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Cartilha Psi

Cartilha para o estágio básico III

Cartilha para o estágio básico III

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SUMÁRIO

EDITORIAL

03 - Editorial

04 - Grupos Operativos de Enrique Pichon -

Rivière

05 - O que é Psicologia Social?

06 - Envelhecimento no Brasil

07 - Representações Sociais do Envelhecer

08 - Envelhecimento Ativo

10 - Atenção Integral à saúde do idoso

11 - Saúde mental para a Psicologia Social de

Pichon-Rivière

13 - O Processo grupal de Pichon Rivière como

mecanismo potencializador para a promoção

de saúde mental em idosos

14 - Notas do Editor

Caros Leitores,

Ilana Santos de Jesus

Estamos iniciando a primeira edição da Cartilha Psi. A cartilha é voltada para estudantes e profissionais

da Psicologia que tenham o intuito de trabalhar com os mais diversos públicos que serão abordados em

cada edição. Essa edição em especial se inicia falando da chamada “melhor idade” entre o senso comum.

As informações que serão abordadas nas próximas páginas, trazem definições sobre temáticas que foram

estudadas ao longo do semestre de 2020 como representações sociais em idosos, psicologia social aplicada a

grupos operativos de Pichon-Rivière.

Os grupos operativos consistem em um trabalho com grupos tendo o objetivo de promoção de

aprendizagem para todos os envolvidos. As representações sociais também entram em evidência nas próximas

páginas quando se fala sobre as estereotipagens em idosos, tendo assim um pré-julgamento de que todos os

idosos obrigatoriamente têm de ser desse jeito em especial que vocês já podem conhecer ou irão conhecer

no decorrer da leitura. Sem mais delongas, espero que vocês tenham uma leitura tranqüila e que dúvidas,

questionamentos e curiosidades sejam sanados.

Desejo a vocês, uma ótima leitura!

UNIME - PARALELA

ESTÁGIO BÁSICO III

DOCENTE: MÁRCIA PRUDENTE

DISCENTES: ANDREIA REGINA LIMA ANDRADE, CAIO SANTOS MATOS NOVAES, CAMILA

NUNES DE OLIVEIRA PINHEIRO, ILANA SANTOS DE JESUS, JAIANA SOUZA RAMOS DE OLIVEIRA,

JAQUELINE CERQUEIRA PAIXÃO, JAQUELINE CRISTINA RODRIGUES DA SILVA, LUCIANA EMILIA

MENESES BETENCOURT, MARCUS VINICIUS FERREIRA RODRIGUES, MARIA EDUARDA PORTELA

BARRETO, RAFAELA PEREIRA DOS SANTOS, SHEILA DE JESUS SANTIAGO VENTURA.

EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO DA CARTILHA: ILANA SANTOS DE JESUS.

3



Grupos Operativos de Enrique Pichon Rivière

O que é Psicologia Social?

Enrique Pichon Riviere, nascido em Genebra

em 25/06/1907, logo imigra para Argentina em 1910,

onde vive inicialmente no interior, com sua família

culta e progressista. Em 1926, passa a viver na capital

efervescente de cultura e arte, a Buenos Aires e seu

modernismo do início do século, a que o jovem médico

psiquiatra também admirava. Falece na Argentina,

em 1977.

Pichon Rivière foi um entusiasta da psicanálise,

integrando-a na psiquiatria argentina, sendo o fundador

da APA – Associação Psicanalítica Argentina.

Pichon-Rivière começou a trabalhar com grupos na

medida em que observava a influência do grupo familiar

em seus pacientes.

A prática exercida por Pichon,esteve

subsidiada pela psicanálise e pela psicologia social.

Ele Defende ainda a ideia de que aprendizagem é

sinônimo de mudança, na medida em que deve haver

uma relação dialética entre sujeito e objeto e não uma

visão unilateral, estereotipada e cristalizada.

A aprendizagem centrada nos processos

grupais coloca em evidência a possibilidade de uma

nova elaboração de conhecimento, de integração e de

questionamentos acerca de si e dos outros. A aprendizagem

é um processo contínuo em que comunicação

e interação são indissociáveis, na medida em que

aprendemos a partir da relação com os outros.

A técnica de grupo operativo consiste em um

trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um

processo de aprendizagem para os sujeitos envolvidos.

Aprender em grupo significa uma leitura crítica

da realidade, uma atitude investigadora, uma abertura

para as dúvidas e para as novas inquietações.

Na década de 60/70 o autor traduz o amadurecimento

de sua obra teórica, conceituando o ECRO-

Esquema Conceitual Referencial e Operativo, que

pretende pesquisar a constituição da subjetividade

no tecido da macroestrutura social, em sua dialética

no cotidiano. A prática clínica no atendimento de pacientes

se destaca como ponto de retificação permanente

e dialética, sendo a sua teoria levada à práxis.

Luciana Emilia Meneses Betencourt

A psicologia social surgiu para estabelecer

uma ponte entre a psicologia e a sociologia. O seu

objeto de estudo é o comportamento dos indivíduos

quando estão em interação.

Ela também pode ser definida como o estudo

do condicionamento que os processos mentais impõem

à vida social do homem, ao mesmo tempo que

as diversas formas da convivência social influem na

manifestação concreta dos mesmos.

Segundo Aroldo Rodrigues, psicólogo brasileiro,

a psicologia social é o estudo das “manifestações

comportamentais suscitadas pela interação de

uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa

de tal interação”.

A Psicologia social encontra o seu espaço

entre a Sociologia e Psicologia convencional. Essas

últimas condensam bem o modo de trabalho da primeira.

Ademais, a Psicologia convencional foca o seu

trabalho em apenas um indivíduo por vez, enquanto

a Sociologia trabalha em um grupo. Assim sendo, a

Psicologia de grupo une o melhor dos dois mundos,

trazendo ótimos resultados.

Graças ao psicólogo alemão-americano Kurt

Lewin, tivemos acesso a essa modalidade de estudo

das relações humanas. Kurt conseguiu construir uma

abordagem para estudar melhor o condicionamento

social, pelo qual todos passamos.

A Psicologia social foca o seu trabalho nos

traços e conexões que ligam um único indivíduo a

um grupo. Assim, esse tipo de estudo propõe que as

pessoas mudam seu comportamento quando estão inclusas

em uma esfera social. Portanto, após isso, são

feitas comparações em relação ao comportamento

quando ele está só.

A Psicologia de grupo ainda propõe um alcance

maior. Graças a ela, ainda é possível avaliar a interdependência

entre cada indivíduo. Isso se resume

em como os estímulos externos proporcionados pela

sociedade interferem no nosso pensamento.

Sheila de Jesus Santiago Ventura

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Envelhecimento no Brasil

Representações Sociais do Envelhecer

O Brasil recentemente tem tido melhorias

nas condições de vida no país devido aos avanços que

tivemos nas últimas décadas, porém não o suficiente

pra lidar com a crescente expectativa de vida, e consequentemente

com a população idosa no Brasil.

Temos muitos problemas a enfrentar antes de

estarmos preparados para lidar com uma porcentagem

de idosos como sendo a maior parte dos cidadãos que

vivem no Brasil, diversos problemas de infraestrutura

para locomoção, atendimento médico precário, e

até mesmo o sistema previdenciário responsável por

gerir os benefícios de aposentadoria, que não são o

suficiente para o idoso suprir as suas necessidades,

fora que um dos maiores problemas em ser um idoso

que vive no Brasil, e a própria sociedade que muitas

vezes não dão a devida importância a essas pessoas,

considerando até serem incapazes de contribuir pra

sociedade em que vivem, sendo tratadas apenas como

fardo, e nós sabemos que isso não é verdade.

“De 2012 para cá, o Brasil ganhou 4,8 milhões

de novos idosos. É um crescimento de 18% do

grupo etário. A maior parte é composta por mulheres,

com 16,9 milhões, enquanto os homens considerados

idosos somam 13,3 milhões, ou seja, já existem mais

de 30 milhões de pessoas com mais de 65 anos.

No entanto, o avanço será mais significativo

até 2036, quando o número de quem tem mais de 65

anos vai superar o de crianças, ou seja, trata-se de um

sinalizador que deve ser respeitado pelas autoridades.”

Diante dessa modificação no cenário urbano,

muitas políticas públicas deverão ser focadas na vida

dos idosos. Dessa maneira, as cidades terão a obrigação

de criar mais espaços de convivência, com

programações em várias áreas voltadas para quem já

passou dos 65 anos.

Meios de acessibilidade, como transporte público

com mais vagas, programas de envolvimento

com a comunidade, casas compartilhadas e encontros

de grupos para autoajuda deverão ser investimentos

com foco no bem-estar das pessoas, que terão, consequentemente,

uma maior longevidade.

Além disso, os próprios idosos deverão se cuidar

mais, de olho na qualidade de vida. Portanto, você

já pode começar hoje mesmo, tendo uma alimentação

balanceada, praticando atividades físicas, participando

de ações sociais, trabalhando a mente etc. — enfim,

a dica é não ficar parado.

Desde os anos 80, o índice do envelhecimento

populacional deu um salto em todo o mundo. Com

isso, tornou-se cada vez mais necessário falar sobre

esse assunto, tendo em vista que vivemos

em uma sociedade que não foi preparada para

essa transição. A falta de preparo e conhecimento

sobre o tema contribui para o surgimento

de inúmeros preconceitos e estereótipos

para com o idoso.

O idoso é costumeiramente visto como

um empecilho, em diversos contextos. É muito importante

frisar que a velhice não é sinônimo de incapacidade,

embora essa seja a representação social de

maior destaque quando se fala em envelhecimento.

Essa visão estigmatizada da velhice pode provocar

nos idosos sentimentos como auto rejeição,

tristeza, angústia, solidão... o que tem um impacto

muito negativo em suas vidas.

A representação social do idoso em nossa

sociedade sofreu uma influência histórica, pois, é

proveniente de toda a nossa construção cultural.

Portanto, precisamos ir na origem dessa construção,

através da educação, que é a chave de toda mudança.

No momento em que o idoso passa a se ver

como um sujeito ativo, ele se enxerga também como

um ator social, isso irá repercutir na sua autoestima

e qualidade de vida, o que sem dúvida é um grande

ganho para ele próprio e para todos nós enquanto sociedade.

Ainda segundo o IBGE, até 2034, os idosos

devem atingir 15% da população brasileira. Hoje, eles

representam quase 10%.

Marcus Vinicius Ferreira Rodrigues

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Maria Eduarda Portela Barreto



Envelhecimento Ativo

O envelhecimento é um processo biológico

contínuo que se inicia desde que nascemos. Envelhecemos

um pouco a cada dia e nenhum ser humano

está imune a isto. Embora não haja um consenso entre

os estudiosos do tema, o processo de envelhecimento

acentua-se a partir dos 40 anos de idade.

De acordo com a ativista Maggie Kuhn, fundadora

do movimento das Panteras Cinzas, “Existem

seis mitos sobre a velhice:

a) Que é uma doença, um desastre;

b) Que somos estúpidos;

c) Que não transamos;

d) Que somos inúteis;

e) Que somos impotentes; e

f) Que todos somos iguais. ”

Essas ideias fantasiosas sobre a velhice são

uma clara oposição ao conceito de envelhecimento

ativo proposto pela OMS.

“Envelhecimento ativo é o processo de otimização

das oportunidades de saúde, participação e segurança,

com o objetivo de melhorar a qualidade de

vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. ”

A palavra “ativo” refere-se à participação contínua

nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais

e civis, e não somente à capacidade de estar

fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho.

os sonhos e os projetos que nos mantem vivos e ativos,

escamoteando a doença e a morte. Em certa ocasião

o autor e diretor de cinema Woody Allendeclarou:

“Você pode viver até os cem anos se você não

desistir de todas as coisas que fazem você querer viver

até os cem. ”

A concepção de envelhecimento ativo objetiva

o aumento da expectativa de uma qualidade de

vida saudável para todos os que estão

envelhecendo, inclusive os

que são mais frágeis. Isto

inclui a manutenção da autonomia

e da independência,

elementos fundamentais que

devem ser meta fundamental

para indivíduos, famílias e

governantes.

A Autonomia consiste na habilidade de controlar,

lidar e tomar decisões pessoais sobre como se

deve viver diariamente, de acordo com suas próprias

regras e preferências. A independência, por sua vez,

pode ser compreendida como a habilidade de executar

funções relacionadas à vida diária – isto é, a capacidade

de viver independentemente na comunidade

com alguma ou nenhuma ajuda de outros.

Para garantir um envelhecimento ativo é importante

investir na:

oportunizando o desenvolver de novas habilidades,

em áreas como tecnologia da informação, autoconhecimento,

espiritualidade, entre outras.

Integração social - Realizar atividades que

favoreçam a reduçãodos riscos da solidão e do isolamento

social inserindo-se em grupos comunitários,

religiosos, de ajuda mútua, de arte e cultura, culinária,

artesanato, esporte, lazer, etc.

Atividade voluntária – Participar em atividades

voluntárias significativas, especialmente aqueles

que querem ser voluntários.

Enfim, é fundamental usar essa etapa da vida

em que, hipoteticamente, há mais tempo livre, menos

obrigações com estudo, trabalho, filhos para planejar

e resgatar desejos e sonhos adiados, arriscando-se em

experiências inusitadas que estimulem novas sinapses

cerebrais, a relação com pessoas, lugares e aprendizados.

Lembremos do sábio filósofo chinês, Confúcio:

“Você não pode mudar o vento, mas

pode ajustar as velas para chegar ao seu

destino”.

A velhice ativa possibilita que os idosos percebam o

seu potencial para o bem-estar físico, social e mental

ao longo do curso da vida, participando da sociedade

de acordo com suas necessidades,

desejos e capacidades.

É imprescindível estarmos

alertas e abrirmos

nossa mente ao desejo de viver

e ser feliz são os desejos,

Saúde física - Realizar acompanhamento médico

regular, reduzir dos fatores de risco associados às

principais doenças e aumento dos fatores que protegem

a saúde durante a vida.

Atividade física - Desenvolver atividades físicas

regulares, apropriadas e sob orientação médica.

ela associados.

Aprendizagem permanente - incluir-se em

programas de educação e aprendizagem permanentes,

Andréia Regina Lima Andrade

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Atenção Integral à saúde do idoso

Saúde mental para a Psicologia Social de Pichon-Rivière

O SUS adotou a organização em Redes de

Atenção à Saúde como estratégia para responder aos

problemas vivenciados na gestão do sistema. Nesse

contexto, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) são

arranjos organizativos formados por ações e serviços

de saúde, com diferentes configurações tecnológicas

e missões assistenciais, articulados de forma complementar,

de base territorial, tendo como atributos:

a atenção básica como primeiro ponto de atenção e

principal porta de entrada do sistema, constituída por

equipe multidisciplinar que cubra toda a população,

integrando e coordenando o cuidado para atender às

necessidades de saúde, conforme apregoa a Portaria

4.279/2010, que estabelece diretrizes para a organização

da RAS.

A utilização dos pontos de atenção das RAS, a

partir da orientação e organização do cuidado proposto

pelo modelo de atenção à saúde da pessoa idosa,

teve como motivações:

°Estreitar e aperfeiçoar a articulação entre as

equipes da atenção básica e as equipes dos demais

componentes da RAS, para garantir maior resolutividade

dos cuidados prestados à população idosa nos

territórios e acompanhamento sistemáticos dos casos

mais complexos.

°Buscar melhores resultados sanitários nas

condições crônicas, diminuição das referências para

especialistas e hospitais, aumento da eficiência dos

sistemas de saúde, produção de serviços mais custo-efetivos

e melhorias na satisfação dos usuários em

relação aos serviços de saúde.

°Ampliar e qualificar o acesso da pessoa idosa

ao SUS, a partir das suas especificidades.

O modelo de atenção considera, além dos

pontos de atenção da Atenção Básica, os da Atenção

Especializada Ambulatorial e Atenção Especializada

Hospitalar e os sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico.

O modelo requer pensar, portanto, em novos

arranjos intra e intersetoriais, visando responder aos

novos desafios que o acelerado processo de envelhecimento

da população brasileira nos impõe.

Jaiana Souza Ramos de Oliveira

Pichon-Rivière concebe o ser humano

como um ser de necessidades que só se satisfazem

socialmente, em relações que o determinam como

produtor e produzido pelo meio.Sendo assim, todas

as experiências vivenciadas pelos sujeitos passarão,

inevitavelmente, por três aspectos que organizarão

e darão significado a elas: o pensar, o sentir e o

fazer. Quase sempre esses três aspectos não estarão

integrados, o que culmina em experiências de vida

traumáticas, bloqueadoras de novas aprendizagens e,

portanto, produtoras de enfermidades.

Quiroga vem esclarecer a concepção de saúde

mental para a psicologia social pichoniana: consiste

em uma modalidade da relação do sujeito consigo

mesmo e com suas condições concretas de existência.

(QUIROGA, 2012, p.18 ). Portanto, existem dois

polos nessa relação que irão produzir saúde ou doença:

o sujeito e as condições concretas de existência. Por

um lado, vale analisar o grau de interação do sujeito

consigo e com os outros, a consciência de seus conflitos

e das relações nas quais está inserido e é ator. Em suma,

vale analisar a possibilidade de o sujeito reconhecerse

como produtor, em interação com a natureza e

com outros sujeitos, da sua história. De outro lado,

carece de investigação até que ponto a ordem social,

institucional e familiar favorece a aprendizagem, as

relações dialéticas de transformação, ou se, ao invés

da aprendizagem, predominam as condições para a

10 11

instalação dos estereótipos e da passividade, gerando

ou criando abismos entre o sujeito e a realidade.

É em função desta análise dialética da

relação do sujeito com suas condições concretas de

existência que se chega ao conceito de saúde mental

como uma construção coletiva. Conclui-se, para

isso, que a saúde está em constante transformação,

tanto no sentido de desenvolvimento, quanto para a

instalação da doença em diversas práticas: o trabalho,

a família, a justiça, a diversidade sexual, a juventude,

etc. No acontecer cotidiano, a saúde se faz e desfaz

socialmente. A saúde, portanto, está vinculada a

um projeto coletivo dentro do qual cada um de nós

desenvolve um projeto pessoal. É neste intuito que

esta proposta está relacionada ao projeto de saúde

coletiva preconizado pelo SUS. Todavia, deve estar

com a sociedade o poder e a consciência de modificar

este projeto de acordo com as necessidades e anseios

coletivos. Por isso, o grupo operativo emerge como

instrumento potencializador desta consciência para

transformar.

No âmbito da saúde coletiva, se é oferecido

a grupos de idosos a possibilidade de operar

sobre a realidade, transformando-a juntamente

com profissionais de saúde e outros atores sociais

mobilizados para a construção coletiva da saúde, o

impacto das ações de saúde passa a ter um caráter



social e, portanto, ganha significado e se torna

significante para todos os envolvidos. Trata-se, nesse

sentido, de ações de saúde que façam sentido e que

ganhem sentido no decorrer do processo grupal. Aqui

se inserem propostas de valorização da cultura local,

de territorialização, de empoderamento dos sujeitos

e de modelo dialógico entre profissionais e usuários.

Pode-se, então, integrar o pensar, o sentir e o fazer

na saúde, modificando as tendências pedagógicas

liberais e as práticas de saúde.

Bosi (1994) contribui para essa elaboração ao

defender que a utilização da memória na evocação

de lembranças e histórias de vida em âmbito grupal

pode proporcionar aos idosos(as) a possibilidade de

transformação e adaptação ativa à realidade.

Essa atribuição de significados é possível

graças às emoções e os sentimentos vividos pelo

idoso, que exercem a função de reorganizadores do

seu trajeto de vida. Nesse sentido, portanto, a memória

é presente a partir do momento em que ela serve de

base para que se faça uma leitura atual da realidade

e possibilite à pessoa desenvolver a autonomia

necessária para uma participação mais efetiva e ampla

de um envelhecer mais saudável e integrado ao meio

social.

Jaqueline Cerqueira Paixão

Jaqueline Cristina Rodrigues da Silva

A autora explicita a ideia de que a

memória não é integral. O ato de

lembrar é refazer - ou atualizar,

como entende Pichon-Rivière –,

o passado passado com imagens e pensamentos

de hoje. Explicando essa

ideia, Bosi comenta: “a lembrança

é uma imagem construída

pelos materiais que estão, agora,

à nossa disposição, no conjunto de

representações que povoam nossa

consciência atual” (BOSI, 1994, p.55). Dessa

forma, interliga-se a memória individual à memória

grupal, e esta à memória coletiva de cada cultura.

Não há como separar essas esferas, visto que a

linguagem é a principal responsável pela socialização

da memória.

A memória também representa um papel

fundamental na construção da identidade do idoso e

também colabora para a sua afirmação pessoal e social

a partir da ressignificação do seu papel na sociedade.

Quando evocam suas lembranças, os idosos têm a

oportunidade de visualizar melhor pontos de partida e

chegadas ao que se refere às suas experiências de vida

e podem, então, organizá-las no tempo, atribuindolhes

um significado.

O Processo grupal de Pichon Rivière como mecanismo potencializador

para a promoção de saúde mental em idosos

O grupo operativo proposto por Pichon-

Rivière (2009) estabelece como metodologia a

aprendizagem sobre o processo grupal, vivenciando o

próprio processo grupal. É uma formação que envolve

um aporte teórico, uma técnica, a construção de uma

atitude psicológica e de uma distância ótima em relação

ao fenômeno e a apropriação do método dialético que

permite visualizar aspectos contraditórios que emergem

em todos os processos grupais e no próprio cotidiano.

Para Pichon, o ser humano é um ser de

necessidades que se satisfaz através do diálogo/social

que produz um meio além de ser receptor do mesmo.

Ademais, as experiências vividas pelo sujeito passarão

inevitavelmente pelos aspectos do pensar, sentir e fazer,

que não são integrados e geram experiências de vida

traumáticas bloqueadoras de novas aprendizagens

e consequentemente, produtoras de enfermidades.

Com isso, o grupo operativo está direcionado

para a ruptura desses papéis e condutas estereotipados,

cristalizados que ao longo do tempo foram formadas.

A estereotipia se configura como um obstáculo no

processo de aprendizagem e comunicação, pois não

permite ao sujeito a flexibilização e mudança. O

grupo operativo, portanto, também estará direcionado

para o esclarecimento e superação desses obstáculos.

e influenciando à expressão e desconstrução de

paradigmas e posicionamentos que levam ao

adoecimento dos mesmos.

Trabalhar com o processo saúde/doença

implica, radicalmente, a leitura e compreensão críticas

do tipo de sociedade em que se está vivendo e o que/

quem está regendo as formas de viver e se relacionar.

Assim como é necessário desenvolver um

pensamento dialético dos aspectos contraditórios da

vida cotidiana, produtores de saúde ou enfermidade.

O grupo operativo – ligado a estes propósitos

–, ao trabalhar com a evocação de lembranças e temas

pertinentes aos três eixos do envelhecimento ativo

(saúde, segurança e participação social), pode ser o

catalisador de um processo de desenvolvimento da

autonomia e construção coletiva de saúde mental.

Rafaela Pereira dos Santos Matos

Camila Nunes de Oliveira Pinheiro

Caio Santos Matos Novaes

Portanto, para a promoção da saúde e

envelhecimento saudável aos idosos, o método operativo

pode está sendo aplicado ao coletivo, grupos de idosos,

gerando a comunicação dos mesmos, sem julgamentos

12 13



REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS E BIBLIOGRÁGICAS

A primeira edição da Cartilha Psi, nos trouxe conceitos

que estudamos ao longo da nossa caminhada acadêmica.

Em Grupos operativos, Pichon Riviére nos trouxe à luz

que a aprendizagem centrada nos processos grupais coloca

em evidência novas possibilidades de elaboração de conhecimento, através da troca de vivências, integram

e levantam questionamentos de nós mesmos e dos outros, sendo um processo contínuo de comunicação. A

psicologia Social faz parte da interação de grupos, pois observando os grupos, vemos suas manifestações

comportamentais através da interação de uma pessoa com as outras. Vimos também como a expectativa de

vida vem crescendo com o conseqüente aumento da população idosa no Brasil. E isso se dá as melhorias nas

condições de vida que o Brasil vem apresentando recentemente.

Quando adentramos no assunto, representações sociais vimos o estigma que o ser idoso carrega quando

é visto como um ser doente, frágil e incapaz, o que causa neste sentimentos de tristeza, solidão e rejeição tendo

grande impacto negativo em suas vidas. Mas a OMS se opõe a tais idéias sobre a velhice, trazendo o conceito

de envelhecimento ativo, onde o idoso percebe seu potencial para o bem estar físico, social e mental sendo

indivíduo participante na sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades. Em atenção

integral à saúde do idoso, vimos à mobilização do SUS criando estratégias para responder problemas na gestão

do sistema voltado aos idosos, trazendo ações e serviços de saúde para a população idosa. Na concepção de

saúde mental para Pichon Rivière, Quironga (2012), diz que consiste em uma modalidade da relação do sujeito

consigo mesmo e com suas condições concretas de existência. E para finalizar, a criação de grupos operativos

com idosos, nos possibilita a quebra de papeis estereotipados e cristalizados ao longo da história. Esses papeis

estereotipados por vezes gera obstáculos incapacitando os idosos, então, um grupo que utilize a técnica de

Pichon Rivière também direciona para o esclarecimento e superação de obstáculos, flexibilizando o sujeito a

mudança.

Espero que tenham gostado da leitura e nos vemos nas próximas edições!

14

NOTAS DA

EDITORA

Ilana Santos de Jesus

Grupos Operativos de Enrique Pichon Rivière

http://www.unipsicorio.blog.br/voce-conhecepichon-riviere/

- Acessado em 14 nov. 2020.

BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica

de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri

Wallon. Psicol inf., São Paulo , v. 14, n. 14, p. 160-

169, out. 2010 . Disponível em <http://pepsic.

bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-

88092010000100010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 14

nov. 2020.

O que é Psicologia Social?

http://www.portaldapsique.com.br/Artigos/

Psicologia_Social.htm. Acesso em 14 nov. 2020.

https://www.psicanaliseclinica.com/psicologiasocial-resumo/#:~:text=Psicologia%20social%20

%C3%A9%20uma%20vertente,durante%20o%20

levantamento%20de%20dados. Acesso em 14 nov. 2020.

Envelhecimento no Brasil

https://comunicareaparelhosauditivos.com/

envelhecimento-no-brasil/ - Acesso em 14 nov. 2020.

https://www.infoescola.com/

geografia/envelhecimento-da-populacaobrasileira/#:~:text=O%20envelhecimento%20da%20

popula%C3%A7%C3%A3o%20brasileira,a%20

popula%C3%A7%C3%A3o%20idosa%20no%2-

0Brasil.&text=Pir%C3%A2mide%20et%C3%A1ria%20

do%20Brasil%2C%20segundo,(dados%20do%20

Censo%202010). Acesso em 14 nov. 2020.

https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/osdesafios-de-envelhecer-no-brasil/

- Acesso em 14 nov.

2020.

Representações Sociais do Envelhecer

SCORTEGAGNA, Paola Andressa; OLIVEIRA, Rita de

Cássia da Silva.Idoso: um novo ator social. IX ANPED

SUL, Seminário de Pesquisa em Educação da Região

Sul, 2012. Disponível em: <http://ucs.br/etc/conferencias/

index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/1886/73>.

Acesso em: 03 de outubro de 2020.

VELOZ, Maria Cristina Triguero;

NASCIMENTO-SCHULZE, Clélia Maria; CAMARGO,

Brigido Vizeu. Representações sociais do envelhecimento.

Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 12, n. 2, p.

479-501, 1999 . Disponível em <http://www.

scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

79721999000200015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:

13 de novembro de 2020.

Envelhecimento ativo

GONTIJO, Suzana. Envelhecimento ativo: uma

política de saúde. Organização Pan-Americana da Saúde

- Brasília, 2005. 60p. Disponível em:<http://bvsms.

saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf.

Acesso em: 13 de nov. 2020.

Atenção integral à saúde do idoso

DIRETRIZES PARA O CUIDADO DAS

PESSOAS IDOSAS NO SUS: PROPOSTA DE MODELO

DE ATENÇÃO INTEGRAL XXX CONGRESSO

NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE

SAÚDE - Ministério da Saúde.

Saúde mental para a Psicologia Social de Pichon-

Rivière

ADAMSON, Gladys. O ECRO de Pichon

Rivière. Publicado no site InterPsic em São Paulo, 2000.

CORRÊA, Letícia Rocha, & RIBEIRO, Elaine

Rossi. O grupo operativo e a promoção da Saúde Mental

para Idosos(as). Revista Saúde e Desenvolvimento | vol.3

n.2 | jan/jun 2013.

O Processo grupal de Pichon Rivière como

mecanismo potencializador para a promoção de

saúde mental em idosos

https://www.uninter.com/revistasaude/index.

php/saudeDesenvolvimento/article/download/162/113 -

Acesso em 16 nov. 2020.



ALUNOS DO ESTÁGIO BÁSICO III - UNIME

PRECEPTORA - MÁRCIA PRUDENTE

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