Revista Sampa Edição N 32 Novembro

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Mauro Amorim, o autodidata no violãoMúsico é sinônimo de referência e experiência no mundo do sambapor: Rita LutfiEm “Falsa Liberdade” Júnior Oliveira,canta a luta do povo negroO artista traz em sua composição a dor e força dapopulação negra brasileiraMauro Amorim nasceu na cidade de Osasco (SP), écantor, violonista, compositor. As suas referênciasmusicais vai de Tunico e Tinoco a Adoniran Barbosa.O artista considera-se um autodidata no violão, poisdesde os 16 anos toca o instrumento e na adolescênciainiciou a paixão pela MPB dos tempos daditadura.Ele percorreu festivais na década de 70 e nos anos80 conseguiu tocar em bares de Moema (SP) e nasua terra natal. A interrupção de sua carreira foi apartir de 1990, por motivos familiares e profissionais,retomando-a em 2010, quando retornou àsrodas de samba e aos bares de Osasco e Vila Madalena(SP).O CD autoral, Dia de Jogo, foi lançado em 2016, aqual trazia vertentes do samba paulista.Em sua trajetória artística, Mauro , apresentou-seem hotéis, Anhembi, Pavilhão Imigrantes, nos SESCsdas cidades de Taubaté, Santo André, Osasco, alémdo da 24 de Maio e Pompéia. Vale ressaltar, quetambém se apresentou na cidade de Santana deParnaíba e na saudosa casa Tupi or not Tupi.Para ele a pandemia não afetou somente o samba,mas sim a todos os artistas. Os artistas mais jovensconseguem utilizar a tecnologia e se reinventarem,mas os com mais idade sentem muito esse momentode isolamento social.No festival, Mauro Amorim , participou com amúsica Brasiliano, a qual ele declara que é umprotesto a esse governo, que para ele, apoderam-seda nossa bandeira como símbolo do conservador,racista, homofóbico e genocida. “Somos chamadospor um nome de profissão, quando deveríamos serBrasiles ou Brasiliano.” – complementa.O artista considerou-se meio antigo em relação aofestival, por ainda ter o conceito dos que viu emépocas passadas, a qual era um espaço de protesto.Percebeu seu engano quando ouviu as belascanções românticas , que estavam concorrendo.por: Rita LutfiA música “Falsa Liberdade” nasceu na Gurigica, que é umacomunidade em Vitória (ES). Tudo começou em um lindo diaquando Júnior Oliveira estava em um bar situado no Morroda Floresta, a qual fica atrás de sua casa.Segundo as histórias do local, no morro há uma pedra, a qualé chamada de cativeiro, pois pessoas maldosas levavam suasvítimas para serem mortas lá.Pensando no que sempre ouviu, começou a escrever orefrão, mas para ele não estava fazendo sentido, mesmoassim, continuou a pensar no que poderia retratar. Júniorcomeçou a pensar no sofrimento do negro e então, a composiçãoaos poucos começava a ser escrita e as conversas como parceiro Nego Josy foram iniciadas.A analogia entre morros e senzalas está na parte “daquidebaixo eu enxergo o cativeiro”, onde retrata o cidadão quevai para o trabalho e retorna para casa e em diversas vezesnão tem a estrutura que merece.As demais partes da letra da música, segundo ele, se autoexplica no que se refere a violência, racismo e demais temasque é sabido da população brasileira.No que se refere a pandemia, Júnior Oliveira, acredita quetenha atrapalhado o entretenimento em geral, mas poroutro lado, traz a verdade de saber quem se preocupa comseus semelhantes. Ele não sabe mensurar o prejuízo que osmúsicos sambistas tiveram, pois acha que é um egoísmopensarmos nesse tipo de perda, uma vez que o pior é a dorda saudade, que diversas famílias tiveram ao perderem seusentes queridos.O artista é apaixonado pelo samba, pela batucada, porharmonias e nos conta que o primeiro grupo musical queparticipou foi em 1993, onde relembra um trecho da músicaque cantavam :“...O mundo está cheio de sonhos ,cheio de ilusãoO povo busca a qualquer preço a felicidade para o coraçãoSabendo que o candência, descência,ciência e inspiraçãoConvido porque sou amigo,vem junto comigo cantar orefrãoLiberdade,liberdadeLiberdade no sambaLiberdadeQuem samba tem mais simpatia tem os pés no chãoAnda cheio de euforia curte a poesia batendo na palma damãoVive sempre em sintonia com som do Cavaco Banjo, violãoO surdo, chocalho,tantan ,afoxé e o repique de mão....”

Mauro Amorim, o autodidata no violão

Músico é sinônimo de referência e experiência no mundo do samba

por: Rita Lutfi

Em “Falsa Liberdade” Júnior Oliveira,

canta a luta do povo negro

O artista traz em sua composição a dor e força da

população negra brasileira

Mauro Amorim nasceu na cidade de Osasco (SP), é

cantor, violonista, compositor. As suas referências

musicais vai de Tunico e Tinoco a Adoniran Barbosa.

O artista considera-se um autodidata no violão, pois

desde os 16 anos toca o instrumento e na adolescência

iniciou a paixão pela MPB dos tempos da

ditadura.

Ele percorreu festivais na década de 70 e nos anos

80 conseguiu tocar em bares de Moema (SP) e na

sua terra natal. A interrupção de sua carreira foi a

partir de 1990, por motivos familiares e profissionais,

retomando-a em 2010, quando retornou às

rodas de samba e aos bares de Osasco e Vila Madalena

(SP).

O CD autoral, Dia de Jogo, foi lançado em 2016, a

qual trazia vertentes do samba paulista.

Em sua trajetória artística, Mauro , apresentou-se

em hotéis, Anhembi, Pavilhão Imigrantes, nos SESCs

das cidades de Taubaté, Santo André, Osasco, além

do da 24 de Maio e Pompéia. Vale ressaltar, que

também se apresentou na cidade de Santana de

Parnaíba e na saudosa casa Tupi or not Tupi.

Para ele a pandemia não afetou somente o samba,

mas sim a todos os artistas. Os artistas mais jovens

conseguem utilizar a tecnologia e se reinventarem,

mas os com mais idade sentem muito esse momento

de isolamento social.

No festival, Mauro Amorim , participou com a

música Brasiliano, a qual ele declara que é um

protesto a esse governo, que para ele, apoderam-se

da nossa bandeira como símbolo do conservador,

racista, homofóbico e genocida. “Somos chamados

por um nome de profissão, quando deveríamos ser

Brasiles ou Brasiliano.” – complementa.

O artista considerou-se meio antigo em relação ao

festival, por ainda ter o conceito dos que viu em

épocas passadas, a qual era um espaço de protesto.

Percebeu seu engano quando ouviu as belas

canções românticas , que estavam concorrendo.

por: Rita Lutfi

A música “Falsa Liberdade” nasceu na Gurigica, que é uma

comunidade em Vitória (ES). Tudo começou em um lindo dia

quando Júnior Oliveira estava em um bar situado no Morro

da Floresta, a qual fica atrás de sua casa.

Segundo as histórias do local, no morro há uma pedra, a qual

é chamada de cativeiro, pois pessoas maldosas levavam suas

vítimas para serem mortas lá.

Pensando no que sempre ouviu, começou a escrever o

refrão, mas para ele não estava fazendo sentido, mesmo

assim, continuou a pensar no que poderia retratar. Júnior

começou a pensar no sofrimento do negro e então, a composição

aos poucos começava a ser escrita e as conversas com

o parceiro Nego Josy foram iniciadas.

A analogia entre morros e senzalas está na parte “daqui

debaixo eu enxergo o cativeiro”, onde retrata o cidadão que

vai para o trabalho e retorna para casa e em diversas vezes

não tem a estrutura que merece.

As demais partes da letra da música, segundo ele, se auto

explica no que se refere a violência, racismo e demais temas

que é sabido da população brasileira.

No que se refere a pandemia, Júnior Oliveira, acredita que

tenha atrapalhado o entretenimento em geral, mas por

outro lado, traz a verdade de saber quem se preocupa com

seus semelhantes. Ele não sabe mensurar o prejuízo que os

músicos sambistas tiveram, pois acha que é um egoísmo

pensarmos nesse tipo de perda, uma vez que o pior é a dor

da saudade, que diversas famílias tiveram ao perderem seus

entes queridos.

O artista é apaixonado pelo samba, pela batucada, por

harmonias e nos conta que o primeiro grupo musical que

participou foi em 1993, onde relembra um trecho da música

que cantavam :

“...O mundo está cheio de sonhos ,cheio de ilusão

O povo busca a qualquer preço a felicidade para o coração

Sabendo que o candência, descência,ciência e inspiração

Convido porque sou amigo,vem junto comigo cantar o

refrão

Liberdade,liberdade

Liberdade no samba

Liberdade

Quem samba tem mais simpatia tem os pés no chão

Anda cheio de euforia curte a poesia batendo na palma da

mão

Vive sempre em sintonia com som do Cavaco Banjo, violão

O surdo, chocalho,tantan ,afoxé e o repique de mão....”

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