade de toda área estadual ocupada com pastagens, que era de 8,07 milhões de<br />
hectares em 2008. Aplicados na íntegra, os dispositivos de recomposição da reserva legal<br />
implicariam a redução da área agropecuária paulista (lavouras, pastagens e florestas<br />
econômicas) dos atuais 20,5 milhões de hectares para 16,4 milhões de hectares, no período de<br />
28
tempo determinado para a concretização da recomposição da reserva legal (Tsunechiro et al.<br />
(2009).<br />
Desses 20,5 milhões de hectares, quase 2,5 milhões são ocupados com florestas de<br />
propriedade privada, correspondendo, grosso modo, à área de preservação permanente<br />
existente no Estado de São Paulo, sendo 2 milhões de hectares relativos a matas ciliares e<br />
meio milhão de hectares a terrenos inclinados e topos de morro. Assim, restariam para ser<br />
destinados à reserva legal mais de 4 milhões de hectares.<br />
Estimativas conservadoras dos impactos, que nem por isso deixam de ser expressivos,<br />
podem ser feitas com base no valor médio da produção por unidade de área. O valor médio da<br />
produção por unidade de área, na agropecuária paulista em 2008, era de pouco mais de R$2<br />
mil por hectare e, assim, a redução da renda agropecuária bruta paulista atingiria o montante<br />
de mais de R$8 bilhões, ou seja, perda de quase 20% na renda setorial (Tsunechiro, 2009).<br />
Diante dessa afirmativa, vamos tentar ao longo dos dados avaliados junto a<br />
Microbacia São José do Umbu, ver se a mesma afirmativa se refere junto às propriedades<br />
remanescente daquela comunidade.<br />
Por sua vez temos a obrigação de discutir junto à sociedade civil a importância da RL<br />
e mensurar o quanto essa delimitação física será benéfica não só hoje, mas sim para os futuros<br />
descendentes. Hoje sabemos que a capital Paulista é um dos maiores poluidores, toda a carga<br />
orgânica é remetida junto aos mananciais hídricos, um verdadeiro esgoto a céu aberto. O<br />
custo de tratamento dessa água até chegar às torneiras das residências é alto, em contrapartida<br />
as RL associadas a um programa de saneamento básico pode minimizar esse problema que<br />
aflige economicamente as pessoas. Mas o mais grave é se ainda existirão recursos hídricos<br />
potáveis para futuras gerações. Tal observação vem complementar a relação direta entre o<br />
econômico, o ambiental e o social. Podemos citar as enchentes cada vez mais freqüentes nas<br />
grandes cidades, pois com o assoriamento e diminuição dos leitos dos rios a água extrapola<br />
essa barreira física ocorrendo essas mazelas principalmente nas faixas marginais das grandes<br />
cidades.<br />
29
2.2.2 – Importância da RL<br />
De acordo com Tundisi (2005), para os recursos hídricos, as matas ciliares auxiliam<br />
com a retenção de grande quantidade de sedimentos e produtos tóxicos, entre eles o nitrogênio<br />
(N) e o fósforo (F), os quais em excesso na água proporcionam o crescimento de algas e<br />
plantas aquáticas; causam anoxia (ausência de oxigênio na água); provocam mortalidade em<br />
massa de peixes e invertebrados; liberam gases com odor e muitas vezes tóxicos (H2S e<br />
CH4); acentuada queda na biodiversidade e no número de espécies de plantas e animais, como<br />
também efeitos na saúde humana (crônicos e agudos).<br />
Segundo Lohman (2003), as matas ciliares funcionam como reguladores do fluxo de<br />
água, sedimentos e nutrientes entre os terrenos mais altos da bacia hidrográfica e o<br />
ecossistema aquático. Os ecossistemas formados pelas matas ciliares desempenham suas<br />
funções hidrológicas: (1) estabilizando as áreas críticas pelo desenvolvimento de um<br />
emaranhado radicular; (2) funcionando como tampão e filtro entre os terrenos mais altos e o<br />
ecossistema aquático; (3) participando do controle do ciclo de nutrientes na bacia<br />
hidrográfica; (4) atuando na diminuição e filtragem do escoamento superficial impedindo ou<br />
dificultando o carregamento de sedimentos para o sistema aquático, além das árvores que<br />
ajudam a formar a mata ciliar, e através das copas interceptam a radiação solar e (5)<br />
contribuindo para a estabilidade térmica dos pequenos cursos d´água.<br />
A cobertura vegetal auxilia a infiltração, difundindo o fluxo, preservando o solo,<br />
através da “proteção física e estabilizadora de raízes e da interceptação de gotas de chuva pela<br />
folhagem, segundo Bigarella e Suguio (1990).<br />
As florestas ciliares entre outros papéis ecológicos, atuam na contenção de enxurradas,<br />
na infiltração do escoamento superficial, na absorção do excesso de nutrientes, na retenção de<br />
sedimentos e agrotóxicos, colaboram na proteção da rede de drenagem e ajudam a reduzir o<br />
assoreamento da calha do rio, favorecem o aumento da capacidade de vazão durante a seca.<br />
As matas fornecem ainda matéria orgânica para as teias alimentares dos rios, troncos e galhos<br />
que criam microhabitats dentro dos cursos d´água e protegem espécies da flora e fauna.<br />
Assim, a destruição ou degradação dessas florestas levou a extinção local de muitas espécies<br />
de plantas e animais.<br />
30
3 METO<strong>DO</strong>LOGIA<br />
3.1 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA NA DECADA DE 1980<br />
Em relação à pesquisa realizada na década de 1980, intitulada Estudo Básico da<br />
Microbacia do Arroio Umbu – Victor Graeff- <strong>RS</strong> e coordenada pelo Instituto de Pesquisa de<br />
Recursos Naturais Renováveis “ Ataliba Paz”, os levantamentos de solos, água, flora, fauna<br />
e aspectos socioeconômicos.<br />
1. Solos – levantamento semidetalhado dos solos da microbacia piloto do arroio<br />
Umbú: Utilizou-se como mapa básico fotografias aéreas ampliadas na escala<br />
aproximada de 1:16:200..<br />
2. Água: Foram determinados cinco pontos no arroio Umbú. Nestes pontos foram<br />
realizadas duas campanhas de coleta de água e sedimentos nos dias: 23 a<br />
25.05.1988 e 19 a 21.07.1988. Nos pontos de captação de água para consumo<br />
humano foram coletadas 60 amostras, abrangendo todas as fontes das propriedades<br />
existentes na microbacia.<br />
3. Flora: Em três viagens, de quatro dias cada, foram localizadas as matas<br />
remanescentes e percorridos os caminhos e trilhas existentes no seu interior e<br />
periferia. Nestas incursões foram feitas as observações, identificação das espécies<br />
e coleta de material botânico, quando necessário.<br />
4. Fauna: Durante 26 dias, em três meses consecutivos, foram realizadas 164 horas de<br />
observação sobre a mastofauna. Dentro da microbacia foram selecionados quatro<br />
locais equidistantes entre si, que variaram entre manchas residuais de mata nativa,<br />
mata ciliar e lavouras.<br />
5. Aspectos socioeconômicos: Levantamento feito pela equipe de técnicos e alunos<br />
pós-graduados do Centro de Estudos e Pesquisa Econômicas junto aos produtores<br />
da microbacia piloto. Foram entrevistados 66 produtores, representando quase a<br />
totalidade das propriedades contidas no perímetro da microbacia.<br />
31
3.2 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA NA DECADA DE 2010<br />
A pesquisa realizada é do tipo explicativa e quanto ao tempo denominada de<br />
antes-e-depois. O método utilizado foi survey ou enquête.<br />
A pesquisa foi realizada na Microbacia Hidrográfica do São José do Umbu,<br />
uma localidade interiorana da cidade de Victor Graeff.<br />
Foram pesquisadas todas as famílias remanescentes das que existiam na<br />
pesquisa realizada na década de 1980. O público pesquisado possui uma faixa etária entre 50<br />
a 60 anos. A coleta dos dados foram feitas do dia 15 de outubro a 20 de outubro, foram feitos<br />
levantamentos através de questionários pré-elaborados e perguntados os assuntos de interesse<br />
para o levantamento.<br />
3.2.1 Levantamento georeferenciado das propriedades existentes na microbacia através<br />
do Global Positioning System (GPS).<br />
O levantamento será feito através do Global Positioning System (GPS). A<br />
metodologia aplicada será a visita a cada propriedade e fazer o georeferenciamento<br />
(marcar um ponto) anexo 3. Após o georeferenciamento das propriedade que compõe<br />
a Microbacia Hidrográfica do São José do Umbu, percorrerá a área toda, calculando<br />
o perímetro da mesma. A geração do mapa será através do programa Google Earth,<br />
conforme anexos 5 e 6.<br />
3.2.2 Levantamento das áreas de preservação ambiental (área remanescente de matas)<br />
dentro da microbacia;<br />
.<br />
Os produtores responderão a uma entrevista que conterá questões dirigidas,<br />
possibilitando relatos sobre a realidade de cada propriedade. Os resultados obtidos<br />
serão tabulados e transferidos para gráficos, comparando a microbacia na década de<br />
1980 com a dos dias atuais. As entrevistas realizadas com os produtores serão<br />
apresentadas como anexo 8.<br />
32
3.2.3 Simulação da implantação de RL (20%) e a repercussão econômica junto à<br />
microbacia.<br />
Após realizado o levantamento de todas as propriedades através do Global<br />
Positioning System (GPS), teremos a área total da propriedade, área cultivada com grãos,<br />
áreas com remanescentes de mata nativa e área de florestas plantadas. Pegar-se-á a área total<br />
da microbacia menos a área de mata nativa e floresta plantada e do resultado disso<br />
multiplicará por 20% (RL).<br />
Onde:<br />
RL = (At ) * 20%<br />
RL- reserve legal<br />
At – área tota<br />
3.3 CARACTERIZAÇÃO <strong>DO</strong> MUNICÍPIO<br />
O município de Victor Graeff se localiza na região norte do estado do Rio Grande do<br />
Sul, integrando-se com outros municípios ao Planalto Médio Gaúcho, especificamente nos<br />
Altos da Serra do Botucaraí. A área limitrofe ao norte com os municípios de Santo Antônio<br />
do Planalto, ao sul com Mormaço e Espumoso, a leste com Ernestina e Tio Hugo e a oeste<br />
com Não Me Toque, Tapera e Lagoa dos Três Cantos. Pertencente à Bacia do Alto Jacuí, na<br />
Região Hidrográfica do Guaíba. A área territorial 280,30 km². O município de Victor Graeff<br />
possui 3.150 habitantes. Divididos em zona urbana (1.441 habitantes, 45,75%) e zona rural<br />
(1.709 habitantes, 54,25%) (Instituto de Pesquisa de Recursos Naturais Renováveis, 1990).<br />
A colonização do município de Victor Graeff aconteceu por tropeiros que passavam<br />
pelo Arroio Cochinho e ali paravam para descansar e matar a sede bebendo água das<br />
vertentes. Esses tropeiros tinham por destino a cidade de Cruz Alta e arredores. Algumas<br />
famílias que passavam pela região, fixaram-se aos arredores do arroio, formando uma vila,<br />
que recebeu o nome de Vila Cochinho, devido a um cocho localizado próximo às citadas<br />
vertentes que serviam para, além do abastecimento de água, a lavagem de roupas dos<br />
imigrantes que ali se estabeleceram. Assim, o local tornou-se ponto de encontro, onde as<br />
donas de casa comentavam assuntos do povoado. Em 1931, quando foi criado o município de<br />
Carazinho, as terras entre o Rio da Glória e Jacuí e os Arroios Passo do Erval e Grande<br />
33
passaram a pertencer ao Distrito de Não Me Toque, sendo que Carazinho possuía até então<br />
seis Distritos. Entre 1933 e 1934, o Cochinho passou a ser considerado o sétimo (7°) Distrito<br />
de Carazinho. Com a criação do município de Não Me Toque, em 30 de julho de 1954,<br />
Cochinho tornou-se o 2° Distrito do novo município. A Vila Cochinho recebia cada vez mais<br />
pessoas e assim foi crescendo, até que em 20 de setembro de 1965 foi realizado o plebiscito<br />
que aprovou a emancipação do município de Victor Graeff, criado oficialmente em 23 de<br />
outubro do mesmo ano. O nome do novo município foi uma homenagem ao advogado e<br />
grande político Victor Oscar Graeff, falecido durante o projeto emancipacionista e um dos<br />
grandes responsáveis pela emancipação do município (Prefeitura Municipal de Victor Graeff,<br />
2010).<br />
Em 17 de junho de 1986 começaram a ser desenvolvidos trabalhos na microbacia<br />
Piloto do Rio Grande do Sul, com uma área total de 2.137 ha localizada no interior do<br />
município, em São José do Umbu. Os trabalhos desenvolvidos visavam o controle de erosão<br />
(eliminação de voçorocas e divisas, construção de terraços e muruduns), manejo dos<br />
agrotóxicos (posto de abastecimento para pulverizador, depósitos de lixo tóxico),<br />
reflorestamento (viveiro). Na microbacia de São José do Umbu foram atendidas 66 famílias.<br />
Dentro desse contexto, foram feitas análises do Arroio Umbú em virtude do<br />
desmatamento, do intenso preparo do solo até as margens dos rios, das chuvas, da erosão, do<br />
transporte e da sedimentação de fertilizantes e agrotóxicos nos corpos hídricos,<br />
comprometendo a qualidade da água e do meio ambiente. A prova disso está expressa na<br />
pesquisa onde aponta que a área de mata nativa representava 145,4 ha de uma área de 2.137<br />
ha, ou seja, 6,8% da área total.<br />
Atualmente, a produção primária ocupa lugar de destaque na economia do município<br />
cuja característica principal está alicerçada numa extensa área agrícola mecanizável, dedicada,<br />
principalmente, à produção de grãos e à pecuária de corte. Predomina a pequena propriedade<br />
de até um módulo rural (25 hectares). O número total de propriedades rurais é de 579,<br />
segundo o Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009), totalizando uma área de produção com<br />
lavouras de 16.708 hectares.<br />
34
3.2.1 – CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA <strong>DO</strong> MUNICÍPIO<br />
O município de Victor Graeff possui uma população total (2009) em torno de<br />
3.113 habitantes. A área territorial (2009) de 238,3 km², densidade demográfica (2009) de<br />
13,1 hab/km², taxa de analfabetismo (2000) 3,53 %, expectativa de vida ao nascer (2000)<br />
75,28 anos e coeficiente de mortalidade infantil (2007) 0,00 por mil nascidos vivos,<br />
pertencente ao bioma Mata Atlântica, segundo dados da Fundação de Economia e Estatística<br />
(FEE).<br />
3.2.1.1 – Receitas e Despesas orçamentárias<br />
Valores<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Despesas e Receitas Orçamentárias<br />
43,4%<br />
56,6%<br />
Despesas orçamentárias Receitas orçamentárias<br />
Gráfico 1 - Receitas e Despesas orçamentárias<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
3.2.1.2 - Receitas e despesas do município<br />
Valores<br />
R$ 1.000.000,00 R$ 908.491,12<br />
R$ 900.000,00<br />
R$ 800.000,00<br />
R$ 700.000,00<br />
R$ 600.000,00<br />
R$ 500.000,00<br />
R$ 400.000,00<br />
R$ 300.000,00<br />
R$ 200.000,00<br />
R$ 100.000,00<br />
R$ 0,00<br />
Receitas e Despesas do Município<br />
R$ 697.572,41<br />
Gráfico 2 - Receitas e Despesas do município<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
R$ 417.366,11<br />
R$ 23.070,00<br />
RO <strong>DO</strong> FPM PIB<br />
Indices<br />
RO<br />
<strong>DO</strong><br />
FPM<br />
PIB<br />
35
Os gráficos 1 e 2 demonstram que as receitas orçamentárias (RO) do município<br />
superam as despesas orçamentárias (<strong>DO</strong>). As demais receitas são basicamente proveniente da<br />
arrecadação de ICMS , FPM, Fundeb. Os percentuais na arrecadação provem 50% da<br />
agropecuária, 4% da indústria e 46% no setor de serviços, demonstrando claramente que o<br />
município se caracteriza pela produção primária e pela prestação de serviço.<br />
Tabela 1: Repasse de verbas ano de 2010<br />
ICMS FUNDEB LEI<br />
KANDIR<br />
IPI FPM<br />
JAN 123.104,22 63.109,35 2.019,42 4.268,41 245.853,28<br />
FEV 142.763,00 51.782,03 2.019,42 4.639,58 284.756,25<br />
MAR 230.014,10 56.636,60 2.019,42 4.020,97 205.906,87<br />
ABR 158.871,37 56.636,60 2.019,42 4.020,97 250.431,16<br />
JUN 215.711,01 74.436,67 2.019,42 4.144,69 297.268,34<br />
JUL 155.782,70 67.963,92 2.019,42 4.144,69 206.927,79<br />
AGO 247.413,23 77.673,05 2.019,42 4.020,97 250.335,72<br />
SET 173.602,02 72.818,48 2.265,69 4.453,99 218.790,38<br />
Fonte: Famurs 2010<br />
36
valores<br />
350.000,00<br />
300.000,00<br />
245.853,28<br />
250.000,00<br />
200.000,00<br />
142.763,00<br />
150.000,00<br />
123.104,22<br />
100.000,00<br />
50.000,00<br />
0,00<br />
284.756,25<br />
63.109,35 51.782,03<br />
Repasse de Verbas ano de 2010<br />
230.014,10<br />
205.906,87<br />
250.431,16<br />
158.871,37<br />
56.636,60 56.636,60<br />
297.268,34<br />
215.711,01<br />
206.927,79<br />
155.782,70<br />
250.335,72<br />
247.413,23<br />
218.790,38<br />
173.602,02<br />
74.436,67 67.963,92 77.673,05 72.818,48<br />
JAN FEV MAR ABR JUN JUL AGO SET<br />
Gráfico 3 - Repasse de verbas 2010.<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
meses<br />
ICMS<br />
FUNDEB<br />
LEI KANDIR<br />
O gráfico 3, evidencia a importância dos setores primários e de serviços para o<br />
município, a primeira fonte de aporte são oriundas do governo federal que é o FPM (Fundo<br />
de Participação dos Município), seguido do ICMS, que são repassados pelo governo do<br />
estado.Todos estão lincados com o desempenho do setores produtivos e de serviço<br />
desenvolvidos no município.<br />
3.2.1.4 – População por faixa etária<br />
Número<br />
180<br />
160<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
0-4<br />
0-9.<br />
10-14.<br />
15-19<br />
20-24<br />
25-29<br />
30-34<br />
35-39<br />
Gráfico 4 - Repasse de verbas 2010<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
População Victor Graeff<br />
40-44<br />
Pirâmide Etária<br />
45-49<br />
50-54<br />
55-59<br />
60-64<br />
65-69<br />
70-74<br />
75-79<br />
80-84<br />
Homens<br />
Mulheres<br />
IPI<br />
FPM<br />
37
O gráfico 4, evidencia a pirâmide etária do município, demonstra uma linha normal de<br />
desenvolvimento, a força produtiva de trabalho fica na média, um grande contingente no<br />
intercalo de 19 a 65 anos. Os dados são diferentes quando comparados às pessoas que<br />
residem na Microbacia do São José do Umbu. Outro fator importante é a contribuição<br />
econômica, no caso os aposentados que contribuem economicamente ao município. Eles<br />
constituem um grande contingente, cerca de 458 aposentados.<br />
3.2.1.5 – Evolução Populacional<br />
Po p ulação<br />
4000<br />
3500<br />
3000<br />
2500<br />
2000<br />
1500<br />
1000<br />
500<br />
0<br />
3.872<br />
1991<br />
3.883<br />
1996<br />
Gráfico 5 - Evolução Populacional<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
Evolução Populacional<br />
3.924<br />
2000<br />
3.080<br />
2007<br />
Ano<br />
População<br />
O gráfico 5, vem confirmar que está ocorrendo uma evasão de pessoas para outros<br />
municípios a procura de melhores oportunidades de emprego, principalmente nas empresas de<br />
grande porte como Stara e Jam; qualificação profissional; formação intelectual (universidade).<br />
Os dados levantados na microbacia recentemente mostram, com muita clareza, um êxodo<br />
rural, primeiro pela diminuição fundiária, a área não sustenta mais tantas famílias, a<br />
tecnificação das propriedades aleijam o produtor do sistema produtivo e a própria matriz<br />
produtiva (grãos) necessitam de menor mão-de-obra.<br />
3.2.1.6 - Área X nº de Estabelecimentos Agropecuários<br />
38
Valores<br />
18000<br />
16000<br />
14000<br />
12000<br />
10000<br />
8000<br />
6000<br />
4000<br />
2000<br />
0<br />
Lavouras<br />
temporárias<br />
Número de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
499<br />
Lavouras<br />
Area x Número de Estabelecimentos Agropecuários<br />
temporárias Área<br />
dos<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
16.619<br />
Forrageiras para<br />
corte Número de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
Gráfico 6 - Área X nº de Estabelecimentos Agropecuários<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
502<br />
Forrageiras para<br />
corte Área dos<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
91<br />
Pastagens<br />
naturais Número<br />
de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
298<br />
Pastagens<br />
naturais Área<br />
dos<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
No gráfico 6, é evidente que a grande ocupação dos solos no Município de Victor<br />
Graeff e a produção de grãos, o cultivo nesse ano foi assim implantado: soja 15.000 ha, milho<br />
3.000 ha, trigo 2.000 ha. Há uma ocupação de área com pastagens significativa, mas bem<br />
aquém da área de grãos.<br />
Valores<br />
20000<br />
18000<br />
16000<br />
14000<br />
12000<br />
10000<br />
3.2.1.7 – Estabelecimentos Agropecuários<br />
8000<br />
6000<br />
4000<br />
2000<br />
0<br />
579 544<br />
N° Total de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
Estabelecimentos Agropecuários<br />
N° de estabelecimentos<br />
agropecuários Masculinos<br />
Gráfico 7 - Evolução Populacional<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
17.937 ha<br />
Área dos estabelecimentos<br />
agropecuários Masculinos<br />
35<br />
N° de estabelecimentos<br />
agropecuários Femininos<br />
674 ha<br />
Área dos estabelecimentos<br />
agropecuários Femininos<br />
857<br />
39
O gráfico 7, relata uma questão de gênero dentro da matriz fundiária, as propriedades<br />
são administradas na sua ampla maioria por homens, mas tendo como mão-de-obra familiar a<br />
mulher, principal ajudante no trabalho de ordenha e manejo da atividade leiteira. O controle<br />
das decisões ainda são prioridades masculinas, prevalecendo a cultura do machismo.<br />
Valores<br />
3.2.1.8 – Matas e florestas<br />
1400<br />
1200<br />
1000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
0<br />
731 ha<br />
Matas e Florestas<br />
130 unidades 250 unidades<br />
Matas e/ou florestas naturais<br />
destinadas à APP ou RL<br />
Gráfico 8 - Matas e Florestas<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
1230 ha<br />
Matas e/ou florestas naturais<br />
(exclusiva para APP e RL em<br />
sistemas agroflorestais)<br />
10unidades<br />
25 ha<br />
Matas e/ou florestas florestas<br />
plantadas com essências<br />
florestais<br />
Segundo a FEE (Fundação de Economia e Estatística - 2009), a área territorial do<br />
município de Victor Graeff é de 238,3 km², destes a média de plantio nos últimos anos foi de<br />
15.000 ha de soja, 4.000 ha de milho, isso perfaz uma área de plantio de 19.000 ha.<br />
Conforme dados da FAMU<strong>RS</strong> a área de hoje de matas ou florestas naturais somam<br />
1961ha dum total de 19.000 há perfazendo apenas 10,32% de matas originais. Para<br />
alcançarmos a determinação por lei para RL precisaríamos um acréscimo de mais 1839 ha de<br />
área de RL em toda a abrangência do município.<br />
40
3.2.1.9 – Nº de estabelecimentos x criações<br />
Valores<br />
700000<br />
600000<br />
500000<br />
400000<br />
300000<br />
200000<br />
100000<br />
0<br />
Bovinos Número<br />
de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
N° de Estabelecimentos X Criações<br />
409 unid 296 unid 358 unid 4630 cab 6.163 cab<br />
Suínos Número<br />
de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
Gráfico 9 - Nº de estabelecimentos x criações<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
Aves Número de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
Criações<br />
Bovinos Número<br />
de cabeças<br />
Suínos Número<br />
de cabeças<br />
605.387 cab<br />
No gráfico 9, temos a matriz econômica baseada na agropecuária. Dentro do<br />
município a criação de suínos e avicultura de corte, ambas baseados no sistema de integração<br />
possuem uma boa representatividade. As respectivas atividades, além de proporcionarem um<br />
plús no setor primário, ainda representa para os produtores um custo a menos no custo de<br />
produção no item adubação, pois tanto a cama de aviário como os dejetos de suínos desde que<br />
fermentados por 120 dias são um ótimo adubo para a lavoura, minimizando o uso de adubos<br />
químicos. Outro dado que confere uma tendência é o crescente aumento da atividade leiteira<br />
atingindo 409 unidades (propriedades).<br />
Aves Número de<br />
cabeças<br />
41
3.2.1.10 - Nº de estabelecimentos x grãos<br />
Valores<br />
45000<br />
40000<br />
35000<br />
30000<br />
25000<br />
20000<br />
15000<br />
10000<br />
5000<br />
0<br />
263 unid<br />
Milho Número de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
N° de Estabelecimentos X Graõs<br />
463 unid<br />
Soja Número de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
Gráfico 10 - Nº de estabelecimentos x grãos<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
122 unid<br />
Trigo Número de<br />
estabelecimentos<br />
agropecuários<br />
14.877 ton<br />
Milho Quantidade<br />
produzida<br />
41.812 ton<br />
Soja Quantidade<br />
produzida<br />
3.012 ton<br />
Trigo Quantidade<br />
produzida<br />
No gráfico 10, temos a matriz econômica baseada na produção de grãos. Dentro do<br />
município a plantio de grãos é o que impulsiona o setor primário. Ao longo dos anos percebe-<br />
se que houve algumas oscilações de plantio, algumas, em detrimento do preço do produto;<br />
outros por falta de mecanização; e poucos por inovarem dentro do agronegócio, outros tipos<br />
de matrizes produtivas. Os dados relativos ao município em número de estabelecimentos<br />
agropecuários não diferem no tipo de cultura, mas sim no número de estabelecimentos quando<br />
comparados com o estudo proposto. A área mais expressiva é o plantio de soja, seguido de<br />
milho, trigo. Alguns produtores saíram da mesmice e cultivaram canola, praticamente a<br />
mesma remuneração da soja além da bonificação extra, mas há restrições de plantio pela falta<br />
de conhecimento do manejo por parte dos produtores. Na microbacia hidrográfica de São José<br />
do Umbu não é diferente segue o mesmo ordenamento.<br />
42
3.2.1.11 – Produto Interno Bruto (PIB)<br />
46%<br />
Gráfico 11 - PIB<br />
Fonte: FAMU<strong>RS</strong> 2010<br />
Produto Interno Bruto (Valor Adicionado)<br />
4%<br />
50%<br />
Agropecuária<br />
Indústria<br />
Serviçs<br />
No gráfico 11, temos a matriz econômica baseada na PIB. Entende-se por PIB -<br />
Produto Interno Bruto corresponde ao valor do output final total de todos os bens (produtos e<br />
serviços) produzidos internamente numa economia ao longo de um determinado período de<br />
tempo.<br />
A agropecuária, que, em 2008, representava 11,24% do Valor Adicionado Bruto<br />
(VAB) total, apresentou o maior crescimento setorial, com uma taxa de 1,2%. O valor da<br />
produção da lavoura registrou um decréscimo de 0,3%, com destaque para as quedas nas<br />
produções de milho (-20,2%), trigo (-17,0%) e mandioca (-4,3%) e os crescimentos nas<br />
culturas de feijão (22,4%), maçã (8,1%), arroz (7,3%) e soja (1,8%). A produção animal foi o<br />
destaque do ano na agropecuária, apresentando um crescimento de 4,3% no valor da<br />
produção. Ressalta-se a produção de leite, com uma taxa de 10,3%. Segundo os dados acima<br />
da FEE, o município responde ao mercado conforme a oferta do mesmo. A queda da área de<br />
trigo e milho esta intimamente ligada ao desempenho do preço dessas culturas, por sua vez<br />
soja e bovino de leite tiveram índices positivos, assim como reflete no aumento da área.<br />
43
Fonte: Fundação de Economia e Estatística – 2010<br />
44
Serviços; 61,2<br />
Estrutura (%) do VAB do Rio Grande do Sul - 2008<br />
Administração pública ; 13,2<br />
Comércio ; 14,9<br />
Transportes ; 4,8<br />
Demais serviços ; 28,3<br />
Agropecuária; 11,2<br />
Transformação ; 19,8<br />
Construção civil ; 4,5<br />
Eletricidade, gás e água ; 3,0<br />
Extrativa mineral ; 0,2<br />
Fonte: Fundação de Economia e Estatística - 2010<br />
Indústria; 27,5<br />
Outro dado importante para termos a dimensão da importância do setor primário é que<br />
a Agropecuária no <strong>RS</strong> tem um VAB de 11,2%, enquanto no município de Victor Graeff<br />
representa 50%. Em relação aos serviços no <strong>RS</strong> o VAB representa 61,2% e em Victor Graeff<br />
46%.<br />
4 RESULTA<strong>DO</strong>S E DISCUSSÃO<br />
4.1 A MICROBACIA NA DÉCADA DE 1980<br />
No gráfico 1 é possível observar que a microbacia se caracteriza por pequenas<br />
propriedades, cujo tamanho médio fica ao redor de 32 ha.<br />
45
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
7<br />
17<br />
12<br />
10<br />
0 a 10 11 a 25 26 a 50 51 a 100 > 100<br />
ha<br />
Gráfico 1: Estrutura fundiária na microbacia hidrográfica São José do Umbu - 1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
No gráfico 2 é possível observar que a maior parte da mão-de-obra disponível nas<br />
unidades produtivas na microbacia é da própria família do produtor. Além da mão-de-obra<br />
permanente, os produtores contratam trabalho adicional quando as necessidades da produção<br />
assim exigirem.<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
43<br />
107<br />
46<br />
4<br />
11<br />
< 14 15 a 45 46 a 65 > 65<br />
idade<br />
Gráfico 2: Mão-de-obra permanente na microbacia hidrográfica São José do Umbu -<br />
1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
No gráfico 3 é possível observar que, aproximadamente, 74% dos produtores da<br />
microbacia têm trator e mais da metade possuem colheitadeira. Em relação ao uso de tração<br />
animal, quase não é utilizada visto que menos de 20% possuem tal equipamento.<br />
46
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
49<br />
74,2<br />
37<br />
56<br />
9<br />
13,6<br />
Tratores Automotriz Animal<br />
categoria<br />
Possuem<br />
Dos que possuem<br />
Gráfico 3: Máquinas e equipamentos nas propriedades da microbacia hidrográfica São<br />
José do Umbu - 1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
No gráfico 4 é possível observar que na microbacia predomina o cultivo de apenas três<br />
produtos: soja e milho no verão e trigo no inverno. As demais culturas não são significativas.<br />
Uma avaliação bem oportuna é o número de ha de mata nativa existente na microbacia.<br />
1800<br />
1600<br />
1400<br />
1200<br />
1000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
0<br />
1528<br />
Soja<br />
Milho<br />
223<br />
Trigo<br />
455<br />
Outros<br />
60<br />
Pousio<br />
71<br />
Potreiro<br />
134<br />
Exploração Econômica<br />
Perenes<br />
15<br />
Mata Nativa<br />
145,4<br />
Reflorestamento<br />
Gráfico 4: Produção econômica na microbacia hidrográfica São José do Umbu - 1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
46<br />
47
No gráfico 5 é possível observar que quase na sua totalidade o grau de instrução dos<br />
produtores não passa do 1º grau.<br />
140<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
127<br />
1º Grau<br />
Inc<br />
26<br />
1º Grau<br />
Comp<br />
14 14<br />
2º Grau<br />
Inc<br />
Escolaridade<br />
2º Grau<br />
Comp<br />
7<br />
Superior<br />
Gráfico 5: Escolaridade dos produtores da microbacia hidrográfica São José do Umbu -<br />
1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
No gráfico 6 é possível observar que as principais fontes de água consumida na<br />
microbacia são os poços artesianos e vertentes, mais uma razão para a manutenção das áreas<br />
de APPs.<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
35<br />
Poços<br />
artesianos<br />
8<br />
14<br />
2<br />
30<br />
Poço raso fonte rios vertente<br />
origem<br />
Gráfico 6: Origem da água consumida na microbacia hidrográfica São José do Umbu -<br />
1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
48
No gráfico 7 é possível observar que mesmo sem as grandes integradoras, a<br />
suinocultura aparecia com um alto índice, seguido da bovinocultura de leite.<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
Vacas<br />
225<br />
Terneiras<br />
28<br />
Novihas<br />
138<br />
Terneiros<br />
96<br />
Criações<br />
Leitões<br />
248<br />
Cachasos<br />
13<br />
Criadeira<br />
Gráfico 7: Criações na microbacia hidrográfica São José do Umbu - 1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
No gráfico 8 é possível observar que 50,6% da receita estão relacionados ao cultivo da<br />
soja e 26,4% ao cultivo do trigo. Esse parâmetro mostra a alta concentração das duas culturas,<br />
ultrapassando os 77% e também a dependência econômica com os dois produtos.<br />
2.500.000,00<br />
2.000.000,00<br />
1.500.000,00<br />
1.000.000,00<br />
500.000,00<br />
0,00<br />
1.465.620,00<br />
766.846,00<br />
9.211,00<br />
35<br />
2.241.677,00<br />
Soja Trigo Milho Total<br />
produtos<br />
Gráfico 8: Receita agrícola na microbacia hidrográfica São José do Umbu - 1980<br />
Fonte: EMATER (1990).<br />
49
4.1.1 - A MICROBACIA NA DÉCADA DE 1980<br />
A seqüência de fotos retrata as condições da microbacia, no que tange às condições de<br />
solo, voçorocas formadas pela ação da erosão hídrica, formando valetas dentro da lavoura,<br />
acarretando perdas de solos, nutrientes e principalmente o assoreamento das nascentes e dos<br />
corpos hídricos. Percebe-se também a altura dos barrancos e as formações de imensas crateras<br />
dentro das lavouras que pertenciam a Microbacia do São José do Umbu.<br />
Foto1: Divisas de propriedades Foto 2: voçorocas<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
Foto 3: Voçorocas Foto 4: Taipas das propriedades<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
Foto 5: Altura dos barrancos erusionados Foto 6: Erosão nos desaguadouros<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
50
A seqüência de fotos relata os trabalhos realizados dentro da bacia hidrográfica do São<br />
José do Umbu, realizando o nivelamento do solo, o fechamento das voçorocas, a construção<br />
dos muruduns em nível para contenção das águas e uma melhor infiltração das mesmas, o<br />
emparelhamento dos barrancos junto ao nível das estradas, locação de novas estradas e por<br />
fim a correção dos solos tanto na acidez como os corretivos necessários através de análises de<br />
solo. Posteriormente foi feito plantio de árvores em lugares inaptos ao plantio de grãos.<br />
Fizeram parte ainda do serviço dentro da microbacia a descompactação do solo,<br />
adubação orgânica, adubação de cobertura, depósito de lixo tóxico e postos de abastecimento<br />
de pulverizador.<br />
Foto 7: Derrubada dos barrancos Foto 8: relocação de estradas<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
Foto 9: Fechamento de voçorocas Foto 10: Fechamento de voçorocas<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> – 1980<br />
Foto 11 : Nivelamento do solo Foto 12: Correção do solo<br />
Foto 11: Nivelamento do solo Foto 12: Correção do solo<br />
51
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
A seqüência de fotos abaixo relata a microbacia com as atividades já concluídas.<br />
Percebe-se as curvas de nível na foto abaixo, a implantação do sistema plantio direto que veio<br />
a consolidar todas as práticas de manejo no solo, permitindo a infiltração de água no solo, a<br />
porosidade do solo e com isso uma maior infiltração de água no sistema.<br />
Foto 13: Curvas de nível Foto 14: Plantio direto no solo<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
Foto 15: Plantio de soja Foto 16: Reflorestamento com exótica<br />
Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980 Fonte:<strong>Emater</strong> - 1980<br />
Uma maneira prática de visualizar os ganhos dos produtores com a implantação da<br />
microbacia são os índices de nutrientes antes e após a implantação da microbacia e os<br />
rendimentos alcançados ao longo do tempo e seus incrementos.<br />
Tabela 2 : Incrementos de fertilidade do solo<br />
1986 2007 Incremento<br />
PH 5,0 5,6<br />
SMP 5,9 6,0<br />
P 10,1 ppm 17,9 ppm 55 a 75%<br />
K 30 ppm 224 ppm 650 a 900%<br />
MO 1,1% 3,0% 100 a 170%<br />
Fonte: <strong>Emater</strong> – 1980<br />
52
Tabela 3: Ganhos de Rendimento na soja<br />
Anos 1980-1986 1987-1992 1993-2008<br />
Rendimento 2048 Kg/ha 2243 Kg/ha 2680 Kg/ha<br />
Incremento 195 kg/ha (9,5%) 437Kg/ha (19,5%)<br />
Fonte: <strong>Emater</strong> – 1980<br />
Valores<br />
3000<br />
2500<br />
2000<br />
1500<br />
1000<br />
500<br />
0<br />
2048<br />
Ganhos de Rendimento em Soja<br />
2243<br />
195<br />
2680<br />
437<br />
1980 a 1986 1987 a 1992 1993 a 2008<br />
Anos<br />
4.2 A MICROBACIA NA ATUALIDADE<br />
Rendimento<br />
Incremento<br />
Como descrito na metodologia, após 25 anos percorreu-se toda a Microbacia<br />
Hidrográfica do São José do Umbu buscando comparar a mesma. O levantamento foi feito<br />
através do Global Positioning System (GPS). A metodologia aplicada foi a visita a cada<br />
propriedade onde foi feito o georeferenciamento, conforme anexo 3. Após o<br />
georeferenciamento das propriedade que compõe a Microbacia Hidrográfica do São José do<br />
Umbu, percorrer-se a área toda, calculando o perímetro da mesma. A geração do mapa foi<br />
através do programa Google Earth, conforme anexos 5 e 6.<br />
Para surpresa, as lavouras apresentam uma realidade bem oposta daquela que foi<br />
construída na década de 80. Os muruduns, hoje foram laminados, sofreram um rebaixamento,<br />
quando muitas vezes foram retirados na sua totalidade. Percebe-se que antigamente o plantio<br />
53
direto serviu como um sistema para manutenção dos terraços, com função de proteger o solo e<br />
obter uma melhor infiltração de água evitando lixiviação de solo, nutrientes e corretivos.<br />
Hoje o plantio direto resumiu-se apenas ao não revolvimento do solo, perdeu-se a<br />
palhada que protegia, ajudava na infiltração , sem rotação, sem plantio em nível e a retirada<br />
dos murunduns e com isso observa-se escorrimentos superficiais, deposição de solos nas<br />
baixadas, turbidez da água. Com essa seqüência de equívocos o sistema já demonstra sinais<br />
de fadiga, a erosão laminar já se faz presente.<br />
Outro fator importante diz respeito à concentração das propriedades. Na década de 80<br />
tínhamos 61 famílias que moravam na microbacia, hoje residem apenas 29 famílias, um<br />
decréscimo de 52,4%, caracterizando-se como êxodo rural. Do montante inicial muitos<br />
morreram, outros venderam e poucos tiveram a oportunidade de aumentar seu capital. O<br />
capital social foi soterrado, sobreviveram os competentes? Ou os incompetentes foram<br />
incapazes de sobreviver aos 25 anos?<br />
4.3 ANÁLISE COMPARATIVA<br />
Após uma pesquisa junto a Prefeitura Municipal, para determinar se todas as pessoas<br />
que residiam na microbacia ainda se faziam presentes, das 61 famílias apenas 29 ainda<br />
moravam na Microbacia Hidrográfica São José do Umbu. Foram feitas pesquisas e<br />
localização das propriedades através de GPS, de onde resultou um mapa. Os gráficos abaixo<br />
relatam como a microbacia ao longo dos 25 anos foi mudando a sua característica de uma<br />
população com perfil de agricultura familiar e foi partindo para uma agricultura empresarial,<br />
ficando apenas os produtores com um perfil mais mecanizável e com menos uso de mão-de-<br />
obra. Um fator percebido ao longo das entrevistas é envelhecimento das famílias que vivem<br />
na microbacia. Os mais jovens saem da origem familiar e vão em busca de novas<br />
oportunidades, pois a área que ainda remanesce na família não comporta sustentar todos os<br />
seus membros. Os jovens vão para cidades vizinhas, principalmente as mais industrializadas<br />
para conseguir a sua subsistência.<br />
Em relação a saída dessas pessoas percebe-se um êxodo rural crescente, mas por<br />
incrível que pareça a geração de riquezas para o município não tem diminuído, pois a área de<br />
soja tem aumentado. Esse ano teremos um plantio de 15.000 ha de soja, um salto na<br />
quantidade de área, gerando milhões. A questão social essa enfrenta problemas,pois os jovens<br />
54
que não conseguem emprego nas fábricas, ficam em áreas marginais das cidades, gerando os<br />
excluídos do campo. A troca da agricultura de subsistência pela tecnificação e aumento nas<br />
áreas gera e incidira de maneira mais cruel ao longo dos anos.<br />
4.3.1 - Evolução Fundiária na Microbacia do São José do Umbu de 1980 a 2010<br />
Valores<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
Evolução da Estrutura Fundiária na Microbacia São José do Umbú 1890<br />
a 2010<br />
7<br />
17<br />
5 5<br />
12<br />
2<br />
0 a 10 11 a 25 26 a 50 51 a 100 100 a 200 > 200<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
ha<br />
4.3.2 – Evolução de Mão-de-obra permanente na Microbacia São José do Umbu no<br />
período de 1980 - 2010.<br />
Valores<br />
120<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
43<br />
Mão-de-obra permanente na Microbacia São José do Umbú<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
7<br />
107<br />
30<br />
10<br />
65<br />
3<br />
Faicha Etária<br />
46<br />
4<br />
25<br />
4<br />
0<br />
11<br />
3<br />
10<br />
1980<br />
2010<br />
1980<br />
2010<br />
55
4.3.3 - Evolução da Exploração econômica (ha) no período de 1980 a 2010 na<br />
Microbacia São Jose do Umbu<br />
Valores<br />
1800<br />
1600<br />
1400<br />
1200<br />
1000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
0<br />
Evolução da Exploração Econômica (ha) no período de 1980 a 2010 na Microbacia<br />
São José do Umbú<br />
223<br />
144<br />
1528<br />
937<br />
455<br />
145,4<br />
72 60 35 75<br />
Milho Soja Trigo Outros Mata Nativa Reflorestamento<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
Culturas<br />
4.3.4 – Evolução das Criações na Microbacia no período de 1980 a 2010<br />
Valores<br />
300<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
0<br />
225<br />
184<br />
Criações na Microbacia São José do Umbú<br />
138<br />
42<br />
96<br />
24<br />
248<br />
46<br />
13<br />
0 0<br />
Vacas Novilhas Terneiros Leitões Cachaços<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
Animais<br />
2<br />
1980<br />
2010<br />
1980<br />
2010<br />
56
4.3.5 – Evolução das Máquinas na Microbacia no período de 1980 a 2010<br />
Valores<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Evolução das Máquinas na Microbacia São José do Umbú<br />
49<br />
17<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
Tratores Automotriz<br />
Máquinas<br />
4.3.6 – Evolução das Receitas agrícolas na Microbacia no período de 1980 a 2010<br />
Valores<br />
R$ 4.000.000,00<br />
R$ 3.500.000,00<br />
R$ 3.000.000,00<br />
R$ 2.500.000,00<br />
R$ 2.000.000,00<br />
R$ 1.500.000,00<br />
R$ 1.000.000,00<br />
R$ 500.000,00<br />
R$ 0,00<br />
Evolução da Receita Agrícola da microbacia São José do Umbú<br />
R$ 401.400,00<br />
R$ 9.211,00<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
R$ 2.248.800,00<br />
R$ 1.465.620,00<br />
R$ 766.846,00<br />
R$ 86.400,00<br />
37<br />
R$ 0,00<br />
10<br />
R$ 675.648,00<br />
R$ 3.412.248,00<br />
R$ 2.241.677,00<br />
Milho Soja Trigo Leite Total<br />
Culturas<br />
1980<br />
2010<br />
1980<br />
2010<br />
57
5. DISCUSSÃO<br />
A microbacia conta hoje com uma área total de 2.175 há, ou seja, 31,5 Km de<br />
perímetro. Na década de 80 eram cultivadas 1718,5 ha e hoje 1511 ha de área útil.<br />
Nesses 25 anos ocorreram várias transformações, tanto no âmbito econômico, social<br />
territorial, antropológico e sociológico.<br />
5.1- Evolução Fundiária: O levantamento foi realizado o através do Global<br />
Positioning System (GPS). A metodologia aplicada foi a visita a cada propriedade rural e<br />
realizar o georeferenciamento, conforme anexo 3. Após o georeferenciamento das<br />
propriedades que compõe a Microbacia Hidrográfica do São José do Umbu, foi percorrido a<br />
área toda, calculando o perímetro da mesma. A geração do mapa foi realizada através do<br />
programa Google Earth, conforme anexos 5 e 6. Os dados fundiários foram obtidos conforme<br />
a metodologia, foram entrevistados produtores e perguntados vários temas pertinentes a<br />
propriedade conforme anexo 4 e 7. Percebe-se que houve um redimensionamento fundiário na<br />
Microbacia do São José do Umbu. A terra está concentrada cada vez mais na mão de poucos<br />
produtores. Os produtores de 0-100 ha que na década de 80 perfaziam 46, hoje perfazem<br />
apenas 10 produtores uma quebra de 78%. Desses produtores muitos venderam suas áreas<br />
para outros vizinhos, outros pela falta de jovens arrendaram e foram para a cidade. Outro dado<br />
interessante e a concentração de grandes áreas na mão de poucas famílias. Na década de 80<br />
tínhamos 4 produtores com até 200 ha e nesse novo levantamento já temos 3 produtores com<br />
mais de 200 ha ainda remanescentes da microbacia, fora outros produtores que adquiriram<br />
terras na microbacia e não moravam na região.<br />
5.2- Mão-de-obra: Os dados de mão-de-obra foram obtidos conforme a metodologia,<br />
foram entrevistados produtores e perguntados vários temas pertinentes ao universo familiar,<br />
como número de pessoas e idade dos moradores conforme anexo 7 . Percebe-se pelo gráfico<br />
que os produtores da microbacia envelheceram, raramente percebe-se a presença de jovens.<br />
Muitos jovens foram para cidades vizinhas como Não-Me-Toque onde existe 2 empresas de<br />
maquinários, a Jam e a Stara que absorve grande parte da mão-de-obra de municípios<br />
agrícolas da região como Victor Graeff, Lagoa dos Três Cantos, Tapera. Com a diminuição<br />
fundiária esses jovens buscaram outros caminhos para a sobrevivência, visto que a área<br />
fundiária casada com o tipo de produção (soja) torna a viabilidade econômica inviável dentro<br />
da porteira. Esse fenômeno podemos definir como êxodo rural, ou seja o deslocamento de<br />
58
pessoas da zona rural (campo) para a zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes<br />
do campo visam obter condições de vida melhor. Os municípios rurais também acabam sendo<br />
afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da população local, diminui a arrecadação de<br />
impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise.<br />
5.3- Exploração econômica: Os dados econômicos foram obtidos conforme a<br />
metodologia: foram entrevistados produtores e perguntados temas específicos como área<br />
cultivada de soja, de trigo, de milho, atividade leiteira, assim como para remanescentes de<br />
matas nativas ou plantadas conforme anexo 7. Percebe-se que houve poucas mudanças na<br />
matriz produtiva, os grãos mantiveram-se como grande carreador econômico, mesmo que se<br />
perceba uma diminuição de todas as comodites agrícolas. O que mais chama atenção, nessas<br />
informações, foram a diminuição da área de matas nativas. Na década de 80 tínhamos<br />
145,4ha e hoje temos 75 ou seja uma redução de 51,58%. Percebe-se a despreocupação para a<br />
preservação ambiental, seja o capital terra, água, flora e fauna. Percebe-se na pesquisa que as<br />
grandes áreas de remanescentes florestais estão nas mãos dos grandes produtores, aqueles<br />
situados entre 100 a 200 ha conforme anexo 7. Conforme dados da FEE, A agropecuária, que,<br />
em 2008, representava 11,24% do Valor Adicionado Bruto (VAB) total, apresentou o maior<br />
crescimento setorial, com uma taxa de 1,2%. O valor da produção da lavoura registrou um<br />
decréscimo de 0,3%, com destaque para as quedas nas produções de milho (-20,2%), trigo (-<br />
17,0%) e mandioca (-4,3%) e os crescimentos nas culturas de feijão (22,4%), maçã (8,1%),<br />
arroz (7,3%) e soja (1,8%). Esses dados vêm confirmar a mudança ao longo dos anos no<br />
processo da matriz produtiva, houve uma diminuição do plantio de milho, trigo, mas a soja<br />
continua aumentando a área plantada, mesmo que muitas vezes o manejo, a rotação de<br />
cultura, a palhada, a infiltração e aeração do solo sejam desconsideradas, permitindo que o<br />
processo erosivo do solo apareça e venha soterrar olhos d’agua, nascentes, assoriar rios,<br />
contaminar solo, água e contaminar rios que serão usados para dessedentação animal e água<br />
para os seres humanos.<br />
Aliado a esse quadro temos uma diminuição clara de Áreas de Preservação<br />
Permanente, que funcionam como um filtro biológico evitando que partículas de solo,<br />
resíduos de agroquímicos venham contaminar lençóis freáticos.<br />
59
Valores<br />
Evolução da Área de Mata Nativa entre 1980 a 2010<br />
2500<br />
2000<br />
1500<br />
1000<br />
500<br />
0<br />
Anos; 1980<br />
Anos; 2010<br />
Area Nativa;<br />
145,4<br />
Anos Area Nativa<br />
Variáveis<br />
Fonte: Alessandro Davesac – 2010<br />
Area Nativa;<br />
70<br />
5.4 - Criações na Microbacia: Houve um incremento bastante significativo na<br />
mudança da matriz produtiva na cadeia de criações. Os dados pertinentes a parte animal<br />
foram obtidos conforme a metodologia, foram entrevistados produtores e perguntados temas<br />
específicos como a criação de suínos, bovinos de corte,bovinos de leite, conforme anexo 7.<br />
Na década de 80 havia como produto principal a criação de suínos, hoje por sua vez percebe-<br />
se a troca do suíno pela bovinocultura de leite. Hoje a suinocultura basea-se em sistema<br />
integrado com as grandes empresas. Por sua vez a bovinocultura de leite se espraiou devido<br />
ao grande número de empresas compradoras e também por ser uma comodite que remunera<br />
mensalmente pelo produto, dando ao produtor uma estabilidade econômica maior. Conforme<br />
dados da FEE, a agropecuária, que, em 2008, representava 11,24% do Valor Adicionado<br />
Bruto (VAB) total, apresentou o maior crescimento setorial, com uma taxa de 1,2%. A<br />
produção animal foi o destaque do ano na agropecuária, apresentando um crescimento de<br />
4,3% no valor da produção. Ressalta-se a produção de leite, com uma taxa de 10,3%. Esses<br />
dados também refletem diretamente na pecuária criada na Microbacia Hidrográfica do São<br />
José do Umbu.<br />
5.5 – Máquinas na Microbacia: Os dados pertinentes a parte de maquinários<br />
existente na microbacia foram obtidos conforme a metodologia, foram entrevistados<br />
Série1<br />
Série2<br />
60
produtores e perguntados temas específicos como se existia na propriedade tratores ou<br />
automotrizes, conforme anexo 7. Pelo número de propriedade que ainda existem na<br />
microbacia, cerca de 29 das 61 que existiam na década de 80, o incremento de máquinas é<br />
bastante significativo, prova disso que existem 17 tratores e 10 automotrizes para um<br />
universo de 29 famílias, pode-se afirmar que é uma região com alta mecanização.<br />
5.6 - Receitas agrícolas: Para chegarmos aos dados da receita agrícola, o<br />
levantamento foi feito conforme metodologia, foi realizado entrevista dirigida aos produtores,<br />
onde foi perguntado a área de plantio de plantas de verão e de inverno. Para obter os valores<br />
multiplicamos o n° de ha de soja, milho, trigo a produtividade média e multiplicamos pelo<br />
preço médio pago na região. O mesmo procedimento foi adotado para o leite, conforme anexo<br />
7. Apesar da redução de propriedades, houve por sua vez uma maior liquidez econômica.<br />
Talvez pela especialização dos produtores e por uma série de tecnologias aplicadas ao manejo<br />
das culturas, o maior rendimento, produtividade e o preço tenham contribuído para o aumento<br />
da liquidez na microbacia. Outro item que veio incrementar foi o acréscimo da atividade<br />
leiteira, gerando um aumento de receita para os produtores.<br />
5.7 – Impacto dos 20% na área de Reserva legal: O impacto da adoção da Área de<br />
Reserva Legal junto a Microbacia Hidrográfica do São José do Umbu pode-se visualizar<br />
pelo gráfico.<br />
Valores<br />
1800<br />
1600<br />
1400<br />
1200<br />
1000<br />
800<br />
600<br />
400<br />
200<br />
0<br />
1718,5 ha<br />
Fonte: Alessandro Davesac – 2010<br />
Área da Microbacia X Rererva Legal - anos de 1980 a 2010<br />
343,7 ha<br />
1511 ha<br />
1980 2010<br />
Anos<br />
302,2 ha<br />
Area total<br />
RL<br />
61
O impacto gerado pela subtração da Área de Reserva Legal, não será avassalador, com<br />
certeza haverá uma redução econômica que seria relativa dependendo do tipo de cultura que o<br />
produtor iria trabalhar. Mas temos convicção que a adoção da Área de Reserva Legal traria<br />
vários benefícios ao produtor e ao meio ambiente ao qual ele pertence. Com o levantamento<br />
realizado de todas as propriedades através do Global Positioning System (GPS), obtemos a<br />
área total da propriedade, área cultivada com grãos, áreas com remanescentes de mata nativa e<br />
área de florestas plantadas. Pegamos a área total da microbacia e multiplica por 20% (RL).<br />
Onde:<br />
RL = (At ) * 20%<br />
RL- reserve legal (20%)<br />
At – área total<br />
Tabela 3 : Perda econômica nas culturas agrícolas na MHSJU<br />
Milho/sacos/ha Área SRL CRL Diferença Perda econômica média<br />
ha 144 144 115,2 28,8<br />
/produtor<br />
Valor/R$ 16 230.400,00 184.320,00 46.080,00 R$ 1692,41<br />
Prod 6t<br />
Soja/sacos/ha Área SRL CRL Diferença Perda econômica média<br />
ha 937 937 749,6 190,4<br />
/produtor<br />
Valor/R$ 41 2.305,020,00 1.544,016,00 761.004,00 R$ 26241,51<br />
Prod. 3 t<br />
Trigo/sacos/ha Área SRL CRL Diferença Perda econômica média<br />
ha 72 72 57,6 14,4<br />
/produtor<br />
Valor/R$ 20 72.000,00 57.600,00 14.400,00 R$ 496,5<br />
Prod. 3 t<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
62
Nos exemplos acima se fez uma previsão das áreas plantadas hoje na Bacia<br />
Hidrográfica do São José do Umbu, conforme o anexo 7.<br />
A cultura que demonstrou um maior impacto econômico, com a redução de 20%<br />
destinada a área de Reserva Legal, foi o soja. Quando dividimos a perda econômica média/<br />
produtor, vimos que e uma perda expressiva. Como é uma média, as perdas se refletem<br />
proporcionalmente ao tamanho da área de cada produtor. Isso vêm ao encontro com o que<br />
(Tsunechiro, 2009), abordou estimando uma perda de 20% na renda setorial..<br />
Tabela 4: Perda econômica em diferentes estruturas fundiárias na MHJSU<br />
Loreno Pinto da Silva 6<br />
Área (ha) SRL CRL(20% RL) Diferença<br />
ha 6 4,8 1,2<br />
Valor/R$ 9.840,00 7.872,00 1968,00<br />
Décio Hoffstaedter 131<br />
ha 131 104,8 26,2<br />
Valor/R$ 214.840,00 171.872,00 42.968,00<br />
Dirceu Hoffstaedter 216<br />
ha 216 172,8 43,2<br />
Valor/R$ 354.240,00 283.392,00 70.848,00<br />
Fonte: Alessandro Davesac - 2010<br />
SRL= Sem reserva legal<br />
CRL = Com reserva legal<br />
63
6 CONCLUSÕES<br />
Os objetivos deste trabalho serviram como balizador temático para os trabalhos a<br />
campo, tal observação visou identificar e analisar as principais mudanças fundiárias e<br />
econômicas provocadas pelo impacto da adoção de reflorestamento das Áreas de Preservação<br />
Permanente. Por outro lado averiguar o numero de produtores existentes na microbacia e por<br />
outro lado analisar o perfil fundiário das propriedades rurais e finalmente verificar as<br />
condições quantitativas das APP’S<br />
Foram analisados vários fatores, dentre eles a área coberta por mata nativa, a estrutura<br />
fundiária dos moradores da microbacia, etc. Após 25 anos, verificou-se uma mudança drástica<br />
na concepção inicial da Microbacia. Nota-se um crescente número de pessoas que<br />
abandonaram a microbacia, destituindo a mesma de uma característica familiar para tornar-se<br />
especializada na produção de grãos, deixando a agricultura de subsistência para ser uma<br />
agricultura de resultados e balizada nas especificidades de mercado. Por sua vez, percebe-se<br />
que a microbacia envelheceu, a população ali existente é composta por pessoas de faixa etária<br />
avançada, existe pouca juventude, sendo que os jovens buscam como saída econômica a ida<br />
para cidades maiores na busca de emprego nas empresas de maquinários como a Jam e a<br />
Stara em Não Me Toque.<br />
A matriz econômica mudou, na área de grãos a soja continua com sua punjância, o<br />
trigo e o milho em virtude dos baixos preços, perderam uma fatia importante dentro da área de<br />
plantio. Na questão das criações percebe-se uma erradicação da produção de suínos e em seu<br />
lugar a bovinocultura de leite cresce, resultado esse devido a várias empresas que<br />
comercializam leite na região.<br />
Outro fator importante é o decréscimo das áreas de florestas e conseqüentemente as<br />
Áreas de Preservação Permanente, uma quebra de quase 50% em relação a 1980. Percebe-se<br />
um claro retrocesso no manejo dos solos, cobertura dos solos, rotação de cultura, a crescente<br />
agropecuária ganhando espaço e tudo isso resulta num solo cada vez mais susceptível às<br />
agressões das chuvas, ventos, e como conseqüência uma erosão laminar e quem sabe daqui<br />
64
algumas décadas o retorno das grandes voçorocas, as mesmas que deram origem ao projeto<br />
em 1980 da Microbacia Piloto do Estado do Rio Grande do Sul.<br />
Falta conscientização por parte dos produtores e inclusive da parte técnica da<br />
importância da manutenção do solo, seu manejo e com isso uma maior infiltração de água no<br />
solo que alimenta o lençol freático, revigora os veios d’ água e minimiza os efeitos das<br />
estiagens.<br />
A cultura da soja aliada a grandes extensões de terras são um empecilho para a<br />
adequação da Reserva Legal, pois a repercussão econômica é grande..<br />
Pagamento por parte do poder público para os produtores que tiverem sua renda<br />
diminuída pela implementação da Reserva Legal.<br />
Readequação da pequena propriedade para a implantação da reserva legal, não é fator<br />
de dificuldade, poder-se-á mudar a matriz para atividade leiteira, pois num área de 6 há com a<br />
adequação perder-se-á 1,2 ha, se for em soja representa uma perda de R$1968,00, isso você<br />
dobra com a mudança da matriz produtiva, leite.<br />
O estudo sugere um novo repensar por parte dos governos municipais, estaduais,<br />
federais, programas que visem a retomadas das pesquisas multidisciplinares em cima da<br />
temática de solos, água , sociologia, antropologia, para a retomadas da conscientização do<br />
fator solos. O que se percebe ao longo desse trabalho é que existe um processo erosivo em<br />
cima do plantio direto, principalmente quando ocorre o sistema agropecuário, a falta de área<br />
foliar para a dessecação é enorme, então estamos dessecando o que. Não se pode esquecer que<br />
para mantermos o sistema plantio direto necessitamos de 16 toneladas de palha, hoje nesse<br />
sistema integração lavoura pecuária inexiste.<br />
Isso levaria crer que os problemas da década de 1980, estão sendo visualizados<br />
novamente, retiradas de terraços, acumulo de solo junto as estradas, estradas como<br />
desaguadouros de água, pouca palhada, com certeza entramos num retrocesso físico de solo,<br />
mas que poderão acarretar problemas econômicos, sociais e ambientais.<br />
65
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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Curitiba: Ed. da UFPR, 1990.<br />
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______..Resolução nº 303, Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de<br />
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67
8. ANEXOS<br />
Anexo 1: Produtores residentes/características na microbacia de São José do Umbu -<br />
1985<br />
Nome Área Total<br />
Área Cultivada Total de pessoas<br />
(ha)<br />
(ha) dentro microbacia<br />
Ademar Muhl 31 25,5 7<br />
Armiro Domingues 2 1 6<br />
Jose Lucas da Silva 10 8 5 F<br />
Oflides Muller 28 26 3 F<br />
Romeu Hofstreater 26 22 4 F<br />
Alzidio Arendt - - 4 F<br />
Arnildo Hofstaedter - - 2 F<br />
Marno Royer 3 2 6<br />
Antonio Marquetti 18 17 5 F<br />
Romeu Koech 18,5 18 6 F<br />
Melivio Borghetti 64 52 5 F<br />
Jose da Silva 1 1 5<br />
Maurílio Domingues 0,7 0,5 6<br />
Leopoldo Sturmer 24 12 3<br />
Arlindo Auler 15 10 4<br />
Arlindo Appeldt 65 40 4<br />
Gilton Appeldt - - 3<br />
Waldemar Schu 12 8 4<br />
Ruben Krüger 97 80 3<br />
Airton Kruger - - 3<br />
Roberto Schneider 56 48 3<br />
Ivo Schneider - - 4<br />
Waldemar Wendpap 24 22 2 F<br />
Felipe Alfen 26 22 3<br />
Wolni Dias Rodrigues 24,2 16 5 F<br />
Sergio Luis Denegri 30 25 2<br />
Jose Denegri 18 14 3 F<br />
Gelson Denegri 35 30 4<br />
César Denegri 7,5 7 3 F<br />
Alberi Muhl 5 5 4 F<br />
Arnaldo Althaus 36 30 4<br />
Olmiro Borghardt 24 19 6<br />
Jose Schons 19 16 4<br />
Jorge Shons - - 3<br />
Loreno Muhl 24,3 15 4<br />
Romeu Roque Shons 13 13 3<br />
Ari Shons 112,8 85 4<br />
Elio Shons 36,7 29 4<br />
Adelino Shons - - 3<br />
Ethevaldo Staudt 14 12,5 5<br />
Lotario Roesler 18 16 5<br />
Neuri Muhl 6,7 6,5 3 f<br />
Valdir Koech 62 46 6<br />
Luis Carlos Shons 7 7 2<br />
Agomercindo Shons 50 33 3<br />
Abílio Sharlau 61 48 4 F<br />
Edvino Befartt 40 33 3<br />
Ademar Graebin 15 15 3 F<br />
Olmiro Marquetti 55 45 4<br />
Ervelino Bruch 9 17 4<br />
Produtores fora da<br />
microbacia<br />
68
Darci Finger 52,5 41 4<br />
Pedrinho Koch 5,7 5,5 4 F<br />
Ademario Girardi 88,6 80 3 F<br />
Ivo Lassig - - 7<br />
Luiz A Marquetti Girardi - - 2 F<br />
Theodoro Narcizo 41 36 6<br />
Antonio Shons 28,6 20 4<br />
Paulo Shons - - 2<br />
Irma Sharlau Mareth 18,1 13 2<br />
Paulo Mareth - - 5<br />
Waldemar Muhl 9 9 4 F<br />
Miguel Muhl - - 3 F<br />
Reinold Arnt 12,5 10 9<br />
Ligia Maria Blatt 6,5 6 3 F<br />
Jose S. Muller 2 2 5 F<br />
Regina Muller 13 10,5 4<br />
Nelson Petry - - 5<br />
Osvaldo Pinto 12 11 3<br />
Loreno Pinto da Silva - - 4<br />
Jose de Brito 9 9 5 F<br />
Breno Neuls 11 9,5 4<br />
Castelar Muhl 5 5 1<br />
Otomar Seibt 8 6 6<br />
Antonio Ercildo R da<br />
Silva<br />
18 16 4<br />
João Adelar R da Silva 18 16 4<br />
Ernesto Rodrigues da 38 22 3<br />
Silva<br />
Escola Pe. Feijó 4,1 3 -<br />
Hugo Albino Hother 50 48 5 F<br />
Waldomiro Hoffstaedter 99 70 2 F<br />
Pedro Miguelino - - 5<br />
Nadiro Elias de Souza - - 7<br />
Décio Hoffstaedter 81,3 70 5<br />
Carlos Ervino Vieira - - 4<br />
Dirceu Hoffstaedter 81,3 70 4 F<br />
Antonio Sodré - - 4<br />
Ana Sodré - - 2<br />
Lauro Pinto da Silva 51 44 4<br />
Lourivaldo Pinto da Silva 51 44 5<br />
Paulo Pinto da Silva 51 44 5<br />
Fonte: Escritório Municipal da <strong>Emater</strong> de Victor Graeff (1985).<br />
69
Item Unidades<br />
Total geral da área 2119,6 ha<br />
Total área cultivada 1718,5 ha<br />
Total de propriedades 70<br />
Total de produtores envolvidos 86<br />
Total de pessoas envolvidas 356<br />
Total de produtores fora 27<br />
Total de produtores dentro da microbacia 61<br />
70
Anexo 2: Síntese das características na microbacia de São José do Umbu - 1985<br />
Fonte: Escritório Municipal da <strong>Emater</strong> de Victor Graeff (1985).
Anexo 3 – Distribuição das propriedades junto a Microbacia Hidrográfica São Jose do Umbu<br />
Fonte: Escritório Municipal da <strong>Emater</strong> de Victor Graeff (1985).
Anexo 4 : Produtores residentes/características na microbacia de São José do Umbu / 2010<br />
Nome Área Total<br />
(ha) 1985<br />
Área Total<br />
(ha) 2010<br />
Total de<br />
pessoas<br />
dentro<br />
microbacia<br />
1985<br />
Total de<br />
pessoas<br />
dentro<br />
microbacia<br />
2010<br />
Coordenadas Geográficas<br />
S WO m<br />
Armiro Domingues 2 2.5 6 1 28º 32’ 38,8” 52º41’14,7” 447<br />
Jose Lucas da Silva 10 Vendeu para Dirceu Hofstraeter<br />
Elevação<br />
Jose Silvano Muller 2 200 5 3 Não mora na Microbacia, mas tem área<br />
Oflides Muller 28 28 3 2 Mora em Tio Hugo, tem terra na Microbacia<br />
Romeu Hofstreater 26 19 4 3<br />
Milton A Marquetti 18 55,3 5 2 28º 32’ 12,0” 52º42’54,2” 405<br />
Romeu Koech 18,5 6<br />
Arlindo Appeldt 65 4<br />
Ruben Krüger 97 51 3 3 28º 33’ 32,8” 52º43’24,7” 396<br />
Jose de Negri 18<br />
Gelson de Negri<br />
César de Negri<br />
35<br />
7,5<br />
Venderam<br />
Olmiro Borghardt 24 20,5 6 2 28º 32’ 28,3” 52º40’17,1” 482<br />
Jorge Shons invernadinha 3 Vendeu Moacir Schons e Lacy Schons<br />
Loreno Muhl 24,3 55 4 2 28º 31’ 47,2” 52º41’41,2” 448<br />
Romeu Roque Shons 13 30 3 2 28º 31’ 47,7” 52º41’51,17” 442<br />
Neuri Muhl 6,7 Vendeu<br />
Valdir Koech 62 203 6 6 28º 32’ 04,5” 52º40’59,8” 477<br />
Theodoro Narcizo 41 43,5 6 4 28º 33’ 30,8” 52º43’20,7” 396<br />
Paulo Shons 2 24 2 4 28º 32’ 43,7” 52º41’24,1” 454<br />
Jose Silva Muller 2 25 5 7<br />
Loreno Pinto da Silva 12 6 4 2 28º 32’ 31,2” 52º40’50,7” 447<br />
Jose de Brito 9 4,5 Vendeu Ari Klain<br />
Otomar Seibt 8 3 6 2 28º 32’ 05,4” 52º42’31,1” 409<br />
Antonio Ercildo R da Silva 18 10 4 7 28º 32’ 39,7” 52º41’56,9” 427<br />
João Adelar R da Silva 18 18 4 4 28º 32’ 33,5” 52º41’57,0” 421<br />
Décio Hoffstaedter 81,3 131 5 2 28º 33’ 27,7” 52º42’14,1” 443<br />
Dirceu Hoffstaedter 81,3 216 4 3 28º 33’ 36,4” 52º42’05,8” 462<br />
Lauro Pinto da Silva 51 134 4 5 28º 32’ 08,6” 52º42’35,9” 422<br />
Lourivaldo Pinto da Silva 51 105 5 5 28º 33’ 41,6” 52º40’22,3” 487<br />
Paulo Pinto da Silva 51 130 5 7 28º 32’ 44,2” 52º41’10,9” 450<br />
TOTAL 880,6 1511 138 75<br />
Fonte: Alessandro Davesac – <strong>Emater</strong> Victor Graeff (2010).
Anexo 5 – Mapa da Bacia Hidrográfica do São José do Umbu e as propriedades remanescentes das mesmas<br />
Fonte: Alessandro Davesac – <strong>Emater</strong> Victor Graeff - 2010<br />
2
Anexo 6- Georeferenciamento das Propriedades da Bacia Hidrográfica do São José do Umbu<br />
Fonte: Alessandro Davesac – Enater Victor Graeff - 2010
Anexo 7 - Dados das pesquisas levantados à campo na Microbacia do São José do Umbu - 2010<br />
Área milho soja trigo Arv<br />
nat<br />
Arv<br />
exo<br />
trator autom sorg Azevem Aveia tif silag Feno Vaca Novilha Boi<br />
130 20 110 13 1 7 2<br />
24 x X x x 14 1 2<br />
6 2 1 0,5 x X x 8 3<br />
18 15 2 0,5 X 10 3 8<br />
55,3 5 x X x x 11 11<br />
3 2 1<br />
30 18 22 18 x X x 5 2 1<br />
2 0,5<br />
52 50 3 1 1<br />
25 1 20 4 0,5 2 1 x X x x 8 1 1<br />
200 15 150 35 3 X x x x 8<br />
42 36 1.5 1 1 x X x x 5 2 4<br />
214 40 150 1 1 1 1 x X x x 60<br />
119 17 102 15 15 1<br />
10 8 x x 4 1 2<br />
25 25 2 1<br />
27 2 1 1<br />
105 100 1 1 x x x 20 2 2<br />
51 6 28 x x x x 31 16 4<br />
151 25 100 26 1 1<br />
19 19 1 1<br />
200 10 150 40 0<br />
1508 144 937 72 75 2 17 10 184 42 24<br />
Fonte: Alessandro Davesac – <strong>Emater</strong> Victor Graeff<br />
2
Anexo 8 – Formulário de entrevista para os produtores da Microbacia Hidrográfica de São José do Umbu<br />
NOME:____________________________ LOCALIDADE:_____________________COORD GEO: S 28º ‘ ‘’ WO 28º ‘ ‘’ ELEVAÇÃO:<br />
Ha Rebanho Pastagem Grãos Litros<br />
(ano)<br />
Empresa Arvore nativa<br />
Arvore exótica<br />
P A V N B PV PI Anual Silagem Feno M T S AN AE<br />
P= própria A= arrendada V= vacas N= novilha B= boi PV= pastagem verão PI = pastagem inverno<br />
Água Família Escolaridade Maquinário<br />
Fonte Poço comunitário Adultos Idosos Jovens 1º 2º 3º Trator Automotriz<br />
3